Fed e Previdência animam mercados no fim do mês
BC dos EUA reitera “paciência” em relação ao rumo dos juros norte-americanos e governo Bolsonaro diz que ninguém ficará de fora das novas regras para a aposentadoria
Janeiro chega ao fim com sinais mais claros em relação à condução da política monetária nos Estados Unidos, após o Federal Reserve afirmar que será “paciente” antes de decidir qual será o próximo passo em relação à taxa de juros e ao balanço de ativos. Essa sinalização ontem embalou Wall Street e afundou o dólar, mas hoje é o resultado trimestral do Facebook que rouba a cena, após um desempenho acima do esperado.
No Brasil, a decisão do governo Bolsonaro de incluir militares na reforma da Previdência mostra que a proposta a ser apresentada ao Congresso deve ser ampla. Segundo o secretário especial, Rogério Marinho, todos têm de contribuir e ninguém será poupado das novas regras para a aposentadoria, que devem ser mais “duras”. A expectativa é de que a proposta seja aprovada pela Câmara e pelo Senado até meados de julho.
A essas notícias positivas (mais detalhadas, abaixo), somam-se os números melhores sobre a atividade na China em janeiro e têm-se motivos para o investidor garantir ganhos robustos nos ativos de risco neste último dia do primeiro mês de 2019. O índice oficial dos gerentes de compras (PMI) da indústria chinesa interrompeu quatro meses seguidos de queda e oscilou em alta em janeiro, a 49,5, de 49,4 em dezembro.
Com isso, os mercados internacionais tentam seguir empolgados, o que também deve animar os negócios na Bolsa brasileira e com o dólar, em dia de formação da taxa de câmbio de referência (Ptax). Os índices futuros das bolsas de Nova York, porém, oscilam entre leves altas e baixas, após uma sessão positiva na Ásia, onde Tóquio e Hong Kong subiram cerca de 1%. As principais bolsas europeias também indicam uma abertura no azul, ainda refletindo a euforia da véspera com o Fed. Entre as commodities, o petróleo avança e o minério de ferro também, enquanto o dólar segue fraco.
Agora, as negociações comerciais entre EUA e China pairam sobre os negócios. As conversações de alto nível entre representantes dos dois países visam interromper uma longa guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, que suscitou temores quanto a um crescimento econômico global mais lento. Empresas dos setores industrial e de tecnologia alertaram sobre a desaceleração das vendas por causa do impasse.
Guerra tecnológica
O confronto entre as duas maiores economias do mundo ainda é mais comercial e tecnológico do que geopolítico ou ideológico. Mas o impasse em questões estruturais, envolvendo a propriedade intelectual, e o envolvimento da Huawei na disputa, indica que o menor dos problemas é a redução do saldo negativo da balança dos EUA com a China.
Leia Também
A gigante chinesa é líder global em tecnologia 5G, próxima geração de rede móvel que irá transportar dados em velocidade ultrarrápida, promovendo inovações revolucionárias em larga escala. A China considera a 5G e a Huawei como fundamentais para ampliar a influência global do país e o desenvolvimento econômico no futuro.
Com isso, as denúncias feitas pela Justiça norte-americana contra a empresa chinesa, por roubo de informações e fraude bancária, juntamente com o pedido dos EUA de extraditar a executiva financeira da Huawei, Meng Wanzhou, podem fazer com que Pequim fique menos disposto a fazer grandes concessões a Washington.
Já os EUA veem na ambição chinesa não só uma ameaça à supremacia global, mas também à segurança nacional, com Pequim criando novas formas de espionagem e tendo acesso a dados vitais. Ou seja, o conflito sino-americano está longe de acabar e pode se transformar em um confronto ainda mais profundo.
Por ora, as negociações entre Washington e Pequim para encerrar a guerra comercial tendem a continuar - inclusive para além do prazo de 1º de março, quando se encerra a trégua tarifária. Ambos os lados ainda tentam manter a Huawei e as questões comerciais separadas, enquanto tentam fechar um acordo - ou pelo menos estender as negociações.
Apenas um pouco de paciência
A paciência é uma virtude. E o Federal Reserve deixou claro ontem que irá exercitar essa qualidade ao longo de 2019 até ficar convencido sobre o rumo da taxa de juros nos Estados Unidos neste ano. O tom suave (dovish) no comunicado do Fed e na entrevista coletiva do presidente, Jerome Powell, reforçou as expectativas de que o ciclo de aperto monetário está feito, por ora, e indicou que o próximo movimento pode ser de queda dos juros.
Ao deixar essa porta aberta, o Fed esquivou-se em indicar se o rumo do custo do empréstimo nos EUA será para cima, para baixo ou para os lados. Ao mesmo tempo, mostrou-se menos preocupado com os riscos inflacionários ou de aquecimento econômico, ficando, então dependente dos dados, ao longo do tempo, para saber se a taxa de juros norte-americana está em nível adequado agora - ou se serão necessários novos ajustes.
O Fed “será paciente para determinar quais ajustes futuros à taxa de juros podem ser apropriados”, disse, em comunicado. O texto abre a porta para que o próximo passo seja um corte, já que foi suprimido o trecho em que se falava da necessidade de “alguns aumentos graduais adicionais”.
Em uma declaração separada, o Fed disse ainda que está “preparado para ajustar a normalização do balanço de pagamentos, à luz da evolução econômica e financeira”. Segundo Powell, a retirada de liquidez do sistema será flexibilizada, com o processo sendo concluído “mais cedo e com um balanço maior” do que estimativas anteriores.
Trata-se de uma mudança radical na comunicação do Fed, considerando-se a linguagem adotada em dezembro, e que ocorre após meses de duras críticas por parte do presidente norte-americano, Donald Trump. Ontem, Trump comemorou, pelo Twitter o salto do índice Dow Jones para além dos 25 mil pontos, dizendo que se tratava de uma “tremenda notícia”.
Resta saber, agora, se também haverá boas novas após o segundo dia de reuniões entre autoridades dos EUA e da China sobre o comércio. O vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, faz hoje uma nova rodada de reuniões com o representante norte-americano do comércio, Robert Lighthizer, e o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin.
Agenda do dia
Entre os indicadores econômicos dos EUA, serão conhecidos os pedidos semanais de auxílio-desemprego e os dados sobre a renda pessoal e os gastos com consumo em dezembro - todos às 11h30. Também é esperado o índice de atividade na região de Chicago neste mês.
Na Europa, merecem atenção a leitura preliminar do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro no quarto trimestre de 2018 e a taxa de desemprego na região da moeda única, ambos às 8h. Também serão conhecidos dados de atividade e emprego na Alemanha.
Já a agenda doméstica do dia traz como destaque os dados de emprego no Brasil ao final do ano passado (9h). A previsão é de que a taxa de desocupação encerre 2018 no menor nível desde o segundo trimestre de 2016, a 11,4%. Ainda assim, o total de desempregados no país deve seguir ao redor de 12 milhões, com a renda média girando em R$ 2,2 mil.
Depois, às 10h30, sai o resultado primário do setor público consolidado em dezembro e no acumulado de 2018, que devem mostrar a situação delicada dos cofres do governo, com o rombo cada vez maior. Logo cedo, o Bradesco publica o balanço financeiro referente ao quarto trimestre do ano passado.
Previdência é para todos
Mas o foco do mercado financeiro brasileiro segue na reforma da Previdência. Os investidores estão “apostando alto” na votação (e aprovação) das novas regras para a aposentadoria em breve no Congresso. A expectativa é de que a proposta do governo seja colocado em pauta na Câmara antes do fim de fevereiro.
E o projeto de reforma será um só, incluindo os militares, segundo palavras do vice-presidente, Hamilton Mourão. Ele afirmou que a íntegra da proposta, que conta com uma emenda constitucional e um projeto de lei, será enviada ao Legislativo neste semestre. Mas cabe ao presidente Jair Bolsonaro decidir se o envio será simultâneo (ou não).
Também serão incluídos na reforma os servidores estaduais e municipais, afirmou o ministro Paulo Guedes. Já a idade mínima para a aposentadoria deve ser de 57 anos para mulheres e de 62 para homens, como havia antecipado o presidente Jair Bolsonaro, na primeira entrevista após a posse. A dúvida ainda é na transição - se será mais rápida ou demorada.
A notícia tende a alimentar especulações de que a taxa básica de juros pode cair antes do fim de 2019. Afinal, se passar pelo Congresso mudanças “mais duras” na Previdência, o cenário de inflação controlada, câmbio comportado e economia ainda patinando favorece novos cortes na Selic, tornando a renda variável mais atraente em detrimento da renda fixa.
Por ora, trata-se de uma boa carta de intenções. A conferir, então, se a realidade corrobora esse intuito.
