Pelo propósito, minha gente!
Meu grande propósito profissional é democratizar o mundo dos investimentos. E isso vai muito além de fazer pessoas mais ricas

Quando fui a Israel, cruzei o muro para o lado palestino a fim de conhecer Belém. A tensão da travessia, com jovens fortemente armados vasculhando o ônibus, valeu a pena. A igreja construída sobre o espaço onde supostamente Jesus nasceu estava mais vazia do que o Santo Sepulcro e o Muro das Lamentações e foi onde eu consegui parar, refletir, rezar e me sentir mais perto de algo sagrado por aquelas terras.
Nunca se sabe o que é verdade e o que é criatividade quando se fala de milhares de anos, mas a porta da Basílica da Natividade é baixa, obrigando qualquer um a se curvar para entrar. Segundo o guia, é um convite à humildade, ao respeito ao sagrado.
A igreja, entretanto, estava bastante destruída para um espaço de tamanha importância. Segundo nosso guia, as diferentes subdivisões cristãs que cuidam do templo não conseguiram entrar em um consenso sobre a restauração. Nem, pasme, sobre quem abre e fecha a igreja todos os dias. A missão teve de ser delegada a um agente neutro, um muçulmano, cuja família administra a chave há várias gerações.
Parece pra você tão absurdo quanto pra mim?
Acho difícil que você tenha frequentado a catequese tanto quanto eu: dois anos para a Primeira Comunhão, dois de Perseverança (palavrinha que agora virou linguagem de Banco Central), um de Crisma, um de preparação para catequista... ufa! Com a sorte de ter feito parte de uma frente mais liberal, aprendi que o importante é muito menos a religião e mais a máxima: não faça com o outro o que você não gostaria que fizessem com você. Esse é, para mim, o verdadeiro propósito.
Misturar o sagrado e o profano é sempre muito perigoso – peço desculpas se feri alguém –, mas ainda que eu não seja mais tão assídua nos ambientes sagrados, tento carregar o propósito comigo. Não consigo colocar em prática sempre, obviamente, mas tento não desviar muito da rota.
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Eu gosto de ser recompensada financeiramente pelo meu trabalho, claro, mas ver o propósito acontecendo me faz muito mais feliz. Parece piegas, mas é o fato. E às vezes sofro ao tentar empregar meu propósito a todo o mercado.
E qual é o propósito, afinal? Para mim, é democratizar o mundo dos investimentos. Isso vai muito além de fazer pessoas mais ricas. Talvez, no private banking, seja principalmente isso mesmo, mas, no varejo, tem a ver com ajudá-las a comprar uma casa, o carro dos sonhos, levar os filhos para a Disney, pagar uma faculdade...
É por isso que tem me incomodado tanto o rumo que a luta pelo investidor de varejo vem tomando.
Posso dizer abertamente aqui: eu admirei a XP desde o início da minha vida de jornalista de investimentos. O sentimento cresceu mais quando fui orientada por uma colega de redação a entrevistar a equipe da corretora com moderação: “Eles são marqueteiros pra caramba”.
Logo percebi que aquela empresa pulsava. Era uma galera realmente empenhada em dar acesso ao investidor de varejo aos produtos que estavam até então restritos às salas de reunião do pomposo private banking.
Passei a acompanhar cada passo, das coletivas às entrevistas particulares, os reforços valiosos na equipe de gestão, com Patrick O’Grady, João Braga, Marcos Peixoto (que sigo admirando e inclusive indicando o tão incrível fundo long biased, quando aberto), dediquei fins de semana inteiros aos grandes eventos em Atibaia (SP).
E como a equipe liderada por Benchimol incomodava a concorrência... Era bonito de se ver. A torneira se abriu e os investidores fluíram do bancão marca própria para a plataforma aberta, colorida, diversa. Quem comeu a vida toda Garoto se deliciava pela primeira vez com Lindt.
Gerente de banco começou a sonhar em ser agente autônomo e quem trabalhava para outra corretora foi seduzido pelo grande volume de clientes e pela possibilidade de ser parte daquele monstro que se formava. A XP usava suas armas: oferecia sociedade, comissões altas, premiações para os maiores vendedores, evento anual em hotelzão – era a festa da democratização dos investimentos.
