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Victor Aguiar
Victor Aguiar
Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.
108.407,54 pontos

Ibovespa sobe e crava um novo recorde após corte de juros nos EUA; dólar cai

O Federal Reserve promoveu uma nova redução nos juros dos EUA e deu a entender que o ciclo de cortes será interrompido. Esse ajuste negativo e a clareza na mensagem quanto ao futuro agradaram o mercado, fazendo o Ibovespa subir e renovar a máxima de encerramento

Victor Aguiar
Victor Aguiar
30 de outubro de 2019
10:36 - atualizado às 17:39
Selo marca a cobertura de mercados do Seu Dinheiro para o fechamento da Bolsa
Selo marca a cobertura de mercados do Seu Dinheiro para o fechamento da Bolsa - Imagem: Seu Dinheiro

A confirmação de um novo corte de juros nos Estados Unidos deu impulso ao Ibovespa, fazendo-o virar ao campo positivo depois de passar a primeira metade do pregão no vermelho. Mais que isso: o índice buscou novamente o patamar dos 108 mil pontos e atingiu um novo recorde de fechamento.

Durante a manhã, o Ibovespa chegou a cair 0,87%, aos 106.622,01 pontos, mas mudou de tendência a partir das 15h00, quando o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) reportou sua decisão de juros. Nas duas últimas horas de pregão, o índice ganhou força pouco a pouco, terminando o dia em alta de 0,79%, aos 108.407,54 pontos.

Com o desempenho de hoje, o Ibovespa já acumula ganhos de 3,50% em outubro — desde o início do ano, já avançou 23,35%. Vale lembrar que, em 8 de outubro, o índice chegou a ficar abaixo dos 100 mil pontos.

No exterior, a reação dos mercados à postura do Fed foi igualmente positiva: o S&P 500 terminou em alta de 0,33%, aos 3.046,77 pontos, também cravando um novo recorde de encerramento; o Dow Jones (+0,43%) e o Nasdaq (+0,33%) subiram, mas sem atingir novas máximas.

O Fed cortou os juros do país em 0,25 ponto, para o intervalo entre 1,5% e 1,75% ao ano, mas deu a entender que o ciclo de cortes será interrompido. No comunicado, a instituição diz que vai continuar monitorando os dados econômicos para definir os próximos passos.

O mercado já apostava nesse movimento, em meio aos sinais de desaceleração econômica nos Estados Unidos e aos temores de aprofundamento na guerra comercial com a China. Assim, os agentes financeiros estavam atentos aos sinais em relação ao futuro — e o tom adotado pelo Fed em sua comunicação foi bem recebido.

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No comunicado, o BC americano deixou de falar que iria atuar "de maneira apropriada" para sustentar a expansão da economia — uma expressão que vinha sendo entendida como senha para novas reduções. E, em coletiva de imprensa, o presidente da instituição, Jerome Powell, reforçou essa mensagem.

Entre outros pontos, o executivo disse que o Fed continuará atento aos dados econômicos e aos efeitos dos cortes de juros que já foram promovidos até aqui — segundo Powell, essas reduções ainda não foram totalmente assimiladas pela economia real dos EUA.

"O Fed conseguiu passar muito bem a mensagem da pausa [no corte de juros]", diz Victor Cândido, economista-chefe da Journey Capital. "E fez isso sem causar pânico".

O mercado de câmbio também reagiu bem à decisão do Fed: o dólar à vista terminou o dia em baixa de 0,40%, a R$ 3,9867, revertendo a tendência de alta que era vista durante a manhã — é a menor cotação desde 13 de agosto (R$ 3,9678). No exterior, a moeda americana também perdeu força em relação às divisas de países emergentes.

Super quarta-feira

Por aqui, o Copom define a nova taxa Selic após o fechamento dos mercados. A maior parte dos agentes financeiros aposta numa nova redução de 0,5 ponto na taxa básica de juros, mas uma pequena parcela dos investidores vê espaço para um movimento mais radical, com um corte de 0,75 ponto.

De qualquer maneira, os mercados também estarão de olho nas possíveis sinalizações futuras por parte do Banco Central (BC), atentos aos indícios quanto ao fim do ciclo de reduções nos juros brasileiros.

Nesse cenário, e de olho no alívio gerado pela decisão do Fed, os DIs com vencimento em janeiro de 2021 fecharam em queda de 4,36% para 4,35%. Na ponta longa, as curvas para janeiro de 2023 recuaram de 5,36% para 5,35%, e as para janeiro de 2025 foram de 6,05% para 6,03%.

Balanços, balanços, balanços

Na bolsa brasileira, o dia também foi marcado pelas perdas intensas de Cielo ON (CIEL3), que caiu 3,65% e liderou a ponta negativa do Ibovespa. O mercado reagiu negativamente à queda de 51,7% no lucro líquido da empresa no terceiro trimestre desse ano, para R$ 358,1 milhões — resultado abaixo das projeções dos analistas.

Outro ativo que teve um desempenho ruim nesta quarta-feira foi a unit do Santander Brasil (SANB11), em baixa de 1,66%, apesar de o banco ter reportado lucro líquido de R$ 3,705 bilhões entre julho e setembro desse ano, cifra 19,2% maior na base anual — a rentabilidade da instituição ficou em 21,1%.

Por outro lado, Magazine Luiza ON (MGLU3) disparou 6,97% e teve o melhor desempenho do índice — a empresa surpreendeu o mercado e reportou um lucro líquido de R$ 235,1 milhões no trimestre, um crescimento de 96,6% em um ano.

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