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Fernando Pivetti
Fernando Pivetti
Jornalista formado pela Universidade de São Paulo (USP). Foi repórter setorista de Banco Central no Poder360, em Brasília, redator no site EXAME e colaborou com o blog de investimentos Arena do Pavini.
Digerindo a sopa de números

Yduqs cai forte na bolsa após balanço do 3º trimestre, mas não deveria ser tudo isso

Os resultados da empresa de educação pegaram mal entre os investidores, mas analistas apontam um trimestre de neutro a positivo

Fernando Pivetti
Fernando Pivetti
12 de novembro de 2019
12:17 - atualizado às 12:25
Escola faculdade universidade
Imagem: Shutterstock

O investidor que parou para dar uma olhadinha no painel de cotações da bolsa na manhã desta terça-feira (12), certamente se surpreendeu com o desempenho das ações da Yduqs (ex-Estácio). A queda de mais de 4% nos papéis logo na abertura do pregão (um dia após o balanço do terceiro trimestre sair) pode ter feito muita gente pensar que os números da empresa vieram muito negativos.

Mas as análises divulgadas por agentes de mercado antes da abertura do pregão desta terça mostram uma situação financeira bem diferente, que não justificaria tamanho desempenho negativo.

Antes de partir para a avaliação, vamos aos números. Apesar do lucro líquido de R$ 152,2 milhões no terceiro trimestre ter vindo mais fraco do que o esperado pelos analistas (R$ 208,7 milhões), outras métricas da Yduqs vieram em linha com o esperado. A geração de caixa da companhia, medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), por exemplo, fechou o terceiro trimestre em R$ 343,9 milhões, alta de 21%.

Já a receita líquida da empresa registrou saldo de R$ 833,1 milhões, uma queda de 2,31% e um ligeiramente abaixo dos R$ 852 milhões projetados pelo mercado.

  • Lucro líquido: R$ 152,2 milhões (↓21%)
  • Ebitda: R$ 343,9 milhões (↑21%)
  • Receita líquida: R$ 833,1 milhões (↓2,31%)

De maneira geral, os principais resultados foram interpretados como "dentro do esperado" pelos analistas, que mantiveram suas avaliações para os papéis da empresa entre "neutra" e "outperform". Agora, analisando mais afundo o balanço, eles encontraram alguns "poréns" que podem ser interpretados como positivos para a empresa. Confira abaixo algumas dessas avaliações.

Itaú BBA

De maneira geral, o Itaú BBA interpretou o balanço da Yduqs como "estável". Na visão dos analistas da casa, pesa em favor da empresa a capacidade de entregar uma receita líquida estabilizada mesmo com o processo de mudança em sua base de alunos. Outro fator visto como positivo foram os dados fortes na base de alunos graduandos em Medicina e na alta de 32% no número de novos alunos de ensino médio até 2024.

Para o Itaú BBA, joga contra a Yduqs seu aumento excessivo com as despesas de marketing, que registraram alta de 11% no terceiro trimestre do ano. Os gastos no trimestre foram ampliados para cobrir o ciclo de renovação da base de alunos da companhia.

A gestora afirma que, em uma análise simplificada, as ações da Yduqs na bolsa estão subvalorizadas, haja visto o desempenho dos segmentos não-médicos da empresa e a avaliação que o mercado faz dele.

  • Desempenho em 12 meses: outperform (acima da média do mercado)
  • Preço-alvo: R$ 40

Bradesco BBI

O analista Victor Tapia, do Bradesco BBI, entrou no grupo dos que receberam de maneira positiva o balanço da companhia de educação. Segundo ele, a queda na receita líquida da Yduqs não deve ser vista com preocupação uma vez que o consumo da empresa cresceu muito mais do que o esperado.

O Bradesco sinalizou ainda uma perspectiva positiva tanto para os cursos a distância como para o de medicina da Yduqs. A classificação da gestora para os papéis também é de outperform, com preço-alvo de R$ 39.

  • Desempenho em 12 meses: outperform (acima da média do mercado)
  • Preço-alvo: R$ 39

BTG Pactual

Os analistas do BTG reforçaram o desempenho "dentro do esperado" da Yduqs, ressaltando os bons resultados que a companhia apresentou na renovação de sua base de alunos no período. De acordo com um relatório divulgado nesta terça-feira, o BTG se diz "cada vez mais positivo em relação à Yduqs", uma vez que grandes operações, como a aquisição da Adtalem, foram estratégicas e ainda não entraram totalmente no radar de impacto das ações. Vale lembrar que os efeitos dessa operação só deve ser sentido a partir do meio do ano que vem.

Enquanto ventos ainda melhores não vêm, o BTG mantém sua recomendação de neutralidade para as ações da Yduqs, com preço-alvo de R$ 39.

  • Desempenho em 12 meses: neutro
  • Preço-alvo: R$ 39

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