Ações da Guararapes, dona da Riachuelo, caem forte após balanço ruim
As ações da Guararapes, dona da Riachuelo, chegaram a recuar mais de 12% no pior momento do dia, com o mercado reagindo mal aos resultados trimestrais da empresa
A Guararapes, controladora da Riachuelo, reportou seus resultados trimestrais na noite desta terça-feira (14). Mas, antes de falarmos mais sobre os dados do balanço, vamos a um breve resumo da reação dos analistas aos números apresentados pela empresa:
- Itaú BBA: Resultados piores que o esperado
- Bradesco BBI: Números fracos, tanto no varejo quanto nos serviços financeiros
Bom, já deu para entender o recado: os analistas não gostaram do balanço da companhia. E isso fica muito claro no comportamento dos papéis ON da dona da Riachuelo (GUAR3) nesta quarta-feira (15): as ações passaram o dia no campo negativo, fechando em queda de 5,06%, a R$ 16,70.
E olha que os papéis reduziram as perdas ao longo da tarde. Na mínima do dia, os ativos da Guararapes chegaram a cair 12,79%, a R$ 15,34 — a menor cotação intradiária desde 30 de outubro, quando tocaram R$ 15,59.
Mas, afinal, como foram os resultados da empresa?
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Queda no lucro
A Guararapes encerrou o primeiro trimestre deste ano com lucro líquido de R$ 32,3 milhões, uma queda de 36,8% em relação ao resultado apurado no mesmo período de 2018. Já o Ebitda — isto é, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização — caiu 28,4%, para R$ 126,9 milhões.
A receita líquida total da empresa avançou 8,4% na mesma base de comparação, para R$ 1,622 bilhão. A dívida líquida somava R$ 1,613 bilhão ao fim de março, cifra 65,5% maior que a registrada no mesmo mês do ano passado.
Mas é melhor analisar o resultado de cada divisão da Guararapes de maneira isolada para se ter um desenho mais preciso da situação da empresa.
Riachuelo sob pressão
Vamos começar pelo desempenho da Riachuelo. A receita líquida consolidada de mercadorias da rede de varejo somou R$ 1,046 bilhão, leve crescimento de 2,8% na base anual.
Contudo, o lucro bruto consolidado da Riachuelo não acompanhou o comportamento da receita, recuando 4,6% na mesma base de comparação, para R$ 493,9 milhões. Com isso, a margem bruta consolidada da rede de varejo caiu para 47,2%, ante 50,8% há um ano.
As vendas no critério mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) — um indicador bastante acompanhado pelos analistas do setor de varejo — avançaram 1,6% no primeiro trimestre deste ano. Entre janeiro e março de 2018, a alta foi de 12,2%.
Financeiro traz alívio (em partes)
Na divisão financeira da Guararapes — a Midway —, os resultados foram mais fortes. A receita da operação financeira totalizou R$ 590,8 milhões, uma alta de 20,9% ante os primeiros três meses do ano passado.
Mas um detalhe chama a atenção nos resultados da Midway: o forte crescimento nas provisões o crescimento expressivo nas provisões para créditos de liquidação duvidosa — ou seja, atrasos e calotes. Essa linha ficou em R$ 230,7 milhões no primeiro trimestre de 2019, alta de 54,5% na base anual.
A expansão nas provisões acabou pressionando fortemente o lucro líquido e o Ebitda consolidados da Guararapes e ajuda a explicar as quedas de ambas as linhas no trimestre.
Desaprovação
Os analistas, como ficou claro no começo do texto, não gostaram dos resultados da Guararapes.
Em relatório, o Itaú BBA diz que os mesmos problemas operacionais que fizeram com que a receita da empresa desacelerasse no quarto trimestre do ano passado também afetaram os números nos primeiros três meses deste ano — com o agravante de que, desta vez, a margem bruta também foi impactada.
"As vendas mesmas lojas e a margem bruta foram negativamente impactadas por um problema logístico. Antes do Natal, a empresa aumentou o fluxo de produtos do centro de distribuição para as lojas da Riachuelo, mas os níveis de estoque nas unidades estava desbalanceados", explica o Itaú, ressaltando que essa situação culminou em sobras em algumas unidades e falta de mercadorias em outras.
Para o Bradesco BBI, a receita da Guararapes no trimestre ficou em linha com o esperado, mas o Ebitda ficou 25% abaixo das projeções. "A combinação de crescimento ainda fraco no SSS, uma contração forte na margem bruta e níveis ainda alto de estoque nas operações de varejo devem reforçar as preocupações dos investidores em relação à execução da estratégia", diz o banco.
O Itaú BBA tem recomendação "outperform" (compra) para os papéis da Guararapes, com preço-alvo de R$ 23,50, enquanto o Bradesco BBI tem classificação neutra, com preço-alvo de R$ 20,00.
Com o desempenho desta quarta-feira, as ações ON da Guararapes acumulam perdas de 6,2% na semana e de 7,1% no mês. Desde o início do ano, a queda chega a 17,4%.
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