Acaba logo, pô! Ibovespa aguarda o fim da cúpula do G20 para conhecer detalhes do pacote fiscal do governo
Detalhes do pacote já estão definidos, mas divulgação foi postergada para não rivalizar com as atenções à cúpula do G20 no Rio
A B3 vai abrir no dia da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios na estreia do novo feriado nacional
É a primeira vez que o Dia da Consciência Negra consta no calendário dos feriados nacionais. Como de costume, as comemorações devem alterar o funcionamento dos principais serviços públicos
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
Agenda econômica: balanço da Nvidia (NVDC34) e reunião do CMN são destaques em semana com feriado no Brasil
A agenda econômica também conta com divulgação da balança comercial na Zona do Euro e no Japão; confira o que mexe com os mercados nos próximos dias
Seu Dinheiro abre carteira de 17 ações que já rendeu 203% do Ibovespa e 295% do CDI desde a criação; confira
Portfólio faz parte da série Palavra do Estrategista e foi montado pelo CIO da Empiricus, Felipe Miranda
A arte de negociar: Ação desta microcap pode subir na B3 após balanço forte no 3T24 — e a maior parte dos investidores não tem ela na mira
Há uma empresa fora do radar do mercado com potencial de proporcionar uma boa valorização para as ações
Um passeio no Hotel California: Ibovespa tenta escapar do pesadelo após notícia sobre tamanho do pacote fiscal de Haddad
Mercado repercute pacote fiscal maior que o esperado enquanto mundo político reage a atentado suicida em Brasília
A B3 vai abrir nos dias da Proclamação da República e da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios durante os feriados
Os feriados nacionais de novembro são as primeiras folgas em cinco meses que caem em dias úteis. O Seu Dinheiro foi atrás do que abre e fecha durante as comemorações
Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA
Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar
Arte de milionária: primeira pintura feita por robô humanoide é vendida por mais de US$ 1 milhão
A obra em homenagem ao matemático Alan Turing tem valor próximo ao do quadro “Navio Negreiro”, de Cândido Portinari, que foi leiloado em 2012 por US$ 1,14 milhão e é considerado um dos mais caros entre artistas brasileiros até então
Quantidade ou qualidade? Ibovespa repercute ata do Copom e mais balanços enquanto aguarda pacote fiscal
Além da expectativa em relação ao pacote fiscal, investidores estão de olho na pausa do rali do Trump trade
Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado
Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo
Em ritmo de festa: Ibovespa começa semana à espera da prévia do PIB; Wall Street amanhece em alta
Bolsas internacionais operam em alta e dão o tom dos mercados nesta segunda-feira; investidores nacionais calibram expectativas sobre um possível rali do Ibovespa
Gestor da Itaú Asset aposta em rali de fim de ano do Ibovespa com alta de até 20% — e conta o que falta para a arrancada
Luiz Ribeiro é responsável pelas carteiras de duas famílias de fundos de ações da Itaú Asset e administra um patrimônio de mais de R$ 2,2 bilhões em ativos
Você quer 0 a 0 ou 1 a 1? Ibovespa repercute balanço da Petrobras enquanto investidores aguardam anúncio sobre cortes
Depois de cair 0,51% ontem, o Ibovespa voltou ao zero a zero em novembro; índice segue patinando em torno dos 130 mil pontos
Ibovespa segue com a roda presa no fiscal e cai 0,51%, dólar fecha estável a R$ 5,6753; Wall Street comemora pelo 2° dia
Por lá, o presidente do BC dos EUA alimenta incertezas sobre a continuidade do ciclo de corte de juros em dezembro. Por aqui, as notícias de um pacote de corte de gastos mais modesto desanima os investidores.
Jogando nas onze: Depois da vitória de Trump, Ibovespa reage a Copom, Fed e balanços, com destaque para a Petrobras
Investidores estão de olho não apenas no resultado trimestral da Petrobras, mas também em informações sobre os dividendos da empresa
Qual empresa brasileira ganha com a vitória de Trump? Gerdau (GGBR4) é aposta de bancão e sobe mais de 7% hoje
Também contribui para o bom desempenho da Gerdau a aprovação para distribuição de R$ 619,4 milhões em dividendos aos acionistas
O Ibovespa não gosta de Trump? Por que a vitória do republicano desceu amarga para a bolsa brasileira enquanto Nova York bateu sequência de recordes
Em Wall Street, as ações da Tesla — cujo dono, Elon Musk, é um grande apoiador de Trump — deram um salto de 15%; outros ativos também tiram vantagem da vitória do republicano. Por aqui, o Ibovespa não celebra o resultado das eleições nos EUA e afunda
Como lucrar com o Trump Trade: 4 investimentos que ganham com a volta do republicano à Casa Branca — e o dilema do dólar
De modo geral, os investidores se preparam para um mundo com dólar forte com Trump, além de mais inflação e juros