Juro maior é carta fora do baralho…
Os bancos têm aplicados no curto prazo mais de 1,3 trilhão de reais, e as empresas, mais de 200 bilhões de reais, mostram os dados do Banco Central. Essa montanha de dinheiro manda algumas mensagens.
“Quem gosta de banco é banqueiro!” Ouvi essa afirmação de um ex-presidente do Citibank no Brasil quando fui entrevistá-lo anos atrás. Fui surpreendida com tamanha franqueza, confesso. Jornalista especializada em sistema bancário naquela época, até tentei convencê-lo de que não era bem assim... Não consegui. Nos muitos anos que viriam após aquele encontro vi que ele tinha razão. Mortais, como eu e você, olham torto para os bancos. Vamos às agências como quem se dirige à guilhotina. Esperamos o golpe a ser desferido por taxas e tarifas.
É verdade que os bancos digitais já chegaram ao Brasil e dispensam o mesmo tratamento aos grandes e aos pequenos correntistas. Mas manter relacionamento com um gerente virtual ainda é novidade para a maioria dos brasileiros. Eu já falei de “relacionamento virtual” no almoço de domingo com a minha família e TO-DOS acreditaram que eu estava falando do Tinder!
Os brasileiros conhecem bem, apenas por ora (tenho convicção!), os bancos de agência, ainda que se mostrem cada vez mais digitais. Eu pensava nos bancos e no banqueiro do Citi, na segunda-feira (15), quando cheguei à reunião dos editores da Empiricus.
Ao contrário das reuniões anteriores, desta vez meus colegas comentaram, logo de cara e com entusiasmo, que a atividade econômica piorou, o consumo de alimentos caiu, a inflação subiu e as empresas estão pisando no freio com dinheiro em caixa. No meu canto, pensei que dinheiro parado faz falta em algum lugar. Não fosse a economia em marcha lentíssima no Brasil — por ruídos políticos e baixa convicção do próprio governo no sucesso da reforma da Previdência —, um bom dinheiro poderia estar sendo investido na produção.
Considero normal um “pit stop” do meu e do seu dinheiro nos bancos, enquanto decidimos por uma aplicação financeira. Penso que até algum dinheiro das empresas pode dar uma paradinha em troca de juro pouco acima da inflação. Mas não me parece nada “normal” a manutenção de bilhões de reais por empresas e bancos em aplicações de curtíssimo prazo por meses e até anos a fio.
Recado dos bancos
Os bancos têm aplicados no curto prazo mais de 1,3 trilhão de reais, e as empresas, mais de 200 bilhões de reais, mostram os dados do Banco Central. Essa montanha de dinheiro manda algumas mensagens: nossa economia segue em desequilíbrio e não se recuperou da forte retração em 2015 e 2016; o governo brasileiro é voraz e precisa bancar despesas tomando dinheiro de investidores; um aumento da taxa de juro é carta fora do baralho. Não é à toa que a taxa Selic está em 6,50 por cento há mais de um ano, um recorde de baixa. E quando se mover cairá!
Leia Também
Os bancos aplicam, em “operações compromissadas” do Banco Central mais de 1 trilhão de reais desde meados de 2016. Essas operações correspondem à venda de títulos pelo Banco Central que os recompra em datas futuras, em troca de juro abaixo da Selic ou do CDI.
As empresas contratam operações semelhantes. Não diretamente com o Banco Central, mas com instituições financeiras.
O dinheiro dos bancos está aplicado basicamente em títulos públicos, indica o monitoramento que o Banco Central divulga há mais de uma década. Já o monitoramento dessas operações de curtíssimo prazo realizadas por empresas é mais recente e segmentado. O saldo das aplicações das empresas não financeiras é registrado em títulos públicos e títulos privados, como as debêntures.
Em fevereiro, último dado oficial, publicado pelo Banco Central, as “operações compromissadas” contratadas por empresas somavam 213 bilhões de reais, sendo cerca de 150 bilhões de reais com garantia em papéis do Tesouro, e 63,4 bilhões de reais em títulos privados.
Joesley Day
O montante dessas aplicações é um reflexo do vai e vem da atividade econômica e também de eventos econômicos e políticos que trazem incerteza quanto ao futuro do país.
No início da década de 2000, reais começaram a ser empilhados porque o Banco Central comprava dólares em mercado e emitia dinheiro para fazer o pagamento.
Em maio de 2017, quando a divulgação da conversa entre o empresário Joesley Batista e Michel Temer arrastou o então presidente para o centro da Operação Lava Jato, as empresas chegaram a manter no curto prazo mais de 350 bilhões de reais. Nos meses seguintes, ocorreu um desmonte dessas aplicações, que encerraram aquele ano com saldo em torno de 230 bilhões de reais.
Quando a campanha eleitoral começou para valer, em agosto de 2018, as aplicações das empresas estavam em 244 bilhões de reais. Quatro meses depois, passada a eleição e confirmada a vitória de Jair Bolsonaro para a Presidência da República, esse montante já havia caído a 201 bilhões de reais.
Uma reversão dessa queda está em curso. Em dois meses de governo Bolsonaro, em fevereiro deste ano, as aplicações das empresas no curtíssimo prazo estavam em 213 bilhões de reais e com tendência ascendente que poderá ser interrompida. Isso se a reforma da Previdência for aprovada, se o governo insistir no programa de privatização e o presidente desistir (de fato) de interferir na política de preços da Petrobras.
Ao considerarmos o adiamento da votação da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara para a semana que vem, a escalada do dólar e o tombo do Ibovespa ontem, é improvável que empresas e bancos tirem seu dinheiro do curtíssimo prazo.
Em momentos de grande incerteza ou de incerteza crescente, a liquidez de uma aplicação financeira fala mais alto que a perspectiva de remuneração. Essa reflexão me faz lembrar mais uma vez do ex-presidente do Citi, para quem banqueiro é quem gosta de banco. E se tem algo que aprendi nesta minha profissão é que banqueiro não perde. Banqueiro sabe ganhar dinheiro.
Nesta quinta-feira, véspera de feriado da Sexta-feira Santa, o mercado financeiro deve operar com cautela e com duas informações adicionais: a Petrobras anunciou ontem o reajuste de 10 centavos por litro no preço do óleo diesel, um aumento que varia de 4,518 por cento a 5,147 por cento; será de 106 bilhões de reais o bônus de assinatura que será pago pelas empresas vencedoras do leilão de petróleo pré-sal a ser realizado em 28 de outubro.
O Ibovespa Futuro opera em alta na abertura dos negócios e o dólar em leve queda.
Lucro dos bancos avança no 3T24, mas Selic alta traz desafios para os próximos resultados; veja quem brilhou e decepcionou na temporada de balanços
Itaú mais uma vez foi o destaque entre os resultados; Bradesco avança em reestruturação e Nubank ameaça desacelerar, segundo analistas
Warren Buffett não quer o Nubank? Megainvestidor corta aposta no banco digital em quase 20% — ação cai 8% em Wall Street
O desempenho negativo do banco digital nesta sexta-feira pode ser explicado por três fatores principais — e um deles está diretamente ligado ao bilionário
Banco do Brasil (BBAS3) de volta ao ataque: banco prevê virada de chave com cartão de crédito em 2025
Após fase ‘pé no chão’ depois da pandemia da covid-19, a instituição financeira quer expandir a carteira de cartão de crédito, que tem crescido pouco nos últimos dois anos
“A bandeira amarela ficou laranja”: Balanço do Banco do Brasil (BBAS3) faz ações caírem mais de 2% na bolsa hoje; entenda o motivo
Os analistas destacaram que o aumento das provisões chamou a atenção, ainda que os resultados tenham sido majoritariamente positivos
Acendeu a luz roxa? Ações do Nubank caem forte mesmo depois do bom balanço no 3T24; Itaú BBA rebaixa recomendação
Relatório aponta potencial piora do mercado de crédito em 2025, o que pode impactar o custo dos empréstimos feitos pelo banco
Agro é pop, mas também é risco para o Banco do Brasil (BBAS3)? CEO fala de inadimplência, provisões e do futuro do banco
Redução no preço das commodities, margens apertadas e os fenômenos climáticos extremos afetam em cheio o principal segmento do BB
A B3 vai abrir nos dias da Proclamação da República e da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios durante os feriados
Os feriados nacionais de novembro são as primeiras folgas em cinco meses que caem em dias úteis. O Seu Dinheiro foi atrás do que abre e fecha durante as comemorações
A China presa no “Hotel California”: o que Xi Jinping precisa fazer para tirar o país da armadilha — e como fica a bolsa até lá
Em carta aos investidores, à qual o Seu Dinheiro teve acesso em primeira mão, a gestora Kinea diz o que esperar da segunda maior economia do mundo
Banco do Brasil (BBAS3) lucra R$ 9,5 bilhões no 3T24, mas provisões aumentam 34% e instituição ajusta projeções para 2024
A linha que contabiliza as projeções de créditos e o guidance para o crescimento de despesas foram alteradas, enquanto as demais perspectivas foram mantidas
Nubank (ROXO34) supera estimativas e reporta lucro líquido de US$ 553 milhões no 3T24; rentabilidade (ROE) chega aos 30%
Inadimplência de curto prazo caiu 0,1 ponto percentual na base trimestral, mas atrasos acima de 90 dias subiram 0,2 p.p. Banco diz que indicador está dentro das estimativas
Por que o Warren Buffett de Londrina não para de comprar ações da MRV (MRVE3)? Gestor com mais de R$ 8 bilhões revela 15 apostas na bolsa brasileira
CEO da Real Investor, Cesar Paiva ficou conhecido por sua filosofia simples na bolsa: comprar bons negócios a preços atrativos; veja as ações no portfólio do gestor
Bradespar (BRAP4) aprova pagamento de R$ 342 milhões em proventos; saiba como receber
Terão direito aos proventos os acionistas que estiverem registrados na companhia até o final do dia 12 de novembro de 2024
BTG Pactual (BPAC11): lucro bate novo recorde no 3T24 e banco anuncia recompra bilionária de ações; veja os números
Lucro líquido do BTG foi de R$ 3,207 bilhões, alta de 17,3% em relação ao terceiro trimestre de 2023; ROE atinge 23,5%
“Estamos absolutamente prontos para abrir capital”, diz CEO do BV após banco registrar lucro recorde no 3T24
O BV reportou um lucro líquido de R$ 496 milhões no terceiro trimestre de 2024, um recorde para a instituição em apenas três meses
Onda roxa: Nubank atinge 100 milhões de clientes no Brasil e quer ir além do banco digital; entenda a estratégia
Em maio deste ano, o Nubank tinha atingido o marco de 100 milhões de clientes globalmente, contando com as operações no México e na Colômbia
Adeus, Porto Seguro (PSSA3), olá Lojas Renner (LREN3) e Vivara (VIVA3): em novembro, o BTG Pactual decidiu ‘mergulhar’ no varejo de moda; entenda o motivo
Na carteira de 10 ações para novembro, o BTG decidiu aumentar a exposição em ações do setor de varejo de moda com múltiplos atraentes e potencial de valorização interessante
Melhor que Magazine Luiza (MGLU3)? Apesar do resultado forte no 3T24, Empiricus prefere ação de varejista barata e com potencial de valorizar até 87,5%
Na última quinta-feira (8), após o fechamento do pregão, foi a vez do Magazine Luiza (MGLU3) divulgar seus resultados referentes ao terceiro trimestre de 2024, que agradaram o mercado, com números bem acima das expectativas. Entre julho e setembro deste ano, o Magalu registrou um lucro líquido de R$ 102,4 milhões, revertendo o prejuízo de […]
Méliuz (CASH3): fundador deixa o comando da empresa e anuncia novo CEO
Israel Salmen será presidente do conselho de administração e também assumirá outros cargos estratégicos do grupo
Após lucro acima do esperado no 3T24, executivo do Banco ABC fala das estratégias — e dos dividendos — até o final do ano
Ricardo Miguel de Moura, diretor de relações com investidores, fusões e aquisições e estratégia do Banco ABC, concedeu entrevista ao Seu Dinheiro após os resultados
Itaú (ITUB4): o que fazer com as ações após mais um balanço surpreendente? Veja a recomendação dos analistas
Reação favorável ao resultado do 3T24 do maior banco privado brasileiro é praticamente unânime; confira a visão e as indicações dos analistas para o Itaú