Agenda forte começa com discursos
Indicado à presidência do Banco Central, Roberto Campos Neto, é sabatinado hoje, enquanto presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, depõe no Senado dos EUA

A carregada agenda econômica desta semana começa a ser revelada a partir desta terça-feira, dia de discursos importantes no Brasil e no exterior. Mas o mercado financeiro brasileiro mostrou ontem que está repleto de fatores inibidores ao apetite por risco. A crise na Venezuela e a pausa nos negócios durante o carnaval têm redobrado a postura defensiva dos investidores.
Mas é a negociação do governo em torno da reforma da Previdência que mantém os ativos locais em compasso de espera por novidades. O presidente Jair Bolsonaro deve se reunir hoje com líderes da base aliada para iniciar as negociações para aprovação das novas regras para aposentadoria no Congresso.
Para o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, o governo precisa preparar uma forte ofensiva em defesa das novas regras para aposentadoria, nos moldes do adotado durante a campanha eleitoral, quando seguidores do atual presidente faziam um grande movimento em apoio à candidatura de Bolsonaro nas redes sociais.
Reforma, reforma, reforma
O mercado financeiro brasileiro acredita que a tramitação da proposta no Senado será rápida, mas vai depender de quanto tempo o processo tomará até a aprovação na Câmara. A expectativa é de que os deputados encaminhem a pauta apenas ao final do primeiro semestre deste ano, com o aval dos senadores ocorrendo até o fim do terceiro trimestre.
Para que a votação esteja liquidada já em outubro, é fundamental que o governo articule, o quanto antes, sua base de apoio. As negociações devem se intensificar no mês que vem, após o carnaval, quando, dizem, o ano começa para valer no país. Os meses de abril e maio devem ser cruciais para medir a capacidade do governo de aprovar a reforma.
Ainda assim, resta saber qual proposta para a Previdência será aprovada. Para os investidores, quanto mais perto as novas regras para a aposentadoria estiveram do projeto original do ministro da Economia, Paulo Guedes, melhor será a reação positiva dos ativos financeiros - o inverso também é verdadeiro.
Leia Também
Além disso, os primeiros passos para a tramitação da proposta enviada pelo governo parecem travados. Os deputados e alguns partidos da base de apoio sinalizam que não vão instalar a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) enquanto o governo não definir o prazo para envio da proposta de novas regras para a aposentadoria dos militares.
Nos bastidores, causa ruídos a ausência dos militares na reforma da Previdência e os parlamentares sinalizam que não vão votar “no escuro” - ou seja, sem saber como será a reforma para os não-civis. A CCJ é a primeira etapa de tramitação da proposta de reforma da Previdência, e é seguida da comissão especial, na qual se discute o mérito das medidas.
Diante disso, o governo resolveu antecipar o envio do projeto de lei que trata da reforma da Previdência dos militares. A ideia inicial era mandar o texto para a Câmara dos Deputados após o dia 20 de março, mas agora a equipe econômica pretende entregar a proposta de mudanças pouco depois do carnaval.
Vizinhos do Norte
Não muito comentado até o momento, a crise na fronteira com a Venezuela começa a incomodar o mercado financeiro doméstico por três vias. A mais óbvia é o impacto do conflito no petróleo, principalmente após Trump afirmar que o preço da commodity está ficando “muito alto”, reforçando a hipótese de que opções “mais fortes” podem ser adotadas para a troca de poder no país latino, dono da maior reserva de petróleo do mundo.
As outras duas vertentes envolvem mais diretamente o Brasil. Há o receio de que a ligação do país com a crise venezuela possa prejudicar a tramitação da reforma da Previdência no Congresso, com o governo dividindo as atenções entre os dois assuntos. Além disso, a possibilidade de uma intervenção militar em solo vizinho deixa as Forças Armadas nacionais em suspense.
Ainda mais após fracassar o plano de furar o bloqueio e entrar no país vizinho com ajuda humanitária. O fim de semana foi marcado por horas de confronto entre manifestantes e militares venezuelanos, que frustraram a tentativa da oposição e de países que apoiam o autoproclamado presidente Juan Guaidó de entrar na Venezuela com comboios.
