Como os nuggets do McDonald’s deram origem a estratégia de Ray Dalio, que gerencia mais de US$ 150 bilhões
A história de Ray Dalio, que salvou a rede de fast-food de um problema e, de quebra, levou para casa sua galinha dos ovos de ouro
Quando o McDonald’s decidiu acrescentar nuggets em seu cardápio, deparou-se com um problema: as variações no custo do frango poderiam forçá-los a mexer com frequência nos preços do menu de toda a rede ou aceitar eventualmente uma margem menor.
O McDonald’s gostaria de proteger a operação, assim como fazia com o restante do cardápio, travando os custos por um período. Mas, infelizmente, não havia mercado futuro de frango e nenhum criador estava disposto a fechar um preço fixo para longos períodos com o nosso amigo Ronald, porque poderia ser pego de surpresa com a alta em seus próprios custos.
A resposta veio de Ray Dalio, à época um trader de commodities, moedas e crédito que prestava consultoria a empresas. Ele defendeu que o preço do frango era nada mais do que o preço do pintinho (que é barato) mais o do milho e o do farelo de soja.
As únicas variáveis que deveriam tirar o sono do produtor de frango que fechasse um contrato com o McDonald’s eram, portanto, os preços do milho e do farelo de soja. Dalio sugeriu combinar os dois em um contrato futuro sintético que iria proteger a exposição do produtor a flutuações de preço, permitindo a ele vender frango a um preço fixo à rede de lanchonetes.
Ou seja, mesmo que os preços dos dois insumos subissem, o criador ganharia a diferença no mercado financeiro, travando na largada sua margem.
E foi assim que os nuggets — minha refeição favorita no McDonald’s desde a tenra infância — foram parar em todos os cardápios do mundo em 1983. E ali nasciam também alguns dos fundamentos para a estratégia All Weather, gerida desde 1996 por Ray Dalio, hoje à frente da maior gestora de hedge funds do mundo, a Bridgewater.
Leia Também
Conto tudo isso para que você entenda a dimensão da revelação que vou fazer agora: um passarinho me contou que a HMC Itajubá está prestes a criar no Brasil a possibilidade de acesso ao famoso All Weather — no qual está investido o patrimônio do trust do próprio Ray Dalio.
A estratégia All Weather é o resultado de uma busca por uma alocação de ativos confiável, que pode ser carregada para o longo prazo. É o filhote da procura por uma estratégia facilmente replicável, já que deveria sobreviver ao próprio Ray Dalio. Afinal, o objetivo era alocar seu próprio trust, ou seja, o patrimônio que sua família vai herdar quando ele faltar.
A equipe da Bridgewater diz, em um dos textos que descreve a estratégia, que ela pode ser esquematizada em um guardanapo de papel. Foi o que tentei fazer abaixo, com uma livre tradução para o idioma tupiniquim (na verdade, pedi ao colunista Nicholas Sacchi, cuja habilidade para caligrafia só não é maior do que o dom para escolher criptomoedas):
O princípio é simples: aceitamos que não sabemos o que o futuro nos reserva e, por isso, devemos dar pesos iguais para qualquer cenário e investir para ganhar com qualquer um deles. Por isso, o risco é dividido de forma igual no diagrama acima. E daí o nome do fundo: All Weather, ou seja, para todos os climas.
A ideia que viabilizou os nuggets do McDonald’s também está na alma do fundo: se qualquer ativo podia ser quebrado em diferentes componentes e, a seguir, somados para formar um todo com sentido, a equipe da Bridgewater entendeu que um portfólio também poderia.
Pelo que apuramos aqui, o retorno médio anualizado do All Weather é próximo a 9,3 por cento em dólar — o que pode não brilhar aos olhos de quem ainda não acordou para o mundo de juros de um dígito, mas é uma dádiva em moeda forte.
Cota murcha
Não tenho mais detalhes por enquanto, mas o produto local que investirá no All Weather de Ray Dalio deve nascer acessível somente a investidores qualificados, ou seja, que declarem mais de 1 milhão de reais em investimentos financeiros.
É nesse formato que têm sido lançadas as estratégias globais no mercado brasileiro.
Lamento que um investidor de menor porte não possa dedicar ao menos uma pequena fatia de seu patrimônio a esse tipo de fundo. Eu, na verdade, acho muito mais arriscado deixar todo o patrimônio investido no Brasil.
E, cá entre nós, acho que as regras são um pouco incoerentes. O investidor de qualquer porte de patrimônio pode alocar em fundos recheados de BDRs (recibos de ações de empresas estrangeiras negociados na Bolsa brasileira); em fundos indexados atrelados ao S&P 500 (índice da Bolsa americana); e até em COEs (Certificados de Operações Estruturadas) que oferecem o retorno alavancado de fundos lá de fora.
Por que os fundos locais que investem ao menos 67 por cento em produtos no exterior e que, para serem oferecidos aqui, já se enquadram em um monte de regras locais, não podem ser oferecidos a qualquer um também?
Cota cheia
Você deve ter lido por aí que o ministro da Economia, Paulo Guedes, planeja criar uma superagência juntando CVM, Susep e Previc. Do meu ponto de vista, uma padronização das regras para fundos de investimento, PGBLs, VGBLs e fundos de pensão facilitaria muito a vida.
Hoje as regras de cada regulador formam um grande quebra-cabeça. Investimento no exterior? Fundos oferecidos no varejo só podem 20 por cento, mas se for previdência aberta, apenas 10 por cento. Fundos de pensão? Até 10 por cento, desde que não respondam por mais de 15 por cento do patrimônio do fundo em que investem lá fora.
As regras também variam para alavancagem, fatia máxima investida em ações e outros infinitos temas.
Não é à toa que o mercado brasileiro é um dos maiores do mundo em número de fundos. Seria tão mais fácil pra todo mundo se o mesmo fundo pudesse ser acessado por FoFs dentro e fora da previdência aberta ou fechada...
Hoje nem se uma gestora cria um fundo adaptado às regras de fundos de pensão ele serve também necessariamente à previdência aberta, o que cria uma enorme ineficiência, já que cada produto novo parte de custos fixos altos.
Uma unificação das regras seria muito bem-vinda, mas, se não for pedir demais, gostaria que a referência fosse a CVM, mais flexível em seus limites.
Onde investir na renda fixa em novembro? XP recomenda CDB, LCI, LCA, um título público e ativos isentos de IR; confira
Rentabilidades dos títulos sugeridos superam os 6% ao ano mais IPCA nos ativos indexados à inflação, muitos dos quais sem tributação
Ranking dos investimentos: perto de R$ 5,80, dólar tem uma das maiores altas de outubro e divide pódio com ouro e bitcoin
Na lanterna, títulos públicos longos indexados à inflação caminham para se tornar os piores investimentos do ano
Quanto custa a ‘assessoria gratuita’? O que muda com a regra que obriga à divulgação da remuneração dos assessores de investimento
A norma da CVM obriga os assessores de investimentos e outros profissionais do mercado a divulgarem suas formas e valores de remuneração, além de enviarem um extrato trimestral aos clientes
O saldão da eleição: Passado o segundo turno, Ibovespa se prepara para balanços dos bancões
Bolsas internacionais repercutem alívio geopolítico, resultado eleitoral no Japão e expectativa com eleições nos Estados Unidos
Agenda econômica: Payroll e PCE nos EUA dominam a semana em meio a temporada de balanços e dados Caged no Brasil
Os próximos dias ainda contam com a divulgação de vários relatórios de emprego nos EUA, PIB da zona do euro e decisão da política monetária do Japão
Uma carona para o Ibovespa: Mercados internacionais amanhecem em alta, mas IPCA-15 ameaça deixar a bolsa brasileira na beira da estrada
Além do IPCA-15, investidores tentam se antecipar hoje ao balanço da Vale para interromper série de cinco quedas do Ibovespa
Rodolfo Amstalden: Este é o tipo de conteúdo que não pode vazar
Onde exatamente começam os caprichos da Faria Lima e acabam as condições de sobrevivência?
