Inadimplência, despesas e tributos explicam crédito caro no Brasil
Banco Central apresenta decomposição do spread bancário e lucro dos bancos, apesar de ter aumentando, segue como menor parcela no custo do dinheiro
O Banco Central (BC) apresentou a decomposição do custo do crédito e do spread bancário, a famigerada diferença entre a taxa de captação dos bancos e quanto o tomador paga na ponta final. Apesar de ser contra intuitivo, o lucro dos bancos não se apresenta como principal explicação, apesar de ter ampliado sua participação na margem.
Considerando valores médios entre 2016 e 2018, o componente de inadimplência respondeu por 37,2% do spread, seguido por despesas administrativas, com 27,4%, tributos e FGC (20,6%) e, por último, está a margem financeira, com 14,9%.
A comparação de 2017 com 2018 mostra redução na contribuição da inadimplência, de 38,67% para 33,55%. As despesas administrativas subiram de 27,45% para 28,18%, tributos de FGC também aumentaram de 19,76% para 21,62%, e o lucro teve aumento de 14,12% para 16,65%.
Segundo o BC, o aumento da participação de tributos e FGC dentro do spread é reflexo da queda da inadimplência, que elevou a rentabilidade das operações.
O que os dados nos mostram é que os bancos se apropriaram de parte do ganho com a queda da inadimplência, outra parte virou despesa e impostos e parte semelhante do que virou lucro foi repassada para o spread total do ICC, que teve leve queda de 12,75 pontos para 12,49 pontos percentuais.
Leia Também
O BC considera seu Indicador do Custo do Crédito (ICC) para fazer as estimações. O ICC estima o custo médio, sob a ótica do tomador, de todas as operações de crédito ainda em aberto no sistema, independentemente da data de contratação do crédito, incorporando informações tanto do fluxo quanto do estoque de operações.
De 2017 para 2018, o ICC caiu de 20,25 pontos para 19,26 pontos percentuais. A explicação, aqui é dada pelo custo de captação, que teve queda em linha com o ciclo de corte de juros, seguido pela redução da inadimplência, que foi parcialmente compensada por aumento na tributação e da margem financeira. Dessa estimativa do ICC o BC retira o custo de captação e faz a estimativa do spread do ICC.
O BC também fez algumas simulações hipotéticas com esses principais componentes. Se a inadimplência em 2018 tivesse sido zero, o spread do ICC seria 8,2%, em vez de 12,5%. No caso de Despesas administrativas, o impacto seria uma redução de 3,9 pontos. Finalmente, caso não houvesse Margem financeira, o spread do ICC seria 4,2 pontos menor.
Pessoa física paga mais
Outra desagregação feita pelo BC mostra que o spread médio da carteira de crédito para a pessoa física foi substancialmente maior do que o da carteira das empresas, com média de 17,45 pontos contra 7,23 pontos.
A explicação está na margem financeira que é bastante superior nas operações com pessoas físicas, o que faz com que a margem represente cerca de 19,6% do spread médio verificado no período para as famílias, contra 2,8% das empresas.
A inadimplência da carteira de pessoas física também é mais elevada (média de 5,4 ponto contra 3,9 ponto.), bem como as despesas administrativas e custos tributários.
Dentro da carteira de empresas, o BC nota que há um volume de empréstimos para empresas de grande porte, que geralmente têm menor risco de crédito e captam recursos de instituições financeiras em operações de grande valor, o que reduz o custo administrativo por unidade monetária emprestada.
Além disso, nesse segmento há concorrência entre funding interno e externo e entre recursos bancários e provenientes do mercado de capitais.
Para as empresas médias e, principalmente, para micro e pequenas os spreads são mais próximos aos verificados na carteira de pessoa física.
A meia entrada
O BC também fez a decomposição do ICC para as carteiras de crédito livre e direcionado, também conhecido como "meia entrada", pois quem tem acesso paga menos e os demais têm de arcar com esses custo. Os principais exemplos de crédito direcionado são a carteira do BNDES, financiamentos imobiliários e rurais.
Na carteira de crédito livre, o ICC médio entre 2016 e 2018 é de 36,06 pontos percentuais, enquanto no direcionado fica em 8,81 pontos. Segundo o BC, isso reflete as limitações de taxas impostas por regulamentação específica no direcionado.
Por outro lado, há uma limitação na oferta de crédito, pois, para que essa modalidade seja economicamente viável, serão concedidas somente operações em que os componentes do ICC do crédito direcionado sejam, em média, menores que os observados no crédito livre.
Mesmo com essa ponderação, temos que o lucro do banco ao emprestar no direcionado é zero, na verdade levemente negativo (0,03), o que tem de ser compensado no crédito livre.
Dessa forma, diz o BC, para que o capital das instituições financeiras alocado para crédito tenha remuneração ajustada ao risco que viabilize a oferta desse produto financeiro, é necessário que a rentabilidade da carteira de crédito livre seja superior ao que poderia ser na hipótese de ausência de carteira de crédito direcionado com rentabilidade próxima de zero.
Os dados estão no Relatório de Economia Bancária (REB) que pode ser acesso aqui.
Lucro dos bancos avança no 3T24, mas Selic alta traz desafios para os próximos resultados; veja quem brilhou e decepcionou na temporada de balanços
Itaú mais uma vez foi o destaque entre os resultados; Bradesco avança em reestruturação e Nubank ameaça desacelerar, segundo analistas
Warren Buffett não quer o Nubank? Megainvestidor corta aposta no banco digital em quase 20% — ação cai 8% em Wall Street
O desempenho negativo do banco digital nesta sexta-feira pode ser explicado por três fatores principais — e um deles está diretamente ligado ao bilionário
Banco do Brasil (BBAS3) de volta ao ataque: banco prevê virada de chave com cartão de crédito em 2025
Após fase ‘pé no chão’ depois da pandemia da covid-19, a instituição financeira quer expandir a carteira de cartão de crédito, que tem crescido pouco nos últimos dois anos
“A bandeira amarela ficou laranja”: Balanço do Banco do Brasil (BBAS3) faz ações caírem mais de 2% na bolsa hoje; entenda o motivo
Os analistas destacaram que o aumento das provisões chamou a atenção, ainda que os resultados tenham sido majoritariamente positivos
Acendeu a luz roxa? Ações do Nubank caem forte mesmo depois do bom balanço no 3T24; Itaú BBA rebaixa recomendação
Relatório aponta potencial piora do mercado de crédito em 2025, o que pode impactar o custo dos empréstimos feitos pelo banco
Agro é pop, mas também é risco para o Banco do Brasil (BBAS3)? CEO fala de inadimplência, provisões e do futuro do banco
Redução no preço das commodities, margens apertadas e os fenômenos climáticos extremos afetam em cheio o principal segmento do BB
A B3 vai abrir nos dias da Proclamação da República e da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios durante os feriados
Os feriados nacionais de novembro são as primeiras folgas em cinco meses que caem em dias úteis. O Seu Dinheiro foi atrás do que abre e fecha durante as comemorações
A China presa no “Hotel California”: o que Xi Jinping precisa fazer para tirar o país da armadilha — e como fica a bolsa até lá
Em carta aos investidores, à qual o Seu Dinheiro teve acesso em primeira mão, a gestora Kinea diz o que esperar da segunda maior economia do mundo
Banco do Brasil (BBAS3) lucra R$ 9,5 bilhões no 3T24, mas provisões aumentam 34% e instituição ajusta projeções para 2024
A linha que contabiliza as projeções de créditos e o guidance para o crescimento de despesas foram alteradas, enquanto as demais perspectivas foram mantidas
Nubank (ROXO34) supera estimativas e reporta lucro líquido de US$ 553 milhões no 3T24; rentabilidade (ROE) chega aos 30%
Inadimplência de curto prazo caiu 0,1 ponto percentual na base trimestral, mas atrasos acima de 90 dias subiram 0,2 p.p. Banco diz que indicador está dentro das estimativas
Por que o Warren Buffett de Londrina não para de comprar ações da MRV (MRVE3)? Gestor com mais de R$ 8 bilhões revela 15 apostas na bolsa brasileira
CEO da Real Investor, Cesar Paiva ficou conhecido por sua filosofia simples na bolsa: comprar bons negócios a preços atrativos; veja as ações no portfólio do gestor
Bradespar (BRAP4) aprova pagamento de R$ 342 milhões em proventos; saiba como receber
Terão direito aos proventos os acionistas que estiverem registrados na companhia até o final do dia 12 de novembro de 2024
BTG Pactual (BPAC11): lucro bate novo recorde no 3T24 e banco anuncia recompra bilionária de ações; veja os números
Lucro líquido do BTG foi de R$ 3,207 bilhões, alta de 17,3% em relação ao terceiro trimestre de 2023; ROE atinge 23,5%
“Estamos absolutamente prontos para abrir capital”, diz CEO do BV após banco registrar lucro recorde no 3T24
O BV reportou um lucro líquido de R$ 496 milhões no terceiro trimestre de 2024, um recorde para a instituição em apenas três meses
Onda roxa: Nubank atinge 100 milhões de clientes no Brasil e quer ir além do banco digital; entenda a estratégia
Em maio deste ano, o Nubank tinha atingido o marco de 100 milhões de clientes globalmente, contando com as operações no México e na Colômbia
Renda fixa apimentada: “Têm nomes que nem pagando CDI + 15% a gente quer”; gestora da Ibiuna comenta sobre risco de bolha em debêntures
No episódio da semana do podcast Touros e Ursos, Vivian Lee comenta sobre o mercado de crédito e onde estão os principais riscos e oportunidades
Méliuz (CASH3): fundador deixa o comando da empresa e anuncia novo CEO
Israel Salmen será presidente do conselho de administração e também assumirá outros cargos estratégicos do grupo
Após lucro acima do esperado no 3T24, executivo do Banco ABC fala das estratégias — e dos dividendos — até o final do ano
Ricardo Miguel de Moura, diretor de relações com investidores, fusões e aquisições e estratégia do Banco ABC, concedeu entrevista ao Seu Dinheiro após os resultados
Itaú (ITUB4): o que fazer com as ações após mais um balanço surpreendente? Veja a recomendação dos analistas
Reação favorável ao resultado do 3T24 do maior banco privado brasileiro é praticamente unânime; confira a visão e as indicações dos analistas para o Itaú
“Podem esperar um valor maior do que no ano passado”: CEO do Itaú (ITUB4) confirma dividendos extraordinários em 2024; ações saltam na B3
O banco aproveitou para comentar também a mudança nas projeções (guidance) para a expansão da carteira de crédito