Dívida de concessionárias de quase R$ 6 bilhões ameaça bancos públicos
Valor representa quase 90% da dívida de quatro concessionárias em dificuldades: Viracopos, Via-040, Rota do Oeste e Concebra
Sem crédito no mercado e com problemas financeiros, concessionárias de rodovias e aeroportos acumulam uma dívida de quase R$ 6 bilhões com bancos públicos, especialmente com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Esse montante representa quase 90% da dívida de quatro concessionárias (Viracopos, Via-040, Rota do Oeste e Concebra) em dificuldades, sendo que a maioria delas pode perder a concessão por não cumprir o contrato.
Segundo especialistas, diante da atual situação, os credores correm o risco de não receber todo o valor emprestado. O maior prejudicado seria o BNDES, mas como alguns financiamentos tiveram garantias de outras instituições, o prejuízo pode respingar também nos bancos privados. O risco está na incerteza sobre o futuro dessas concessões.
No caso de uma retomada do ativo pelo poder público, seja por caducidade, falência ou relicitação (que ainda não está regulamentada), as agências reguladoras precisam calcular o valor dos investimentos não amortizados e fazer a indenização à concessionária. É com esse dinheiro que as empresas pagariam suas dívidas.
O problema é que algumas delas têm dívidas com o próprio poder público, que seriam abatidas na indenização. É o caso, por exemplo, do Aeroporto de Viracopos. Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), atualmente a concessionária tem R$ 837 milhões em débitos com o órgão regulador a título de multas e contribuições mensais não pagas. Esse valor seria descontado de uma indenização no caso de retomada da concessão.
A Anac tem um processo de caducidade (extinção da concessão) contra o aeroporto, que está em recuperação judicial, com uma dívida de R$ 2,9 bilhões. O processo, no entanto, está suspenso por decisão judicial. Nesse caso, a dívida da concessionária com o BNDES é de R$ 2,6 bilhões - sendo cerca de R$ 500 milhões garantidos por bancos privados. Em nota, Viracopos afirmou que está com os pagamentos do BNDES em dia.
Leia Também
"Em caso de extinção antecipada do contrato de concessão, as dívidas da empresa com os financiadores poderão ser amortizadas pela indenização paga pela agência", explicou a Anac. A questão é saber como será feito o cálculo da indenização, afirma o sócio da área de infraestrutura do escritório Machado Meyer Advogados, Mauro Penteado. Dependendo do resultado, o processo pode virar uma longa briga judicial.
Segundo fontes no Planalto, o valor líquido de algumas indenizações são bem menores do que os financiamentos a serem pagos. Por esse motivo, os bancos deverão ter participação relevante num processo de relicitação já que parte da indenização irá para eles, afirma Penteado.
Obras pendentes
Ao contrário de Viracopos, que fez grande parte dos investimentos previstos, mas não honrou todos os pagamentos de outorga, as rodovias estão com obras pendentes.
No caso da Rota do Oeste, da Odebrecht, apenas os primeiros 117 quilômetros (km) de um total de 850 km de estrada foram duplicados, com investimentos de R$ 1,8 bilhão.
Parte das obras foi feita com um empréstimo-ponte concedido pelo BNDES e Caixa no valor de quase R$ 1 bilhão.
Os valores do BNDES estão garantidos por seis bancos privados, mas o da Caixa não tem fiança. O problema surgiu quando o banco de fomento não quis conceder o crédito de longo prazo para a empresa concluir o projeto.
Envolvida na Lava Jato e sem crédito na praça, a empresa interrompeu os investimentos. Atualmente gasta por ano cerca de R$ 120 milhões com juros e renovação do empréstimo-ponte e das fianças.
Em nota, a Caixa afirmou que uma das possibilidades de atendimento às concessionárias seria a relicitação, com a entrada de novos investidores no mercado, ou o reequilíbrio dos contratos de uma maneira global. "Nos dois casos, deve ser observada a nova taxa de retorno dos projetos, levando em consideração as dívidas contraídas."
