🔴 QUER INVESTIR NAS MELHORES CRIPTOMOEDAS DO MOMENTO? SAIBA COMO CLICANDO AQUI

Dólar, Bolsa e juros: em busca de assimetrias

O motivo central da defesa de fundos quant em sua carteira, independentemente de opiniões particulares sobre as qualidades individuais da classe, é de que eles cabem bem no seu portfólio. Esse é o ponto central da coisa

19 de junho de 2019
11:03 - atualizado às 11:04
Tela mostra cotações de bolsa de valores e gráficos de mercado
Imagem: Shutterstock

“Que cê acha dos fundos quantitativos?”
“Ah, eu, Felipe, não gosto.”
“Então, não devo ter dinheiro aplicado neles, certo?”
“Puts, desculpa. Errado. Acho que você deve ter dinheiro aplicado neles.”
“Mas você não disse que não gostava?”
“Sim, eu disse."

Pode parecer estranho, mas é isso mesmo. Primeiro explico por que não gosto. Depois digo por que defendo uma pequena alocação na classe, mesmo desgostando dela.

Para quem não está familiarizado com a coisa, fundo quantitativo é uma abordagem matemática que, a partir de algoritmos, sistematiza uma série de dados de mercado para tomar decisões de investimento. Pegam um monte de fundamentos econômicos para embasar suas estratégias, codificam isso numa regra de atuação matemática e, então, deixam os algoritmos agirem no mercado sem interferência humana. É uma explicação meio tosca, mas é por aí.

Eles são um sucesso lá fora, respondendo por cerca de 30 por cento da indústria nos EUA. Aqui estamos perto de 1 por cento, com poucos representantes com algum relevo. Penso aqui em Kadima, Murano, Pandhora, Visia Zarathustra — se esqueci alguém, peço desculpa, não fiz por mal.

Minha resistência inicial a esse negócio se refere a uma questão um pouco mais ligada à metodologia, talvez até de filosofia da ciência. Papo rápido sobre isso: tentando se afastar da História e das Ciências Sociais, que dentro da academia são percebidas como menos glamourosas do que a chamado “hard science”, a Economia adotou para si a hipótese de ergodicidade. O palavrão quer dizer que os economistas, para poder matematizar suas questões e dizerem-se cientistas sofisticados não enviesados pelas próprias convicções narrativas, poderiam considerar que as propriedades estatísticas de séries econômicas e financeiras eram preservadas ao longo do tempo. Ou seja, de forma bem grosseira, haveria um certo padrão de comportamento capaz de ser modelado, sem grandes quebras estruturais.

Seria uma maravilha, claro. O problema é que a realidade é não ergódica. Você acha que conseguiria modelar seu padrão de comportamento num Excel (ok, o Excel é chucro demais; em qualquer outro software do tipo Matematica, EViews, MatLab)? Nas finanças e na economia, estamos no Quarto Quadrante de Nassim Taleb e, portanto, a econometria e a estatística têm pouco a nos oferecer. É um terreno dos cisnes negros, aqueles eventos raros, de alto impacto e imprevisíveis que mudam simplesmente tudo — por definição, são imprevisíveis e, portanto, não são passíveis de modelagem matemática. Nem adianta tentar. Existe uma questão tautológica aqui: qualquer abordagem econométrica exige uma amostra minimamente grande; oras, como obter uma amostra grande de eventos raros se eles são raros?

Leia Também

Os economistas são os invejosos da Física e valorizam excessivamente o poder de modelos matemáticos. Essa é a minha opinião.

Mas agora deixa eu te dizer uma coisa, que começa a nos conduzir para a segunda parte do nosso problema, ou seja, para o fato de que, a despeito de meu ceticismo com os fundos quant isoladamente, entendo que eles deveriam compor sua carteira: a verdade é que minha opinião vale zero.

Para começar, eu me sinto um completo idiota. Não é sempre, só quando eu respiro. Então, jogue fora minhas opiniões.

Além disso, o brilhante histórico de abordagens quant de casas como AQR (230 bilhões de dólares sob gestão), Bridgewater (125 bilhões) e Renaissance (84 bilhões) — só para ficar nos casos mais óbvios — já poderia derrubar meu argumento.

Ou não. Aqui está um ponto que normalmente escapa às pessoas quando se debate gestão ativa e passiva. O fato de haver fundos com desempenho acima da média do mercado não atesta a superioridade da gestão ativa. Pode ser (e aqui nem quero afirmar nada; estou apenas no campo das possibilidades) apenas que estejamos diante de uma distribuição normal de retornos em torno da média. Em meio a milhares de fundos, uns vão, natural e aleatoriamente, estar acima da média; outros vão estar abaixo. A probabilidade de uma pessoa particular — seu cunhado, por exemplo — ter um retorno excepcional é baixíssima; mas a chance de haver uma pessoa com um retorno excepcional no planeta Terra é grande. Para tornar mais tangível o argumento, pense que a chance de você ganhar na Mega-Sena é baixa. Mas a chance de uma pessoa qualquer ganhar é alta. A gente só observa os vencedores, que podem ser apenas escolhidos e iludidos pelo acaso, a posteriori. Warren Buffett pode ser simplesmente a exceção estatística dentro de uma distribuição aleatória de cauda longa, por que não?

Isso foi só um desvio — mas que considero importante. Volto.

Motivação

O motivo central da defesa de fundos quant em sua carteira, independentemente de opiniões particulares sobre as qualidades individuais da classe, é de que eles cabem bem no seu portfólio. Esse é o ponto central da coisa. Por serem bastante descorrelacionados com o restante do mercado, sua introdução num portfólio diversificado permite enorme diminuição de risco com preservação de retorno potencial da carteira. Manifestação clássica dos chamados “ganhos de diversificação” de Harry Markowitz.

Deixo claro: esse não é um papo sobre a indústria quant, embora pareça. Não quero aqui dar opiniões sobre fundos. Respeito a tudo e a todos. Uso o caso apenas como um exemplo, um caso particular para provar o ponto geral. Minha questão é com a alocação e com a necessidade de se olhar o portfólio como um todo, e não a perspectiva individual de um ativo ou classe. Talvez seja pretensioso, mas eu gostaria muito de passar essa mudança de mindset.

Às vezes, você não gosta de um ativo ou de uma ação, mas ela precisa estar ali cumprindo uma função relevante no seu portfólio. As pessoas andam muito fechadas para a diversidade, sabe? “Qual é Seu Guarda, que papo careta?” “Dona das divinas tetas, quero teu leite todo em minha alma, nada de leite mau para os caretas.” Respeito muito minhas lágrimas, mas ainda mais minha risada.

Sua opinião (ou a minha) sobre determinado ativo importa muito menos do que se imagina. Você pode ser um gênio ou um idiota como eu. Esquece esse lance de “qual o ativo certo para comprar agora? Qual a ação para hoje?” Ou como era no centro no final dos anos 70, em que se tinha um mercado informal bem peculiar, chamado de “mercado dos 100%”, em que operadores de Bolsa apostavam qual ação dobraria naquela semana. Sim, é real, fato histórico mesmo.

Em vez de pensar no ativo certo, você precisa pensar na diversificação certa. Esse é o Santo Graal de Ray Dalio. O último almoço grátis do Nobel Markowitz. É isso que você tem que buscar todo dia.

E qual é a diversificação certa para hoje?

Eu iria com o combo Bolsa, juro longo e dólar. Note que, individualmente, acho que o real tende a se fortalecer contra a moeda norte-americana. Mas, entre as três classes (ações, renda fixa e câmbio), o dólar me parece aquele com a assimetria menos convidativa.

De forma muito, muito rápida e resumida:

A Bolsa me parece bem barata, à espera de um re-rating pós-Previdência. Gringo vai começar a vir com queda de juro lá fora e necessidade de voltar a ganhar exposição a emergente. Ele está bem subalocado em Brasil e vai olhar de novo isso após anos em que estivemos alijados da visão gringa. Institucional local, embora tenha comprado recentemente, ainda está pequeno — os grandes têm no máximo 15 por cento disso, sendo que já tiveram 30; enquanto fundo de pensão, com sua costumeira velocidade, começa a se mexer agora. Teremos re-rating primeiro, igual na Índia; e lucros corporativos andando com mais força depois com volta do crescimento.

Juro longo é proxy da Previdência e percepção de risco institucional. Além disso, alta liquidez global derruba yields no mundo todo. Pegar 4 por cento de juro real num país razoavelmente equilibrado (pós-Previdência) é uma exceção nos tempos de hoje. Eu só volto a conversar sobre isso quando B50 bater 3,5 por cento. Aí eu penso em socar todas também. Se VIX você compra a 10 e vende a 20, B50 você vende a 3,5 e compra a 7. O Brasil está condenado ao cercadinho da mediocridade emedebista.

E o dólar? Se fosse pra chutar, eu acho que o dólar é pra baixo. Mas ele serve como bela proteção e hedge para nossas posições em Bolsa e em juro longo. Por quê? Apesar de todos modelos econômicos stricto sensu apontarem para um real mais apreciado, temos o problema do carry. Ou seja, o diferencial de juros entre Brasil e o resto do mundo não é mais o que foi no passado. Ele está mais apertado agora. Para reforçar o ponto, ele pode diminuir ainda mais e esta quarta-feira me parece indicar algo nesse sentido.

Pra mim, Copom vai pavimentar a via com certa nitidez sobre cortes da Selic no segundo semestre. Juro básico no final do ano deve encostar nos 5 por cento na minha opinião. Acredito que ele deva mexer no balanço de riscos, apontando uma assimetria agora, com mais riscos de a inflação ficar abaixo da meta do colegiado — e, sabe como é, nós adoramos uma assimetria de retornos.

Enquanto isso, mercado talvez tenha cobrado excessivamente do Fed e não me surpreenderia alguma frustração com comentários de hoje da reunião do BC dos EUA — consenso já aponta dois cortes de juro neste ano por lá e não sei se as incertezas no horizonte permitem um compromisso tão grande pela autoridade monetária. Se confirmado, isso poderia gerar alguma recuperação momentânea do dólar.

Diante dos ganhos importantes das últimas semanas, vale um pouco de prudência. Na Carteira Empiricus, por exemplo, acabamos de fazer um pequeno ajuste de posições, justamente para tirar um pouco o pé do acelerador, gerar uma liquidez, observar o cenário e embolsar uma parte dos lucros recentes — a Carteira é minha maior recomendação para quem quer um portfólio diversificado, balanceado e com excelente combinação risco-retorno. Nada muito abrupto, apenas uma movimentação na margem, uma pequena reforma. Para um conservador, não cabem revoluções.

Mercados

Mercados iniciam a quarta-feira em compasso de espera. Não há grandes movimentações nem aqui, nem lá fora, enquanto todos aguardam reunião do Fed nos EUA e do Copom no Brasil. Após sinalização de possível corte iminente de juro pelo BCE em declaração de Draghi ontem, cresce expectativa por flexibilização monetária em nível global. Feriado por aqui amanhã e continuidade do debate em torno da reforma da Previdência ajudam a manter certa cautela no ar.

Agenda doméstica é completada com IPC-Fipe, índice de confiança do empresário medido pela CNI e fluxo cambial semanal. Estoques de petróleo são aguardados nos EUA.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
ROXINHO EXPRESS

110% do CDI e liquidez imediata — Nubank lança nova Caixinha Turbo para todos os clientes, mas com algumas condições; veja quais

27 de março de 2025 - 15:22

Nubank lança novo investimento acessível a todos os usuários e notificará clientes gradualmente sobre a novidade

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Dedo no gatilho

24 de março de 2025 - 20:00

Não dá pra saber exatamente quando vai se dar o movimento. O que temos de informação neste momento é que há uma enorme demanda reprimida por Brasil. E essa talvez seja uma informação suficiente.

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?

17 de março de 2025 - 20:00

Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação

COM A PALAVRA, A XP

XP rebate acusações de esquema de pirâmide, venda massiva de COEs e rentabilidade dos fundos

17 de março de 2025 - 17:03

Após a repercussão no mercado, a própria XP decidiu tirar a limpo a história e esclarecer todas as dúvidas e temores dos investidores; veja o que disse a corretora

BILHÕES A MENOS

PGBL ou VGBL? Veja quanto dinheiro você ‘deixa na mesa’ ao escolher o tipo de plano de previdência errado

12 de março de 2025 - 6:14

Investir em PGBL não é para todo mundo, mas para quem tem essa oportunidade, o aporte errado em VGBL pode custar caro; confira a simulação

NOVAS FRONTEIRAS

De Minas para Buenos Aires: argentinos são a primeira frente da expansão do Inter (INBR32) na América Latina

11 de março de 2025 - 16:15

O banco digital brasileiro anunciou um novo plano de expansão e, graças a uma parceria com uma instituição financeira argentina, a entrada no mercado do país deve acontecer em breve

FII DO MÊS

XP Malls (XPML11) é desbancado por outro FII do setor de shopping como o favorito entre analistas para investir em março

10 de março de 2025 - 6:13

O FII mais indicado para este mês está sendo negociado com desconto em relação ao preço justo estimado para as cotas e tem potencial de valorização de 15%

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Mata-mata ou pontos corridos? Ibovespa busca nova alta em dia de PIB, medidas de Lula, payroll e Powell

7 de março de 2025 - 8:12

Em meio às idas e vindas da guerra comercial de Donald Trump, PIB fechado de 2024 é o destaque entre os indicadores de hoje

O QUE COMPRAR

Debêntures da Equatorial se destacam entre as recomendações de renda fixa para investir em março; veja a lista completa

6 de março de 2025 - 16:08

BB e XP recomendaram ainda debêntures isentas de IR, CRAs, títulos públicos e CDBs para investir no mês

SIMULAMOS!

Vencimento de Tesouro Selic paga R$ 180 bilhões nesta semana; quanto rende essa bolada se for reinvestida?

5 de março de 2025 - 15:47

Simulamos o retorno do reinvestimento em novos títulos Tesouro Selic e em outros papéis de renda fixa

CARTEIRA DE INVESTIMENTOS

Estrangeiro “afia o lápis”, mas ainda aguarda momento ideal para entrar na bolsa brasileira

5 de março de 2025 - 14:10

Segundo o Santander, hoje, os investidores gringos mantêm posições pequenas na bolsa, mas mais inclinados a aumentar sua exposição, desde que surja um gatilho apropriado

"ATO DE GUERRA"

Em raro comentário, Warren Buffett critica as tarifas de Trump e diz que “não é a Fada do Dente que pagará”

3 de março de 2025 - 11:38

Trata-se do primeiro comentário público de Warren Buffett acerca das políticas comerciais de Trump; veja o que o bilionário disse

INTERESSE POR TÍTULOS CRESCE

No país da renda fixa, Tesouro Direto atinge recorde de 3 milhões de investidores; ‘caixinhas’ e contas remuneradas ganham tração

20 de fevereiro de 2025 - 18:51

Os números divulgados pela B3 mostram que o Tesouro IPCA e o Tesouro Selic concentram 75% do saldo em custódia em títulos públicos federais

SD Select

Banco de investimentos antecipa pagamento de precatórios para até 5 dias úteis; veja como sair da fila de espera

14 de fevereiro de 2025 - 12:00

Enquanto a fila de espera dos precatórios já registrou atraso de até 30 anos, um banco de investimentos pode antecipar o pagamento para até 5 dias úteis; veja como

SEXTOU COM O RUY

A queda da Nvidia: por que empresas fantásticas nem sempre são os melhores investimentos

7 de fevereiro de 2025 - 6:08

Por mais maravilhosa que seja uma empresa — é o caso da Nvidia —, e por mais que você acredite no potencial de longo prazo dela, pagar caro demais reduz drasticamente as chances de você ter um bom retorno

conteúdo EQI

Onde investir R$ 10 mil? Simulador de investimentos indica as melhores oportunidades de acordo com o seu perfil

6 de fevereiro de 2025 - 8:00

Seja você conservador, moderado ou arrojado, saiba onde investir com a ajuda do simulador de investimentos da EQI Research

SILVIO SANTOS AVISOU…

Vale mais do que dinheiro: demanda por ouro bate recorde em um ano e investimentos explodem

5 de fevereiro de 2025 - 14:35

Os preços mais elevados do metal precioso, no entanto, têm afetado em cheio do mercado de joias, que deve continuar em baixa em 2025

ALOCAÇÃO DE CAPITAL

Braskem (BRKM5) quer voltar a gerar caixa — e decidiu parar de gastar dinheiro com a Oxygea; entenda a decisão da petroquímica

31 de janeiro de 2025 - 9:22

De acordo com comunicado, a suspensão dos investimentos no negócio está alinhada ao novo direcionamento estratégico da empresa

TIRO NO ALVO

Ambipar (AMBP3) alcança mercado internacional e capta US$ 400 milhões em green notes – e a empresa já sabe o que fazer com o dinheiro

29 de janeiro de 2025 - 9:46

Os green notes, ou títulos de dívida verdes, da Ambipar foram oferecidos a investidores institucionais qualificados no exterior

RANKING

O ano dos FIIs de papel? Confira os fundos imobiliários que tiveram os maiores retornos de dividendos em 2024

27 de janeiro de 2025 - 18:13

A alta dos juros prejudicou o desempenho dos fundos imobiliários em 2024, que impactaram no desempenho dos FIIs na bolsa. Assim, os ativos que tiveram grandes retornos podem se tornar dores de cabeça para os cotistas

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar