🔴 +30 RECOMENDAÇÕES DE ONDE INVESTIR EM DEZEMBRO – VEJA AQUI

Kaype Abreu

Kaype Abreu

Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Colaborou com Estadão, Gazeta do Povo, entre outros.

Entrevista

Criador da CVM diz que mercado brasileiro não precisa de mais regulação

Para Roberto Teixeira da Costa, momento é de libertar a capacidade criativa das pessoas; em entrevista ao Seu Dinheiro, ele fala sobre mercado de capitais, economia brasileira e a figura do analista de investimentos

Kaype Abreu
Kaype Abreu
17 de agosto de 2019
6:01 - atualizado às 16:12
Roberto Teixeira da Costa; primeiro presidente da CVM
Nós temos que libertar a capacidade criativa das pessoas - do contrário, não se produz, diz Teixeira da CostaImagem: Divulgação

Aos 85 anos, o economista Roberto Teixeira da Costa está há poucos meses em um novo local de trabalho. Em uma sala no bairro Jardim Paulista, em São Paulo, o primeiro presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem passado cinco vezes por semana - na maior parte do tempo sozinho - escrevendo artigos e conversando com figuras do mercado financeiro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Desde os anos 1960, o economista atua na área de mercado de capitais no Brasil, praticamente como um desbravador. Passou pelo alto escalão de empresas como Unibanco, Brasilpar - pioneira na área de capital de risco no país - e, talvez mais importante, criou a CVM, em 1976.

Mas as conversas que Teixeira da Costa mantêm hoje passam longe desse tema. Ele dedica a maior parte do tempo a instituições filantrópicas e que, segundo o economista, promovem o intercâmbio de ideias na América Latina, como o Centro Brasileiro de Relações Internacionais e o Inter-American Dialogue. "Sou uma espécie de ponte entre empresários brasileiros e temas de importância internacional", afirma.

Quando o visitei, há algumas semanas, sua mais recente preocupação era a situação de venezuelanos em Pacaraima (RR), município brasileiro que faz fronteira com o país em crise. O economista se preparava para uma viagem a Roraima, com o objetivo de conhecer o trabalho do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), das Nações Unidas, na região. A ideia era, voltando a São Paulo, sensibilizar empresários para que eles ajudassem financeiramente a causa.

“O Walther Moreira Salles uma vez me disse que, num país como o Brasil, é um crime você não ajudar as outras pessoas”, conta sobre uma conversa com o banqueiro e diplomata, nos anos 1970. Na ocasião, Costa ainda trabalhava no Unibanco e acabara de ser convidado para estruturar a CVM.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Apesar da mudança no foco, Teixeira da Costa continua acompanhando de perto o que acontece nos mercados. Apesar das inúmeras inovações recentes, o primeiro presidente da xerife do mercado de capitais entende que o setor não precisa de mais regulação.

Leia Também

"Nós já temos lei e regulamentos em quantidade. Precisamos é que as leis e regulamentos sejam obedecidos", afirma. Para Costa, o momento é de "libertar a capacidade criativa das pessoas".

Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, o autor de, entre outros, Valeu a Pena! Mercado de Capitais: Passado, Presente e Futuro (Editora FGV, 2018), fala sobre os momentos mais marcantes da sua trajetória, intrinsecamente ligada ao mercado e a economia brasileira, comenta sobre o cenário político e o surgimento de novos ativos.

Leia abaixo os principais trechos da conversa:

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Desafios da carreira 

Quando eu comecei a trabalhar [1958], ouvi que a função mais nobre de um banqueiro de investimentos é avaliar uma empresa. É algo muito difícil. Quais parâmetro você usa? Rentabilidade futura? Inflação? Como você faz isso a curto prazo? Nos EUA, tem empresa negociada que você não consegue nem projetar os múltiplos - a Amazon, o Facebook, com PLs infinitos. No entanto as pessoas apostavam que essas empresas iam ter uma rentabilidade que ia superar totalmente essa projeção. Basicamente, você comprando ações você está comprando o futuro. Uma das coisas que nós lutamos muito era para que as pessoas comprassem a ação não na expectativa da rentabilidade imediata, mas no fluxo futuro de dividendos. 

Dificuldades atuais 

Diferentemente de 40 anos atrás, como analista de investimento, o problema não é achar informação: é filtrar o excesso. Há até informações que são soltadas para te induzir a informação errada. Daí a importância do profissionalismo na área. Outra grande dificuldade é avaliar fatores que o acionista não pode verificar. Brumadinho, por exemplo. Qual analista podia ter tido a percepção dos riscos? BRF: que acionista podia ter a percepção de que a China cortaria a compra de produtos por causa do risco de contaminação? A ciência do mercado de ações é diversificação. Você tem que comprar empresas que comprovadamente tem uma boa gestão, aberta, transparente. E não se iludir com expectativa de rentabilidade a curto prazo. Outra coisa: tomou a decisão e viu que estava errado? Realiza seu prejuízo. 

Regulação do mercado 

Fizemos muitos avanços. Mas os mercados estão mudando numa velocidade incrível. Acho que, à medida que essas evoluções forem acontecendo, você tem que ajustar a regulação. Quando eu fui presidente da CVM, por exemplo, os mercados futuros praticamente não existiam. Aí o investidor estrangeiro era uma coisa invisível. Os grande avanços na regulação do brasil aconteceram quando o investidor veio para cá e trouxe com ele a necessidade de melhorar a regulação.

Capacidade criativa

A regulação tem que ser fato posterior, não anterior. Você cria a regulação quando sente necessidade. Nós temos que libertar a capacidade criativa das pessoas - do contrário, não se produz. O Brasil não precisa de mais regulação nesse sentido. Nós temos lei e regulamentos em quantidade. Precisamos que as leis e regulamentos sejam obedecidos. Veja a caso do desmatamento: o Brasil tem a legislação mais avançada nesse quesito. Mas não tem fiscalização. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Criptomoedas

O bitcoin é um ativo financeiro ou uma moeda de transação? Eu acho que está muito mais pra uma moeda de transação do que um ativo financeiro. Como que eu vou projetar a rentabilidade futura do bitcoin? O Facebook vai lançar a Libra. É uma coisa diferente. A libra vai ser lastreada numa cesta de moedas. Não é uma coisa lançada ao acaso. Tem que analisar individualmente.

Brasil hoje 

Vou a reuniões internacionais e fico pasmo das pouco interesse do Brasil em assuntos do interesse global. Não nos damos conta da nossa importância. Bem ou mal temos a quarta extensão territorial do mundo e 230 milhões de habitantes. Não podemos nos esconder no Atlântico Sul e achar que o mundo está nos esperando. Mas pra isso precisamos olhar pra frente. Não ficar mexendo em coisas que não tem importância: armamento civil, por exemplo, não é uma questão contemporânea. Por que os chineses estão tão desenvolvidos?  Planejamento estratégico. Eles sabem onde querem chegar. 

Novo desafios econômicos

O Brasil precisa ter engenheiros de tecnologia. É algo que me assusta muito: hoje tem 13 milhões de desempregados. Mas imagine quando a inteligencia artificial e robótica estiverem mais desenvolvidas por aqui. É preciso treinar a mão de obra para um novo ciclo de desenvolvimento.

Petrobras

A Petrobras é de uma força impressionante. O que essa empresa sofreu poucas companhias do mundo teriam sobrevivido. Saber que estão explorando três vezes mais o pré-sal do que eles imaginavam... E é uma tecnologia praticamente toda desenvolvida no Brasil. Olha a porrada que essa empresa levou, o dinheiro que saiu pelos ralos da companhia e ela está firme. Isso por conta do corpo técnico, que é fantástico. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Papel do BNDES

No passado havia uma crítica muito forte de que o BNDES mitigava o funcionamento do mercado de capitais. As empresas achavam mais cômodo ir diretamente ao banco do que ao mercado de capitais. Mas a partir do momento em que você fecha essa porta, as pessoas tendem a ir para o mercado de capitais - que sempre foi muito oprimido no Brasil por causa da inflação. As empresas preferiam recorrer ao banco e isso acontecia por três motivos. Primeiro, você concorrer com títulos do governo indexados a inflação era desleal. Segundo: volume. O BNDESPar tinha condições de aportar volumes muito maiores. E terceiro, porque algumas empresas preferiam lidar com o banco do que lidar com o mercado como um todo. Abrir capital é um processo traumático: você está acostumado a tomar decisões solitárias e no dia seguinte você não é mais dono da empresa sozinho.

Oportunidades perdidas

Num passado recente, tivemos o chamado "milagre econômico". O primeiro mandato do FHC e o governo Lula, que internacionalmente foi uma grande surpresa. Ninguém imaginava que o Lula seria protagonista externo tão importante como ele foi. A maior crítica que eu faço ao Lula é que no mandato dele havia a faca e o queijo na mão: podia ter acelerado as reformas porque ele tinha o poder de fazer essas coisas. Mas a vaidade foi maior. As desigualdades diminuíram muito, desemprego também baixou. Mas ele deixou uma herança ruim. 

Bolsonaro 

O discurso do Bolsonaro é algo que pode afetar a confiança. Não sei se é uma questão importante nos EUA por conta de Trump. Mas certamente na União Europeia, com a questão do Fundo Amazônia, por exemplo. Agora discute-se o acordo com do Mercosul com o bloco europeu. Mas é bom lembrar que o acordo ainda tem que passar pelo parlamento europeu. Novamente a questão ambiental pode ser uma pedra no nosso sapato.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
MERCADO DE AÇÕES VAI ESQUENTAR?

BRK Ambiental: quem é a empresa que pode quebrar jejum de IPO após 4 anos sem ofertas de ações na bolsa brasileira

12 de dezembro de 2025 - 19:15

A BRK Ambiental entrou um pedido na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para realizar um IPO; o que esperar agora?

NAS PASSARELAS DO MERCADO

Os bastidores da nova fase da Riachuelo (GUAR3), segundo o CEO. Vale comprar as ações agora?

12 de dezembro de 2025 - 18:01

Em entrevista ao Money Times, André Farber apresenta os novos projetos de expansão da varejista, que inaugura loja-conceito em São Paulo

OS NEGÓCIOS DE SILVIO

O rombo de R$ 4,3 bilhões que quase derrubou o império de Silvio Santos; entenda o caso

12 de dezembro de 2025 - 16:51

Do SBT à Tele Sena, o empresário construiu um dos maiores conglomerados do país, mas quase perdeu tudo no escândalo do Banco Panamericano  

CHOQUE NO BOLSO

Citi corta recomendação para Auren (AURE3) e projeta alta nos preços de energia

12 de dezembro de 2025 - 16:15

Banco projeta maior volatilidade no setor elétrico e destaca dividendos como diferencial competitivo

EFEITO MONSTER

De sucos naturais a patrocínio ao campeão da Fórmula 1: quem colocou R$ 10 mil na ação desta empresa hoje é milionário

12 de dezembro de 2025 - 14:33

A história da Monster Beverage, a empresa que começou vendendo sucos e se tornou uma potência mundial de energéticos, multiplicando fortunas pelo caminho  

TENTA SE REERGUER

Oi (OIBR3) ganha mais fôlego para pagamentos, mas continua sob controle da Justiça, diz nova decisão

12 de dezembro de 2025 - 14:01

Esse é mais um capítulo envolvendo a Justiça, os grandes bancos credores e a empresa, que já está em sua segunda recuperação judicial

ALGUNS BILHÕES MENOS RICO

Larry Ellison, cofundador da Oracle, perdeu R$ 167 bilhões em um só dia: veja o que isso significa para as ações de empresas ligadas à IA

12 de dezembro de 2025 - 10:56

A perda vem da queda do valor da empresa de tecnologia que oferece softwares e infraestrutura de nuvem e da qual Ellison é o maior acionista

CRISE CORPORATIVA

Opportunity acusa Ambipar (AMBP3) de drenar recursos nos EUA com recuperação judicial — e a gestora não está sozinha

12 de dezembro de 2025 - 10:01

A gestora de recursos a acusa a Ambipar de continuar retirando recursos de uma subsidiária nos EUA mesmo após o início da RJ

DANÇA DAS CADEIRAS

Vivara (VIVA3) inicia novo ciclo de expansão com troca de CEO e diretor de operações; veja quem assume o comando

