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Estadão Conteúdo
De olho na economia

Armínio Fraga vê ‘obscurantismo’ e ambiente ‘envenenado’ como entraves à economia

Fraga destacou que o Brasil nunca investiu tão pouco na sua história e que para destravar o investimento será preciso dar mais clareza em áreas que vão além da econômica, como “temas de natureza distributiva”

Estadão Conteúdo
18 de outubro de 2019
20:50 - atualizado às 20:54
Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central. - Imagem: HSM Brasil

A incerteza gerada pelo clima de "obscurantismo" e o ambiente político "envenenado" no Brasil deixam o investidor apreensivo e tornam mais difícil a retomada, apesar da agenda econômica positiva. A análise foi feita pelo economista e ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga.

"A atitude geral sinaliza o obscurantismo e libera energias que não deveriam ser liberadas. Uma coisa mais truculenta e menos tolerante e, no fundo, menos positiva", afirmou.

Em conversa com jornalistas após participar de um evento no Rio, Fraga destacou que o Brasil nunca investiu tão pouco na sua história e que para destravar o investimento será preciso dar mais clareza em áreas que vão além da econômica, como "temas de natureza distributiva".

"Penso que isso tem a ver com a sensação de que não há oportunidade para as pessoas e isso envenena o ambiente e dificulta as reformas", disse o economista, em referência à situação do mercado de trabalho.

O ex-presidente do Banco Central acredita em crescimento da economia, embora em ritmo lento e gradual. Questionado sobre projeções para o Produto Interno Bruto (PIB), ele afirmou que "prever a economia já é difícil" e "em um ambiente político difícil, complicado, bastante envenenado, muito polarizado, é mais difícil ainda".

"Eu penso que essa incerteza, que envolve esses outros temas identitários, de costumes, complica muito a análise", completou.

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Fraga afirma que a instabilidade política deixa o empreendedor e o investidor mais apreensivos em relação ao País. Para o economista, é preciso aprender que a economia "não funciona no vácuo", "não é um espaço tecnocrático" e precisa se conectar à realidade social e política.

"Estamos numa situação polarizada e ainda muito pouco conectada de forma produtiva com a sociedade", avaliou.

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