🔴 GANHOS DE ATÉ R$ 1.000 POR HORA? ESTE MÉTODO PODE GERAR RENDA DE 7 DÍGITOS POR MÊS – CONHEÇA

Lula solto — e agora? (Ou, por uma dose de nacionalismo)

Talvez estejamos diante de um caso de antifragilidade clássico. Há uma possibilidade de sairmos não somente iguais depois desse choque aparentemente negativo, mas também de sairmos melhores

12 de novembro de 2019
10:26 - atualizado às 10:52
Luiz Inácio Lula da Silva
Luiz Inácio Lula da Silva - Imagem: Shutterstock

Talvez seja uma atitude pretensiosa arriscar o que perturba a mente alheia. Se assim lhe soar, peço desculpas. Da minha parte, porém, sinto dificuldade em escapar da pergunta, que tenho repetido a mim mesmo desde o final de semana: com Lula solto, como fica a tese do bull market estrutural? Os sucessivos recordes para a Bolsa, a trajetória de queda dos juros futuros e o prognóstico de apreciação do real estariam ameaçados? E ainda: a plataforma de reformas liberais poderia encontrar dificuldades adicionais agora?

Respondendo de forma simples e direta, não entendo que Lula solto configure, ao mesmo neste momento, uma ameaça material à tese do bull market estrutural. Como talvez os três leitores se lembrem, desde que escrevi em março do ano passado o chamado “Segundo Mandato Temer”, afirmo que a agenda liberal, fiscalista e de direita se imporia. A figura em si do presidente seria menos importante do que a plataforma reformista. O pêndulo caminharia necessariamente na direção da liberal-democracia, do menor dirigismo estatal, da abertura da economia e do controle fiscal, além de personalismos dos variados espectros políticos.

A única alternativa possível à caminhada em direção ao precipício, simbolizado pela trajetória até então explosiva da nossa dívida pública. No país dos heróis sem nenhum caráter, prevalece a tendência macunaímica, a mediocridade, a complacência. Não temos vocação para a explosão e, portanto, precisaríamos arrumar a casa.

Representação máxima

Lula é talvez a representação máxima desse personalismo fora de hora e atraso no relógio das condições materiais, cujos ponteiros indicam outra direção agora. O Congresso abraçou a pauta liberal, fiscalista e reformista, inclusive, com protagonismo na Previdência; Rodrigo Maia foi capa da Bloomberg, como “o homem que salvou o Brasil”. O Executivo também está na mesma página — a imagem de Paulo Guedes ao lado de Davi Alcolumbre quando da aprovação da reforma da Previdência no Senado é emblemática. Fique claro: embora Paulo Guedes seja, com o devido mérito, a maior representação dessa plataforma, ele está na companhia muito aprazível de gente como o Salim, o Tarcísio, o Mansueto, o Troyjo e por aí vai. Não é uma figura, uma persona, seja ela do ministro da Economia ou mesmo do presidente da República. Temos um exército em favor das reformas, e não é o exército de um homem só de Joaquim Levy na era Dilma.

Lula solto é diferente de Lula inocente ou elegível (ainda que não possamos descartar qualquer hipótese neste país). O Congresso é o mesmo, o Executivo é o mesmo. Ok, você tem razão. O STF também é o mesmo, infelizmente. Mas ele não parece interferir no fluxo das reformas objetivamente e, sob os olhares pragmáticos do aético (não confundir com antiético) mercado financeiro, é isso que interessa.

As condições materiais que nos trouxeram à vitória da agenda continuam postas à mesa e não há quem possa interromper o trem da história.

Leia Também

Arriscaria até ir um pouco mais longe. Talvez estejamos diante de um caso de antifragilidade clássico. Há uma possibilidade de sairmos não somente iguais depois desse choque aparentemente negativo, mas também de sairmos melhores.

O antagonista de Bolsonaro?

A ideia é a seguinte: o que representa Jair Bolsonaro? Há, claro, seus seguidores mais apaixonados e fiéis, defensores de um conservadorismo nos costumes. Mas eu sinceramente não acho que esse grupo teria sido suficiente para fazê-lo vencedor nas últimas eleições. Em seu aspecto mais amplo, Bolsonaro representa o antipetismo, o anticorrupção, o antiestablishment, ungido num período de profunda insatisfação com parte das instituições brasileiras, com o “sistema”, com a corrupção e com a maior recessão da história republicana brasileira. Ou seja, Bolsonaro, para a maior parte da população, não representa muita coisa em si, a não ser o “anti”.

Entendo ser um engano acreditar que sua eleição se deveu à defesa do conservadorismo nos costumes e da ordem liberal — até porque, em essência, essas coisas não combinam muito. O verdadeiro liberalismo também o é nos costumes, como sabe o leitor mais superficial de Milton Friedman. E sejamos claros aqui: o presidente em si nunca foi uma referência em termos liberais em suas votações quando da atuação parlamentar.