12 de dezembro de 2025 - 9:21

De olho no plano sucessório para acelerar o crescmento, a rede de joalherias anunciou a substituição de sua dupla de comando; confira as mudanças

PREPAREM OS BOLSOS

Neoenergia (NEOE3), Copasa (CSMG3), Bmg (BMGB4) e Hypera (HYPE3) pagam juntas quase R$ 1,7 bilhão em dividendos e JCP

11 de dezembro de 2025 - 20:11

Neoenergia distribui R$ 1,084 bilhões, Copasa soma R$ 338 milhões, Bmg paga R$ 87,7 milhões em proventos e Hypera libera R$ 185 milhões; confira os prazos

UM TRUNFO E UM PROBLEMA

A fome pela Petrobras (PETR4) acabou? Pré-sal é o diferencial, mas dividendos menores reduzem apetite, segundo o Itaú BBA

11 de dezembro de 2025 - 19:46

Segundo o banco, a expectativa de que o petróleo possa cair abaixo de US$ 60 por barril no curto prazo, somada à menor flexibilidade da estatal para cortar capex, aumentou preocupações sobre avanço da dívida bruta

CORRIDA ESPACIAL

Elon Musk trilionário? IPO da SpaceX pode dobrar o patrimônio do dono da Tesla

11 de dezembro de 2025 - 19:00

Com avaliação de US$ 1,5 trilhão, IPO da SpaceX, de Elon Musk, pode marcar a maior estreia da história

APETITE VORAZ

Inter mira voo mais alto nos EUA e pede aval do Fed para ampliar operações; entenda a estratégia

11 de dezembro de 2025 - 18:35

O Banco Inter pediu ao Fed autorização para ampliar operações nos EUA. Entenda o que o pedido representa

O QUE TER NA CARTEIRA

As 8 ações brasileiras para ficar de olho em 2026, segundo o JP Morgan — e 3 que ficaram para escanteio

11 de dezembro de 2025 - 17:45

O banco entende como positivo o corte na taxa de juros por aqui já no primeiro trimestre de 2026, o que historicamente tende a impulsionar as ações brasileiras

VENTANIA EM SP

Falta de luz causa prejuízo de R$ 1,54 bilhão às empresas de comércio e serviços em São Paulo; veja o que fazer caso tenha sido lesado 

11 de dezembro de 2025 - 16:30

O cálculo da FecomercioSP leva em conta a queda do faturamento na quarta (10) e quinta (11)

TEM JEITO DE BANCO, NOME DE BANCO...

Nubank busca licença bancária, mas sem “virar banco” — e ainda pode seguir com imposto menor; entenda o que está em jogo

11 de dezembro de 2025 - 15:06

A corrida do Nubank por uma licença bancária expõe a disputa regulatória e tributária que divide fintechs e bancões

GRANA PESADA

Petrobras (PETR4) detalha pagamento de R$ 12,16 bilhões em dividendos e JCP e empolga acionistas

11 de dezembro de 2025 - 12:43

De acordo com a estatal, a distribuição será feita em fevereiro e março do ano que vem, com correção pela Selic

DESAFIOS GLOBAIS

Quem é o brasileiro que será CEO global da Coca-Cola a partir de 2026

11 de dezembro de 2025 - 9:37

Henrique Braun ocupou cargos supervisionando a cadeia de suprimentos da Coca-Cola, desenvolvimento de novos negócios, marketing, inovação, gestão geral e operações de engarrafamento

NA CONTA DOS ACIONISTAS

Suzano (SUZB3) vai depositar mais de R$ 1 bilhão em dividendos, anuncia injeção de capital bilionária e projeções para 2027

11 de dezembro de 2025 - 9:00

Além dos proventos, a Suzano aprovou aumento de capital e revisou estimativas para os próximos anos. Confira

PREPAREM O BOLSO

Quase R$ 3 bilhões em dividendos: Copel (CPLE5), Direcional (DIRR3), Minerva (BEEF3) e mais; confira quem paga e os prazos

10 de dezembro de 2025 - 20:05

A maior fatia dessa distribuição é da elétrica, que vai pagar R$ 1,35 bilhão em proventos aos acionistas

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar