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'Menos CNN, mais Raul Seixas'

Novo ministro das Relações Exteriores critica globalismo e quer colocar país no sentido oposto ao movimento

Em discurso de transmissão de cargos, Ernesto Araújo disse que reorientará a atuação diplomática do país na direção contrária à do globalismo

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3 de janeiro de 2019
6:52 - atualizado às 10:20
Presidente Jair Bolsonaro e ministro das relações exteriores, Ernesto Araújo - Imagem: Divulgação/Instagram

O novo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, não acredita no globalismo. E por isso, durante transmissão de cargos nessa quarta-feira, 2, Araújo disse que o país vai lutar para reverter este movimento.

Ao atacar o globalismo, o chanceler descreveu a atual política externa brasileira dedicada apenas a “exportar produtos e atrair investimentos, mas quieta, pacífica, sem poder para nada”. Para ele, o Brasil se limita a dizer o que é esperado dele, para se enquadrar na “piscina sem água” da ordem global. Agora, o ministro prometeu um Brasil “que sabe quem é”.

Nessa linha, afirmou que reorientará a atuação da diplomacia na Organização das Nações Unidas (ONU), “em favor do que é importante para o Brasil, não as ONGs.”

“O globalismo se constitui em ódio”, afirmou. “É contrário à natureza humana.” Ele citou como ideias “da mesma raiz ideológica” a noção de que não há diferença entre homem e mulher e os fetos são amontoados de células. “Vamos defender a soberania, a liberdade de expressão, a liberdade de crença, da internet, as liberdades políticas e os direitos da humanidade, o principal dos quais talvez seja o direito de nascer.”

Ele disse ainda admirar os países latino-americanos que se libertaram dos “regimes do Foro de São Paulo”, os africanos que “estão construindo uma África pujante e livre”, os que lutam contra a “tirania” na Venezuela. Também citou países europeus que recentemente elegeram governos de direita, como Itália, Hungria e Polônia.

“O problema do mundo não é a xenofobia, e sim a oikofobia”, afirmou, explicando que esta última é o ódio ao próprio lar. Outro problema que deveria preocupar, disse o chanceler, é a teofobia, a aversão a Deus. “Para destruir a humanidade é preciso acabar com as nações e afastar o homem de Deus. E é isso que estão tentando, e é contra isso que nos insurgimos.”

No exercício de uma política externa soberana, o chanceler orientou seus quadros a ouvir “menos CNN e mais Raul Seixas”. Ele citou um trecho da música "Ouro de Tolo" do cantor baiano: "eu é que não me sento no trono de um apartamento, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar".

Ele ainda afirmou que o Itamaraty vai mudar a forma como fará negócios. A pasta estará próxima do setor produtivo nacional como nunca esteve, prometeu. As embaixadas e consulados terão seu trabalho desburocratizado e atuarão como escritórios de comércio.

Durante o discurso, era possível observar os diplomatas se entreolhando. Enquanto o discurso do ex-chanceler Aloysio Nunes foi longa e entusiasticamente aplaudido em pé, o final da fala de Araújo, encerrada com um “anuê Jaci”, uma Ave Maria em tupi, foi aplaudido por uma plateia sentada, num primeiro momento. Em seguida, os diplomatas se levantaram.

*Com Estadão Conteúdo 

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