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Olivia Bulla
Olivia Bulla
Olívia Bulla é jornalista, formada pela PUC Minas, e especialista em mercado financeiro e Economia, com mais de 10 anos de experiência e longa passagem pela Agência Estado/Broadcast. É mestre em Comunicação pela ECA-USP e tem conhecimento avançado em mandarim (chinês simplificado).
A Bula do Mercado

Mercado renova esperanças no mês do Natal

Último mês do ano começa com esperanças renovadas em torno de acordo comercial entre EUA e China capaz de evitar novas tarifas no dia 15

Olivia Bulla
Olivia Bulla
2 de dezembro de 2019
5:35 - atualizado às 7:00
Agenda da semana traz dados econômicos que lançam luz sobre cenário em 2020

Dezembro começa com expectativas elevadas no mercado financeiro por um acordo comercial entre Estados Unidos e China, apesar da tensão envolvendo Hong Kong. A esperança dos investidores é de que os termos da primeira fase sejam assinados antes do dia 15 e evitem uma nova rodada de tarifas norte-americanas contra produtos chineses.

Porém, mais do que a suspensão dessa taxação, que irá atingir em cheio itens das listas de compras de Natal, Pequim também quer a reversão total das sobretaxas já em curso, dos dois lados. Do contrário, a segunda maior economia do mundo pode estender as negociações, uma vez que a atividade do país vem mostrando resiliência.

Divulgados ontem, dados sobre a indústria na China surpreenderam ao mostrar aceleração da atividade em novembro. O índice oficial dos gerentes de compras (PMI) subiu a 50,2, de 49,3 em outubro, ficando acima da linha divisória de 50, que indica expansão da atividade, pela primeira vez desde abril. A previsão era de alta a 49,5.

O dado privado, calculado pelo Caixin, também mostrou expansão da atividade pelo quarto mês seguido em novembro, indo a 51,8, de 51,7 em outubro. Os números mostram aquecimento da demanda por produtos chineses, com os pedidos de novas exportações tendo a primeira alta mensal em mais de um ano.

Estabilidade

Mas ainda é cedo para dizer que a economia chinesa está se recuperando - no máximo, se estabilizando. O crescimento do país perdeu força em 2019 devido a fatores estruturais, cíclicos e externos, mas ainda se espera uma expansão em torno de 6% em 2020. Para tanto, é preciso chegar a um consenso com os EUA, eliminando o impacto das tarifas na economia real.

Porém, os investidores ainda mostram cautela com o noticiário sobre a guerra comercial, diante da insistência da China em uma reversão das tarifas dos EUA como parte do acordo de primeira fase. Além disso, há o receio de que a escalada da tensão sobre Hong Kong atrase a assinatura de um termo provisório, mantendo vários pontos de discórdia.

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Tanto que, em reação, as bolsas da Ásia não conseguiram sustentar os ganhos, na esteira da inesperada melhora na atividade industrial chinesa em novembro. Apenas Tóquio teve alta firme (+1%), enquanto Hong Kong fechou no positivo (+0,4%), apesar de mais um fim de semana violento entre a polícia e manifestantes. Xangai ficou estável.

Já no Ocidente, os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram no positivo, ao passo que as principais bolsas europeias têm oscilações laterais na abertura do pregão. Entre as moedas, o dólar exibe um desempenho misto, perdendo terreno para as divisas europeias e o xará australiano. O petróleo, por sua vez, sobe 1,5%, enquanto o ouro cai.

Guedes e o AI-5

Enquanto lá fora o receio é com a desaceleração da economia; aqui, a preocupação continua sendo com o risco de contágio da turbulência na América Latina. Para o ministro da Economia, Paulo Guedes, a “confusão” em vários países da região prejudicou o timing para a aprovação de outras reformas, como a administrativa.

Apesar de não haver nenhuma grande manifestação no país contra o governo Bolsonaro e suas políticas, Guedes afirma que o ambiente político mudou, diante da “bagunça” e “desordem” em países latinos como o Chile, com a agenda de reformas podendo servir de pretexto “pro sujeito fazer quebra-quebra na rua”.

O ministro, então, voltou a justificar as recentes menções feitas por ele sobre um "novo" AI-5 (Ato Institucional nº 5), como resposta a uma suposta radicalização de protestos de rua no país, em defesa da democracia. Segundo ele, a fala era para que se evitasse a desordem, pois “tem gente chamando” atos para “quebrar tudo”.

O que vem por aí...

Nos próximos dias, serão conhecidos dados econômicos relevantes no Brasil e no mundo capazes de lançar luz sobre sobre a saúde da economia global na virada para 2020. O destaque lá fora fica com os números sobre o emprego nos EUA, enquanto aqui o foco se divide entre PIB e IPCA. Para saber mais, leia na edição semanal d’A Bula do Mercado.

Já nesta segunda-feira, a semana começa com as tradicionais publicações do dia no Brasil, a saber, a Pesquisa Focus (8h25) do Banco Central e os dados da balança comercial em novembro (15h). No exterior, saem hoje índices PMI e ISM sobre a atividade industrial em novembro na zona do euro e nos EUA, respectivamente.

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