🔴 GANHOS DE ATÉ R$ 1.000 POR HORA? ESTE MÉTODO PODE GERAR RENDA DE 7 DÍGITOS POR MÊS – CONHEÇA

Uma aposta de um bilhão de dólares ou apenas um hedge?

Arquetipicamente, toda história tem quatro personagens. A vítima, o herói, o sábio e o vilão. Se optar por não participar da matéria, o sujeito quase automaticamente se candidata a vilão

25 de novembro de 2019
10:34 - atualizado às 10:36
O gestor da Bridgewater, Ray Dalio
Imagem: Print youtube

Jornalistas são seres curiosos. Uma pena que, em muitas vezes, essa curiosidade esteja voltada para si mesmo, para a autoimagem e narrativa, em vez de destinar-se propriamente a investigar a verdade e, de fato, ponderar os dois lados.

Ao ser convidada para participar de uma determinada reportagem, a fonte da matéria (o real protagonista da história) se vê obrigada a necessariamente escolher entre duas alternativas: i) declinar o convite e aceitar ex-ante que o texto sairá sem a sua versão dos fatos; e ii) abrir-se para o repórter e expor os seus argumentos. Nenhuma delas costuma ser boa.

Arquetipicamente, toda história tem quatro personagens. A vítima, o herói, o sábio e o vilão. Se optar por não participar da matéria, o sujeito quase automaticamente se candidata a vilão. Dos quatro personagens, esse é o único que caminha nas sombras, anda à margem da luz e se esconde das citações. Se ele não participou, então tem algo a esconder e é o bandido dessa narrativa hollywoodiana.

Já se o caminho for outro, ou seja, pelo aceite da entrevista, a fonte incorre num risco ainda mais problemático, de acabar provendo aspas que, no final do dia, servem apenas para validar uma narrativa que já estava previamente na cabeça do jornalista. É como se nosso protagonista viesse, tacitamente, a compactuar com as palavras ali escritas, uma vez que passa a dividir o palco com outros personagens, num roteiro escrito por alguém que, antecipadamente, já havia eleito heróis e vilões. Isso acontece porque, muitas vezes, o jornalista já tem em sua cabeça toda a história que deseja contar, consultando personagens apenas para capturar citações que vão transmitir a falsa ideia de que ele fez o seu trabalho e consultou os dois lados. Joga para si mesmo e para a torcida, fingindo ter feito um trabalho isento.

Mentira! Sedutoramente, o repórter finge fazer um trabalho de pesquisa, enquanto, na verdade, apenas busca elementos confirmatórios para sua própria versão dos fatos. As aspas do entrevistado servem só como argumento de defesa, não como real exposição da sua versão — não há equilíbrio de forças, pois quem precisa se defender, claro, tem culpa no cartório.

Conforme Rory Sutherland, com o brilhantismo costumeiro, afirmou em sua última newsletter “The Spectator”: “(...) o uma vez nobre e desejado objetivo de imparcialidade conduziu a algo ridículo, em que toda a autoridade é tratada como um mentiroso”. Ele constrói o argumento para dizer que os jornalistas, tão críticos à reemergência do populismo, podem estar, na verdade, sendo eles mesmos a força propulsora desse fenômeno. Trago o argumento para qualquer outro tipo de autoridade, inclusive para as finanças — se você é bem-sucedido ou se promove algo de impacto, necessariamente é um impostor.

Leia Também

Atenção!

Duas ressalvas importantes. A primeira é que nem sempre o processo se dá de maneira dolosa. Com efeito, na maior parte das vezes, inclusive, não é por dolo, muito embora tenhamos, sim, jornalistas pseudoespecializados de finanças e economia no Brasil com sua lista muito bem demarcada de heróis e vilões, sendo que os primeiros costumam carregar correlação positiva com o número de banners patrocinados no respectivo site “jornalístico”. Jornalistas, assim como todos nós, estão também suscetíveis aos vieses cognitivos, aos próprios preconceitos, à própria visão de mundo. Portanto, por mais imparcial que tentamos ser, acabamos incorrendo em predileções tácitas. Ah, sim, acontece com os analistas de investimento também. Todos nós nos achamos imparciais, frios e calculistas, o que obviamente é uma bobagem. Sua personalidade, o fato de ser caçula ou primogênito, os ganhos ou as perdas recentes e, até mesmo, quem sabe, uma má digestão do café da manhã influenciam na tomada de decisão — tudo de forma não perceptível, claro.