As outras rodovias seguem roteiro semelhante ao da Rota do Oeste. A Concebra, que administra as BRs 060/153/262 (DF/GO/MG), teve empréstimo-ponte do BNDES, mas não conseguiu o financiamento de longo prazo. Com a frustração da demanda na rodovia, leiloada no governo Dilma Rousseff, a empresa - controlada pela Triunfo, envolvida na Lava Jato - teve as garantias executadas pelo banco de fomento.
A concessionária, que também tem dívida com o Banco do Brasil, já manifestou interesse de devolver a rodovia para o governo federal. Procurada, não quis falar sobre o assunto.
Via-040, da Invepar, também já anunciou interesse em devolver a concessão. A empresa administra 936 km entre Brasília (DF) e Juiz de Fora (MG). Em nota, afirmou que protocolou em 2017 o pedido de adesão ao processo de relicitação das concessões e aguarda a regulamentação da lei. A empresa detém uma dívida de quase R$ 900 milhões com o BNDES.
Reequilíbrio
As concessionárias de rodovias entraram com pedido de reequilíbrio econômico-financeiro para recompor seus contratos uma vez que a crise econômica derrubou a demanda e provocou estragos no caixa das companhias. Mas o novo governo tem deixado claro que não pretende repactuar contratos para não dar exemplos para outros investidores.
Numa relicitação, no entanto, há outras questões que influenciam no valor da indenização. O dinheiro para pagar pelos investimentos não amortizados viria da oferta feita pelos vencedores da relicitação.
Isso significa que a arrecadação dependerá do apetite dos investidores. "O governo tem muitas prioridades, mas esse assunto está na pauta para ser resolvido", afirma o sócio Pablo Sorj, especialista em infraestrutura e financiamento de projetos do escritório Mattos Filho.
Segundo ele, a solução para a questão não é trivial. "Algumas opções são mais rápidas, mas geram muitos ruídos no mercado", diz ele.
No caso da caducidade, o processo demanda tempo e dinheiro, além de não ser um processo pacífico. A relicitação seria o meio do caminho, diz ele. Mas o decreto que regulamenta a lei ainda não saiu.
Procurados, o Ministério de Infraestrutura, BNDES e Banco do Brasil não se pronunciaram sobre o assunto.
Lucro dos bancos avança no 3T24, mas Selic alta traz desafios para os próximos resultados; veja quem brilhou e decepcionou na temporada de balanços
Itaú mais uma vez foi o destaque entre os resultados; Bradesco avança em reestruturação e Nubank ameaça desacelerar, segundo analistas
Warren Buffett não quer o Nubank? Megainvestidor corta aposta no banco digital em quase 20% — ação cai 8% em Wall Street
O desempenho negativo do banco digital nesta sexta-feira pode ser explicado por três fatores principais — e um deles está diretamente ligado ao bilionário
Banco do Brasil (BBAS3) de volta ao ataque: banco prevê virada de chave com cartão de crédito em 2025
Após fase ‘pé no chão’ depois da pandemia da covid-19, a instituição financeira quer expandir a carteira de cartão de crédito, que tem crescido pouco nos últimos dois anos
“A bandeira amarela ficou laranja”: Balanço do Banco do Brasil (BBAS3) faz ações caírem mais de 2% na bolsa hoje; entenda o motivo
Os analistas destacaram que o aumento das provisões chamou a atenção, ainda que os resultados tenham sido majoritariamente positivos
Acendeu a luz roxa? Ações do Nubank caem forte mesmo depois do bom balanço no 3T24; Itaú BBA rebaixa recomendação
Relatório aponta potencial piora do mercado de crédito em 2025, o que pode impactar o custo dos empréstimos feitos pelo banco
Agro é pop, mas também é risco para o Banco do Brasil (BBAS3)? CEO fala de inadimplência, provisões e do futuro do banco
Redução no preço das commodities, margens apertadas e os fenômenos climáticos extremos afetam em cheio o principal segmento do BB
A B3 vai abrir nos dias da Proclamação da República e da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios durante os feriados
Os feriados nacionais de novembro são as primeiras folgas em cinco meses que caem em dias úteis. O Seu Dinheiro foi atrás do que abre e fecha durante as comemorações
A China presa no “Hotel California”: o que Xi Jinping precisa fazer para tirar o país da armadilha — e como fica a bolsa até lá
Em carta aos investidores, à qual o Seu Dinheiro teve acesso em primeira mão, a gestora Kinea diz o que esperar da segunda maior economia do mundo
Banco do Brasil (BBAS3) lucra R$ 9,5 bilhões no 3T24, mas provisões aumentam 34% e instituição ajusta projeções para 2024
A linha que contabiliza as projeções de créditos e o guidance para o crescimento de despesas foram alteradas, enquanto as demais perspectivas foram mantidas
Nubank (ROXO34) supera estimativas e reporta lucro líquido de US$ 553 milhões no 3T24; rentabilidade (ROE) chega aos 30%
Inadimplência de curto prazo caiu 0,1 ponto percentual na base trimestral, mas atrasos acima de 90 dias subiram 0,2 p.p. Banco diz que indicador está dentro das estimativas
Por que o Warren Buffett de Londrina não para de comprar ações da MRV (MRVE3)? Gestor com mais de R$ 8 bilhões revela 15 apostas na bolsa brasileira
CEO da Real Investor, Cesar Paiva ficou conhecido por sua filosofia simples na bolsa: comprar bons negócios a preços atrativos; veja as ações no portfólio do gestor
Bradespar (BRAP4) aprova pagamento de R$ 342 milhões em proventos; saiba como receber
Terão direito aos proventos os acionistas que estiverem registrados na companhia até o final do dia 12 de novembro de 2024
BTG Pactual (BPAC11): lucro bate novo recorde no 3T24 e banco anuncia recompra bilionária de ações; veja os números
Lucro líquido do BTG foi de R$ 3,207 bilhões, alta de 17,3% em relação ao terceiro trimestre de 2023; ROE atinge 23,5%
“Estamos absolutamente prontos para abrir capital”, diz CEO do BV após banco registrar lucro recorde no 3T24
O BV reportou um lucro líquido de R$ 496 milhões no terceiro trimestre de 2024, um recorde para a instituição em apenas três meses
Onda roxa: Nubank atinge 100 milhões de clientes no Brasil e quer ir além do banco digital; entenda a estratégia
Em maio deste ano, o Nubank tinha atingido o marco de 100 milhões de clientes globalmente, contando com as operações no México e na Colômbia
Adeus, Porto Seguro (PSSA3), olá Lojas Renner (LREN3) e Vivara (VIVA3): em novembro, o BTG Pactual decidiu ‘mergulhar’ no varejo de moda; entenda o motivo
Na carteira de 10 ações para novembro, o BTG decidiu aumentar a exposição em ações do setor de varejo de moda com múltiplos atraentes e potencial de valorização interessante
Melhor que Magazine Luiza (MGLU3)? Apesar do resultado forte no 3T24, Empiricus prefere ação de varejista barata e com potencial de valorizar até 87,5%
Na última quinta-feira (8), após o fechamento do pregão, foi a vez do Magazine Luiza (MGLU3) divulgar seus resultados referentes ao terceiro trimestre de 2024, que agradaram o mercado, com números bem acima das expectativas. Entre julho e setembro deste ano, o Magalu registrou um lucro líquido de R$ 102,4 milhões, revertendo o prejuízo de […]
Méliuz (CASH3): fundador deixa o comando da empresa e anuncia novo CEO
Israel Salmen será presidente do conselho de administração e também assumirá outros cargos estratégicos do grupo
Após lucro acima do esperado no 3T24, executivo do Banco ABC fala das estratégias — e dos dividendos — até o final do ano
Ricardo Miguel de Moura, diretor de relações com investidores, fusões e aquisições e estratégia do Banco ABC, concedeu entrevista ao Seu Dinheiro após os resultados
Itaú (ITUB4): o que fazer com as ações após mais um balanço surpreendente? Veja a recomendação dos analistas
Reação favorável ao resultado do 3T24 do maior banco privado brasileiro é praticamente unânime; confira a visão e as indicações dos analistas para o Itaú