Longe das ruas mas perto das empresas, Citi quer atingir receita de US$ 1,5 bilhão no país
Depois de vender as operações de varejo no Brasil, banco americano mantém foco no atacado e vê oportunidade de atuar como assessor financeiro nos processos de privatização que serão conduzidos no governo de Jair Bolsonaro
Depois de vender as operações de varejo no Brasil para o Itaú Unibanco, a marca do Citi deixou as ruas das principais cidades brasileiras. Mas isso não significa que o banco americano não esteja ativo no país. Pelo contrário.
Com foco no atendimento a empresas, a unidade local do Citi espera atingir uma receita de US$ 1,5 bilhão (R$ 5,6 bilhões, ao câmbio de hoje). O banco não informou quando espera alcançar a meta, mas no ano passado as receitas no Brasil foram de US$ 1,1 bilhão (R$ 4,1 bilhões).
Os números foram apresentados pelo presidente do Citi no Brasil, Marcelo Marangon. Junto com os principais executivos, ele reuniu a imprensa hoje pela manhã na sede do banco, na Avenida Paulista, para detalhar os planos para o país.
Marangon ressaltou que a venda dos negócios de varejo no país fez parte da estratégia global do banco de deixar de atuar nos mercados onde possuía pouca escala. Dos 98 países onde o Citi tem operações, a instituição manteve a operação com agências em apenas 19. O atendimento a pessoas físicas no Brasil ficou restrito aos clientes e famílias multimilionários (private banking).
Mais foco
Para o presidente do Citi, a saída do varejo deu ao banco uma maior agilidade e um maior foco no negócio de atacado. E, como resultado, proporcionou uma maior rentabilidade.
A expectativa da instituição é alcançar um retorno sobre o patrimônio de 15% em 2018, contra um patamar inferior a 10% quando ainda operava com agências no país.
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"O atacado representava 50% das receitas, mas 2/3 do lucro do banco", afirmou.
Para mostrar que o Brasil continua um mercado importante para o Citi, Marangon destacou que a operação brasileira é a quinta maior e mais rentável do banco no mundo.
De olho nas privatizações
Entre as oportunidades que o Citi enxerga no mercado brasileiro, Marangon citou as privatizações que devem ser conduzidas pelo governo de Jair Bolsonaro.
A expectativa do banco é atuar como assessor financeiro nos processos de venda dos ativos, que podem acontecer tanto diretamente ou por meio de ofertas públicas de ações na bolsa.
"Tem muitas discussões acontecendo e os negócios devem acelerar a partir do segundo semestre", afirmou.
Gringos de volta?
O presidente do Citi pintou um quadro "otimista, mas com cautela" em relação ao novo governo. A grande variável entre o otimismo e a cautela é o ritmo de aprovação das reformas.
"Existe um otimismo maior de investidor local, enquanto o estrangeiro está mais cético e quer ver primeiro a reforma da Previdência ser aprovada", afirmou.
A execução da agenda do novo deve representar um fluxo adicional de recursos para o país. Nas contas de Marcelo Millen, responsável pela área de ofertas de ações do banco americano, a entrada de dinheiro na bolsa pode superar os US$ 10 bilhões dos primeiros quatro meses do ano passado.
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