Chineses devolvem ‘truco’ de Trump e conta sobra no colo do Fed
Desvalorização do yuan como resposta às novas tarifas impostas por Trump eleva incerteza sobre economia mundial
Na sexta-feira, fiz uma alegoria dizendo que o presidente americano Donald Trump jogava poker com o presidente do Federal Reserve (Fed), banco central americano, Jerome Powell, e os chineses, tendo como mesa a economia mundial. Trump jogou as fichas na mesa ao impor novas tarifas aos chineses, que avisaram que teria “troco”.
A resposta veio com desvalorização da moeda chinesa, o yuan e um discurso mais duro. As jogadas também recaem sobre o Fed e as expectativas já são de novos e prolongados cortes de juros, algo que o próprio Fed tirou do radar na quarta-feira da semana passada. No mercados, o dia é um "mar de vermelho" nas bolsas e demais ativos de risco ao redor do mundo.
Nesse poker ou se preferir truco, fica a expectativa de qual será o próximo movimento de Trump, pois parece que está na sua vez de jogar. De forma resumida, se os EUA impõem tarifas, mas se a moeda chinesa desvaloriza, o efeito é anulado.
O que Trump pode fazer é subir ainda mais as tarifas e ver se os chineses desvalorizam ainda mais a sua moeda. Estamos no caminho natural de uma guerra comercial que acaba desembocando em guerra cambial. Trump fala isso nos seus tuites ao provocar o Fed a atuar.
....used currency manipulation to steal our businesses and factories, hurt our jobs, depress our workers’ wages and harm our farmers’ prices. Not anymore!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) August 5, 2019
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Por hora, membros do BC americano observam a mesa com cautela, como todo banco central, e falam em acompanhar os desenvolvimentos.
Powell tinha transmitido a mensagem de que o Fed não embarcaria em um ciclo de corte, mas que a redução de 0,25 pontos, seria um ajuste de meio ciclo ou mesmo um corte preventivo. Uma resposta às incertezas trazidas pela própria guerra comercial do presidente americano.
Trump vem fazendo esse jogo de esticar a corda nas negociações com os chineses e outros países, mas depois distensiona as relações, fazendo um cálculo político, já que vai tentar se reeleger em 2020. Economia fraca ou em crise não o ajuda. A não ser que ele consiga culpar os chineses por tudo, em um clássico exemplo da lógica de Homer Simpson: “Se a culpa é minha, posso colocá-la em quem eu quiser.”
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