Ações do McDonald’s caem forte em NY com surto de bactéria possivelmente relacionada ao hambúrguer; uma morte foi registrada
O McDonald’s informou que, por precaução, está removendo temporariamente o Quarter Pounder, conhecido no Brasil como Quarterão, de restaurantes localizados na áreas afetadas
Tudo incerto, nada resolvido: Bolsas internacionais amanhecem no vermelho e dificultam a vida do Ibovespa em dia de agenda vazia
Fora alguns balanços e o Livro Bege do Fed, investidores terão poucas referências em dia de aversão ao risco lá fora
Trump vira ‘chapeiro’ do McDonald’s para provocar Kamala — e coloca a rede de fast food no centro de uma polêmica
Donald Trump agora acusa Kamala Harris de mentir sobre trabalho temporário no McDonald’s há mais de 40 anos
A porta para mais dividendos foi aberta: Petrobras (PETR4) marca data para apresentar plano estratégico 2025-2029
O mercado vinha especulando sobre o momento da divulgação do plano, que pode escancarar as portas para o pagamento de proventos extraordinários — ou deixar só uma fresta
O retorno de 1% ao mês voltou ao Tesouro Direto: títulos públicos prefixados voltam a pagar mais de 12,7% ao ano com alta dos juros
Títulos indexados à inflação negociados no Tesouro Direto também estão pagando mais com avanço nos juros futuros
Quanto renderia na poupança e no Tesouro Direto o dinheiro que o brasileiro gasta todo mês nas bets
Gasto médio do apostador brasileiro nas casas de apostas virtuais é de R$ 263 mensais, segundo levantamento do Datafolha. Mas dados mais recentes do Banco Central mostram que, entre os mais velhos, a média é de R$ 3 mil por mês. Quanto seria possível ganhar se, em vez de jogar, o brasileiro aplicasse esse dinheiro?
Em busca de dividendos ou de ganho de capital? Monte uma carteira de investimentos personalizada para o seu perfil de investidor
O que é importante saber na hora de montar uma carteira de investimentos? BTG Pactual quer ajudar investidores a montar o portfólio ‘ideal’
É hora de comprar a ação da Hapvida? BB Investimentos inicia cobertura de HAPV3 e vê potencial de quase 40% de valorização até 2025; entenda os motivos
Entre as razões, BB-BI destacou a estratégia de verticalização da Hapvida, que se tornou a maior operadora de saúde do país após fusão com a NotreDame Intermédica
Efeito borboleta: Investidores monitoram ata do Fed, falas de dirigentes e IPCA de setembro para antecipar rumos do Ibovespa e dos juros
Participantes do mercado esperam aceleração da inflação oficial no Brasil em meio a temores de ciclo de alta de juros ainda maior
Sabatinando Galípolo: Senado vota hoje indicado de Lula para suceder Campos Neto no Banco Central, mas Ibovespa tem outras preocupações
Além da sabatina de Galípolo, Ibovespa terá que remar contra a queda do petróleo e do minério de ferro nos mercados internacionais
Passou do ponto? Por que o McDonald´s está processando a JBS nos EUA
A rede de fast food também entrou na Justiça norte-americana contra as principais empresas de processamento e embalagem de carne, segundo a Reuters
O ‘recado anti-cripto’ do governo dos EUA — e o que isso diz sobre como Kamala Harris lidaria com moeda
Às vésperas das eleições nos Estados Unidos, o mercado cada vez mais se debruça sobre os possíveis impactos de uma presidência de Kamala Harris ou Donald Trump. No mercado de criptomoedas isso não é diferente. Com o pleito se aproximando, os investidores querem saber: quem é o melhor candidato para o mundo dos criptoativos? No programa […]
Planejador financeiro certificado (CFP®): como o ‘personal do bolso’ pode te ajudar a organizar as finanças e investir melhor
A Dinheirista conversou com Ana Leoni, CEO da Planejar, associação responsável pela certificação de planejador financeiro no Brasil; entenda como trabalha este profissional