Muito além do otimismo
Após Ibovespa romper os 100 mil pontos e o dólar vir abaixo de R$ 3,80, mercado doméstico busca motivação para ir em frente, mas cabe também alguma cautela

A terça-feira antecede decisões dos bancos centrais no Brasil (Copom) e nos Estados Unidos (Fed), o que tende a deixar o mercado financeiro mais na defensiva. Os investidores devem redobrar a cautela, à espera de novidades também sobre a reforma da Previdência, com o projeto de novas regras para os militares chegando ao Congresso também amanhã.
Ou seja, o movimento esperado para hoje deve ser bem diferente do de ontem, quando a Bolsa brasileira, enfim, chegou aos 100 mil pontos, renovando a pontuação máxima na história do Ibovespa durante o pregão, mas fechando pouco abaixo desse nível. O dólar, por sua vez, veio abaixo da marca de R$ 3,80, pela primeira vez em quase duas semanas.
A ruptura dessas “marcas psicológicas” até pode motivar a seguir em frente, rumo a novas valorizações, mas também abre espaço para ajustes. Mas o viés segue positivo. O mercado financeiro doméstico continua confiante na aprovação da reforma da Previdência pelo Congresso ainda no primeiro semestre deste ano e com o mínimo de alterações.
Pode até ser um otimismo exagerado. Ainda mais considerando-se a lentidão na recuperação da atividade doméstica, que se reflete no lucro das empresas, e a preocupação com a desaceleração econômica global, que também atinge o Brasil. Parece, então, improvável que as condições atuais durem por muito tempo.
Mas, como já dito aqui, o apetite por risco no mundo não está sendo apoiado pelos fundamentos econômicos e sim pela postura mais suave (dovish) dos principais bancos centrais, que tem sustentado o rali recente. É preciso, portanto, estar em alerta, pois pode haver uma mudança brusca de sentimento, causando danos muito rápidos aos mercados.
Dot plot
Aliás, o mercado financeiro internacional aposta em uma revisão no gráfico de pontos (dot plot) do Federal Reserve, com uma mudança no plano de voo sobre a trajetória de taxa de juros norte-americana neste ano. No mais recente gráfico, referente ao encontro de dezembro, o Fed havia mudando a previsão de três para dois apertos monetários em 2019.
Leia Também
A dúvida, agora, é se o Fed será tão “paciente” a ponto de não projetar mais nenhuma alta no custo do empréstimo nos EUA neste ano ou a autoridade monetária irá cortar apenas uma previsão, mantendo ainda ao menos um aumento até dezembro. Além disso, o único aperto previsto para 2020 também será mantido ou o ciclo se encerra já em 2019?
À espera de respostas, o mercado internacional se mostra na retaguarda, com leves oscilações. As principais bolsas asiáticas encerraram a sessão sem uma direção única e pouca movimentação, ao passo que os índices futuros das bolsas de Nova York também estão na linha d’água, porém, com um ligeiro viés positivo.
As praças europeias tentam se apoiar nessa sinalização vinda de Wall Street e iniciam o dia no azul. Nos demais mercados, o dólar está de lado, medindo forças em relação às moedas de países emergentes e desenvolvidos, ao passo que o rendimento do título norte-americano de 10 anos (T-note) está estável. Já o petróleo segue no maior nível em quatro meses.
Bolsonaro e Trump
Em sua viagem oficial aos EUA, o presidente Jair Bolsonaro será recebido hoje pelo presidente Donald Trump na Casa Branca, no início da tarde. Os dois devem tratar de questões relacionadas ao comércio bilateral, parcerias estratégicas na área militar e a situação na Venezuela.
À noite, Bolsonaro retorna ao Brasil, acompanhado da comitiva de ministros e assessores que desembarcaram com ele em Washington no domingo. Nos últimos dois dias, o presidente participou de um jantar na casa do embaixador brasileiro Sérgio Amaral, de um evento na Câmara do Comércio e visitou a sede da agência de inteligência dos EUA (CIA).
Em seus pronunciamentos, o presidente brasileiro tem feito questão de se colocar como uma réplica de Trump na América Latina. Apresentado como “Trump dos trópicos”, Bolsonaro afirma que “quer fazer um Brasil grande”, em alusão ao slogan de campanha do presidente norte-americano (Make America Great Again).
Já a agenda econômica desta terça-feira está sem destaques. No Brasil, serão conhecidas leituras parciais de março sobre os preços ao consumidor (IPC-S) e no mercado em geral (IGP-M), às 8h. No exterior, merece atenção o índice ZEW de sentimento econômico na Alemanha e na zona do euro, além das encomendas às fábricas norte-americanas (11h).
