Mark Zuckerberg ficou bilionário ao conectar mais de 2 bilhões de pessoas, mas é chamado de ‘ditador’ no comando do Facebook
O Seu Dinheiro traz uma série com a história dos 10 homens mais ricos do mundo. Quem são? Como vivem? Como ficaram bilionários? E que lições você pode aprender com eles?
Diante de uma plateia de formandos de Harvard, em 2017, ele se definiu como um estudante que começou em um alojamento universitário criando “uma comunidade por vez” e disse que vai continuar fazendo isso até conectar o mundo inteiro. Aos 35 anos, acumulou US$ 62,3 bilhões e ficou na 8ª posição do ranking de bilionários de 2019 da revista Forbes. Na sua rota do bilhão, Mark Zuckerberg deixou para trás antigos parceiros que o apoiaram no início do projeto e viu seu negócio virar o centro de uma discussão sobre privacidade e uso de dados na internet.
- Esta reportagem faz parte da série especial Rota do Bilhão, que conta a trajetória dos 10 homens mais ricos do mundo. Quem são? Como vivem? Como ficaram bilionários? E que lições você pode aprender com eles? Veja todas as histórias neste link.
Foi em 2004 que o então aluno de Harvard criou a maior rede social do mundo, aos 19 anos de idade. Hoje, apenas 15 anos depois, 2,38 bilhões de pessoas são usuárias mensais do Facebook, que também é dono das redes Instagram e Whatsapp. Em 2018, a empresa faturou US$ 55 bilhões e lucrou US$ 25 bilhões.
Nascido em uma família de alta renda, em Nova York, sempre teve facilidade para criar inovações digitais. Uma das suas criações, aos 11 anos de idade, foi um chat que conectava todos os computadores da sua família. No ensino médio, criou o Synapse, programa que sugeria músicas aos usuários de acordo com suas preferências musicais.
Na faculdade, antes de desenvolver o Facebook, ele criou o Facemash, que comparava fotografias de estudantes mulheres para determinar qual era a mais atraente. A invenção causou polêmica e quase custou a expulsão de Zuckerberg de Harvard. Depois do Facemash, foi a vez do Facebook. Inicialmente, a rede social era limitada aos usuários de Harvard, mas passou a ser ampliada para outras universidades antes de se espalhar por todo o mundo.
Amigos, amigos, negócios a parte
As peripécias do jovem prodígio foram descritas no filme "A Rede Social", de 2010, que ganhou três estatuetas no Oscar. O filme mostra alguns personagens que fizeram parte do começo do Facebook e que Zuckerberg retirou do negócio ao longo do tempo, como os gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss.
Antes da criação do Facebook, eles haviam contratado Zuckerberg para desenvolver uma rede social para Harvard, e acusaram o estudante de roubar a sua ideia. A briga foi parar na Justiça, e eles acabaram recebendo US$ 65 milhões em um acordo judicial. Para quem ficou com pena dos gêmeos, aqui vai uma boa notícia. Em 2017, eles se tornaram bilionários graças a investimentos em criptomoedas.
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Outro ator que começou como principal e virou coadjuvante foi o brasileiro Eduardo Saverin, melhor amigo de Zuckerberg em Harvard. Embora fosse o cofundador do Facebook, com o passar do tempo acabou sendo excluído do negócio, e teve sua participação acionária diluída de mais de 30% para os atuais 2%. Ele também firmou um acordo, mas o valor recebido por Saverin nunca foi revelado. Mas assim como os gêmeos, Saverin teve seu final feliz. Fundou uma empresa de capital de risco, e hoje também está no clube dos bilionários graças à sua pequena fatia na rede social.
O criador do Napster, Sean Parker, foi outro que chegou a orbitar ao redor de Zuckerberg e ajudou o Facebook a se tornar uma empresa de verdade. Acabou saindo da empresa devido a um escândalo envolvendo o uso de drogas. Nestes episódios, fica claro que o fundador da maior rede social do mundo não tem muita dificuldade de se desapegar dos amigos, desde que seja o melhor para o negócio.
O que você faz com meus dados, Zuck?
Se os problemas com os antigos sócios ficaram para trás, novas pedras apareceram no ano passado no caminho do dono do Facebook. Seu negócio é alvo de calorosos debates sobre como devem ser tratados os dados pessoais dos usuários da rede social. Afinal, estas informações formam um enorme banco de dados que vale ouro para os anunciantes do Facebook e serviram para rentabilizar o negócio - e encher o bolso de Zuckerberg.
O dilema é bem simples. A lucratividade do Facebook só é possível graças às informações coletadas sobre os usuários, permitindo a criação de propagandas direcionadas para públicos específicos. No entanto, é justamente este enorme conjunto de informações que mais preocupa governos e cidadãos, pois não há garantias sobre como estes dados serão tratados.
Esse problema veio à tona no ano passado e ganhou os holofotes no mundo todo, no escândalo da Cambridge Analytica, assessoria política que dirigiu a campanha digital de Donald Trump em 2016. Na ocasião, informações privadas de 87 milhões de pessoas foram coletadas sem consentimento no Facebook por meio de um teste psicológico que circulava na rede social. O empresário teve que se explicar ao Congresso norte-americano em abril de 2018. Ele admitiu que há problemas de proteção de dados e disse que a empresa investiria em medidas para reforçar a sua segurança.
Além de gastar saliva se explicando para autoridades, o CEO do Facebook teve de dar uma resposta aos usuários e acionistas da empresa. A companhia revisou sua política para aumentar o rigor com o controle dos dados. O grande desafio é adotar boas práticas sem perder a atratividade do negócio como plataforma de marketing.
O escândalo da Cambridge Analytica deu combustível à outra crítica recorrente contra Zuckerberg: o acúmulo de funções na empresa. Ele é, ao mesmo tempo, fundador, acionista, CEO e presidente do conselho do Facebook. Alguns investidores pediram formalmente que ele renunciasse ao cargo de presidente do conselho e mantivesse sua atuação como executivo. Chegaram a acusar a gestão de Zuckerberg de "ditadura" e pedem por um comando que justamente questione e fiscalize as decisões do principal executivo da empresa.
O problema é que tirar Zuckerberg do comando do Facebook à força é praticamente impossível. Ele criou uma estrutura societária na qual ele tem a maioria das ações com poder de voto na companhia. Ou seja: nem que todos os minoritários se juntem podem vencê-lo numa eventual disputa de poder entre os sócios do Facebook.
Robô da internet
Casado com a ex-colega de Harvard Priscilla Chan, com quem tem duas filhas, Zuckerberg é conhecido por um estilo de vida relativamente simples. Seu casamento, em 2012, foi uma festa surpresa, que os convidados achavam se tratar da festa de formatura de Priscilla.
Assim como outro ícone da tecnologia, Steve Jobs, Zuckerberg tem um estilo despojado. Costuma vestir jeans, camiseta e moletom, e chama atenção ao dirigir carros comuns para a classe média dos Estados Unidos, como um Honda Fit e um Acura TSX. Fã dos filmes Guerra nas Estrelas, Zuckerberg é apenas “Zuck” para os mais próximos.
Apesar de ser admirado por muitos, o empresário costuma sofrer críticas devido à sua personalidade um tanto enigmática e introvertida, o que deu origem ao apelido nada carinhoso de “robô” na internet.
Uma outra curiosidade sobre Zuckerberg acabou favorecendo a escolha do azul para a identidade visual do Facebook. Ele é daltônico e azul é a cor que ele melhor consegue distinguir.
Não vende...
Um traço marcante na sua trajetória é a inabalável confiança em seu negócio, o que ficou evidente quando várias empresas tentaram comprar o Facebook, sem sucesso. Um caso emblemático foi a oferta de US$ 1 bilhão feita pelo Yahoo em 2007. Ao contrário do que muitos recomendaram, Zuckerberg não quis vender o negócio por acreditar que ele valia muito mais do que isso.
A história mostrou que ele estava certo. Anos depois a Microsoft pagou US$ 240 milhões por uma fatia de 1,6%, o que avaliou o Facebook como uma empresa de US$ 15 bilhões. A abertura de capital da empresa, ocorrida em 2012, foi o maior IPO de uma empresa de internet já realizado até então, e o sétimo maior da história mundial. Na ocasião, a empresa captou US$ 16 bilhões no mercado.
...mas compra até ilha
Apesar do sucesso, nem só de Facebook vive o seu fundador. Entre outros investimentos do empresário estão a startup de educação Panorama Education, a empresa de inteligência artificial Vicarious e a startup de softwares Asana. Assim como vários outros bilionários, Zuckerberg também gosta de investir no ramo imobiliário. Uma das iniciativas mais comentadas sobre ele foi a compra das casas dos seus quatro vizinhos em Palo Alto, na Califórnia, para ter maior privacidade. Outra tacada foi a compra de uma parte de uma ilha havaiana por US$ 100 milhões.
Ele também participa do grupo de lobby político FWD.us, que tem como objetivo influenciar decisões relativas a educação e imigração.
Vai doar quase tudo
Mark e Priscilla seguiram os passos do casal Bill e Melinda Gates e criaram uma instituição filantrópica, a Chan Zuckerberg Initiative. Os principais projetos são nas áreas de saúde, educação e ciência.
https://www.facebook.com/notes/mark-zuckerberg/a-letter-to-our-daughter/10153375081581634/
Em 2015, após o nascimento de sua primeira filha, Max, o casal anunciou que pretende doar até 99% de suas ações do Facebook à entidade. Tudo será feito gradativamente, logo, Zuckerberg não perderá o controle do Facebook tão cedo.
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