Amor Estranho Amor: entre a bolsa e o CDI, fique com os dois!
Nenhum portfólio decente vai ter só Tesouro Selic ou só ações do Itaú. Não são melhores, inimigos ou adversários. São classes de ativos complementares, com características e finalidades distintas

Uma modelo, um gestor de ações e um PhD entram no (bar?) Twitter.
O que tinha potencial para ser uma boa piada se tornou uma discussão inócua e clubística entre defensores da Bolsa e do CDI. No fim, baixou o nível total, com dedo no olho, mordida, pescotapa e acusações de cunho pessoal. Teve até perfil voltando do mundo dos mortos.
Foi uma mistura tupiniquim entre a Fogueira das Vaidades, Wall Street e um episódio do Chaves.
Um Fla-Flu financeiro. Quem diria...
O Brasil estragou o Orkut e vai acabar com o Twitter. Mas faz parte – como dizia o poeta “se não fossem as tretas na TL, a Internet seria apenas uma coleção de pornografia entremeada com vídeos de gatos fazendo coisas fofas”.
O que diz o Time Bolsa
O Time Bolsa saiu logo atacando – “me diga alguém que ficou rico com o CDI”. A proposição é absurda porque ausência de evidência não é evidência de ausência – o fato de você não conhecer pessoas que enriqueceram com o CDI não quer dizer que elas não existam e, mesmo que elas não existam, não quer dizer que seja impossível.
Leia Também
Pior: o CDI não é um índice com uma cesta de ativos de renda fixa; é apenas a taxa básica da economia brasileira. O mercado de títulos privados já deixou muita gente rica, talvez até mais do que a Bolsa – Bill Gross, fundador da Pimco, pode te falar um pouco sobre como, nos anos 1980, o glamour e os retornos milionários estavam quase todos nos títulos corporativos, enquanto o mercado de ações ainda engatinhava em Wall Street.
No Brasil, não foram poucos que ganharam com debêntures da Vale, precatórios ou qualquer outra brecha que tenha surgido entre um plano econômico maluco e outro.
O que diz a galera do CDI
Já a galerinha do CDI contra-atacou com planilhas, milhões (sim, milhões) de janelas temporais e um rigor científico capaz de fazer Sheldon Cooper salivar – “o CDI ganhou do Ibovespa em 89,35% de minhas simulações, feita com algoritmos da Nasa e chancelado pelo astronauta-ministro Marcos Pontes”.
Amigo, o Ibovespa, até pouco tempo atrás, era um índice muito ruim. Um macaco caolho bem treinado bateria o índice antes dos ajustes de metodologia – OGX teve peso relevante no Ibovespa entre 2010 e 2013!
Ibovespa não é Bolsa.
O ciclo é longo
Se for para brincar, ao menos pegue o Ibrx 100 que, desde sua criação, em 1996, deu 3.579% contra 1.928% do Ibovespa. O problema é que a janela é curta – longo prazo para Bolsa é longo prazo de verdade. Só lembre sempre de que os ciclos são muito longos e qualquer coisa que leve menos do que 20 anos não é um bom indicativo.
Além disso, a Bolsa tem uma coisa que não entra em conta nenhuma: a convexidade. Um grande acerto é suficiente para resolver a sua vida. Uma boa ação, comprada na hora certa, vai te dar 10x, 15x, 20x de retorno e isso não tem nada a ver com bilhete de loteria.
A Mega Sena é desenhada para que o valor da aposta seja maior do que o retorno esperado do bilhete. É uma combinação matemática: 1 em 50 milhões; R$ 3,50 por aposta e um prêmio de, sei lá, R$ 10 milhões.
Na Bolsa, as probabilidades não são artificiais – o mundo real não cabe nos seus modelos e a sua planilha de Excel é incapaz de antecipar os 46.303% de retorno que a Weg deu desde 1994 (a título de curiosidade, o CDI deu 4.947% e o Ibovespa deu 2.032% no mesmo período).
Eu desconfio de que nenhum ativo de renda fixa tenha batido o desempenho de Weg nessa janela e, você pode me trazer sharpe, retorno ajustado pelo risco, variância, correlação e etc., mas 46 mil porcento é retorno pra caralho!
Comprar Bolsa é uma questão de disciplina: gosta do ativo, compra. Se cair, compra mais. Espera. Acha outro ativo. Estuda. Compra. Se repetir o processo algumas vezes ao longo de 20 anos, vai se dar bem: um acerto de 20x compensa um sem-número de erros no meio do caminho.
Temos vários casos de gente que ficou rica assim. Quantos milionários não fizeram as ações do Itaú e Magazine Luiza?
Perdoem a expressão em inglês, mas não conheço uma tradução decente: money talks and bullshit walks – o dinheiro na conta desses caras vale muito mais do que modelos e simulações sofisticados. Ensinar pássaros a voar é muita arrogância para o meu gosto.
“Ah mas para cada milionário da Bolsa, deve ter uns 200 que quebraram”. Possível. Mas deve ter um igual número de gente que não saiu do lugar comprando CDB e guardando dinheiro na poupança.
Parta para a poligamia
Além de todos esses pontos, a discussão é ainda mais inútil pelo simples fato de que você pode amar o CDI e rastejar pelo Ibovespa mas, sinto te desapontar, nenhum dos dois dá a mínima para você.
Diferentemente de namorados e namoradas, os ativos financeiros não são possessivos. Pergunte às paredes do Café Photô: monogamia é uma palavra quase que proibida na Faria Lima.
Nenhum portfólio decente vai ter só Tesouro Selic ou só ações do Itaú. Não são melhores, inimigos ou adversários. São classes de ativos complementares, com características e finalidades distintas.
Se já não faz sentido brigar por causa de futebol, imagina perder seu tempo xingando um usuário com o nome “Phodão da Bolsa” que, provavelmente, não dormiu à noite depois do recuo de 3,7% do Ibovespa na última quarta-feira (6).
Vá para casa e tire uma soneca. É certamente muito mais produtivo.
A pressão vem de todos os lados: Trump ordena corte de juros, Powell responde e bolsas seguem ladeira abaixo
O presidente do banco central norte-americano enfrenta o republicano e manda recado aos investidores, mas sangria nas bolsas mundo afora continua e dólar dispara
O combo do mal: dólar dispara mais de 3% com guerra comercial e juros nos EUA no radar
Investidores correm para ativos considerados mais seguros e recaculam as apostas de corte de juros nos EUA neste ano
Carrefour Brasil (CRFB3): controladora oferece prêmio mais alto em tentativa de emplacar o fechamento de capital; ações disparam 10%
Depois de pressão dos minoritários e movimentações importantes nos bastidores, a matriz francesa elevou a oferta. Ações disparam na bolsa
China não deixa barato: Xi Jinping interrompe feriado para anunciar retaliação a tarifas de Trump — e mercados derretem em resposta
O Ministério das Finanças da China disse nesta sexta-feira (4) que irá impor uma tarifa de 34% sobre todos os produtos importados dos EUA
Um café e um pão na chapa na bolsa: Ibovespa tenta continuar escapando de Trump em dia de payroll e Powell
Mercados internacionais continuam reagindo negativamente a Trump; Ibovespa passou incólume ontem
Cardápio das tarifas de Trump: Ibovespa leva vantagem e ações brasileiras se tornam boas opções no menu da bolsa
O mais importante é que, se você ainda não tem ações brasileiras na carteira, esse me parece um momento oportuno para começar a fazer isso
Ações para se proteger da inflação: XP monta carteira de baixo risco para navegar no momento de preços e juros altos
A chamada “cesta defensiva” tem dez empresas, entre bancos, seguradoras, companhias de energia e outros setores classificados pela qualidade e baixo risco
Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) perdem juntas R$ 26 bilhões em valor de mercado e a culpa é de Trump
Enquanto a petroleira sofreu com a forte desvalorização do petróleo no mercado internacional, a mineradora sentiu os efeitos da queda dos preços do minério de ferro
Embraer (EMBR3) tem começo de ano lento, mas analistas seguem animados com a ação em 2025 — mesmo com as tarifas de Trump
A fabricante de aeronaves entregou 30 aviões no primeiro trimestre de 2025. O resultado foi 20% superior ao registrado no mesmo período do ano passado
Oportunidades em meio ao caos: XP revela 6 ações brasileiras para lucrar com as novas tarifas de Trump
A recomendação para a carteira é aumentar o foco em empresas com produção nos EUA, com proteção contra a inflação e exportadoras; veja os papéis escolhidos pelos analistas
Trump Day: Mesmo com Brasil ‘poupado’ na guerra comercial, Ibovespa fica a reboque em sangria das bolsas internacionais
Mercados internacionais reagem em forte queda ao tarifaço amplo, geral e irrestrito imposto por Trump aos parceiros comerciais dos EUA
Itaú (ITUB4), de novo: ação é a mais recomendada para abril — e leva a Itaúsa (ITSA4) junto; veja outras queridinhas dos analistas
Ação do Itaú levou quatro recomendações entre as 12 corretoras consultadas pelo Seu Dinheiro; veja o ranking completo
Tarifas de Trump levam caos a Nova York: no mercado futuro, Dow Jones perde mais de 1 mil pontos, S&P 500 cai mais de 3% e Nasdaq recua 4,5%; ouro dispara
Nas negociações regulares, as principais índices de Wall Street terminaram o dia com ganhos na expectativa de que o presidente norte-americano anunciasse um plano mais brando de tarifas
Rodolfo Amstalden: Nos tempos modernos, existe ERP (prêmio de risco) de qualidade no Brasil?
As ações domésticas pagam um prêmio suficiente para remunerar o risco adicional em relação à renda fixa?
Onde investir em abril? As melhores opções em ações, dividendos, FIIs e BDRs para este mês
No novo episódio do Onde Investir, analistas da Empiricus Research compartilham recomendações de olho nos resultados da temporada de balanços e no cenário internacional
Minoritários da Tupy (TUPY3), gestores Charles River e Organon indicam Mauro Cunha para o conselho após polêmica troca de CEO
Insatisfeitos com a substituição do comando da metalúrgica, acionistas indicam nome para substituir conselheiro independente que votou a favor da saída do atual CEO, Fernando Rizzo
Assembleia do GPA (PCAR3) ganha apoio de peso e ações sobem 25%: Casino e Iabrudi sinalizam que também querem mudanças no conselho
Juntos, os acionistas somam quase 30% de participação no grupo e são importantes para aprovar ou recusar as propostas feitas pelo fundo controlado por Tanure
Trump-palooza: Alta tensão com tarifaço dos EUA força cautela nas bolsas internacionais e afeta Ibovespa
Donald Trump vai detalhar no fim da tarde de hoje o que chama de tarifas “recíprocas” contra países que “maltratam” os EUA
Brasil não aguarda tarifas de Trump de braços cruzados: o último passo do Congresso antes do Dia da Libertação dos EUA
Enquanto o Ibovespa andou com as próprias pernas, o Congresso preparava um projeto de lei para se defender de tarifas recíprocas
Tupy (TUPY3): Troca polêmica de CEO teve voto contrário de dois conselheiros; entenda o imbróglio
Minoritários criticaram a troca de comando na metalúrgica, e o mercado reagiu mal à sucessão; ata da reunião do Conselho divulgada ontem mostra divergência de votos entre os conselheiros