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Eduardo Campos
Eduardo Campos
Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e Master In Business Economics (Ceabe) pela FGV. Cobre mercado financeiro desde 2003, com passagens pelo InvestNews/Gazeta Mercantil e Valor Econômico cobrindo mercados de juros, câmbio e bolsa de valores. Há 6 anos em Brasília, cobre Banco Central e Ministério da Fazenda.
Os touros estão de volta!

Gestores voltam a apostar no mercado de ações e enxergam Ibovespa acima dos 110 mil pontos

Progresso na agenda de reformas e melhor percepção com relação à economia melhoram humor dos investidores consultados pelo Bank of America. Emergentes se tornaram o mercado preferido entre gestores globais

Eduardo Campos
Eduardo Campos
12 de novembro de 2019
10:10 - atualizado às 10:38
Imagem: Andrei Morais / Montagem/Shutterstock

Depois de uma baixa em outubro, o sentimento dos gestores pesquisados pelo Bank of America (BofA) voltou a melhorar com relação ao Brasil. O percentual de investidores que pretende elevar o investimento em ações atingiu 62% agora em novembro, maior leitura desde o começo da pesquisa.

Especificamente no Brasil, 85% dos gestores acreditam que o mercado de ações terá uma performance acima da média nos próximos seis meses, maior leitura desde março de 2018, e quase 70% acredita em Ibovespa acima dos 110 mil pontos, maior percentual em quatro meses. Em outubro, 47% tinham essa percepção com relação ao Ibovespa.

Segundo o BofA, a pesquisa com os gestores coincidiu com sinais de melhora na economia no Brasil, aprovação de reformas e alguns índices de confiança mostrando recuperação. Junto disso, segue o movimento de corte da Selic, e dois de cada três gestores trabalham com juro básico de 4,5%. Cenário que não se concretizaria apenas se o dólar superasse a linha dos R$ 4,20.

De fato, com relação ao câmbio, a maioria espera alguma apreciação do real até o fim do ano, com 70% trabalhando com a cotação do dólar entre R$ 3,8 e R$ 4,0, contra 50% na pesquisa de outubro. Aqui o BofA faz um adendo, lembrando que a pesquisa não capturou o resultado dos leilões do pré-sal, que praticamente não tiveram participação estrangeira.

Questionados sobre qual fator seria o mais relevante para uma retomada consistente da atividade, 80% dos investidores apontaram a retomada do investimento privado. Outros eventos listados tiveram pouca importância, como reforma tributária, melhora externa e privatizações.

O tom positivo com relação ao Brasil não se repete com outros pares da América Latina. No México, a avaliação é de menor crescimento e perda do grau de investimentos nos próximos anos. Na Argentina, se espera piora no quadro político ao longo dos próximos seis meses.

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Nada de recessão

Na pesquisa global, a preocupação com uma recessão desapareceu, com o percentual líquido de participantes acreditando em uma economia global mais forte em 2020 atingindo 6%. Parece pouco, mas é uma alta de 43 pontos percentuais em comparação com outubro. Essa é a maior reversão de expectativas já captada pela pesquisa.

Os investidores também esperam maior inflação (31%, um salto de 29 pontos em um mês), e trabalham com curvas de juros positivamente inclinadas.

Para 52% dos gestores globais, o mercado de ações terá a melhor performance entre os ativos financeiros de 2020, seguido pelas commodities (21%).

“Os touros estão de volta”, disse o estrategista de investimentos do banco, Michael Hartnett, em comunicado.

E isso é boa notícia para os mercados emergentes, que passaram a ocupar a primeira posição entre os mercados preferidos pelos gestores globais. Posição, até então ocupada pelos EUA.

Segundo Hartnett, os investidores estão no modo “medo de ficar de fora” (Fomo - the fear of missing out, em inglês), o que impulsionou uma onda de otimismo e posicionamento no mercado de ações.

Com relação ao câmbio, a visão é de um dólar mais fraco ao longo dos próximos 12 meses para 37% dos entrevistados. Desde 2007 não se via um panorama tão fraco para o dólar.

Para 84% dos gestores, o Federal Reserve (Fed), banco central americano, não sobe a taxa de juros antes das eleições de 2020.

Com relação ao índice S&P 500, a visão é de que pico será aos 3.246 pontos, acima dos 3.166 pontos apontados em outubro. Atualmente, o S&P 500 está na faixa dos 3.080 pontos.

No lado dos riscos, sem novidade, a guerra comercial encabeça a lista de preocupações com 39% das menções. Assim, uma trégua comercial levaria os investidores a ampliar a exposição em ativos de risco. Na sequência dos medos está a bolha no mercado de títulos corporativos (16%), impotência da política monetária (12%) e desaceleração chinesa (11%).

A pesquisa foi realizada entre os dias 1 e 7 de novembro com 230 gestores responsáveis por UR$ 700 bilhões em ativos. Na pesquisa global foram 178 participantes, com US$ 574 bilhões, e 107 gestores participaram das sondagens regionais, com US$ 259 bilhões.

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