Bolsonaro precisa de um antagonista para ver sua máxima representação. É por meio do duelo retórico e midiático com Lula que ele mais se projeta. Não pode haver filme de herói sem vilão, luz e sombra se definem pela ausência da outra. Então, ele pode ser o grande ganhador desse processo, em especial se direcionar o embate justamente para a arena em que pode ser o grande ganhador: a economia.

Em seu primeiro discurso solto, Lula atacou a política econômica de Paulo Guedes. Ótimo, então. Façamos o duelo nesse escopo. O único risco para sua reeleição passa a ser o de chegarmos ao pleito de 2022 com uma economia fraca. E as chances de isso ocorrer aumentam com um eventual fracasso da agenda de reformas.

Em resumo, fazemos a opção por acelerar a aprovação das reformas e, com isso, encerramos a questão. O governo passa a ter um adversário potencial e, assim, entende a real necessidade de jogar o jogo direito, aprofundando e acelerando as reformas. Bingo! O resultado final de uma notícia aparentemente negativa acaba sendo positivo, tendo em Jair Bolsonaro seu grande vencedor.

O leilão de fechamento de sexta-feira pode ter sido a última chance de comprar Eletrobras tão barata. E isso quer dizer muita coisa.

Não gostaria de encerrar esse texto com uma mensagem excessivamente otimista, como se fechássemos os olhos para o lado feio dessa história toda. Porque, não nos iludamos, há um “dark side of the moon” aqui — talvez haja também o pequeno problema lembrado por Roger Waters: “There is no dark side of the moon, really. Matter of fact it’s all dark.” Aqui escrevo mais como cidadão, menos como CIO.

Há um falso discurso, de ambos os lados, de defesa dos interesses nacionais. Lula não quer deixar Paulo Guedes vender o Brasil aos porcos capitalistas estrangeiros. Bolsonaro quer o País acima de tudo.

Não há nada de nacionalista em Lula ou em Bolsonaro. Nada.

O que é exatamente o nacionalismo?

Como muito bem disse Yuval Harari em sua passagem recente pelo Brasil, o nacionalismo é algo muito recente na história da humanidade. A tradição, antes da ideia de nação, era vivermos como famílias, entre amigos e em tribos. E aqui talvez entre um dos grandes diferenciais do homem em relação a outros animais: a capacidade de conviver e cooperar em grupos enormes, inclusive com pessoas desconhecidas. O nacionalismo é o amor a todos aqueles que nasceram na mesma nação que você, é preocupar-se com um estranho e não somente com familiares e amigos.

Diante da necessidade de decidir entre nomear um estranho altamente capacitado para um cargo ou um familiar menos hábil para a mesma função, um nacionalista haveria de optar pelo primeiro. Amamos e valorizamos os compatriotas, não somente os elos pessoais, de tal sorte que a habilidade técnica e o que ela pode fazer pelo país precisam ser valorizados.

Haveria alguma outra chance de Eduardo Bolsonaro ser cogitado como embaixador nos EUA se ele não fosse filho do presidente Jair? Há algo de nacionalista nisso?

Ao mesmo tempo, Lula, com seu “nós contra eles”, com sua proposta de inflamar as massas e incentivar um cisma no país, tampouco pode ser considerado um nacionalista. Ama somente os brasileiros de camisa vermelha.

Não podemos confundir nacionalismo com fascismo. O primeiro é sobre integrar diferentes, amar pares estranhos, cooperar com o desconhecido — não se trata de xenofobia ou de ódio ao estrangeiro. O fascismo é colocar a nação acima de tudo e tratar seus interessantes como os únicos relevantes na vida, inclusive, talvez, impondo-os sobre os demais.

Também não há razão para o nacionalismo confrontar-se com o globalismo. Ao contrário. O segundo pode ser apenas uma extensão do primeiro. Além de amar os brasileiros e cooperar com eles, podemos (e devemos) fazer o mesmo com todos os terráqueos. Esse pode ser inclusive o caminho para a superação dos embates comerciais hoje em curso no planeta.

Será que um dia voltaremos ao tempo em que o Itaim e a Vila Madalena, o Leblon e o Baixo Gávea pertenciam à mesma nação e debatiam apenas se haveria ou não uma saideira adicional?

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
‘PUNHAL VERDE E AMARELO’

O que se sabe até agora sobre o complô dos ‘Kids Pretos’ para matar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes — e que teria a participação do vice de Bolsonaro

19 de novembro de 2024 - 14:28

A ideia de envenenamento, de acordo com o plano do general, considerava a vulnerabilidade de saúde e a ida frequente de Lula a hospitais

IMPOSTO PARA RICOS

É hora de taxar os super-ricos? G20 faz uma proposta vaga, enquanto Lula propõe alíquota  que poderia gerar US$ 250 bilhões por ano no mundo

19 de novembro de 2024 - 14:19

Na Cúpula do G20, presidente Lula reforça as críticas ao sistema tributário e propôs um número exato de alíquota para taxar as pessoas mais ricas do mundo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Acaba logo, pô! Ibovespa aguarda o fim da cúpula do G20 para conhecer detalhes do pacote fiscal do governo

19 de novembro de 2024 - 8:02

Detalhes do pacote já estão definidos, mas divulgação foi postergada para não rivalizar com as atenções à cúpula do G20 no Rio

