Um fundo de crédito privado para deixar sua renda fixa mais temperada
Enquanto o mercado de crédito privado enfrenta uma crise, conheça o trabalho de uma gestora com 16 anos e R$ 7 bilhões em patrimônio especializada em selecionar e investir em títulos emitidos por empresas e tem fundos disponíveis nas principais plataformas de investimento e também na bolsa
Aplicação sagrada nos tempos de juros altos, a renda fixa virou praticamente sinônimo de palavrão com a queda da Selic. Mas ainda hoje é indispensável manter uma parte da carteira em investimentos de menor risco.
Só que, mesmo para essa parcela do seu capital, é preciso buscar alguma diversificação em busca de uma rentabilidade que traga algum ganho em relação ao minguado CDI, o indicador de referência da renda fixa.
Nesse cenário, os fundos de crédito privado acabaram ganhando espaço. Nos últimos 12 meses, os gestores que investem em títulos de dívida emitidos por empresas, como debêntures, captaram mais de R$ 40 bilhões de investidores. Para pegar o embalo nessa onda, diversas casas lançaram fundos de crédito privado nos últimos anos.
Mas Arturo Profili já atuava nesse mercado quando tudo ainda era mato. Ele fundou a Capitânia há 16 anos, com um time que se manteve praticamente o mesmo desde a criação. A gestora conta hoje com R$ 7 bilhões sob gestão em três grandes áreas de atuação: crédito corporativo, imobiliário e infraestrutura.
Sapo na panela
Ter experiência nesse negócio é fundamental. De todas as categorias de fundos disponíveis, a de crédito privado talvez seja a que mais engane. O investidor que aplica, por exemplo, em uma carteira de ações ou multimercados em geral sabe que está sujeito a eventuais perdas e volatilidade.
Já os fundos de crédito costumam funcionar na base do 8 ou 80. Ou melhor, 100 ou zero. Mais ou menos como naquela história do sapo na panela com água no fogão, que não percebe a temperatura aumentar até que é tarde demais.
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Adaptando a fábula para os fundos, a água ferve quando uma empresa que faz parte da carteira dá calote. O caso mais ruidoso foi o da Rodovias do Tietê, que deu calote em mais de 15 mil investidores que compraram debêntures de infraestrutura emitidas pela concessionária, atraídos pela isenção de imposto de renda e a rentabilidade atrativa.
Os fundos de crédito privado passam neste momento por outro ponto de fervura, com o chamado fenômeno da marcação a mercado, sobre o qual eu conto logo mais nesta reportagem.
Sofisticado e chato
Para me explicar como a Capitânia trabalha para escapar da panela fervente, Profili me contou como funciona todo o processo de investimento da gestora. Primeiro, considerando todos os ativos sob gestão como se estivessem reunidos em um único fundo.
Com uma equipe de 16 pessoas, considerando apenas o time de investimentos, a gestora como um todo possui hoje uma cesta de 150 papéis, sendo que quatro novos entram para a carteira a cada mês, com uma média de R$ 200 milhões investidos. Sem contar a parcela alocada em títulos públicos, o prazo médio da carteira (duration) é de pouco mais de três anos.
O objetivo da Capitânia é chegar aos R$ 15 bilhões em patrimônio, tamanho que Profili considera ideal para investir de forma mais eficiente. “Eu não acho impossível chegar a esse tamanho dentro de 24 a 36 meses”, disse.
O tempo de mercado também ajuda no trânsito em busca das melhores oportunidades de investimento. Nesse processo, Profili e sua equipe costumam ser procurados pelos bancos quando surge uma oportunidade mais sofisticada.
“A gente brinca de fazer encomenda e tirar pedidos”, disse o gestor que se considera um comprador “sofisticado e chato”.
Vítimas do sucesso
Ser chato é questão de sobrevivência em um mercado que, vira e mexe, apronta das suas. No mês passado, a maior parte dos fundos da indústria foi vítima do fenômeno da chamada "marcação a mercado". Em outras palavras, foram vítimas do próprio sucesso.
Isso porque o aumento da captação dos fundos de crédito privado levou a uma demanda muito maior por debêntures e outros papéis de empresas do que a quantidade disponível no mercado. Como em toda situação de desequilíbrio na oferta e na demanda, vários fundos acabaram investindo em debêntures que ofereciam taxas muito baixas.
O problema é que essa situação se reverteu em outubro, quando houve a venda dos mesmos papéis no mercado a taxas mais altas, o que obrigou os gestores a marcar o novo preço nas suas carteiras e afetou a rentabilidade de vários fundos de crédito.
E o que aconteceu com a Capitânia? A seguir eu conto mais sobre os fundos da casa, mas já adianto que o Capitânia Premium, o nosso favorito, rendeu 121% do CDI no mês passado. A situação no mercado ainda não se estabilizou, mas acredito que a turbulência vai criar oportunidades de ganho para o investidor que estiver nos melhores fundos.
Fundo a fundo
Uma vez feita e encomenda e tirados os pedidos, os gestores da Capitânia alocam os ativos de acordo com o perfil de cada um dos produtos. A Capitânia possui fundos disponíveis tanto na prateleira das corretoras e plataformas de investimento como diretamente na bolsa.
A gestora possui um fundo imobiliário listado na B3, o Capitânia Securities II (CPTS11B), que investe em títulos de crédito com lastro imobiliário como CRIs. Trata-se de uma opção caso você esteja em busca de uma renda que pingue na conta todo mês isenta de imposto de renda, ainda que o valor das cotas esteja sujeito às cotações da bolsa.
A Capitânia possui um segundo fundo dedicado ao setor imobiliário (Reit), mas que investe em cotas de outros fundos listados na B3. As duas estratégias permitem aos gestores escolher qual a melhor forma de participar de um determinado projeto imobiliário – via dívida, pelo fundo próprio listado, ou no indiretamente no capital por meio do Reit. “Às vezes a empresa vem pedir uma coisa e acaba levando outra”, disse Profili.
Na renda fixa tradicional, que pode investir em debêntures de empresas de diferentes setores, a Capitânia possui dois fundos principais: o Top e o Premium.
A diferença entre os dois está no perfil de risco. O Top é um produto mais conservador, enquanto que o Premium tem uma exposição maior em títulos de crédito privado, em busca de uma maior rentabilidade.
A estratégia distinta se reflete também na liquidez. Enquanto os pedidos de resgate no Top são pagos no dia seguinte, quem investe no Premium e decide sacar precisa esperar 45 dias para ter o dinheiro na conta.
O prazo é necessário para que o gestor tenha tempo suficiente para vender algum ativo para fazer frente a eventuais resgates sem comprometer o resultado do fundo.
Com a trajetória de queda da taxa básica de juros, a tendência é que o investidor precise abrir mão da liquidez diária para obter melhores retornos.
Por isso mesmo, a nossa preferência entre os dois hoje é pelo fundo Premium, cujas informações você pode conferir na lupa no fim desta reportagem. De todo modo, não se trata de um investimento indicado para a sua reserva de emergência, aquele dinheiro que você pode precisar a qualquer momento. Se este é o seu caso, você pode conferir esta reportagem da Julia Wiltgen.
Quem investiu no Capitânia Premium desde o início, em novembro de 2014, obteve uma rentabilidade de 68,4%, o equivalente a 111% do CDI. O fundo não só ganha do indicador de referência no acumulado como em todos os anos desde a criação, inclusive durante a crise econômica, que levou milhares de empresas à recuperação judicial.
Queda dos juros
Por falar em queda de juros, perguntei ao sócio-fundador da Capitânia o que ele espera para os fundos que investem em títulos de dívida de empresas com a redução da Selic para as mínimas históricas.
“Entregar um retorno de pouco acima do CDI com os juros a 15% é uma coisa, outra é superar o CDI com a Selic a 5%.”
Profili ainda não sabe dizer qual será o comportamento do investidor nesse cenário, mas disse que os fundos terão de colocar títulos de mais longo prazo nas carteiras. Em troca, as empresas que emitem os títulos teriam de oferecer uma rentabilidade melhor do que das emissões realizadas hoje no mercado.
Para se adaptar a esse novo mundo, o gestor me disse que a Capitânia prepara o lançamento de produtos com prazo de carência maior para o regate, de 90 dias. A empresa também tem planos de ter outros produtos listados em bolsa, o que permite fazer a gestão sem preocupar com eventuais, já que nesse caso o investidor que desejar sair pode vender suas cotas na B3.
Ainda assim, o gestor da Capitânia vê uma grande oportunidade de crescimento dos fundos que investem em títulos de crédito privado. Um dos filões está nas emissões de empresas de capital fechado, que hoje praticamente não acessam o mercado.
“Hoje 90% das emissões dessas empresas, algo como R$ 400 bilhões, estão nas carteiras dos grandes bancos, e 20% delas poderiam trafegar pelo mercado de capitais.”
Fundo na lupa
Em síntese, o crédito privado permanece como uma alternativa para incrementar seus ganhos na renda fixa, ainda mais em tempos de juros baixos. Mas solavanco recente nesse mercado reforça a importância de se escolher um bom gestor.
A Capitânia acumula uma experiência de 16 anos, enfrentou várias crises e em todos os momentos mostrou resultados consistentes. Dos fundos da gestora, nossa escolha fica com o Capitânia Premium FIC FI RF Crédito Privado. Confira a seguir os detalhes e se o fundo se encaixa com o seu perfil:
Capitânia Premium FIC FI RF Crédito Privado
Aplicação mínima: R$ 5 mil
Taxa de administração: mínimo de 0,55% e máximo de 0,75% mais 15% sobre o que superar o CDI
Patrimônio líquido: R$ 196 milhões
Resgate: 45 dias após o pedido
Resgate Antecipado: 5% de multa sobre a cota de resgate
Data de início: 06/11/2014
Retorno desde o início: 68,37% (equivalente a 111% do CDI)
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