Hopi Hari deixou maioria dos credores de fora da recuperação judicial – e BNDES partiu para a briga para vender tudo no parque de diversões
Processo só contempla credores trabalhistas e todos os demais movem ações paralelas contra o parque para reaver valores. BNDES é o maior credor e conseguiu aval do TJSP para leiloar bens do parque
Dois anos e meio após pedir a recuperação judicial, o parque de diversões Hopi Hari está conduzindo o processo de um jeito tão peculiar que corre o risco de ter sua falência decretada. Isso porque a renegociação com os credores praticamente não existiu.
O plano, aprovado em abril de 2018, envolveu apenas os créditos trabalhistas, que respondiam por cerca de 10% de sua dívida, estimada, à época, em R$ 400 milhões. Os grandes credores foram simplesmente deixados de fora do plano e sem negociação.
Agora eles contestam a decisão dos controladores do parque na Justiça, em uma enxurrada de processos que correm em paralelo da recuperação judicial.
Em meados de janeiro, o principal credor, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), conseguiu uma decisão judicial que liberou a execução do crédito de cerca de R$ 230 milhões que possui contra o parque.
O Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu que, como ele não foi contemplado no plano, a proteção que a recuperação judicial dá a esse tipo de cobrança dos credores não se aplica a ele.
O BNDES, então, pediu o leilão imediato de dos bens do Hopi Hari, o que inclui o terreno onde está o parque e todas as suas atrações. A questão é, se o leilão for, de fato, levado adiante, o Hopi Hari perderá seus ativos e não terá mais como continuar operando, o que inviabiliza sua recuperação e pode levar a empresa à falência.
Leia Também
Sergio Emerenciano, advogado do Hopi Hari, afirma que disputas judiciais são parte natural desse tipo de processo. Mas destaca que o BNDES precisa decidir se quer entrar para o plano de recuperação ou se quer executar a dívida. “No momento, ele tem ações na Justiça que acenam para as duas medidas, o que não é razoável”, diz.
Procurado pelo Seu Dinheiro, o BNDES afirmou apenas que “continuará com a cobrança judicial do seu crédito”.
Chuva de processos
Além do BNDES, que concentra quase 60% da dívida total do parque, o segundo credor mais relevante é o fundo de pensão dos funcionários do antigo Banco Nacional de Habitação (Prevhab), com R$ 85 milhões; completam a lista, com valores menores alguns fundos investidores.
Como não foram incluídos no plano de recuperação eles também foram à Justiça questionar a legalidade do plano. Em dezembro, também o tribunal de São Paulo entendeu que os credores têm razão, que o plano não foi conduzido de forma legal e deu prazo de 30 dias para que o Hopi Hari apresentasse um novo. Emerenciano diz que o parque recorreu da decisão.
“Essas dívidas são da gestão passada, não tem nada a ver com a gestão atual. Primeiro é preciso recuperar o negócio, o que já está acontecendo, para depois vermos como seria possível negociá-las”, diz. O advogado descarta a possibilidade de um eventual leilão de bens solicitado pelo BNDES impedir a continuidade da operação do parque, levando à falência. “Não existe esse risco.”
Emerenciano afirma que a dívida com o BNDES é antiga, de quase dez anos atrás, e há, inclusive um questionamento sobre o valor atual do crédito do banco. “Já houve alguns pagamentos e repactuações e são necessários cálculos para que seja identificado o tamanho exato. É uma situação que já se arrasta desde 2010, 2011”, diz.
Questionado sobre qual a utilidade da recuperação para o parque, uma vez que, do jeito que foi feita, ela não está protegendo a empresa de execuções judiciais de suas dívidas, Emerenciano discorda que o processo de recuperação seja direcionado somente para a negociação com os credores. “O processo é feito para conseguir dinheiro novo para o negócio ou ainda para que se organize uma venda de ativos, o que para nós está fora de cogitação”, diz.
Se não pode vender ativos, porque vive de suas atrações, encontrar novo investidor também não será tarefa fácil, diante dos imbróglios com credores. Além disso, por deixar de prestar informações aos investidores, o parque teve seu registro de companhia aberta cancelado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ano passado, o que impede o acesso ao mercado de capitais.
De acordo com advogados consultados pela reportagem, não há nada na lei de recuperação judicial que diga que após o pedido, ou mesmo sob um novo controle, a empresa possa optar por deixar de pagar credores, afirmando que vai retomar uma negociação após sanar a empresa.
A condução da recuperação do Hopi Hari tem incomodado tanto que até mesmo o escritório de advocacia Ferro, Castro Neves, Daltro & Gomide foi à Justiça para receber R$ 2,4 milhões (valores corrigidos) em honorários que lhe são devidos pelo parque, mas que não são pagos desde 2015. O escritório foi procurado, mas não deu entrevista.
Na peça encaminhada à Justiça, os advogados alegam que o parque está dando lucro. Conforme dados do relatório do administrador judicial, desde abril de 2018, as receitas superam as despesas no Hopi Hari. Só que elas são decrescentes. Em abril, o lucro foi de R$ 360 mil. Em maio, R$ 235 mil.
Em junho e julho, meses mais frios, mas também com férias escolares, o resultado positivo ficou pouco acima dos R$ 100 mil. E em agosto, último dado disponível, alcançou R$ 43 mil. As receitas do parque estavam em R$ 5,5 milhões. O escritório pede o bloqueio dos recebíveis do parque para que possa receber seus honorários.
Emerenciano afirma que os tributos estão sendo pagos e novamente minimiza as execuções judiciais. “Deve ter outras que ainda nem temos conhecimento. Isso é normal no processo”, afirmou. Quando pediu recuperação judicial, o Hopi Hari tinha dívidas tributárias e acumulava com a União um débito próximo a R$ 350 milhões, que também ficou de fora do plano de recuperação judicial. Emerenciano informa que o parque está agora pagando tributos.
O Hopi Hari, segundo ele, está funcionando com 100% das atrações e se recuperando. No último ano, recebeu 500 mil visitantes, o que garantiu o resultado positivo. O plano aprovado em abril de 2018 também está sendo cumprido.
Histórico complicado
O Hopi Hari surgiu em 1999 com a proposta de fazer um parque de diversões perto de São Paulo, para fazer frente ao público que ia até Santa Catarina visitar o Beto Carrero e que sonhava com a Disney. O slogan era "o lugar mais feliz do mundo". Só que não para seus acionistas.
Foi construído com recursos da gestora de private equity GP Investimentos e de 4 fundos de pensão - Previ, Funcef, Petros e Sistel. Eles não conseguiu atrair público suficiente para fechar as contas e os fundos e a GP passaram o negócio adiante. Mas a situação complicou mesmo a partir de 2012, quando a morte de uma adolescente em um dos brinquedos afastou o público do parque.
Localizado a cerca de uma hora de São Paulo, ele está numa região que abriga um outlet e e um parque aquático que funcionam com algum sucesso. Por essa razão, apesar de todos os problemas recentes, muitos investidores acompanham de perto os acontecimentos.
Volta e meia surge no mercado informações sobre o interesse de grupos investidores de transformar a região num pólo turístico paulista _ mas para isso falta dissipar a nuvem cinza que há anos se formou acima do parque. Se o leilão do BNDES for adiante, envolvendo as atrações e o terreno, deve atrair interessados.
A confusão no Hopi Hari também está no bloco de controle. Depois do pedido de recuperação, em 2017, um novo investidor surgiu no Hopi Hari, o empresário José Luiz Abdalla. Meses depois, ele fechou uma negociação de venda do controle do parque para outro empreendedor, Mario Cuesta. Na época da provação do plano, no início de 2018, os dois estavam em guerra.
Abdalla foi contra o plano que foi apresentado e alega que Cuestas não teria cumprido as condições do acordo para a venda da empresa. Ele quer o parque de volta. Instabilidade no controle e na relação com credores são agora novos desafios ao negócio.
JBS (JBSS3): BNDES se pronuncia sobre notícia de que vai vender participação bilionária na gigante de alimentos
Banco de fomento, que atualmente é dono de 20,81% das ações da JBS, teria a intenção de colocar a oferta ainda este ano, segundo site
‘Prima’ da LCA e LCI, LCD deve ser lançada em outubro e pode movimentar R$ 1,5 trilhão – o que é esse novo título de renda fixa com isenção de IR?
O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que a nova renda fixa isenta de Imposto de Renda pode ser disponibilizada no mercado em breve; entenda como os títulos funcionam
Mar vermelho na bolsa: aversão global ao risco amarra o Ibovespa e lança o dólar às alturas
Investidores temem pouso forçado da economia dos EUA enquanto repercutem resultados trimestrais ruins das big techs
Como os trens do Rio de Janeiro se transformaram em uma dívida bilionária para a Supervia que o BNDES vai cobrar na Justiça
O financiamento foi concedido à concessionária em 2013, para apoiar a concessão do serviço de transporte via trens urbanos na região metropolitana do estado
“Embraer não existiria sem o BNDES”: Fabricante de aeronaves recebe novo financiamento de R$ 4,5 bilhões — veja o que a empresa quer fazer com o dinheiro
A operação de crédito será realizada por meio do BNDES Exim Pós-embarque, linha de crédito direto do banco para comercialização de bens nacionais destinados à exportação
CCR faz emissão bilionária para obras na Dutra e na Rio-Santos garantida por banco estatal; veja qual
Segundo a companhia, investimento em duas rodovias soma R$ 15,5 bilhões; parte será bancada pelos R$ 9,4 bilhões em debêntures
Comissão do Senado dá ok para a criação da Letra de Crédito do Desenvolvimento; conheça detalhes do novo título
Como as LCIs e LCAs, o novo título terá isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas
Dividendos pingando na conta do Tesouro: BNDES eleva pagamento de proventos para 50% — e cifra deve chegar a R$ 16 bilhões
Aumento do percentual de pagamento de dividendos de 25% para 50% não deve reduzir os desembolsos do banco, segundo Aloizio Mercadante
Green bonds: Fazenda prepara nova emissão de títulos verdes após captação de US$ 2 bilhões em 2023
Segundo o ministro Fernando Haddad, a emissão dos títulos de dívida internacional com critérios sustentáveis deve acontecer nas próximas semanas
Com foco em transição energética, Vale (VALE3) e BNDES querem selecionar fundo de investimento; confira detalhes do edital
O edital busca estimular atividades de pesquisa e exploração mineral no Brasil e a definição do fundo gestor deverá ocorrer até outubro de 2024
Agronegócio pediu — e o BNDES atendeu: banco aprova nova linha de crédito que pode chegar a R$ 10 bilhões neste ano
A iniciativa era esperada desde fevereiro, e visa a ampliação do acesso ao crédito a pequenos e médios produtores rurais
Está barata? Enauta (ENAT3) aprova recompra de ações no valor de quase R$ 400 milhões depois de papel subir 150% em 12 meses
O programa foi aprovado pelo conselho de administração e deve durar até o dia 29 de fevereiro de 2024
O carnaval da bolsa, ‘petróleo branco’ na mira do BNDES e inflação recorde na Argentina — confira os destaques do Seu Dinheiro na semana
Além da pulga atrás da orelha com o Carnaval, os leitores também buscaram se informar sobre a confirmação dos boatos de o BNDES quer financiar uma planta de refino de lítio, o recorde de inflação nda Argentina, uma nova fusão entre petroleiras e como fica um inventário com previdência privada
BNDES de olho no petróleo branco? Banco de fomento quer financiar instalação de planta de refino de lítio em MG
Sigma Lithium pretende investir quase meio bilhão de reais em unidade de refino de lítio no Vale do Jequitinhonha
Aquecendo as turbinas: Embraer (EMBR3) receberá financiamento de meio bilhão de reais com recursos do BNDES
O dinheiro será alocado visando o plano de investimento da empresa de 2023-2027, que irá destinar o montante total de R$ 650 milhões a projetos de desenvolvimento de novos produtos
O agronegócio pede socorro — e o BNDES vai atender ao chamado, promete ministro
A expectativa é que o banco anuncie um novo aporte de R$ 4 bilhões para financiamento de investimentos agropecuários dentro da linha BNDES Crédito Rural
Rodolfo Amstalden: Velha Roupa Vermelha
Neste início de ano, mercado volta a considerar a hipótese de uma guinada do presidente Lula para a extrema esquerda, mas precisamos guardar as preferências ideológicas no bolso de trás da calça
Lula lança plano de R$ 300 bilhões para a indústria — mas isso não é o suficiente, segundo entidades; veja os detalhes da nova política industrial
O governo lançou hoje a nova política industrial, que norteará esforços para o desenvolvimento nacional até 2033
Pente-fino: por que o TCU montou uma mega auditoria e colocou Petrobras, Correios e bancos públicos na mira
A fiscalização será feita a partir da Lei das Estatais. Serão analisados aspectos de transparência, integridade e governança, bem como o cumprimento de acordos judiciais e extrajudiciais pelas estatais.
Transição energética avança na Câmara: Projeto que cria ‘fundo verde’ do BNDES e estimula transação tributária pode ser aprovado antes de reunião do clima
O projeto de lei também propõe transformar o estoque de créditos e débitos da União em instrumentos de fomento a projetos sustentáveis