O presidente Nicolás Maduro considera a ação como uma tentativa de golpe para derrubá-lo, infiltrando um “cavalo de troia” no país. Desde a “vitória” de Maduro, militares venezuelanos começaram a deixar o país. As deserções tiveram como rota de fuga o Brasil e a Colômbia. Porém, o topo das Forças Armadas da Venezuela segue alinhada a Maduro.
Trégua ou impasse?
Já no exterior, o prolongamento da trégua comercial entre Estados Unidos e China não animou tanto. Afinal, havia rumores de que isso poderia acontecer há alguns dias. Assim, a medida não surpreendeu totalmente. Ao contrário, ficou aquele sentimento de que, se o prazo foi prorrogado, possa ser porque não há sinais de um acordo - apenas “progressos”.
Com isso, os mercados internacionais trocaram o sinal positivo exibido ontem pela sinalização negativa para o dia. Os índices futuros das bolsas de Nova York têm leves perdas, após uma sessão de queda na Ásia, que devolveu os ganhos da véspera. As bolsas de Xangai e Hong Kong lideraram a baixa, com -0,7% e -0,6%, enquanto Tóquio caiu 0,4%.
Ainda na Ásia, a Bolsa da Índia caiu 0,6%, em meio à crescente tensão com o Paquistão. Jatos indianos violaram um acordo e cruzaram a fronteira entre os dois países, bombardeando um grande campo terrorista. Não há relatos de vítimas. Em reação, a rupia indiana caía, com as perdas contidas por intervenção do Banco Central local (RBI).
Nos demais mercados, o petróleo tipo WTI segue em queda, ainda ecoando a fala de Trump ontem, com o barril cotado ao redor de US$ 55. As moedas correlacionadas às commodities também recuam. O dólar também avança em relação ao euro e ao iene, ao passo que a libra esterlina ensaia alta, à espera da fala do governo sobre o Brexit.
Discursos em destaque
A fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell; da primeira-ministra britânica, Theresa May e do indicado à presidência do Banco Central, Roberto Campos Neto, estão entre os destaques da agenda de hoje. O substituto de Ilan Goldfajn e o comandante do Fed depõe no Senado (dos Brasil e dos EUA), a partir das 10h e das 12h, respectivamente.
Já a primeira-ministra britânica discursa no Parlamento para tratar da saída do Reino Unido da União Europeia. Faltando 30 dias para o Brexit, May adiou uma votação importante sobre a proposta dela, elevando a incerteza em torno da questão. Se um acordo não for aprovado até meados de março, pode haver uma saída desordenada do bloco europeu.
Outras opções são fazer um novo plebiscito ou prorrogar o prazo de separação. Entre os indicadores econômicos, no Brasil, saem a confiança dos setores industrial e do comércio em fevereiro, ambos às 8h. No exterior, destaque para dados do setor imobiliário nos EUA, às 10h30, além do índice de confiança do consumidor norte-americano neste mês (12h).
Prazo de validade: Ibovespa tenta acompanhar correção das bolsas internacionais, mas ainda há um Trump no meio do caminho
Bolsas recuperam-se parcialmente das perdas dos últimos dias, mas ameaça de Trump à China coloca em risco a continuidade desse movimento
Minerva prepara aumento de capital de R$ 2 bilhões de olho na redução da alavancagem. O que muda para quem tem ações BEEF3?
Com a empresa valendo R$ 3,9 bilhões, o aumento de capital vai gerar uma diluição de 65% para os acionistas que ficarem de fora da operação
Sem medo do efeito Trump: Warren Buffett é o único entre os 10 maiores bilionários do mundo a ganhar dinheiro em 2025
O bilionário engordou seu patrimônio em US$ 12,7 bilhões neste ano, na contramão do desempenho das fortunas dos homens mais ricos do planeta
Sem aversão ao risco? Luiz Barsi aumenta aposta em ação de companhia em recuperação judicial — e papéis sobem forte na B3
Desde o início do ano, essa empresa praticamente dobrou de valor na bolsa, com uma valorização acumulada de 97% no período. Veja qual é o papel
Ibovespa chega a tombar 2% com pressão de Petrobras (PETR4), enquanto dólar sobe a R$ 5,91, seguindo tendência global
O principal motivo da queda generalizada das bolsas de valores mundiais é a retaliação da China ao tarifaço imposto por Donald Trump na semana passada
Após o ‘dia D’ das tarifas de Trump, ativo que rende dólar +10% pode proteger o patrimônio e gerar lucros ‘gordos’ em moeda forte
Investidores podem acessar ativo exclusivo para buscar rentabilidade de até dólar +10% ao ano
Retaliação da China ao tarifaço de Trump derrete bolsas ao redor do mundo; Hong Kong tem maior queda diária desde 1997
Enquanto as bolsas de valores caem ao redor do mundo, investidores especulam sobre possíveis cortes emergenciais de juros pelo Fed
Com eleições de 2026 no radar, governo Lula melhora avaliação positiva, mas popularidade do presidente segue baixa
O governo vem investindo pesado para aumentar a popularidade. A aposta para virar o jogo está focada principalmente na área econômica, porém a gestão de Lula tem outra carta na manga: Donald Trump
Ibovespa acumula queda de mais de 3% em meio à guerra comercial de Trump; veja as ações que escaparam da derrocada da bolsa
A agenda esvaziada abriu espaço para o Ibovespa acompanhar o declínio dos ativos internacionais, mas teve quem conseguiu escapar
“Não vou recuar”, diz Trump depois do caos nos mercados globais
Trump defende que sua guerra tarifária trará empregos de volta para a indústria norte-americana e arrecadará trilhões de dólares para o governo federal
Disputa aquecida na Mobly (MBLY3): Fundadores da Tok&Stok propõem injetar R$ 100 milhões se OPA avançar, mas empresa não está lá animada
Os acionistas Régis, Ghislaine e Paul Dubrule, fundadores da Tok&Stok, se comprometeram a injetar R$ 100 milhões na Mobly, caso a OPA seja bem-sucedida
O agente do caos retruca: Trump diz que China joga errado e que a hora de ficar rico é agora
O presidente norte-americano também comentou sobre dados de emprego, juros, um possível acordo para zerar tarifas do Vietnã e a manutenção do Tik Tok por mais 75 dias nos EUA
As únicas ações que se salvaram do banho de sangue no Ibovespa hoje — e o que está por trás disso
O que está por trás das únicas altas no Ibovespa hoje? Carrefour sobe mais de 10%, na liderança do índice
A pressão vem de todos os lados: Trump ordena corte de juros, Powell responde e bolsas seguem ladeira abaixo
O presidente do banco central norte-americano enfrenta o republicano e manda recado aos investidores, mas sangria nas bolsas mundo afora continua e dólar dispara
O combo do mal: dólar dispara mais de 3% com guerra comercial e juros nos EUA no radar
Investidores correm para ativos considerados mais seguros e recaculam as apostas de corte de juros nos EUA neste ano
Mark Zuckerberg e Elon Musk no vermelho: Os bilionários que mais perdem com as novas tarifas de Trump
Só no último pregão, os 10 homens mais ricos do mundo perderam, juntos, em torno de US$ 74,1 bilhões em patrimônio, de acordo com a Bloomberg
China não deixa barato: Xi Jinping interrompe feriado para anunciar retaliação a tarifas de Trump — e mercados derretem em resposta
O Ministério das Finanças da China disse nesta sexta-feira (4) que irá impor uma tarifa de 34% sobre todos os produtos importados dos EUA
Um café e um pão na chapa na bolsa: Ibovespa tenta continuar escapando de Trump em dia de payroll e Powell
Mercados internacionais continuam reagindo negativamente a Trump; Ibovespa passou incólume ontem
Cardápio das tarifas de Trump: Ibovespa leva vantagem e ações brasileiras se tornam boas opções no menu da bolsa
O mais importante é que, se você ainda não tem ações brasileiras na carteira, esse me parece um momento oportuno para começar a fazer isso
Ações para se proteger da inflação: XP monta carteira de baixo risco para navegar no momento de preços e juros altos
A chamada “cesta defensiva” tem dez empresas, entre bancos, seguradoras, companhias de energia e outros setores classificados pela qualidade e baixo risco