O Ibovespa patinou nos últimos dois dias, mas ainda subiu 0,86% na semana
A despressurização nos fronts da guerra comercial e do Brexit deram sustentação ao Ibovespa nesta semana. Por aqui, a proximidade da votação da reforma da Previdência manteve o bom humor do mercado, apesar das tensões envolvendo o PSL

O Ibovespa encerrou a semana passada num tom bastante otimista: apenas na última sexta-feira (11), o índice subiu quase 2%, em meio ao acerto comercial firmado entre EUA e China. Assim, não seria surpreendente se a bolsa brasileira acordasse de ressaca na segunda-feira (14), devolvendo parte desses ganhos.
Pois o Ibovespa continuou ganhando terreno na segunda. E na terça. E na quarta.
Ok, nos dois últimos pregões, o índice perdeu intensidade e fechou em baixa — nesta sexta-feira (18), caiu 0,27%, aos 104.728,89 pontos —, mas, ainda assim, acumulou ganhos de 0,86% nessa semana. Um movimento que teve como base a evolução positiva dos dois principais fatores externos de risco: a guerra comercial e o Brexit.
Afinal, o acerto entre americanos e chineses foi oficializado na sexta passada, mas apenas depois do fechamento dos mercados — assim, por mais que os agentes financeiros tenham antecipado parte do movimento, um rescaldo da reação positiva ainda pode ser sentido no início dessa semana.
E é claro: ninguém espera que as disputas comerciais entre Washington e Pequim seja encerrada no curto prazo. No entanto, esse sinal de confiança emitido por duas as partes, com comprometimentos e derrubadas de barreiras protecionistas, foi muito bem recebido pelos mercados, que se assustavam cada vez mais com a escalada nas tensões.
Ao longo da semana, novos focos de atritos entre EUA e China foram gerados — ainda no início da semana, notícias quanto a uma certa hesitação por parte do governo chinês em assinar o acordo trouxeram alguma apreensão às operações, assim como uma rusga entre Washington e Pequim em relação aos protestos em Hong Kong.
Leia Também
Mas, apesar dessas turbulências, o sentimento do mercado em relação à guerra comercial certamente está mais leve. E essa leveza deu força às bolsas globais, especialmente às de países emergentes — com uma menor nebulosidade no panorama político-econômico no mundo, os investidores ficam mais à vontade para assumir riscos.
Essa menor nebulosidade também foi verificada na Europa: por lá, Reino Unido e União Europeia também chegaram a um acordo em relação ao Brexit — o processo de saída dos britânicos do bloco continental. Esse acerto é importante para evitar um rompimento brusco entre as partes.
O mercado respirou aliviado com a notícia porque o chamado hard Brexit — isto é, a saída brusca dos britânicos, sem nenhum acordo — poderia provocar um impacto mais forte à economia do Reino Unido e da Europa no curto prazo, além de reacender tensões geopolíticas na região.
O principal ponto de preocupação dizia respeito à fronteira entre a Irlanda do Norte (pertencente ao Reino Unido) e à República da Irlanda (país independente que faz parte da UE). O acordo firmado, no entanto, permitiu uma série de flexibilizações nessa fronteira, de modo a evitar tensões maiores.
Mas, assim como no caso da guerra comercial, o Brexit também não é um livro fechado. Os termos ainda precisam ser aprovados pelo parlamento britânico, e a obtenção do aval por parte dos deputados ainda é incerta. Mas, em linhas gerais, esse front também passou por um processo de despressurização.
Com esses dois pontos menos inflamados, o Ibovespa mostrou-se à vontade para continuar subindo e se aproximando das máximas — na quarta-feira (16), o índice fechou aos 105.422,80 pontos, muito perto do recorde de fechamento, aos 105.817,06 pontos, registrado em 10 de julho.
E o Brasil?
Por aqui, a semana também começou com notícias positivas para o mercado. Em Brasília, o Senado aprovou as regras para a partilha dos recursos do megaleilão do pré-sal, fator que era tido como fundamental para destravar a tramitação da reforma da Previdência na Casa.
E, logo após a conclusão das discussões referentes à cessão onerosa, lideranças do governo confirmaram que a votação das novas regras da aposentadoria pelo plenário do Senado, em segundo turno, será realizada na próxima terça-feira (22), trazendo alívio aos agentes financeiros.
Mas, ao longo da semana, outros fatores de turbulência inspiraram cautela às negociações. Em destaque, os atritos internos no PSL, que se dividiu entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e aliados do presidente do partido, Luciano Bivar.
O imbróglio envolveu diversas figuras proeminentes da legenda, desde Flávio e Eduardo Bolsonaro, filhos do presidente, passando por Delegado Waldir, líder da bancada na Câmara, até Joice Hasselman, líder do governo no Congresso — ela acabou sendo destituída do cargo.
O temor dos mercados é o de que essa batalha interna na legenda acabe respingando na tramitação das pautas econômicas no Congresso, incluindo a reforma da Previdência. No entanto, ao menos por enquanto, não há sinais de que o cabo de guerra do PSL irá culminar em novos atrasos ao projeto.
Assim, o noticiário político continua sendo acompanhado de perto pelos investidores, mas sem despertar uma grande onda de pessimismo. Por ora, é um ruído incômodo, mas que não desperta movimentos de venda.
E o dólar?
O dólar à vista passou por um forte alívio nesta sexta-feira: fechou em baixa de 1,22%, a R$ 4,1186, mas ainda terminou a semana com um ganho acumulado de 0,58%.
A moeda americana também teve momentos de tranquilidade e de agitação, ao sabor do noticiário externo e doméstico. Mas, por aqui, a perspectiva de cortes de juros ainda mais intensos — já há casas que projetam a Selic abaixo de 4% em 2020 — traz pressão à divisa.
Com a Selic renovando as mínimas históricas, diminui o diferencial de juros em relação ao exterior, o que, consequentemente, reduz o apelo para a entrada de dinheiro estrangeiro no país — ao menos, para os recursos de quem pensava apenas em obter um rendimento interessante com os juros mais altos do Brasil.
Basta ver o comportamento das curvas de juros: os DIs para janeiro de 2021 fecharam a semana passada em 4,58% e, hoje, terminaram em 4,45%; os com vencimento em janeiro de 2023 saíram de 5,59% para 5,43%; os para janeiro de 2025 foram de 6,24% para 6,12%.
E, com menos dólares entrando, a taxa de câmbio acaba sendo pressionada, o que tem feito com que o dólar à vista permaneça acima dos R$ 4,05 por um longo tempo.
Hoje, esse forte alívio teve dois vetores: por um lado, o dia foi de enfraquecimento generalizado do dólar, tanto em relação às principais divisas do mundo quanto na comparação com as de países emergentes.
Por outro, um fator doméstico foi determinante: segundo Jefferson Luiz Rugik, diretor de câmbio da corretora Correparti, o movimento mais intenso visto por aqui teverelação com a oferta subsequente do Banco do Brasil. "A operação girou perto de R$ 6 bilhões, e teve forte participação de estrangeiros", diz. "E, para o gringo entrar, ele vende dólar e compra real".
O banco precificou a ação a R$ 44,05 - valor acima do que o preço do papel no dia do lançamento da oferta, mas abaixo da cifra encerrada no pregão desta quinta-feira (17), de R$ 44,91. Com isso, a oferta movimentou R$ 5,8 bilhões.
A coisa está feia: poucas vezes nas últimas décadas os gestores estiveram com tanto medo pelo futuro da economia, segundo o BofA
Segundo um relatório do Bank of America (BofA), 42% dos gestores globais enxergam a possibilidade de uma recessão global
Ainda há espaço no rali das incorporadoras? Esta ação de construtora tem sido subestimada e deve pagar bons dividendos em 2025
Esta empresa beneficiada pelo Minha Casa Minha Vida deve ter um dividend yield de 13% em 2025, podendo chegar a 20%
Hypera (HYPE3): empresário Lírio Parisotto muda de ideia (de novo) e desiste de concorrer a vaga no conselho da farmacêutica
O acionista Geração L. PAR – fundo de investimento do próprio empresário – já havia comunicado que o executivo não iria mais concorrer ao posto no início de abril
Os cinco bilionários que mais perderam dinheiro neste ano em meio ao novo governo Trump – e o que mais aumentou sua fortuna
O ano não tem sido fácil nem para os ricaços; a oscilação do mercado tem sido fortemente influenciada pelas decisões do novo governo Trump, em especial o tarifaço global proposto por ele
Powell na mira de Trump: ameaça de demissão preocupa analistas, mas saída do presidente do Fed pode ser mais difícil do que o republicano imagina
As ameaças de Donald Trump contra Jerome Powell adicionam pressão ao mercado, mas a demissão do presidente do Fed pode levar a uma longa batalha judicial
Ações x títulos da Petrobras, follow-on da Azul e 25 ações para comprar após o caos: o que bombou no Seu Dinheiro esta semana
Outra forma de investir em Petrobras além das ações em bolsa e oferta subsequente de ações da Azul estão entre as matérias mais lidas da última semana em SD
Você está demitido: Donald Trump segue empenhado na justa causa de Jerome Powell
Diferente do reality “O Aprendiz”, o republicano vai precisar de um esforço adicional para remover o presidente do Fed do cargo antes do fim do mandato
Com ou sem feriado, Trump continua sendo o ‘maestro’ dos mercados: veja como ficaram o Ibovespa, o dólar e as bolsas de NY durante a semana
Possível negociação com a China pode trazer alívio para o mercado; recuperação das commodities, especialmente do petróleo, ajudaram a bolsa brasileira, mas VALE3 decepcionou
‘Indústria de entretenimento sempre foi resiliente’: Netflix não está preocupada com o impacto das tarifas de Trump; empresa reporta 1T25 forte
Plataforma de streaming quer apostar cada vez mais na publicidade para mitigar os efeitos do crescimento mais lento de assinantes
Lições da Páscoa: a ação que se valorizou mais de 100% e tem bons motivos para seguir subindo
O caso que diferencia a compra de uma ação baseada apenas em uma euforia de curto prazo das teses realmente fundamentadas em valuation e qualidade das empresas
Como declarar opções de ações no imposto de renda 2025
O jeito de declarar opções é bem parecido com o de declarar ações em diversos pontos; as diferenças maiores recaem na forma de calcular o custo de aquisição e os ganhos e prejuízos
Show de ofensas: a pressão total de Donald Trump sobre o Fed e Jerome Powell
“Terrível”, “devagar” e “muito político” foram algumas das críticas que o presidente norte-americano fez ao chefe do banco central, que ele mesmo escolheu, em defesa do corte de juros imediato
Sobrevivendo a Trump: gestores estão mais otimistas com a Brasil e enxergam Ibovespa em 140 mil pontos no fim do ano
Em pesquisa realizada pelo BTG, gestores aparecem mais animados com o país, mesmo em cenário “perde-perde” com guerra comercial
Dólar volta a recuar com guerra comercial entre Estados Unidos e China, mas ainda é possível buscar lucros com a moeda americana; veja como
Uma oportunidade ‘garimpada’ pela EQI Investimentos pode ser caminho para diversificar o patrimônio em meio ao cenário desafiador e buscar lucros de até dólar +10% ao ano
Mobly (MBLY3) expõe gasto ‘oculto’ da Tok&Stok: R$ 5,2 milhões para bancar plano de saúde da família fundadora — que agora tem cinco dias para devolver o dinheiro
Em comunicado, a Mobly destaca que os pagamentos representam mau uso de recursos da companhia, conflito de interesses e violação da governança corporativa
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.
Como declarar ETF no imposto de renda 2025, seja de ações, criptomoedas ou renda fixa
Os fundos de índice, conhecidos como ETFs, têm cotas negociadas em bolsa, e podem ser de renda fixa ou renda variável. Veja como informá-los na declaração em cada caso
Fim da linha para a Vale (VALE3)? Por que o BB BI deixou de recomendar a compra das ações e cortou o preço-alvo
O braço de investimentos do Banco do Brasil vai na contramão da maioria das indicações para o papel da mineradora
Por essa nem o Fed esperava: Powell diz pela primeira vez o que pode acontecer com os EUA após tarifas de Trump
O presidente do banco central norte-americano reconheceu que foi pego de surpresa com o tarifaço do republicano e admitiu que ninguém sabe lidar com uma guerra comercial desse calibre
Nas entrelinhas: por que a tarifa de 245% dos EUA sobre a China não assustou o mercado dessa vez
Ainda assim, as bolsas tanto em Nova York como por aqui operaram em baixa — com destaque para o Nasdaq, que recuou mais de 3% pressionado pela Nvidia