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer

18 de novembro de 2024 - 20:00

Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro

ELE ESTÁ PRA CHEGAR…

O primeiro dia do G20 no Rio: Biden, Xi e Lula falam de pobreza, fome e mudanças climáticas à sombra de Trump

18 de novembro de 2024 - 19:20

As incertezas sobre a política dos EUA deixaram marcas nos primeiros debates do G20; avanços em acordos internacionais também são temas dos encontros

NA PONTA DO LÁPIS

O tamanho do corte que o mercado espera para “acalmar” bolsa, dólar e juros — e por que arcabouço se tornou insustentável

18 de novembro de 2024 - 13:22

Enquanto a bolsa acumula queda de 2,33% no mês, a moeda norte-americana sobe 1,61% no mesmo intervalo de tempo, e as taxas de depósito interbancário (DIs) avançam

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil

18 de novembro de 2024 - 8:07

Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias

ANTES DA CÚPULA

No G20 Social, Lula defende que governos rompam “dissonância” entre as vozes do mercado e das ruas e pede a países ricos que financiem preservação ambiental

16 de novembro de 2024 - 15:56

Comentários de Lula foram feitos no encerramento do G20 Social, derivação do evento criada pelo governo brasileiro e que antecede reunião de cúpula

EMBOLOU O MEIO DE CAMPO

Milei muda de posição na última hora e tenta travar debate sobre taxação de super-ricos no G20

16 de novembro de 2024 - 9:11

Depois de bloquear discussões sobre igualdade de gênero e agenda da ONU, Milei agora se insurge contra principal iniciativa de Lula no G20

ANTES DA DESPEDIDA

A escalada sem fim da Selic: Campos Neto deixa pulga atrás da orelha sobre patamar dos juros; saiba tudo o que pensa o presidente do BC sobre esse e outros temas

14 de novembro de 2024 - 17:32

As primeiras declarações públicas de RCN depois da divulgação da ata do Copom, na última terça-feira (12), dialogam com o teor do comunicado e do próprio resumo da reunião

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA

13 de novembro de 2024 - 8:09

Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar

SE A ELEIÇÃO FOSSE HOJE…

Lula ainda vence a direita? Pesquisa CNT/MDA mostra se o petista saiu arranhado das eleições municipais ou se ainda tem lenha para queimar

12 de novembro de 2024 - 15:45

Enquanto isso, a direita disputa o espólio de Bolsonaro com três figuras de peso: Tarcísio de Freitas, Michelle Bolsonaro e Pablo Marçal

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quantidade ou qualidade? Ibovespa repercute ata do Copom e mais balanços enquanto aguarda pacote fiscal

12 de novembro de 2024 - 8:11

Além da expectativa em relação ao pacote fiscal, investidores estão de olho na pausa do rali do Trump trade

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado

12 de novembro de 2024 - 7:01

Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo

FOME DE AQUISIÇÕES

Mubadala não tem medo do risco fiscal: “Brasil é incrível para se investir”, diz diretor do fundo árabe

11 de novembro de 2024 - 17:12

O Mubadala Capital, fundo soberano de Abu Dhabi, segue com “fome de Brasil”, apesar das preocupações dos investidores com o fiscal

BOMBOU NO SD

Campos Neto acertou, mudanças na previdência privada, disparada do Magazine Luiza (MGLU3) e mais: confira os destaques do Seu Dinheiro na semana

9 de novembro de 2024 - 14:07

Na matéria mais lida da semana no portal, André Esteves, do BTG Pactual, afirma que o presidente do BC, está correto a respeito da precificação exagerada do mercado sobre o atual cenário fiscal brasileiro

COM A PALAVRA

Lula fala em aceitar cortes nos investimentos, critica mercado e exige que Congresso reduza emendas para ajuda fazer ajuste fiscal

7 de novembro de 2024 - 8:04

O presidente ainda criticou o que chamou de “hipocrisia especulativa” do mercado, que tem o aval da imprensa brasileira

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Lula terá uma única e última chance para as eleições de 2026

6 de novembro de 2024 - 20:01

Se Lula está realmente interessado em se reeleger em 2026, ou em se aposentar com louvor e construir Haddad como sucessor, suspeito que sua única chance seja a de recuperar nossa âncora fiscal

ELEIÇÕES EUA 2024

O que Lula e Bolsonaro acharam da vitória de Trump? Veja como políticos brasileiros de esquerda e direita reagiram à eleição do republicano

6 de novembro de 2024 - 16:56

Nomes como Haddad, Tarcísio, Alckmin e a presidente do PT, Gleisi Hoffman, se manifestaram, presencialmente ou via redes sociais, sobre o resultado das eleições americanas

SONHO PARA UNS, PESADELO PARA OUTROS

Recado de Lula para Trump, Europa de cabelo em pé e China de poucas palavras: a reação internacional à vitória do republicano nos EUA

6 de novembro de 2024 - 15:19

Embora a maioria dos líderes estejam preocupados com o segundo mandato de Trump, há quem tenha comemorado a vitória do republicano

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar