Dólar sobe a R$ 4,24 e chega a uma nova máxima de fechamento; Ibovespa cai mais de 1%
O dólar à vista teve um dia de pressão intensa, chegando a tocar o nível de R$ 4,27 no momento de maior tensão. Após duas atuações do Banco Central, a divisa se afastou das máximas, mas ainda fechou em alta firme e atingiu um novo recorde de encerramento

Um dia após bater recorde de fechamento, o dólar à vista testou novas máximas nesta terça-feira (26). Tanto em termos intradiários quanto de encerramento, a moeda americana chegou a níveis nunca antes alcançados — ao menos, em termos nominais. E, em meio a esse cenário de tensão, o Ibovespa e os juros também foram afetados.
No momento de maior tensão, o dólar à vista cegou a ser negociado a R$ 4,2772 (+1,49%), marcando um novo recorde em termos intradiários. Ao fim da sessão, a divisa estava longe desse pico, a R$ 4,2400 — uma alta de 0,61%. Esse alívio, no entanto, não muda a história: é uma nova máxima de encerramento, superando com folga os R$ 4,2145 de ontem.
E esse quadro de cautela extravasou para os demais mercados: o Ibovespa cai mais de 1% e retorna ao patamar dos 106 mil pontos, e as curvas de juros fecharam em alta firme.
A forte reação dos agentes financeiros se deve às declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, recomendando aos investidores que se costumassem com juros mais baixos e câmbio mais alto — segundo ele, a atual conjuntura econômica faz com que a taxa de equilíbrio do dólar seja mais alta.
A fala do ministro foi mais uma camada na bola de neve de fatores de estresse para o mercado de câmbio. Conforme destaca Cleber Alessie, operador da H. Commcor, a combinação entre juros mais baixos, redução do apelo das operações de carry trade, frustração com o leilão da cessão onerosa e tensão social na América Latina já vinha pressionando o dólar.
"Além de tudo isso, veio o Guedes dizendo que é melhor o mercado se acostumar. Juntando todos os fatores, não há como enfrentar o movimento de alta por aqui", diz Alessie. "Mesmo o especulador pode sofrer bastante até que a moeda volte a cair".
Leia Também
Durante a manhã, o dólar à vista chegou a tocar o nível de R$ 4,26 e, nesse cenário, o Banco Central (BC) voltou a promover um leilão surpresa para venda da moeda americana no mercado à vista. A medida até trouxe um alívio pontual e fez a divisa recuar a R$ 4,24, mas esse movimento teve vida curta: no meio da tarde, a moeda chegou a romper o nível dos R$ 4,27.
O novo pico fez o BC convocar mais um leilão no segmento à vista por volta de 15h30. O anúncio da segunda operação trouxe alívio às cotações, derrubando-as ao patamar de R$ 4,23 — mas, assim como ocorreu durante a manhã, a divisa voltou a subir pouco tempo depois, terminando a sessão em R$ 4,24.
Para completar o quadro desfavorável para o mercado de câmbio brasileiro, o dia foi de pressão sobre as moedas de países emergentes como um todo. O dólar ganha força em relação ao peso mexicano, ao rublo russo, ao peso chileno, ao rand sul-africano, ao peso colombiano e à lira turca, entre ouras divisas.
Alta firme nos juros
A pressão no dólar à vista é refletida no mercado de juros futuros: as curvas passam por ajustes positivos, tanto na ponta curta quanto na longa. Veja abaixo como estão os principais DIs:
- Janeiro/2021: alta de 4,64% para 4,73%;
- Janeiro/2023: avanço e 5,94% para 5,97%;
- Janeiro/2025: subida de 6,54% para 6,59%;
- Janeiro/2027: ganho de 6,85% para 6,92%.
E o Ibovespa?
A disparada do dólar trouxe efeitos imediatos à bolsa, em especial às empresas que possuem custos denominados na moeda americana, como as companhias aéreas. Azul PN (AZUL4) e Gol PN (GOLL4) recuam 5,29% e 4,30%, respectivamente, e lideram as perdas do Ibovespa.
Mas não são apenas essas as companhias que aparecem no campo negativo. Grande parte dos papéis do índice operam em queda, contaminados pelo sentimento de aversão ao risco e cautela que toma conta do dólar nesta terça-feira. Nesse cenário, as ações dos bancos e das varejistas caem forte, assim com os ativos da Petrobras.
No lado oposto, companhias exportadoras comemoram o nível mais alto da moeda americana, uma vez que o câmbio mais elevado tende a impulsionar a geração de receita. É o caso das siderúrgicas CSN ON (CSNA3), em alta de 3,24%, e Gerdau PN (GGBR4), com ganho de 2,44%.
Você pode ver mais detalhes das altas e baixas do índice nesta matéria especial. Confira também as maiores altas do Ibovespa no momento:
- CSN ON (CSNA3): +3,48%
- Gerdau PN (GGBR4): +2,38%
- Yduqs ON (YDUQ3): +2,04%
- Metalúrgica Gerdau PN (GOAU4): +1,70%
- Bradespar PN (BRAP4): +1,68%
E os papéis de pior desempenho do índice:
- Azul PN (AZUL4): -5,27%
- Gol PN (GOLL4): -4,18%
- Cielo ON (CIEL3): -4,09%
- Cogna ON (COGN3): -3,57%
- BTG Pactual units (BPAC11): -3,52%
Lá fora
No exterior, os mercados globais se ressentem da menor liquidez nos negócios nos próximos dias devido ao feriado de Ação de Graças, que acontece na próxima quinta-feira nos Estados Unidos.
Wall Street testa o fôlego para esticar o rali recente, um dia após as bolsas terem renovado os níveis recordes. No momento, o Dow Jones sobe 0,08%, o S&P 500 tem alta de 0,07% e o Nasdaq avança 0,12%.
Novamente, a esperança quanto ao fechamento de um acordo comercial entre EUA e China pauta os rumos dos mercados financeiros globais. Notícias de que autoridades dos dois países mantiveram contatos telefônicos nesta terça-feira animaram os investidores.
Sem pílula de veneno: Casas Bahia (BHIA3) derruba barreira contra ofertas hostis; decisão segue recuo de Michael Klein na disputa por cadeira no conselho
Entre as medidas que seriam discutidas em AGE, que foi cancelada pela varejista, estava uma potencial alteração do estatuto para incluir disposições sobre uma poison pill; entenda
“Trump vai demorar um pouco mais para entrar em pânico”, prevê gestor — mas isso não é motivo para se desiludir com a bolsa brasileira agora
Para André Lion, sócio e gestor da estratégia de renda variável da Ibiuna Investimentos, não é porque as bolsas globais caíram que Trump voltará atrás na guerra comercial
Taxa sobre taxa: Resposta da China a Trump aprofunda queda das bolsas internacionais em dia de ata do Fed
Xi Jinping reage às sobretaxas norte-americanas enquanto fica cada vez mais claro que o alvo principal de Donald Trump é a China
CEO da Embraer (EMBR3): tarifas de Trump não intimidam planos de US$ 10 bilhões em receita até 2030; empresa também quer listar BDRs da Eve na B3
A projeção da Embraer é atingir uma receita líquida média de US$ 7,3 bilhões em 2025 — sem considerar a performance da subsidiária Eve
Ação da Vale (VALE3) chega a cair mais de 5% e valor de mercado da mineradora vai ao menor nível em cinco anos
Temor de que a China cresça menos com as tarifas de 104% dos EUA e consuma menos minério de ferro afetou em cheio os papéis da companhia nesta terça-feira (8)
Trump dobra a aposta e anuncia tarifa de 104% sobre a China — mercados reagem à guerra comercial com dólar batendo em R$ 6
Mais cedo, as bolsas mundo afora alcançaram fortes ganhos com a sinalização de negociações entre os EUA e seus parceiros comerciais; mais de 70 países procuraram a Casa Branca, mas a China não é um deles
Wall Street sobe forte com negociações sobre tarifas de Trump no radar; Ibovespa tenta retornar aos 127 mil pontos
A recuperação das bolsas internacionais acompanha o início de conversas entre o presidente norte-americano e os países alvos do tarifaço
Minerva (BEEF3): ações caem na bolsa após anúncio de aumento de capital. O que fazer com os papéis?
Ações chegaram a cair mais de 5% no começo do pregão, depois do anúncio de aumento de capital de R$ 2 bilhões na véspera. O que fazer com BEEF3?
Não foi só a queda do preço do petróleo que fez a Petrobras (PETR4) tombar ontem na bolsa; saiba o que mais pode ter contribuído
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, teria pedido à estatal para rever novamente o preço do diesel, segundo notícias que circularam nesta segunda-feira (7)
Prazo de validade: Ibovespa tenta acompanhar correção das bolsas internacionais, mas ainda há um Trump no meio do caminho
Bolsas recuperam-se parcialmente das perdas dos últimos dias, mas ameaça de Trump à China coloca em risco a continuidade desse movimento
Minerva prepara aumento de capital de R$ 2 bilhões de olho na redução da alavancagem. O que muda para quem tem ações BEEF3?
Com a empresa valendo R$ 3,9 bilhões, o aumento de capital vai gerar uma diluição de 65% para os acionistas que ficarem de fora da operação
Sem medo do efeito Trump: Warren Buffett é o único entre os 10 maiores bilionários do mundo a ganhar dinheiro em 2025
O bilionário engordou seu patrimônio em US$ 12,7 bilhões neste ano, na contramão do desempenho das fortunas dos homens mais ricos do planeta
Sem aversão ao risco? Luiz Barsi aumenta aposta em ação de companhia em recuperação judicial — e papéis sobem forte na B3
Desde o início do ano, essa empresa praticamente dobrou de valor na bolsa, com uma valorização acumulada de 97% no período. Veja qual é o papel
Equatorial (EQTL3): Por que a venda da divisão de transmissão pode representar uma virada de jogo em termos de dividendos — e o que fazer com as ações
Bancões enxergam a redução do endividamento como principal ponto positivo da venda; veja o que fazer com as ações EQTL3
Ibovespa chega a tombar 2% com pressão de Petrobras (PETR4), enquanto dólar sobe a R$ 5,91, seguindo tendência global
O principal motivo da queda generalizada das bolsas de valores mundiais é a retaliação da China ao tarifaço imposto por Donald Trump na semana passada
Após o ‘dia D’ das tarifas de Trump, ativo que rende dólar +10% pode proteger o patrimônio e gerar lucros ‘gordos’ em moeda forte
Investidores podem acessar ativo exclusivo para buscar rentabilidade de até dólar +10% ao ano
Retaliação da China ao tarifaço de Trump derrete bolsas ao redor do mundo; Hong Kong tem maior queda diária desde 1997
Enquanto as bolsas de valores caem ao redor do mundo, investidores especulam sobre possíveis cortes emergenciais de juros pelo Fed
Ibovespa acumula queda de mais de 3% em meio à guerra comercial de Trump; veja as ações que escaparam da derrocada da bolsa
A agenda esvaziada abriu espaço para o Ibovespa acompanhar o declínio dos ativos internacionais, mas teve quem conseguiu escapar
Brasil x Argentina na bolsa: rivalidade dos gramados vira ‘parceria campeã’ na carteira de 10 ações do BTG Pactual em abril; entenda
BTG Pactual faz “reformulação no elenco” na carteira de ações recomendadas em abril e tira papéis que já marcaram gol para apostar em quem pode virar o placar
“Não vou recuar”, diz Trump depois do caos nos mercados globais
Trump defende que sua guerra tarifária trará empregos de volta para a indústria norte-americana e arrecadará trilhões de dólares para o governo federal