Sem fôlego: Ibovespa correu durante a manhã, mas perdeu o embalo e fechou em queda
O Ibovespa reagiu positivamente às indicações do Copom e chegou a tocar os 106 mil pontos na máxima. Mas o índice perdeu fôlego durante a tarde, o que abriu espaço para um movimento de realização de lucros. Já o dólar à vista disparou e voltou ao nível de R$ 4,15

O Ibovespa começou a sessão desta quinta-feira (19) pisando fundo no acelerador. Logo na largada, o índice subiu forte e chegou a tocar o nível dos 106 mil pontos — um patamar que só tinha sido atingido uma vez na história. E combustível não faltava para a bolsa brasileira.
Afinal, na noite anterior, o Copom cortou a Selic em 0,5 ponto, levando a taxa básica de juros a um novo piso histórico, de 5,5% ao ano. Mais que isso: a autoridade monetária sinalizou que novos ajustes negativos devem acontecer no curto prazo.
Só que, conforme o dia foi passando, o carro do Ibovespa começou a engasgar. A velocidade, antes alucinante, começou a diminuir pouco a pouco, e a possibilidade de um novo recorde histórico — em termos de fechamento, a máxima do índice é de 105.817,06 pontos — foi ficando cada vez mais distante.
Ao fim do dia, o principal índice da bolsa brasileira sequer conseguiu se sustentar no campo positivo: no fechamento, o Ibovespa marcava 104.339,16 pontos, uma queda de 0,18%. Já o dólar...
Bom, o dólar à vista não aliviou o ritmo: desde a manhã, a moeda americana aparecia no campo positivo, ganhando ainda mais força ao longo da tarde. Com isso, a divisa saltou de R$ 4,1036 na sessão passada para R$ 4,1628 nesta quinta-feira — uma alta de 1,44%. É o maior nível de encerramento desde o dia 3 (R$ 4,1790).
Com isso, a sessão que parecia caminhar para um novo recorde do Ibovespa acabou com o mercado de câmbio nos holofotes. E toda a dinâmica do dia, tanto da bolsa quanto do dólar, teve como pano de fundo as novas orientações de política monetária no Brasil e no mundo.
Leia Também
Manhã de otimismo
Os mercados abriram bastante bem humorados, em função das sinalizações emitidas pelas autoridades monetárias no mundo. Por aqui, os agentes financeiros mostram entusiasmo com o novo corte de 0,50 ponto na taxa Selic e às indicações de que o ciclo de ajustes negativos na taxa básica de juros tende a continuar.
Juros mais baixos, em geral, diminuem a rentabilidade dos investimentos em renda fixa. Assim, quem pretende conseguir rendimentos mais elevados precisa buscar outras alternativas — e a bolsa de valores aparece como a principal opção. Esse fluxo migratório, assim, tende a impulsionar o mercado acionário.
Rafael Passos, analista da Guide Investimentos, destaca que as outras sinalizações de bancos centrais no mundo também cooperaram para dar força ao Ibovespa durante a manhã. Ele lembra que, nos Estados Unidos, o Fed cortou os juros em 0,25 ponto e deixou a porta aberta para novas reduções, e que, no Japão, a autoridade monetária local mostrou-se mais inclinada a adotar medidas de estímulo no futuro.
"O mundo está com a liquidez bem elevada, e isso beneficia os ativos de risco de uma maneira geral", diz Passos, ressaltando que a postura mais relaxada dos bancos centrais faz com que os investidores globais fiquem mais propensos a buscar alternativas para obter uma rentabilidade maior.
Já nos Estados Unidos, o tom das bolsas foi mais reticente desde o início do dia por causa de algumas sinalizações de hesitação por parte do presidente do Fed, Jerome Powell. O Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq também passaram a manhã no campo positivo, mas nunca conseguiram engatar ganhos firmes como o Ibovespa.
Apesar de a instituição dar a entender que novos cortes podem ocorrer no futuro, o dirigente evitou se comprometer com esse movimento, batendo na tecla da importância dos dados econômicos. Assim, ainda há dúvidas quanto ao que o Fed irá fazer nas próximas reuniões, o que trouxe um viés mais cauteloso aos mercados de Nova York.
Tarde de cautela
Durante a tarde, contudo, o Ibovespa começou a perder força. E analistas e operadores não atribuem esse movimento a alguma notícia específica ou mudança relevante de panorama. A percepção foi a de que, com o índice acima dos 105 mil pontos, um movimento de realização de lucros começou a ser desencadeado na bolsa.
As principais afetadas por esse efeito foram as ações do setor bancário, que abriram o dia em alta, mas fecharam com quedas firmes. Foi o caso de Itaú Unibanco PN (ITUB4), que caiu 1,67%; Bradesco PN (BBDC4), em baixa de 1,21%; Bradesco ON (BBDC3), com perda de 1,34%; e Banco do Brasil ON (BBAS3), com desvalorização de 2,6%.
Vale lembrar que, ao atingir o nível dos 106 mil pontos, o Ibovespa passou a acumular um ganho de quase 5% desde o início do mês. E mesmo com a leve baixa contabilizada hoje, o índice ainda sobe 3,17% em setembro e 0,81% nesta semana.
No exterior, as bolsas americanas também perderam força: o Dow Jones recuou 0,19% e o S&P 500 caiu 0,04%, enquanto o Nasdaq conseguiu sustentar leve ganho de 0,07%. Por lá, notícias a respeito das negociações entre Estados Unidos e China trouxeram alguma apreensão às negociações.
Declarações dadas pelo conselheiro do governo americano para assuntos ligados à China, Michael Pillsbury, não foram bem recebidas pelo mercado. Ao jornal South China Morning Post, Pillsbury disse que o presidente americano, Donald Trump, estaria pronto para uma nova escalada na guerra comercial caso um acordo entre aspartes não seja firmado em breve.
Dólar sob pressão
A diferença de postura entre o Copom e o Fed trouxe efeitos ao mercado de câmbio: por aqui, o dólar à vista mostrou-se pressionado desde o início do dia, encerrando a sessão no nível de R$ 4,16 e voltando aos níveis do início de setembro.
Parte do fortalecimento do dólar pode ser explicado justamente pelas decisões de política monetária: assim como na última reunião, o Copom cortou a Selic em 0,50 ponto, enquanto o Fed promoveu um ajuste de 0,25 ponto. Assim, desde julho, o diferencial de juros entre EUA e Brasil diminuiu em 0,50 ponto.
Com esse gap mais estreito, o real perde atratividade em relação ao dólar, uma vez que a divisa americana é mais segura e, agora, os investimentos no Brasil não tem uma rentabilidade tão maior que a das alocações nos EUA.
Além disso, operadores ponderaram que o dólar tem servido como opção de devesa para os mercados — se, por um lado, há um estímulo maior para entrar na bolsa, por outro, também há um impulso para aumentar as posições na moeda americana, protegendo-se contra eventuais turbulências.
Juros caem
A sinalização, por parte do Copom, de que o processo de redução na Selic tende a continuar, fez com que a curva de juros registrasse baixas em toda a sua extensão nesta quinta-feira.
Na ponta curta, os DIs com vencimento em janeiro de 2020 caíram de 5,17% para 5,11%, enquanto os para janeiro de 2021 recuaram de 5,21% para 5,03%. Na longa, as curvas com vencimento em janeiro de 2023 foram de 6,27% para 6,19%, e as para janeiro de 2025 fecharam em queda de 6,83% para 6,81%.
Vale destacar que, apesar de terem terminado a sessão em baixa, as curvas de juros também passaram por um movimento de redução do alívio ao longo do dia. Os DIs para janeiro de 2021, por exemplo, chegaram a operar abaixo dos 5% durante a manhã.
‘Momento de garimpar oportunidades na bolsa’: 10 ações baratas e de qualidade para comprar em meio às incertezas do mercado
CIO da Empiricus vê possibilidade do Brasil se beneficiar da guerra comercial entre EUA e China e cenário oportuno para aproveitar oportunidades na bolsa; veja recomendações
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
É investimento no Brasil ou no exterior? Veja como declarar BDR no imposto de renda 2025
A forma de declarar BDR é similar à de declarar ações, mas há diferenças relativas aos dividendos distribuídos por esses ativos
Desempenho acima do esperado do Nubank (ROXO34) não justifica a compra da ação agora, diz Itaú BBA
Enquanto outras empresas de tecnologia, como Apple e Google, estão vendo seus papéis passarem por forte desvalorização, o banco digital vai na direção oposta, mas momento da compra ainda não chegou, segundo analistas
Ação da Neoenergia (NEOE3) sobe 5,5% após acordo com fundo canadense e chega ao maior valor em cinco anos. Comprar ou vender agora?
Bancos que avaliaram o negócio não tem uma posição unânime sobre o efeito da venda no caixa da empresa, mas são unânimes sobre a recomendação para o papel
Bolsa nas alturas: Ibovespa sobe 1,34% colado na disparada de Wall Street; dólar cai a R$ 5,7190 na mínima do dia
A boa notícia que apoiou a alta dos mercados tanto aqui como lá fora veio da Casa Branca e também ajudou as big techs nesta quarta-feira (23)
A decisão de Elon Musk que faz os investidores ignorarem o balanço ruim da Tesla (TSLA34)
Ações da Tesla (TSLA34) sobem depois de Elon Musk anunciar que vai diminuir o tempo dedicado ao trabalho no governo Trump. Entenda por que isso acontece.
Embraer (EMBR3) divulga carteira de pedidos do 1º tri, e BTG se mantém ‘otimista’ sobre os resultados
Em relatório divulgado nesta quarta-feira (23), o BTG Pactual afirmou que continua “otimista” sobre os resultados da Embraer
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Ibovespa pega carona nos fortes ganhos da bolsa de Nova York e sobe 0,63%; dólar cai a R$ 5,7284
Sinalização do governo Trump de que a guerra tarifária entre EUA e China pode estar perto de uma trégua ajudou na retomada do apetite por ativos mais arriscados
Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global
Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial
Bitcoin engata alta e volta a superar os US$ 90 mil — enfraquecimento do dólar reforça tese de reserva de valor
Analistas veem sinais de desacoplamento entre bitcoin e o mercado de ações, com possível aproximação do comportamento do ouro
Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras
Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
Tenda (TEND3) sem milagres: por que a incorporadora ficou (mais uma vez) para trás no rali das ações do setor?
O que explica o desempenho menor de TEND3 em relação a concorrentes como Cury (CURY3), Direcional (DIRR3) e Plano & Plano (PLPL3) e por que há ‘má vontade’ dos gestores
Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros
O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)
Bitcoin (BTC) em alta: criptomoeda vai na contramão dos ativos de risco e atinge o maior valor em semanas
Ambiente de juros mais baixos costuma favorecer os ativos digitais, mas não é só isso que mexe com o setor nesta segunda-feira (21)
É recorde: preço do ouro ultrapassa US$ 3.400 e já acumula alta de 30% no ano
Os contratos futuros do ouro chegaram a atingir US$ 3.433,10 a onça na manhã desta segunda-feira (21), um novo recorde, enquanto o dólar ia às mínimas em três anos
A bolsa de Nova York sangra: Dow Jones cai quase 1 mil pontos e S&P 500 e Nasdaq recuam mais de 2%; saiba o que derrubou Wall Street
No mercado de câmbio, o dólar perde força com relação a outras moedas, atingindo o menor nível desde março de 2022
A última ameaça: dólar vai ao menor nível desde 2022 e a culpa é de Donald Trump
Na contramão, várias das moedas fortes sobem. O euro, por exemplo, se valoriza 1,3% em relação ao dólar na manhã desta segunda-feira (21)