É pelo propósito que não posso me calar agora. Lamento profundamente o que tenho visto por aí. O mercado não é um convento. Nem BTG nem XP ou qualquer outra corretora são santos ou pecadores, mas disputa judicial por agente autônomo?
Há pouco tempo esse era o mercado do novo, da liberdade das amarras bancárias, do empreendedor e do investidor que exerciam seu direito de ir e vir, de escolher entre oportunidades... Agora tentar reproduzir o modelo de agente autônomo é cópia e deve ser punido na Justiça – gente, mas qual é o segredo?
Todo mundo copia a Empiricus e vida que segue. As cartas de vendas estão aí mesmo, entregues no seu e-mail, com 19,90 reais você já lê uma publicação. Fique à vontade.
Eu quero mais é o agente autônomo feliz, com sua margem engordada pela concorrência, com condições de se capacitar, atrair talentos, atender bem o investidor.
Não acabei ainda, tem mais: como investidora, também quero liberdade de ir e vir. Não foi fácil tomar a decisão de sair do banco quando toda a solidez financeira era associada a ele (e os bancos ainda não compravam corretoras), mas não houve tanto impedimento para sair de lá quanto tem hoje se você quiser trocar de corretora.
No universo dos fundos de investimentos, é preciso fazer uma romaria para levar seus fundos de uma corretora para outra. Se você conseguiu, parabéns. Haja persistência.
Na hora de abrir conta, é tudo muito fácil, com poucos cliques. Pare no meio do caminho e alguém vai te ligar. Já na hora em que você escolhe concentrar seus investimentos em uma única corretora, porque tem sido mais bem tratado nela (ou simplesmente para facilitar sua vida), é um inferno.
Eu confesso que acabo de resgatar de dois fundos em uma corretora para aplicar nos exatos mesmos por meio de outra, onde estou sendo mais bem tratada, para evitar o desgaste. Nem tentei – me baseei nos relatos que recebo em minha caixa de e-mails todos os dias. Achei mais fácil pagar o imposto. Me senti um pouco traída porque, há alguns anos, procurei aquela corretora acreditando que seria, a partir de então, livre.
E a portabilidade de fundos de previdência? Se você tem grandes valores investidos em um PGBL ou VGBL, provavelmente isso vai se tornar uma romaria. E olha que ela é obrigatória por lei. Até eu recebi ligação de corretor quando meus pais resolveram portar a previdência deles – não me pergunte como descobriram meu telefone.
Enfim, como investidora e sonhadora, preciso fazer meu apelo pelo propósito: “Viva a concorrência!”. Seja quem for o dono da bola.
Cota cheia
Dentre as coisas boas que a concorrência no varejo nos trouxe, está a guerra dos fundos Simples. Um abaixou a taxa, o outro foi atrás... e assim chegamos a três belos concorrentes à poupança, todos com aplicação mínima de até 1.000 reais.
A Órama e a XP têm fundos Simples com taxa de 0,2 por cento ao ano. São produtos que investem somente em títulos públicos pós-fixados, com risco equivalente portanto ao da poupança, porém, com mais retorno. Muito legal.
E o BTG tem tomado a frente da disputa, reduzindo a taxa de administração de seu fundo Simples à medida que o patrimônio cresce. E tem gatilho à frente: eles já avisaram que a taxa vai cair dos atuais 0,09 por cento para 0,08 por cento ao ano assim que o montante bater 250 milhões de reais – ele acaba de atingir 240 milhões de reais.
Cota murcha
Também lamento muito quando o jornalismo financeiro parece se desviar de seu verdadeiro propósito: orientar o leitor para que ele invista melhor. É esse o propósito ou estou louca?
Considero que esse desvio apareceu em alguns veículos na forma de comunicar a saída de dois sócios da SPX: Marcio Albuquerque e Sebastian Lewit.
Sem dúvida, o sensacionalismo levanta mais curiosidade, mas pode provocar a iniciativa errada por parte do investidor: de resgatar de um dos fundos brasileiros que melhor recompensa o risco em períodos de dois a três anos.
Escrevi aqui minha visão sobre as mudanças na SPX. Saiba o que fazer com seu Nimitz agora.
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