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Victor Aguiar
Victor Aguiar
Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.
Dólar cai a R$ 4,21

Ibovespa sobe e ronda os 109 mil pontos; otimismo local e dados da China animam o mercado

De olho na força exibida pela indústria chinesa e no noticiário doméstico, o Ibovespa opera em alta firme e o dólar à vista passa por um movimento de despressurização

Victor Aguiar
Victor Aguiar
2 de dezembro de 2019
10:40 - atualizado às 17:19
Selo Mercados AGORA Ibovespa dólar
Imagem: Montagem Andrei Morais / Shutterstock

As diversas incertezas no front do comércio global não são capazes de tirar o ânimo do Ibovespa e do mercado de câmbio nesta manhã de segunda-feira (2). O principal índice da bolsa brasileira opera em alta firme e já aparece novamente na faixa dos 109 mil pontos, enquanto o dólar à vista fechou em queda.

Entre os fatores positivos para os agentes financeiro domésticos, destaque para os dados econômicos da China que mostraram um sinal de fortalecimento da indústria do país e afastaram parcialmente os temores quanto a uma desaceleração mais intensa da atividade do gigante asiático.

A expansão da economia chinesa é particularmente importante para o Brasil, já que o país é o principal consumidor global de commodities e produtos para a indústria de base — como o minério de ferro, o aço, o papel e a celulose, entre outros. Assim, a notícia é comemorada pelos investidores locais.

Tanto é que, desde o início do dia, o Ibovespa aparece no campo positivo — por volta de 13h25, o índice subia 0,72%, aos 109.051,852 pontos, mas, na máxima, chegou a tocar os 109.263,27 pontos (+0,95%). O dólar à vista também tem uma sessão tranquila: no mesmo horário, a moeda americana caia 0,54%, a R$ 4,2178.

Ainda há outros fatores que ajudam a dar força aos ativos brasileiros nesta segunda-feira. Resultados preliminares do setor de varejo indicam que as vendas durante a Black Friday superaram as expectativas, o que dá forças às ações de empresas desse setor.

Um economista ainda cita o noticiário político doméstico como catalisador para o desempenho positivo do Ibovespa e do câmbio. "A Simone Tebet [presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado] deu uma entrevista comentando sobre as reformas estruturais e se mostrou bem otimista com a tramitação da PEC dos fundos", diz ele, afirmando que as declarações foram bem recebidas pelo mercado.

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No entanto, nem tudo são flores na sessão de hoje...

Tensão americana

Nesta manhã, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que irá retomar a sobretaxação ao aço e alumínio do Brasil e da Argentina, de modo a compensar o ganho de competitividade nas exportações desses países após a recente desvalorização de suas moedas.

Embora a notícia definitivamente não seja positiva, o mercado não entrou numa espiral negativa. Afinal, o grande comprador externo de aço e commodities metálicas do Brasil é a China, e não os Estados Unidos — e, como dito no início do texto, a indústria chinesa está se fortalecendo.

Assim, apesar de o posicionamento de Trump gerar preocupação, as ações das siderúrgicas não sentiram o golpe. Pelo contrário: Usiminas PNA (USIM5) opera em alta de 0,59%, Gerdau PN (GGBR4) sobe 1,06% e CSN ON (CSNA3) tem ganho de 3,50%.

Ainda nos Estados Unidos, o índice ISM de atividade no setor manufatureiro caiu a 48,1 em novembro, ficando abaixo das projeções do mercado, de 49,2. O dado trouxe cautela às bolsas americanas: o Dow Jones recua 0,71%, o S&P 500 tem baixa de 0,79% e o Nasdaq opera em queda de 1,22%.

No entanto, por mais que os índices de Nova York estejam no vermelho, o Ibovespa consegue se sustentar em alta, considerando o otimismo com a China e o noticiário doméstico.

E o dólar?

No mercado de câmbio, o dólar perde força em relação às divisas de países emergentes, como o rublo russo,o o peso chileno, o rand sul-africano e o peso colombiano. No entanto, o real aparece entre os destaques, ganhando terreno em magnitude superior a seus pares.

Há dois fatores que ajudam a tirar pressão do dólar à vista por aqui. Em primeiro lugar, o Banco Central (BC) realizou mais um leilão à vista de dólares — prática que vem sendo adotada desde a semana passada, como maneira de frear a escalada nas cotações da moeda americana.

Além disso, operadores e analistas destacam que a manifestação de Trump em relação ao aço e alumínio do Brasil e da Argentina pode ser entendida como um mecanismo do republicano para pressionar o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).

Em seu tuíte, o presidente do país diz que a instituição deveria agir para que os países "não tirem vantagem do dólar forte através de uma desvalorização cambial". Ou seja: se o Fed agir para enfraquecer o dólar, tais medidas não serão necessárias.

Leve alta nos juros

Apesar do alívio no dólar à vista, as curvas de juros continuam em sua trajetória de ajustes positivos, com o mercado apostando que o ciclo de cortes na Selic poderá ser interrompido antes do que era originalmente previsto, em meio à desvalorização recente do câmbio.

Nesse cenário, veja como se comportam os principais DIs nesta segunda-feira:

  • Janeiro/2021: de 4,69% para 4,72%;
  • Janeiro/2023: de 5,89% para 5,92%;
  • Janeiro/2025: estável em 6,52%;
  • Janeiro/2027: estável em 6,85%.

Commodities em alta

As ações da Petrobras e da Vale aparecem no campo positivo e dão forças ao Ibovespa no pregão de hoje, impulsionadas pelos ganhos das commodities no exterior: o minério e ferro subiu 1,13% no porto chinês de Qingdao, o petróleo Brent fechou em alta de 0,71% e o WTI teve ganho de 1,43%.

Nesse cenário, os papéis ON da Petrobras (PETR3) operam em alta de 0,06%, enquanto os PNs (PETR4) avançam 0,03%. Já as ações ON da Vale (VALE3) exibem ganhos de 2,90%.

Varejo e bancos sobem

Os ativos do setor de varejo avançam em bloco e também contribuem para impulsionar o Ibovespa nesta segunda-feira. Como pano de fundo, aparece o otimismo em relação à Black Friday: segundo a Boia Vista, as vendas do comércio na data cresceram 6,4% em relação a 2018, superando as projeções da empresa de alta de 4%.

Nesse cenário, Via Varejo ON (VVAR3) avança 3,63% e B2W ON (BTOW3) tem ganho de 3,96%. Ainda no segmento, Lojas Americanas PN (LAME4) tem alta de 2,20%.

Por fim, o setor de bancos também sobe, num movimento de recuperação das perdas da semana passada. Itaú Unibanco PN (ITUB4) tem alta de 1,64%, Bradesco PN (BBDC4) valoriza 1,17% e as units do Santander Brasil (SANB11) avançam 0,75%.

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