129 anos em poucos meses: por mares nunca dantes navegados
Se eu dissesse que há um fenômeno do tipo “50 anos em 5” ocorrendo na Bolsa brasileira neste momento, você me tomaria por exagerado? E se fossem 129 anos em 5? Aí já seria demais, certo?
Se eu dissesse que há um fenômeno do tipo “50 anos em 5” ocorrendo na Bolsa brasileira neste momento, você me tomaria por exagerado? E se fossem 129 anos em 5? Aí já seria demais, certo?
Confesso que, a exemplo de Kafka, até me inclino a certos exageros. Não me proponho a comparações, claro. Entre mim e o autor, talvez haja como paralelo apenas a imagem de uma figura paterna “demasiado forte para mim”.
A questão, porém, é que não há exagero algum aqui. Devemos bater a marca de 1 milhão de pessoas físicas na B3 por estes dias, se é que já não o fizemos. O último dado que vi se refere ao fechado de março, com 983 mil CPFs. Isso se compara aos 710 mil do final de 2018.
Deixe-me recuperar um pouco de história aqui. A criação da Bovespa remete a 1890, a partir da chamada Bolsa Livre. Esse me parece o marco original da genealogia da B3 — está lá no próprio Formulário de Referência. A Crise do Encilhamento, que você estudou na escola como a primeira bolha especulativa brasileira (referência imagética à metáfora da ganância e dos movimentos especulativos ligados às supostas oportunidades que poderiam ser descritas pela frase “cavalo encilhado não passa duas vezes”), tem seu estouro em 1891, com repercussões decisivas sobre o funcionamento da Bolsa Livre. Após quatro anos, o mercado de capitais voltaria a ter seu desenvolvimento concentrado na Bolsa de Fundos Públicos de São Paulo.
Pessoa Física
Cara, então pensa o seguinte: essa brincadeira começou 129 anos atrás. Passamos de 1890 a 2018 para levar 710 mil pessoas à Bolsa. E, em apenas quatro meses, foram adicionados 300 mil CPFs à B3.
Agora, os doutores da Faria Lima (ou seriam da XV de Novembro?) vão calçar suas meias-calças brancas e seus sapatos de salto alto pretos, vestir suas longas perucas e caprichar no blush no rosto para uma oportuna reunião em palacetes acarpetados para discutir as razões por trás do “crescimento exponencial da participação da pessoa física no mercado brasileiro”. Servidos por um mordomo de smoking num banquete nababesco, lá vão apontar o juro baixo, a potencial esperança com um novo governo, o desenvolvimento das plataformas de investimento e, claro, a boa colheita dos esforços feitos pela própria B3 para fomentar a atração da pessoa física para dentro de seu ambiente — sem culpa alguma aqui: o narcisismo sempre nos atribui um poder maior do que realmente temos; ninguém escapa, das pessoas às Bolsas.
Leia Também
Talvez alguns mais moderninhos, que se recusam a vestir a alta-costura de Luís XIV, possam apontar alguma atuação de influenciadores digitais e redatores de newsletters. Nonada. Entre o Rei Sol e Groucho Marx, fico com o segundo, disparado: me recuso a fazer parte de um clube que me aceita como sócio.
É evidente meu entusiasmo com a crescente participação da pessoa física na B3. Primeiro, porque se alinha a um objetivo empresarial. A Empiricus foi criada para levar ao investidor individual indicações para aplicar seu dinheiro tão boas ou melhores do que aquelas anteriormente restritas aos profissionais e multimilionários, sem os conflitos de interesse da indústria financeira tradicional. Há uma certa endogeneidade e alguma dialética entre nossos desenvolvimentos — guardadas as devidas e enormes proporções, claro; sei da minha insignificância cósmica.
Mas não é só isso. Ver a pessoa física participando ativamente do mercado de capitais era (e ainda é) um motivo de alegria pessoal. Certo ou errado, sempre acreditei que ela podia fazer até mais do que o investidor profissional, que, por vezes, vira um transatlântico e não pode mais competir com lanchas que se movem mais rápido — experimente apresentar uma belíssima tese de uma microcap para um gestor de um gigante fundo multimercado; não vale a pena nem o tempo de ele estudar aquilo. Fora isso, o investidor pessoa física não tem cota para publicar e ser pressionado pelo alocador a cada flutuação que o afasta da marca d’água (e representa menores chances de rebate de performance para o alocador, claro), tampouco precisa se preocupar mais com sua reputação do que com seu portfólio — o fim de um investidor é quando seu ego e sua reputação retiram-no da rota do que é realmente bom para sua carteira. Tio Ricco oferece sabedoria interessante aqui: “Muito risco, pouco ego”.
Crescimento desordenado
Ao mesmo tempo, porém, confesso certa preocupação. Crescimentos desordenados costumam ser… desordenados. Essas 300 mil pessoas sabem o que estão comprando? Ou será que foram atraídas apenas pela alta do Ibovespa e do Ifix nos últimos dois anos?
Eu, sinceramente, não tenho nada contra a ganância. Não se trata de ser algo bom, como definiu Gordon Gekko. Mas também não é algo ruim. Apenas é a natureza humana. Se nossa visão idealizada do ser humano não corresponde à realidade, a culpa não pode ser da realidade. Essa daí é o que é. E não vai mudar para satisfazer nossas preferências individuais.
Também não tenho pretensões de virar do avesso o viés cognitivo ligado ao “fear of missing out”, a tendência que temos a correr riscos excessivos com medo de não participar da festa.
Expectativas
Minha desconfiança apenas é de que as pessoas tenham sido atraídas por uma expectativa de retorno, derivada do comportamento dos benchmarks desde 2016, que provavelmente não vai se repetir agora. A maior peça de marketing do mercado editorial brasileiro sobre investimentos não foi produzida pela Empiricus. Ela foi feita na voz passiva, em linguagem nada moderada e comedida por meio da alta do Ibovespa dos 40 mil para os 95 mil pontos. Com o vizinho multiplicando o capital por três em três anos, todos também querem participar da brincadeira. Quem insiste mesmo em ser exagerada é a realidade, sempre muito mais estranha do que a ficção.
E quem tem sido a interlocução principal dos entrantes em B3? Os agentes autônomos, que, motivados pelo interesse em embolsar gordos rebates de taxas de performance ou mesmo alguma boa cifra em corretagem, muitas vezes não dão ao investidor a devida informação sobre o que ele realmente está comprando.
Com todos órfãos das LCIs e LCAs, agora adentram um ambiente de volatilidade, para o qual muitas vezes não estão preparados ou então sobre o qual não foram adequadamente informados.
Receios
Alternativamente, outros receosos da imagem absurda e culpógena de um grande cassino fogem do sobe e desce das ações para se esconder em crédito ou em fundos multimercados de baixa volatilidade.
No primeiro caso, confundem volatilidade com risco e apostam dólares para ganhar centavos. Atrás de raspas e restos, migalhas sobre o CDI, incorrem num monte de risco escondido, sem saber que o spread de crédito no Brasil não compensa, e se há uma bolha hoje no país é justamente nesse nicho. Fuja de crédito no Brasil hoje. Quem há pouco tempo captava em torno de 170 por cento do CDI hoje o faz perto de 110. Não precisa ir muito longe: veja o que acaba de acontecer com Localiza. A propósito: os fees de estruturação e distribuição precisam ser revistos num ambiente de juro muito mais baixo.
Já nos multimercados de baixa vol, você paga 2 por cento de administração para o gestor, mais 20 por cento de performance sobre o que exceder o benchmark, para ele entregar 105 por cento do CDI? Faz algum sentido isso? Calcule quanto do resultado você está deixando para o gestor e quanto ele está levando de você. Fuja de multimercados de baixa volatilidade.
Por fim, se você está chegando agora, lembre-se de que 10 por cento ao ano representa 154 por cento do CDI.
Como diria Woody Allen, “a realidade é dura, mas ainda é o único lugar onde se pode comer um bom bife”.
Mercados
Mercados iniciam a terça-feira dando continuidade ao clima negativo da véspera, embora variações sejam mais modestas hoje. Confirmação de aumento de tarifas impostas pelos EUA às importações chinesas voltam a pesar. Por aqui, investidores dividem-se entre chiliques públicos de militares e olavetes, além de monitorar a primeira reunião ordinária da Comissão Especial da PEC da Previdência.
Agenda traz dados da Anfavea, que podem balizar mais uma vez o pulso da atividade econômica, além de balanço da Ambev (já publicado) e da Petrobras (à noite). Nos EUA, atenção para relatório Jolts sobre emprego.
Ibovespa Futuro cai 0,15 por cento, dólar e juros futuros estão perto da estabilidade.
Bolsa caindo à espera do pacote fiscal que nunca chega? Vale a pena manter ações na carteira, mas não qualquer uma
As ações brasileiras estão negociando por múltiplos que não víamos há anos. Isso significa que elas estão baratas, e qualquer anúncio de corte de gastos minimamente satisfatório, que reduza um pouco os riscos, os juros e o dólar, deveria fazer a bolsa engatar um forte rali de fim de ano.
Mistério detalhado: Petrobras (PETR4) vai investir 11,9% a menos em 2025 e abre janela de até US$ 55 bilhões para dividendos; confira os números do Plano Estratégico 2025-2029
Já era sabido que a petroleira investiria US$ 111 bilhões nos próximos cinco anos, um aumento de 8,8% sobre a proposta anterior; mercado queria saber se o foco seria em E&P — confira a resposta da companhia
Em recuperação judicial, AgroGalaxy (AGXY3) planeja grupamento de ações para deixar de ser ‘penny stock’; saiba como será a operação
Empresa divulgou um cronograma preliminar após questionamentos da B3 no início deste mês sobre o preço das ações ordinárias de emissão da varejista
Vale (VALE3) é a nova queridinha dos dividendos: mineradora supera Petrobras (PETR4) e se torna a maior vaca leiteira do Brasil no 3T24 — mas está longe do pódio mundial
A mineradora brasileira depositou mais de R$ 10 bilhões para os acionistas entre julho e setembro deste ano, de acordo com o relatório da gestora Janus Henderson
‘O rali ainda não acabou’: as ações desta construtora já saltam 35% no ano e podem subir ainda mais antes que 2024 termine, diz Itaú BBA
A performance bate de longe a do Ibovespa, que recua cerca de 4% no acumulado anual, e também supera o desempenho de outras construtoras que atuam no mesmo segmento
“Minha promessa foi de transformar o banco, mas não disse quando”, diz CEO do Bradesco (BBDC4) — e revela o desafio que tem nas mãos daqui para frente
Na agenda de Marcelo Noronha está um objetivo principal: fazer o ROE do bancão voltar a ultrapassar o custo de capital
O Google vai ser obrigado a vender o Chrome? Itaú BBA explica por que medida seria difícil — mas ações caem 5% na bolsa mesmo assim
Essa seria a segunda investida contra monopólios ilegais nos EUA, desde a tentativa fracassada de desmembrar a Microsoft, há 20 anos
Nvidia (NVDC34) vê lucro mais que dobrar no ano — então, por que as ações caem 5% hoje? Entenda o que investidores viram de ruim no balanço
Ainda que as receitas tenham chegado perto dos 100% de crescimento, este foi o primeiro trimestre com ganhos percentuais abaixo de três dígitos na comparação anual
Do pouso forçado às piruetas: Ibovespa volta do feriado com bolsas internacionais em modo de aversão ao risco e expectativa com pacote
Investidores locais aguardam mais detalhes do pacote fiscal agora que a contribuição do Ministério da Defesa para o ajuste é dada como certa
Que crise? Weg (WEGE3) quer investir US$ 62 milhões na China para aumentar capacidade de fábrica
O investimento será realizado nos próximos anos e envolve um plano que inclui a construção de um prédio de 30 mil m², com capacidade para fabricação de motores de alta tensão
Como a Embraer (EMBR3) passou de ameaçada pela Boeing a rival de peso — e o que esperar das ações daqui para frente
Mesmo com a disparada dos papéis em 2024, a perspectiva majoritária do mercado ainda é positiva para a Embraer, diante das avenidas potenciais de crescimento de margens e rentabilidade
É hora de colocar na carteira um novo papel: Irani (RANI3) pode saltar 45% na B3 — e aqui estão os 3 motivos para comprar a ação, segundo o Itaú BBA
O banco iniciou a cobertura das ações RANI3 com recomendação “outperform”, equivalente a compra, e com preço-alvo de R$ 10,00 para o fim de 2025
Em busca de dividendos? Curadoria seleciona os melhores FIIs e ações da bolsa para os ‘amantes’ de proventos (PETR4, BBAS3 e MXRF11 estão fora)
Money Times, portal parceiro do Seu Dinheiro, liberou acesso gratuito à carteira Double Income, que reúne os melhores FIIs, ações e títulos de renda fixa para quem busca “viver de renda”
R$ 4,1 bilhões em concessões renovadas: Copel (CPLE6) garante energia para o Paraná até 2054 — e esse banco explica por que você deve comprar as ações
Companhia paranaense fechou o contrato de 30 anos referente a concessão de geração das usinas hidrelétricas Foz do Areia, Segredo e Salto Caxias
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
Equatorial (EQTL3) tem retorno de inflação +20% ao ano desde 2010 – a gigante de energia pode gerar mais frutos após o 3T24?
Ações da Equatorial saltaram na bolsa após resultados fortes do 3º tri; analistas do BTG calculam se papel pode subir mais após disparada nos últimos anos
‘Mãe de todos os ralis’ vem aí para a bolsa brasileira? Veja 3 razões para acreditar na disparada das ações, segundo analista
Analista vê três fatores que podem “mudar o jogo” para o Ibovespa e a bolsa como um todo após um ano negativo até aqui; saiba mais
Acaba logo, pô! Ibovespa aguarda o fim da cúpula do G20 para conhecer detalhes do pacote fiscal do governo
Detalhes do pacote já estão definidos, mas divulgação foi postergada para não rivalizar com as atenções à cúpula do G20 no Rio
A B3 vai abrir no dia da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios na estreia do novo feriado nacional
É a primeira vez que o Dia da Consciência Negra consta no calendário dos feriados nacionais. Como de costume, as comemorações devem alterar o funcionamento dos principais serviços públicos
Grupo Mateus: Santander estabelece novo preço-alvo para GMAT3 e prevê valorização de 33% para as ações em 2025; saiba se é hora de comprar
O banco reduziu o preço-alvo para os papéis da varejista de alimentos em relação à 2024, mas mantém otimismo com crescimento e parceria estratégica