Grandes fundos emprestaram uma bolada de dinheiro para o governo. Por que isso é ruim?
Patrimônio de fundos sob gestão dos maiores administradores do país está comprometido em 80% com títulos públicos; ações respondem por 3,5% e aplicações no exterior por 0,5% do total
Não coloque todos os ovos na mesma cesta é um princípio básico no mundo dos investimentos que prioriza a diversificação quanto ao retorno esperado e ao risco a ser evitado. A qualquer tempo, independentemente do grau de sofisticação dos instrumentos financeiros, esse mantra é repetido por analistas e gestores como sinal de alerta contra eventuais perdas.
Essa recomendação sempre me pareceu de bom senso. E nela pensei, imediatamente, quando me deparei com o levantamento realizado pela consultoria Economatica sobre o lastro das aplicações dos maiores fundos de investimentos do país. Os cinco maiores – Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa e Santander – têm sob gestão, distribuídos em diversos fundos, R$ 2,823 trilhões.
É um dinheirão nas mãos de poucos bancos, mas o dado se justifica pela conhecida concentração das operações bancárias no Sistema Financeiro Nacional (SFN). Surpreendente, porém, é o investimento de 80% dessa montanha de dinheiro (em média) estar direcionado para títulos públicos federais e “operações compromissadas” do BC – cujo recheio também é dívida pública.
Essas duas modalidades de investimentos, segmentadas, mostram que, em média, os cinco maiores gestores do país aplicam 52% do patrimônio consolidado em títulos públicos propriamente e 29% também em papéis públicos, mas adquiridos temporariamente por ser o caráter das “compromissadas” do BC.
Essas operações têm registro específico nas contas públicas. Mas, a título de exercício, se forem somadas ao estoque da dívida pública mobiliária federal, mostram um nível elevadíssimo de endividamento, mais de R$ 5 trilhões – sendo R$ 3,764 trilhões de dívida mobiliária e R$ 1,4 trilhão de “operações compromissadas”.
Contudo, para os investidores o risco oferecido – mesmo com baixíssima probabilidade de ocorrência – é o governo. Essas aplicações são assim denominadas porque, no momento da contratação, o BC assume o compromisso de recomprar os títulos em datas pré-determinadas.
Leia Também
Carteiras refletem um governo endividado
O levantamento da Economatica trata da evolução do patrimônio administrado desses cinco maiores gestores de fundos entre 2015 e janeiro de 2019. Para evitar dupla contagem, a consultoria desenvolveu uma metodologia que desconsidera os fundos comprados pela própria gestora – em todos os níveis de carteira. Isso significa dizer que o número final apresenta o patrimônio efetivamente administrado pelas instituições, informa Einar Rivero, gerente de relacionamento da Economatica.
A composição do patrimônio dos fundos administrados pelos cinco maiores bancos do Brasil é o verso da moeda de um governo endividado que a reforma da Previdência, quando aprovada, começará a ajustar. Inicialmente quando à perspectiva de solvência. A nova Previdência não tornará o Brasil menos endividado de um dia para o outro, mas o ritmo de expansão do endividamento tende a ser contido no tempo.
Individualmente, em janeiro deste ano, os cinco maiores gestores de fundos listados pela Economatica tinham a seguinte posição: o BB administra R$ 910,7 bilhões; Itaú, R$ 723,4 bilhões; Bradesco, R$ 607,6 bilhões; Caixa, R$ 331,8 bilhões; e o Santander, R$ 250,1 bilhões.
Alerta do BC
As demais aplicações que compõem o lastro do patrimônio dos fundos geridos pelos 5 maiores bancos do país apenas reforçam o discurso do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de que “o mercado precisa se libertar da necessidade de financiar o governo e se voltar para o financiamento ao empreendedorismo”.
Adicionalmente aos títulos públicos – comprados em definitivo ou temporariamente junto ao BC – os cinco maiores gestores de fundos aplicam, em média, 8% do patrimônio consolidado em depósitos a prazo, 3,5% em ações e apenas 0,5% em ativos no exterior.
Essas participações tão pequenas, quando comparadas à fatia de títulos públicos nas carteiras dos grandes fundos, indicam que há um enorme espaço para crescimento, quando o governo diminuir sua necessidade de financiamento.
A classificação (por ordem decrescente) das modalidades de investimentos do patrimônio dos maiores gestores analisados pela Economatica mostra o seguinte:
Os cinco grandes gestores por aplicação em títulos públicos em porcentagem do patrimônio em janeiro de 2019: Santander 50,5%, Bradesco 59,1%, Caixa 51,5%, BB 47,8% e Itaú Unibanco 42,2%.
Os cinco grandes gestores por aplicação do patrimônio dos fundos em “operações compromissadas”: BB 36,2%, Caixa 32,8%, Itaú Unibanco 29%, Bradesco 24% e Santander 14,5%.
Os cinco grandes gestores por aplicação do patrimônio dos fundos em depósito a prazo: Santander 12,5%, Itaú Unibanco 10,6%, Caixa 9,7%, Bradesco 7,6%. O BB investe o patrimônio dos fundos sob gestão nesse ativo.
Os cinco grandes gestores por aplicações em porcentagem do patrimônio dos fundos administrados em ações: BB 5,7%, Caixa 4,7%, Itaú Unibanco 4%. Bradesco 1,8% e Santander 1,5%.
Os cinco grandes gestores por aplicações em ativos no exterior: Itaú Unibanco, 1,7%, Santander 0,5%, Bradesco 0,39%, BB 0,27%. A Caixa não aplica patrimônio de fundos no exterior.
Lucro dos bancos avança no 3T24, mas Selic alta traz desafios para os próximos resultados; veja quem brilhou e decepcionou na temporada de balanços
Itaú mais uma vez foi o destaque entre os resultados; Bradesco avança em reestruturação e Nubank ameaça desacelerar, segundo analistas
Warren Buffett não quer o Nubank? Megainvestidor corta aposta no banco digital em quase 20% — ação cai 8% em Wall Street
O desempenho negativo do banco digital nesta sexta-feira pode ser explicado por três fatores principais — e um deles está diretamente ligado ao bilionário
Banco do Brasil (BBAS3) de volta ao ataque: banco prevê virada de chave com cartão de crédito em 2025
Após fase ‘pé no chão’ depois da pandemia da covid-19, a instituição financeira quer expandir a carteira de cartão de crédito, que tem crescido pouco nos últimos dois anos
“A bandeira amarela ficou laranja”: Balanço do Banco do Brasil (BBAS3) faz ações caírem mais de 2% na bolsa hoje; entenda o motivo
Os analistas destacaram que o aumento das provisões chamou a atenção, ainda que os resultados tenham sido majoritariamente positivos
Acendeu a luz roxa? Ações do Nubank caem forte mesmo depois do bom balanço no 3T24; Itaú BBA rebaixa recomendação
Relatório aponta potencial piora do mercado de crédito em 2025, o que pode impactar o custo dos empréstimos feitos pelo banco
Agro é pop, mas também é risco para o Banco do Brasil (BBAS3)? CEO fala de inadimplência, provisões e do futuro do banco
Redução no preço das commodities, margens apertadas e os fenômenos climáticos extremos afetam em cheio o principal segmento do BB
A B3 vai abrir nos dias da Proclamação da República e da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios durante os feriados
Os feriados nacionais de novembro são as primeiras folgas em cinco meses que caem em dias úteis. O Seu Dinheiro foi atrás do que abre e fecha durante as comemorações
A China presa no “Hotel California”: o que Xi Jinping precisa fazer para tirar o país da armadilha — e como fica a bolsa até lá
Em carta aos investidores, à qual o Seu Dinheiro teve acesso em primeira mão, a gestora Kinea diz o que esperar da segunda maior economia do mundo
Banco do Brasil (BBAS3) lucra R$ 9,5 bilhões no 3T24, mas provisões aumentam 34% e instituição ajusta projeções para 2024
A linha que contabiliza as projeções de créditos e o guidance para o crescimento de despesas foram alteradas, enquanto as demais perspectivas foram mantidas
Nubank (ROXO34) supera estimativas e reporta lucro líquido de US$ 553 milhões no 3T24; rentabilidade (ROE) chega aos 30%
Inadimplência de curto prazo caiu 0,1 ponto percentual na base trimestral, mas atrasos acima de 90 dias subiram 0,2 p.p. Banco diz que indicador está dentro das estimativas
Por que o Warren Buffett de Londrina não para de comprar ações da MRV (MRVE3)? Gestor com mais de R$ 8 bilhões revela 15 apostas na bolsa brasileira
CEO da Real Investor, Cesar Paiva ficou conhecido por sua filosofia simples na bolsa: comprar bons negócios a preços atrativos; veja as ações no portfólio do gestor
Bradespar (BRAP4) aprova pagamento de R$ 342 milhões em proventos; saiba como receber
Terão direito aos proventos os acionistas que estiverem registrados na companhia até o final do dia 12 de novembro de 2024
BTG Pactual (BPAC11): lucro bate novo recorde no 3T24 e banco anuncia recompra bilionária de ações; veja os números
Lucro líquido do BTG foi de R$ 3,207 bilhões, alta de 17,3% em relação ao terceiro trimestre de 2023; ROE atinge 23,5%
“Estamos absolutamente prontos para abrir capital”, diz CEO do BV após banco registrar lucro recorde no 3T24
O BV reportou um lucro líquido de R$ 496 milhões no terceiro trimestre de 2024, um recorde para a instituição em apenas três meses
Onda roxa: Nubank atinge 100 milhões de clientes no Brasil e quer ir além do banco digital; entenda a estratégia
Em maio deste ano, o Nubank tinha atingido o marco de 100 milhões de clientes globalmente, contando com as operações no México e na Colômbia
Méliuz (CASH3): fundador deixa o comando da empresa e anuncia novo CEO
Israel Salmen será presidente do conselho de administração e também assumirá outros cargos estratégicos do grupo
Após lucro acima do esperado no 3T24, executivo do Banco ABC fala das estratégias — e dos dividendos — até o final do ano
Ricardo Miguel de Moura, diretor de relações com investidores, fusões e aquisições e estratégia do Banco ABC, concedeu entrevista ao Seu Dinheiro após os resultados
Itaú (ITUB4): o que fazer com as ações após mais um balanço surpreendente? Veja a recomendação dos analistas
Reação favorável ao resultado do 3T24 do maior banco privado brasileiro é praticamente unânime; confira a visão e as indicações dos analistas para o Itaú
“Podem esperar um valor maior do que no ano passado”: CEO do Itaú (ITUB4) confirma dividendos extraordinários em 2024; ações saltam na B3
O banco aproveitou para comentar também a mudança nas projeções (guidance) para a expansão da carteira de crédito
R$ 10,7 bilhões em três meses: lucro do Itaú (ITUB4) supera expectativas no 3T24 e banco revisa projeções para oferta de crédito
Assim, o Itaú (ITUB4) reportou um lucro líquido recorrente de R$ 10,675 bilhões no terceiro trimestre de 2024; veja outras linhas do balanço