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Victor Aguiar
Victor Aguiar
Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.
EUA x China

Qual o custo da guerra comercial? Para a Huawei, serão US$ 30 bilhões a menos em receita

O presidente da Huawei, Ren Zhengfei, passou estimativas quanto aos impactos que a guerra comercial trará para a empresa. E tanto a receita quanto as vendas internacionais de smartphones serão fortemente afetadas

Victor Aguiar
Victor Aguiar
17 de junho de 2019
14:41 - atualizado às 18:26
Mate 20 Pro, smartphone premium da Huawei
A Huawei está no centro das tensões comerciais entre Estados Unidos e China - Imagem: Shutterstock

A Huawei é como um "avião que foi muito danificado" pela guerra comercial entre Estados Unidos e China. Essa análise não é minha ou de algum especialista do setor de telecomunicações — as palavras são do próprio presidente da empresa, Ren Zhengfei.

A companhia chinesa, afinal, é um dos principais alvos da administração Trump no âmbito das disputas entre Washington e Pequim. Uma das líderes globais no desenvolvimento de tecnologias 5G e uma concorrente cada vez mais forte no setor de smartphones, a Huawei sofreu no mês passado um duro golpe do governo americano.

Alegando riscos à segurança nacional e aos interesses da política externa, o governo dos Estados Unidos determinou que as companhias do país deixassem de comercializar tecnologia americana com a Huawei — uma espécie de boicote ou embargo oficial.

Para a administração Trump, a empresa chinesa estaria "espionando comunicações sensíveis" através de sua rede de engenharia de comunicação — mais um episódio da escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China.

Até o momento, contudo, a Huawei não tinha feito qualquer menção aos impactos financeiros que essa medida poderia causar à empresa. Mas, num evento promovido pela própria companhia nesta manhã, Zhengfei falou sobre o tema — e sinalizou que as perdas serão expressivas.

"Nos próximos dois anos, nós iremos reduzir nossa capacidade, nossa receita vai cair em cerca de US$ 30 bilhões em relação ao que projetávamos", disse o presidente da Huawei. "Então, nossa receita de vendas vai ser de cerca de US$ 100 bilhões neste ano e no próximo".

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Os comentários de Zhengfei foram feitos na própria sede da companhia, em Shenzen, num evento que ainda contava com George Gilder e Nicholas Negroponte, dois especialistas americanos do setor de telecomunicações. Os comentários do presidente da Huawei a respeito dos cortes na receita podem ser vistos no vídeo abaixo:

https://twitter.com/Huawei/status/1140503119484166144

No mesmo evento, Zhengfei também foi questionado pela imprensa internacional quanto aos efeitos que a guerra comercial traria às vendas internacionais de smartphones da Huawei.

Sem entrar em maiores detalhes, o executivo afirmou apenas que a queda já chega a 40%, mas que o crescimento da empresa no mercado chinês "tem sido muito rápido" — tais comentários podem ser vistos por volta de 1:22:30 do vídeo acima.

Em 2018, a Huawei teve receita líquida de US$ 105,2 bilhões — o lucro líquido da empresa chinesa chegou a US$ 8,656 bilhões no ano passado.

Recados

Em mais de uma hora de painel, o presidente da Huawei fez diversas críticas à postura do governo Trump, embora também tenha se mostrado aberto à cooperação com as companhias americanas.

"Nós entendemos que, ao atingirmos certo nível, poderíamos enfrentar competição e resistência", disse Zhengfei. "Mas não nos ocorreu que o governo americano estaria tão determinado a tomar essas medidas extremas contra a Huawei.

O executivo ainda disse que as atuais limitações impostas pelo governo americano restringem não apenas o fornecimento de material e tecnologia, mas também impedem a Huawei de participar de organizações internacionais e cooperar com universidades americanas.

"A sociedade humana não se desenvolveu pela lei da selva, mas pela cooperação mútua", disse. "Mesmo se você for um leão, você não pode comer todos os coelhos. Um divórcio tecnológico ou uma guerra fria entre China e Estados Unidos fará mal para ambos os países".

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