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Olivia Bulla
Olivia Bulla
Olívia Bulla é jornalista, formada pela PUC Minas, e especialista em mercado financeiro e Economia, com mais de 10 anos de experiência e longa passagem pela Agência Estado/Broadcast. É mestre em Comunicação pela ECA-USP e tem conhecimento avançado em mandarim (chinês simplificado).
A Bula do Mercado

Mercado à espera da folga de feriado

Pausa no mercado financeiro por causa das comemorações de Natal reduz a liquidez dos negócios globais

Olivia Bulla
Olivia Bulla
23 de dezembro de 2019
5:27 - atualizado às 10:04
Tradicionalmente, mercados de ações sobem nos últimos dias do ano

A segunda-feira espremida entre o fim de semana e as festividades natalinas deve ser marcada pela baixa liquidez no mercado financeiro, com muitos investidores já fora das mesas de negócios. A pausa no pregão local, amanhã e quarta-feira, enquanto Wall Street e Londres funcionam parcialmente na véspera de Natal, tende a reduzir ainda mais o volume.

Mas graças ao Federal Reserve e à injeção de centenas de bilhões de dólares feita pela distrital de Nova York, o mercado financeiro deve ficar livre de choques abruptos e movimentos distorcidos em meio ao giro financeiro mais fraco, típico do período. Com isso, os recursos devem continuar fluindo nessa época do ano, sem a liquidez secar totalmente. 

Ainda assim, o mercado financeiro deve apenas cumprir tabela, com as últimas sessões de 2019 sendo arrastadas, em meio à expectativa pela chegada de 2020. Ainda mais após um ano em que os índices acionários norte-americanos (S&P, Dow Jones e Nasdaq) e brasileiro (Ibovespa) estabeleceram uma série de recordes, com valorização de até 30%, cada.

Tradicionalmente, os mercados de ações sobem nos últimos cinco dias de cada ano e nos dois primeiros do ano seguinte, levando ao fenômeno conhecido como “rali de Natal”. Nos últimos 50 anos, as ações em Wall Street subiram nesses sete dias em aproximadamente 75% das vezes.

Dia tranquilo

Hoje, porém, a sessão na Ásia já foi esvaziada pela folga de feriado em todo o mundo, enquanto algumas praças da região continuarão funcionando. Tóquio e Hong Kong tiveram leves oscilações, enquanto Xangai caiu 1,40%, liderando as perdas, após a China anunciar planos de abrir ainda mais seu sistema financeiro a empresas privadas.  

O governo chinês também anunciou o corte das tarifas de importação de uma série de produtos, incluindo carne de porco e itens usado na fabricação de smartphones, de modo a estimular a demanda doméstica. A possibilidade de um teste de míssil norte-coreano e a cúpula trilateral entre China, Japão e Coreia do Sul rechearam o noticiário do dia na região. 

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Wall Street também deve ter um início de semana calmo, após encerrar a semana passada em um novo topo histórico. Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram na linha d’água, sem um viés definido, apesar dos relatos de que a fase um do acordo comercial sino-americano deve ser assinada em janeiro. As principais bolsas europeias também caminham para uma abertura sem direção.

Nos demais mercados, o petróleo recua, mas o barril do tipo WTI segue acima de US$ 60, ao passo que o dólar está de lado, medindo forças em relação às moedas rivais. Entre os bônus, o rendimento da curva de juros norte-americana segue no nível mais íngreme em mais de um ano, diante da diminuição do temor de recessão nos Estados Unidos.    

Um brinde aos BCs

Aliás, além de agradecer à torneira aberta pelo Fed e à sinalização de que deve manter a taxa juros norte-americana estável e em um nível baixo ao longo de 2020, os investidores também se apoiam na perspectiva de crescimento econômico melhor que o esperado no ano que vem - nos EUA e no mundo. 

No Brasil, os sinais de retomada mais consistente da atividade também animam, ao mesmo tempo em que elevam a cautela do Banco Central em relação a Selic. O IPCA-15 mais “salgado” em dezembro mostrou que a inflação sofre choques temporários de preço - vindos das carnes, principalmente - o que não descarta novos cortes nos juros básicos à frente. 

Mas a dúvida é: ainda há a necessidade de estímulos adicionais? Novos pisos históricos para a Selic em 2020 podem renovar a pressão sobre o dólar, que vem tentando se estabilizar ainda acima da faixa de R$ 4,00. Na última sexta-feira, a moeda norte-americana voltou a se aproximar da marca de R$ 4,10.

Agenda cheia só depois do Natal

A ver o que traz hoje o relatório Focus (8h25), com as previsões do mercado na semana seguinte à publicação de documentos relevantes do BC (ata do Copom e RTI). A agenda doméstica traz também os dados semanais da balança comercial (15h). No exterior, saem números sobre a atividade em Chicago (10h) e o setor imobiliário norte-americano (12h).

Após a pausa pelas comemorações do Natal, amanhã e depois, a quinta-feira será de agenda econômica cheia - exceto em Londres, onde a bolsa permanece fechada. Mas o destaque por aqui fica apenas para sexta-feira, quando saem o resultado de dezembro do IGP-M e os dados atualizados sobre o mercado de trabalho no Brasil até o mês passado.

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