A segunda é que, embora a qualidade média dos jornalistas econômicos e financeiros no Brasil seja baixa (os jornalistas financeiros por aqui costumam odiar finanças e investimentos, nunca vi isso), há também excelentes profissionais na área, entre os quais faço questão de mencionar: Mara Luquet, Denyse Godoy, Lucas Amorim, Joana Cunha, Fernando Travaglini e Carlos Sambrana. Não quero dizer, com isso, que essa relação esgote a lista, mas a lista contém essa relação — coisas diferentes.

Os problemas do jornalismo financeiro não se restringem ao Brasil. Na sexta-feira, o Wall Street Journal reportou que Ray Dalio, o maior gestor do mundo, à frente da Bridgewater, mantinha uma aposta equivalente a US$ 1 bilhão na queda do S&P 500, por meio de puts (opções de venda) que expiravam em março de 2020. Foi um paranauê. Por que estaria esse grande gênio das finanças montando uma posição tão grande à espera de um colapso de Wall Street?

Poucas horas depois, Dalio foi ao LinkedIn para esclarecer: “Eu quero deixar claro que nós não temos esse tipo de aposta líquida no sentido de esperar uma queda do mercado acionário norte-americano”. Ao que acrescentou: “Eu acredito que estejamos vivendo num mundo em que manchetes sensacionalistas são o que muitos escritores querem acima de tudo, ainda que os fatos possam não se enquadrar nas manchetes”.

Essa não é a primeira vez que Ray Dalio encontra certos percalços com a imprensa. Em 28 de julho de 2016, ele já havia feito um post no LinkedIn sob o título: “The New York Times story is a distortion of reality” (A matéria do New York Times é uma distorção da realidade). O jornal havia descrito um quadro de medo e constante vigilância entre os funcionários da Bridgewater, apoiando-se em narrativas de ex-funcionários demitidos da gestora e fontes anônimas. Antes dessa matéria ser publicada, Dalio já percebera que seria algo ruim a seu respeito. Viu-se na sinuca de bico entre não participar (mantendo-se às sombras, sem poder passar a sua versão) ou ser entrevistado (correndo o risco de ter suas aspas usadas contra si mesmo, para pintá-lo como participante validador daquela narrativa grotesca). Optou pelo segundo caminho, arrependendo-se depois.

O que podemos inferir dessa história toda?

Bom, primeiro, o óbvio: cuidado com o que você lê por aí. Mas isso nem é o mais importante. Somos todos adultos e sabemos nos cuidar, passamos há tempos da ingenuidade de acreditarmos nas coisas que nos contam. O investidor Raul Seixas já sabia: não preciso ler jornais, mentir sozinho eu sou capaz.

Depois, a questão me lembrou a metáfora já contada aqui, proposta originalmente por um grande gestor brasileiro. Gestão de recursos é como um filme pornô. Você não pode fazer uma posição bem. Você tem que fazer todas bem. Ao ver uma determinada posição de um gestor, não dá para simplesmente concluir sobre a cabeça do sujeito e/ou replicar para si mesmo. Sozinha, a posição de Ray Dalio em puts de S&P parece uma aposta direcional. Ao ser combinada com todo o portfólio, ela passa a ser apenas hedge para as demais posições. Não há aposta líquida na queda. São coisas muito diferentes. A primeira postura representaria uma visão pessimista. A segunda poderia até significar um viés otimista, ponderado por hedge via puts.

A terceira é que Ray Dalio parece pertencer ao time daqueles que gostam de montar hedge — fazemos parte dessa vertente também. Há uma discussão antiga entre gestores, dividindo-se entre aqueles que, quando não estão muito convictos, montam posições menores e defendem-se no caixa; e outros que optam por construir posições contra as próprias convicções. Em termos práticos, ter 30% comprado em Bolsa, protegido com razoável posição em opções de venda de Bolsa não é a mesma coisa do que ter 10% comprado em Bolsa. Do nosso lado, tenderíamos a preferir o primeiro posicionamento, porque há convexidade nas coisas, as respostas não são lineares e as caudas (os eventos raros) costumam ser mal-precificados. O caixa também custa, em especial agora que passamos a ter juros civilizados.

Por fim, mesmo sendo apenas uma posição de hedge, um valor nocional de US$ 1 bilhão em puts de S&P 500 ainda é uma bitela. Não me parece força do acaso a escolha do mês de março para o vencimento das opções. Faz algum sentido que seja o momento em que a corrida eleitoral norte-americana comece a ocupar o centro do debate e traga volatilidade às cotações.

Ainda estamos igualmente construtivos com ativos de risco para 2020, mas não sem esperar volatilidade, muito menos sem ferir nossa filosofia de termos um portfólio diversificado e balanceado, sempre à caça de boas proteções. Continuamos com grande dificuldade de fazer previsões, em especial sobre o futuro.

A Bolsa brasileira é um pouco como a feira de Acari: deu no New York Times, é um sucesso, tem de tudo, é um mistério.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
RESOLUÇÃO DA TRANSPARÊNCIA

Quanto custa a ‘assessoria gratuita’? O que muda com a regra que obriga à divulgação da remuneração dos assessores de investimento

31 de outubro de 2024 - 6:15

A norma da CVM obriga os assessores de investimentos e outros profissionais do mercado a divulgarem suas formas e valores de remuneração, além de enviarem um extrato trimestral aos clientes

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O saldão da eleição: Passado o segundo turno, Ibovespa se prepara para balanços dos bancões

28 de outubro de 2024 - 8:14

Bolsas internacionais repercutem alívio geopolítico, resultado eleitoral no Japão e expectativa com eleições nos Estados Unidos

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Este é o tipo de conteúdo que não pode vazar

23 de outubro de 2024 - 20:00

Onde exatamente começam os caprichos da Faria Lima e acabam as condições de sobrevivência?

AGORA VAI?

A porta para mais dividendos foi aberta: Petrobras (PETR4) marca data para apresentar plano estratégico 2025-2029

17 de outubro de 2024 - 15:25

O mercado vinha especulando sobre o momento da divulgação do plano, que pode escancarar as portas para o pagamento de proventos extraordinários — ou deixar só uma fresta

A TAXA FAVORITA DO BRASILEIRO

O retorno de 1% ao mês voltou ao Tesouro Direto: títulos públicos prefixados voltam a pagar mais de 12,7% ao ano com alta dos juros

14 de outubro de 2024 - 15:39

Títulos indexados à inflação negociados no Tesouro Direto também estão pagando mais com avanço nos juros futuros

SIMULAMOS!

Quanto renderia na poupança e no Tesouro Direto o dinheiro que o brasileiro gasta todo mês nas bets

14 de outubro de 2024 - 6:04

Gasto médio do apostador brasileiro nas casas de apostas virtuais é de R$ 263 mensais, segundo levantamento do Datafolha. Mas dados mais recentes do Banco Central mostram que, entre os mais velhos, a média é de R$ 3 mil por mês. Quanto seria possível ganhar se, em vez de jogar, o brasileiro aplicasse esse dinheiro?

Conteúdo BTG Pactual

Em busca de dividendos ou de ganho de capital? Monte uma carteira de investimentos personalizada para o seu perfil de investidor

10 de outubro de 2024 - 8:00

O que é importante saber na hora de montar uma carteira de investimentos? BTG Pactual quer ajudar investidores a montar o portfólio ‘ideal’

OPERADORAS DE SAÚDE

É hora de comprar a ação da Hapvida? BB Investimentos inicia cobertura de HAPV3 e vê potencial de quase 40% de valorização até 2025; entenda os motivos

9 de outubro de 2024 - 15:14

Entre as razões, BB-BI destacou a estratégia de verticalização da Hapvida, que se tornou a maior operadora de saúde do país após fusão com a NotreDame Intermédica

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Efeito borboleta: Investidores monitoram ata do Fed, falas de dirigentes e IPCA de setembro para antecipar rumos do Ibovespa e dos juros

9 de outubro de 2024 - 8:09

Participantes do mercado esperam aceleração da inflação oficial no Brasil em meio a temores de ciclo de alta de juros ainda maior

DE OLHO NAS REDES

O ‘recado anti-cripto’ do governo dos EUA — e o que isso diz sobre como Kamala Harris lidaria com moeda

7 de outubro de 2024 - 17:46

Às vésperas das eleições nos Estados Unidos, o mercado cada vez mais se debruça sobre os possíveis impactos de uma presidência de Kamala Harris ou Donald Trump. No mercado de criptomoedas isso não é diferente. Com o pleito se aproximando, os investidores querem saber: quem é o melhor candidato para o mundo dos criptoativos? No programa […]

Atendimento personalizado

Planejador financeiro certificado (CFP®): como o ‘personal do bolso’ pode te ajudar a organizar as finanças e investir melhor

5 de outubro de 2024 - 8:00

A Dinheirista conversou com Ana Leoni, CEO da Planejar, associação responsável pela certificação de planejador financeiro no Brasil; entenda como trabalha este profissional

SETOR DE SAÚDE

Dona do Ozempic vai investir mais de R$ 800 milhões no Brasil — mas não será para produção de ‘canetas do emagrecimento’

4 de outubro de 2024 - 16:30

A farmacêutica dinamarquesa vai desembolsar R$ 864 milhões para a melhoria de processos na fábrica de Minas Gerais, responsável pela produção de insulina

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Entre o petróleo e o payroll: Ibovespa busca recuperação com juros nos EUA e conflito no Oriente Médio como pano de fundo

4 de outubro de 2024 - 8:19

Relatório mensal de emprego nos EUA deve dar o tom do dia nos negócios enquanto guerra continua pressionando o petróleo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Sob pressão: Bolsas internacionais amanhecem no vermelho, mas alta do petróleo continua e pode ajudar o Ibovespa

3 de outubro de 2024 - 8:09

Vitória do governo no STF em relação a resíduos tributários do Programa Reintegra também pode repercutir no Ibovespa hoje

ENGORDANDO A CARTEIRA

Dividendos e JCP: BTG Pactual lança opção de reinvestimento automático dos proventos; saiba como funciona

2 de outubro de 2024 - 16:40

Os recursos serão reinvestidos de acordo com as recomendações do banco, sem custo para os clientes que possuem carteiras automatizadas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Em meio ao aumento da tensão no Oriente Médio, Ibovespa reage à alta do petróleo e à elevação do rating do Brasil

2 de outubro de 2024 - 7:58

Agência Moody’s deixou o rating soberano do Brasil a apenas um degrau do cobiçado grau de investimento — e a perspectiva é positiva

EXPANSÃO INTERNACIONAL

Nvidia já vale quase quatro ‘Ibovespas’ — e ainda tem investidor de olhos fechados para o exterior, diz sócio do BTG

1 de outubro de 2024 - 15:40

Segundo Marcelo Flora, a expansão no exterior é “inevitável”, mas ainda há obstáculos no caminho de uma verdadeira internacionalização da carteira dos brasileiros

PERSPECTIVAS

Renner (LREN3) vai se beneficiar com a “taxação das blusinhas”? BB Investimentos revisa preço-alvo para as ações e diz se é hora de comprar os papéis da varejista

1 de outubro de 2024 - 15:08

Segundo BB-BI, os papéis LREN3 vêm apresentando performance “bastante superior” à do Ibovespa desde o início do ano, mas a varejista ainda tem desafios

ORÁCULO DE OMAHA

Como Warren Buffett decide quando vender uma ação e por que o bilionário está ‘desovando’ papéis do Bank of America no mercado

29 de setembro de 2024 - 16:30

O Oráculo de Omaha acendeu um alerta no mercado ao vender posições tradicionais em empresas como Apple e Bank of America

RENDA FIXA

Banco BV lança CDB que rende até 136% do CDI e com resgate até nos finais de semana; veja como investir

26 de setembro de 2024 - 14:01

O novo título faz parte da ação que comemora os 36 anos do banco neste mês de setembro

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar