O Fed trouxe instabilidade aos mercados. Mas, ao fim do dia, o Ibovespa ficou quase parado
O Federal Reserve cortou os juros dos EUA em 0,25 ponto, mas sinais difusos emitidos pela instituição fizeram as bolsas globais oscilarem — ao fim do dia, o Ibovespa ficou praticamente no zero a zero

Quem olha apenas para os números do fechamento do Ibovespa e das bolsas dos EUA pode ter a impressão de que a sessão desta quarta-feira (18) foi tranquila. Afinal, o principal índice acionário do Brasil teve leve queda de 0,08%, aos 104.531,93 pontos, tom semelhante ao visto no Dow Jones (+0,13%), S&P 500 (+0,03%) e Nasdaq (-0,11%).
No entanto, a foto da linha de chegada não conta toda a história da corrida. Ao longo do dia, o Ibovespa e as praças de Nova York tiveram uma sessão cheia de idas e vindas — e cada um desses movimentos teve o mesmo gatilho: a decisão de juros nos Estados Unidos.
O evento, afinal, tem a capacidade de mexer com o panorama de investimentos no mundo todo: taxas menores nos EUA implicam em rendimentos menores para os títulos americanos de renda fixa. Com isso, quem deseja ter uma rentabilidade maior precisa buscar outras alternativas — como o mercado acionário.
Desde o início da sessão, os agentes financeiros mostravam-se ansiosos em relação à postura a ser adotada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). A decisão oficial seria conhecida apenas às 15h00 — até lá, cabia aos investidores apenas especular quanto ao futuro.
Por mais que a maior parte do mercado apostasse num corte de 0,25 ponto nos juros dos EUA, o tom foi de cautela na primeira metade da sessão, com o Ibovespa e as bolsas americanas operando em ligeira baixa. Afinal, mesmo que o Fed reduzisse as taxas, ainda havia incerteza quanto aos próximos passos a serem dados pela instituição.
E, de fato, o banco central americano cumpriu as expectativas e cortou as taxas do país em 0,25 ponto, dando a entender, num primeiro momento, que a porta estava aberta para novos ajustes negativos no futuro. No entanto, os mercados acionários não respiraram aliviados.
Leia Também
Pelo contrário: a decisão trouxe instabilidade aos índices mundiais. Por mais que a instituição tenha mostrado disposição para continuar reduzindo as taxas, o comunicado e a fala do presidente do Fed, Jerome Powell, trouxeram elementos que apontavam para a direção oposta.
Vai e volta
Pouco antes das 15h, quando foi publicada a decisão de juros nos EUA, o Ibovespa operava em ligeira queda de 0,23%, tom semelhante ao visto nas bolsas de Nova York. Mas, pouco depois da divulgação, os mercados acionários perderam força: o índice brasileiro chegou a recuar 0,89% e as praças americanas também foram às mínimas.
Mas, na reta final do pregão, as bolsas voltaram a ganhar embalo e, no fechamento, o Ibovespa e as bolsas americanas ficaram praticamente no zero a zero.
Para entender melhor esse comportamento dos mercados, é preciso ir além das manchetes. De fato, o Federal Reserve (o banco central americano) deu continuidade ao movimento de redução de juros do país iniciado em julho, cortando novamente as taxas em 0,25 ponto e mostrando-se aberto a novos ajustes negativos no futuro.
Só que alguns detalhes não foram bem recebidos pelos agentes financeiros. Em primeiro lugar, a decisão de hoje não foi unânime: dois membros do Fed votaram pela manutenção dos juros, enquanto um era favorável a uma redução ainda maior, de 0,5 ponto.
Além disso, sinais emitidos no comunicado deram a entender que a instituição vê um cenário de economia ainda forte nos Estados Unidos. E, em sua coletiva de imprensa, Powell mostrou certa hesitação ao assumir um compromisso mais firme com um futuro corte de juros.
Powell disse que a instituição reduziu o juro para manter a economia forte diante de riscos que se apresentam — entre eles, a guerra comercial. Por outro lado, ele ressaltou que o consumo e o mercado de trabalho seguem fortes, o que deve garantir um ritmo moderado de expansão econômica.
Sempre que foi colocado contra a parede durante a coletiva de imprensa, o presidente do Fed optou por assumir um tom evasivo, reforçando que a instituição irá se basear nos dados para tomar futuras decisões. E essa postura acabou gerando um certo pessimismo nos agentes financeiros.
"O mercado esperava uma mensagem mais suave nas projeções econômicas", me disse um economista. O Fed, agora, vê um crescimento de 2,2% no PIB americano neste ano — em junho, a projeção era de alta de 2,1%.
No entanto, na reta final do pregão — e após Powell já ter concluído sua fala — o Ibovespa e as bolsas americanas passaram por uma onda de melhora. Analistas e economistas apontaram que, em meio aos sinais mistos emitidos pelo Fed, cresceu a leitura de que a instituição poderá adotar outras medidas para estimular a atividade local.
Entre outros pontos, os especialistas do mercado citaram um possível programa de recompra de títulos por parte do Fed — um mecanismo semelhante será colocado em prática pelo Banco Central Europeu (BCE) ainda neste ano.
Dólar pressionado
No mercado de câmbio, o dólar à vista fechou em alta de 0,65%, a R$ 4,1036. Após a decisão do Fed, a moeda americana passou a ganhar força em escala global, ampliando os ganhos em relação às divisas fortes e reduzindo as perdas na comparação com as de países emergentes.
Neste segundo grupo, o real e o peso mexicano se desvalorizaram ante a moeda americana. Já o rublo russo, o peso chileno e o rand sul-africano fecharam o dia com valorização modesta.
E no Brasil?
Por aqui, a nova taxa Selic será conhecida após o fechamento dos mercados. No cenário doméstico, as apostas são quase unânimes quanto a um corte de 0,5 ponto na taxa básica de juros pelo Copom, chegando a um novo piso histórico de 5,5% ao ano.
Mas, assim como nos Estados Unidos, sinais quanto aos próximos passos da autoridade monetária são aguardados com ansiedade pelos agentes financeiros — assim, o teor do comunicado do Copom será analisado com lupa pelos mercados.
Essa convicção quanto ao que o Copom fará hoje à noite fez com que as curvas de juros de curto prazo fechassem perto da estabilidade. Na ponta curta, os DIs para janeiro de 2020 ficaram inalterados em 5,18%, enquanto os com vencimento em 2021 subiram de 5,20% para 5,22%.
No vértice mais longo, as curvas para janeiro de 2023 permaneceram estáveis em 6,27% para 6,23%, e as com vencimento em janeiro de 2025 recuaram de 6,84% para 6,83%.
Sobrevivendo a Trump: gestores estão mais otimistas com a Brasil e enxergam Ibovespa em 140 mil pontos no fim do ano
Em pesquisa realizada pelo BTG, gestores aparecem mais animados com o país, mesmo em cenário “perde-perde” com guerra comercial
Dólar volta a recuar com guerra comercial entre Estados Unidos e China, mas ainda é possível buscar lucros com a moeda americana; veja como
Uma oportunidade ‘garimpada’ pela EQI Investimentos pode ser caminho para diversificar o patrimônio em meio ao cenário desafiador e buscar lucros de até dólar +10% ao ano
Mobly (MBLY3) expõe gasto ‘oculto’ da Tok&Stok: R$ 5,2 milhões para bancar plano de saúde da família fundadora — que agora tem cinco dias para devolver o dinheiro
Em comunicado, a Mobly destaca que os pagamentos representam mau uso de recursos da companhia, conflito de interesses e violação da governança corporativa
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.
Como declarar ETF no imposto de renda 2025, seja de ações, criptomoedas ou renda fixa
Os fundos de índice, conhecidos como ETFs, têm cotas negociadas em bolsa, e podem ser de renda fixa ou renda variável. Veja como informá-los na declaração em cada caso
Fim da linha para a Vale (VALE3)? Por que o BB BI deixou de recomendar a compra das ações e cortou o preço-alvo
O braço de investimentos do Banco do Brasil vai na contramão da maioria das indicações para o papel da mineradora
Por essa nem o Fed esperava: Powell diz pela primeira vez o que pode acontecer com os EUA após tarifas de Trump
O presidente do banco central norte-americano reconheceu que foi pego de surpresa com o tarifaço do republicano e admitiu que ninguém sabe lidar com uma guerra comercial desse calibre
Nas entrelinhas: por que a tarifa de 245% dos EUA sobre a China não assustou o mercado dessa vez
Ainda assim, as bolsas tanto em Nova York como por aqui operaram em baixa — com destaque para o Nasdaq, que recuou mais de 3% pressionado pela Nvidia
Ações da Brava Energia (BRAV3) sobem forte e lideram altas do Ibovespa — desta vez, o petróleo não é o único “culpado”
O desempenho forte acontece em uma sessão positiva para o setor de petróleo, mas a valorização da commodity no exterior não é o principal catalisador das ações BRAV3 hoje
Correr da Vale ou para a Vale? VALE3 surge entre as maiores baixas do Ibovespa após dado de produção do 1T25; saiba o que fazer com a ação agora
A mineradora divulgou queda na produção de minério de ferro entre janeiro e março deste ano e o mercado reage mal nesta quarta-feira (16); bancos e corretoras reavaliam recomendação para o papel antes do balanço
Acionistas da Petrobras (PETR4) votam hoje a eleição de novos conselheiros e pagamento de dividendos bilionários. Saiba o que está em jogo
No centro da disputa pelas oito cadeiras disponíveis no conselho de administração está o governo federal, que tenta manter as posições do chairman Pietro Mendes e da CEO, Magda Chambriard
Deu ruim para Automob (AMOB3) e LWSA (LWSA3), e bom para SmartFit (SMFT3) e Direcional (DIRR3): quem entra e quem sai do Ibovespa na 2ª prévia
Antes da carteira definitiva entrar em vigor, a B3 divulga ainda mais uma prévia, em 1º de maio. A nova composição entra em vigor em 5 de maio e permanece até o fim de agosto
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale
Como declarar ações no imposto de renda 2025
Declarar ações no imposto de renda não é trivial, e não é na hora de declarar que você deve recolher o imposto sobre o investimento. Felizmente a pessoa física conta com um limite de isenção. Saiba todos os detalhes sobre como declarar a posse, compra, venda, lucros e prejuízos com ações no IR 2025
As empresas não querem mais saber da bolsa? Puxada por debêntures, renda fixa domina o mercado com apetite por títulos isentos de IR
Com Selic elevada e incertezas no horizonte, emissões de ações vão de mal a pior, e companhias preferem captar recursos via dívida — no Brasil e no exterior; CRIs e CRAs, no entanto, veem emissões caírem
Depois de derreter mais de 90% na bolsa, Espaçolaser (ESPA3) diz que virada chegou e aposta em mudança de fornecedor em nova estratégia
Em seu primeiro Investor Day no cargo, o CFO e diretor de RI Fabio Itikawa reforça resultados do 4T24 como ponto de virada e divulga plano de troca de fornecedor para reduzir custos
Dividendos da Petrobras (PETR4) podem cair junto com o preço do petróleo; é hora de trocar as ações pelos títulos de dívida da estatal?
Dívida da empresa emitida no exterior oferece juros na faixa dos 6%, em dólar, com opções que podem ser adquiridas em contas internacionais locais
Península de saída do Atacadão: Família Diniz deixa quadro de acionistas do Carrefour (CRFB3) dias antes de votação sobre OPA
Após reduzir a fatia que detinha na varejista alimentar ao longo dos últimos meses, a Península decidiu vender de vez toda a participação restante no Atacadão
Respira, mas não larga o salva-vidas: Trump continua mexendo com os humores do mercado nesta terça
Além da guerra comercial, investidores também acompanham balanços nos EUA, PIB da China e, por aqui, relatório de produção da Vale (VALE3) no 1T25
Temporada de balanços 1T25: Confira as datas e horários das divulgações e das teleconferências
De volta ao seu ritmo acelerado, a temporada de balanços do 1T25 começa em abril e revela como as empresas brasileiras têm desempenhado na nova era de Donald Trump