O combo do mal: dólar dispara mais de 3% com guerra comercial e juros nos EUA no radar
Investidores correm para ativos considerados mais seguros e recaculam as apostas de corte de juros nos EUA neste ano
Mark Zuckerberg e Elon Musk no vermelho: Os bilionários que mais perdem com as novas tarifas de Trump
Só no último pregão, os 10 homens mais ricos do mundo perderam, juntos, em torno de US$ 74,1 bilhões em patrimônio, de acordo com a Bloomberg
China não deixa barato: Xi Jinping interrompe feriado para anunciar retaliação a tarifas de Trump — e mercados derretem em resposta
O Ministério das Finanças da China disse nesta sexta-feira (4) que irá impor uma tarifa de 34% sobre todos os produtos importados dos EUA
Um café e um pão na chapa na bolsa: Ibovespa tenta continuar escapando de Trump em dia de payroll e Powell
Mercados internacionais continuam reagindo negativamente a Trump; Ibovespa passou incólume ontem
Cardápio das tarifas de Trump: Ibovespa leva vantagem e ações brasileiras se tornam boas opções no menu da bolsa
O mais importante é que, se você ainda não tem ações brasileiras na carteira, esse me parece um momento oportuno para começar a fazer isso
Ações para se proteger da inflação: XP monta carteira de baixo risco para navegar no momento de preços e juros altos
A chamada “cesta defensiva” tem dez empresas, entre bancos, seguradoras, companhias de energia e outros setores classificados pela qualidade e baixo risco
Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) perdem juntas R$ 26 bilhões em valor de mercado e a culpa é de Trump
Enquanto a petroleira sofreu com a forte desvalorização do petróleo no mercado internacional, a mineradora sentiu os efeitos da queda dos preços do minério de ferro
Bitcoin (BTC) em queda — como as tarifas de Trump sacudiram o mercado cripto e o que fazer agora
Após as tarifas do Dia da Liberdade de Donald Trump, o mercado de criptomoedas registrou forte queda, com o bitcoin (BTC) recuando 5,85%, mas grande parte dos ativos digitais conseguiu sustentar valores em suportes relativamente elevados
Obrigado, Trump! Dólar vai à mínima e cai a R$ 5,59 após tarifaço e com recessão dos EUA no horizonte
A moeda norte-americana perdeu força no mundo inteiro nesta quinta-feira (3) à medida que os investidores recalculam rotas após Dia da Libertação
Embraer (EMBR3) tem começo de ano lento, mas analistas seguem animados com a ação em 2025 — mesmo com as tarifas de Trump
A fabricante de aeronaves entregou 30 aviões no primeiro trimestre de 2025. O resultado foi 20% superior ao registrado no mesmo período do ano passado
O Dia depois da Libertação: bolsas globais reagem em queda generalizada às tarifas de Trump; nos EUA, Apple tomba mais de 9%
O Dia depois da Libertação não parece estar indo como Trump imaginou: Wall Street reage em queda forte e Ibovespa tem leve alta
Trump Day: Mesmo com Brasil ‘poupado’ na guerra comercial, Ibovespa fica a reboque em sangria das bolsas internacionais
Mercados internacionais reagem em forte queda ao tarifaço amplo, geral e irrestrito imposto por Trump aos parceiros comerciais dos EUA
Tarifas de Trump levam caos a Nova York: no mercado futuro, Dow Jones perde mais de 1 mil pontos, S&P 500 cai mais de 3% e Nasdaq recua 4,5%; ouro dispara
Nas negociações regulares, as principais índices de Wall Street terminaram o dia com ganhos na expectativa de que o presidente norte-americano anunciasse um plano mais brando de tarifas
Rodolfo Amstalden: Nos tempos modernos, existe ERP (prêmio de risco) de qualidade no Brasil?
As ações domésticas pagam um prêmio suficiente para remunerar o risco adicional em relação à renda fixa?
Efeito Trump? Dólar fica em segundo plano e investidores buscam outras moedas para investir; euro e libra são preferência
Pessimismo em relação à moeda norte-americana toma conta do mercado à medida que as tarifas de Trump se tornam realidade
Assembleia do GPA (PCAR3) ganha apoio de peso e ações sobem 25%: Casino e Iabrudi sinalizam que também querem mudanças no conselho
Juntos, os acionistas somam quase 30% de participação no grupo e são importantes para aprovar ou recusar as propostas feitas pelo fundo controlado por Tanure
Trump-palooza: Alta tensão com tarifaço dos EUA força cautela nas bolsas internacionais e afeta Ibovespa
Donald Trump vai detalhar no fim da tarde de hoje o que chama de tarifas “recíprocas” contra países que “maltratam” os EUA
Brasil não aguarda tarifas de Trump de braços cruzados: o último passo do Congresso antes do Dia da Libertação dos EUA
Enquanto o Ibovespa andou com as próprias pernas, o Congresso preparava um projeto de lei para se defender de tarifas recíprocas
Adeus, Ibovespa: as ações que se despedem do índice em maio e quem entra no lugar, segundo a primeira prévia divulgada pela B3
A nova carteira passa a valer a partir do dia 5 de maio e ainda deve passar por duas atualizações preliminares
Vale (VALE3) garante R$ 1 bilhão em acordo de joint venture na Aliança Energia e aumenta expectativa de dividendos polpudos
Com a transação, a mineradora receberá cerca de US$ 1 bilhão e terá 30% da nova empresa, enquanto a GIP ficará com 70%