🔴 GANHOS DE ATÉ R$ 1.000 POR HORA? ESTE MÉTODO PODE GERAR RENDA DE 7 DÍGITOS POR MÊS – CONHEÇA

Estadão Conteúdo
Entrevista

‘O ajuste no Brasil será mais difícil que o na Argentina’, diz Paulo Leme

Para professor da Universidade de Miami e membro do Comitê Latino-americano de Assuntos Financeiros, Brasil não deve abusar de gradualismo, pois tem ajuste proporcionalmente maior a fazer

Estadão Conteúdo
20 de janeiro de 2019
10:32 - atualizado às 10:23
Presidente da Argentina, Mauricio Macri, e Jair Bolsonaro - Imagem: José Cruz/Agência Brasil

A situação fiscal brasileira é mais delicada que a argentina, e o trabalho de ajuste mais difícil de ser conduzido, avalia Paulo Leme, professor da Universidade de Miami e membro do Comitê Latino-americano de Assuntos Financeiros (Claaf). Apesar de afirmar que os países são muito diferentes do ponto de vista de fundamentos econômicos, Leme diz que o Brasil não pode repetir o erro dos vizinhos de abusar de um ajuste gradualista.

Economistas apontam o ajuste fiscal gradual do governo Mauricio Macri como responsável pela crise, mas havia pressão política contra um choque. Macri tinha como evitar o gradualismo?

O grau do gradualismo poderia ter sido menor. Não havia espaço político para tratamento de choque, mas a abundância de financiamento externo e a boa vontade do setor privado no início do governo deram a ilusão de que havia tempo para se fazer as coisas difíceis. Agora, uma coisa é o ajuste fiscal e outra é o erro de condução da política monetária. A taxa de juros mais baixa do que o necessário para manter a inflação sob controle e o uso exagerado das reservas para manter o câmbio colocaram a Argentina em posição vulnerável.

O governo mudou parte de sua equipe econômica e trocou o presidente do Banco Central. Conseguiu retomar confiança?

Sim. Se não fosse pelo período eleitoral (as eleições presidenciais são em outubro), haveria credibilidade plena no aperto fiscal. Se não tivesse eleição, a aposta política seria endurecer o ajuste no primeiro semestre e colher resultados de crescimento em 2020. Só que essa escolha política que vai ser feita deixa Macri na necessidade de aprofundar o ajuste, porém com os riscos de o mercado começar a precificar a vitória da oposição.

Em documento elaborado em dezembro, o Claaf afirma que Brasil e Argentina podem se beneficiar de uma modernização do Mercosul. Quais modernizações a entidade defende?

Os objetivos do Mercosul são ultrapassados. Tem de ter convergência macroeconômica, expansão do número de membros e acordos entre grandes blocos regionais. Não dá para se fechar dentro do Mercosul com economias heterogêneas.

O documento fala que os dois países são diferentes para serem comparados de modo simplista. Quais as principais diferenças?

O Brasil tem estabilidade de preços e o Banco Central como um polo de estabilidade macroeconômica. A Argentina não. O Brasil não tem problema externo. Já a Argentina tem poucas reservas e déficit de conta corrente elevadíssimo. Mas ambos têm um problema fiscal sério, que no caso do Brasil é muito pior. O ajuste fiscal que a Argentina se propôs a fazer é de 2,6% do PIB. O que o Brasil precisa fazer em quatro anos é de no mínimo 5% do PIB. A metade do ajuste que a Argentina precisa fazer é via imposto de exportação. Então, parte dele é paga pelo consumidor de fora. Não é o caso do Brasil, que tem uma sobrecarga tributária tremenda e onde a saída é pelo corte de despesas, que é mais doloroso.

O que o Brasil pode aprender com a crise argentina, apesar dessas diferenças?

A primeira lição é: não corra risco, não peque sendo extremamente gradual. Além disso, as condições externas vêm se agravando. A situação de liquidez vai ser muito mais rarefeita para mercados emergentes, mesmo que o país tenha um bom balanço de pagamentos. Então não se deve abusar do gradualismo. Isso não quer dizer que tenha de ser draconiano. O segredo será fazer um ajuste duro e reconquistar a credibilidade do mercado para poder contar com uma forte entrada de capitais, especialmente de investimento direto para infraestrutura. Ao mesmo tempo, fazer reformas estruturais. Por exemplo, uma abertura para importação de bens de capital, aumentando a produtividade. É importante que investimentos e exportações compensem em parte o aspecto recessivo do ajuste de gastos do governo. Pode até se fazer um ajuste em vários anos, desde que se tenha grandes resultados e aprovações já no primeiro semestre, como a reforma da Previdência, que consolida a credibilidade. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".

Leia Também

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
A CRONOLOGIA DA DESACELERAÇÃO

A Argentina dos sonhos está (ainda) mais perto? Dólar dá uma trégua e inflação de outubro é a menor em três anos

12 de novembro de 2024 - 18:39

Por lá, a taxa seguiu em desaceleração em outubro, chegando a 2,7% em base mensal — essa não é apenas a variação mais baixa até agora em 2024, mas também é o menor patamar desde novembro de 2021

A PARADA É DURA

Trump, Milei e Musk juntos: o encontro do trio está mais próximo do que você pensa

8 de novembro de 2024 - 19:58

O presidente argentino será o primeiro líder a ser recebido pelo republicano; saiba quando eles vão se reunir e onde

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Lula terá uma única e última chance para as eleições de 2026

6 de novembro de 2024 - 20:01

Se Lula está realmente interessado em se reeleger em 2026, ou em se aposentar com louvor e construir Haddad como sucessor, suspeito que sua única chance seja a de recuperar nossa âncora fiscal

SONHO PARA UNS, PESADELO PARA OUTROS

Recado de Lula para Trump, Europa de cabelo em pé e China de poucas palavras: a reação internacional à vitória do republicano nos EUA

6 de novembro de 2024 - 15:19

Embora a maioria dos líderes estejam preocupados com o segundo mandato de Trump, há quem tenha comemorado a vitória do republicano

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: O Brasil vai virar a Argentina?

28 de outubro de 2024 - 20:01

Em conversas raras que acontecem sempre, escuto de grandes investidores: “nós não olhamos para o macro. Somos buffettianos e, portanto, só olhamos para o micro das empresas.”

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: Inflação é destaque no Brasil, EUA e China, com ata do Fed e PIB do Reino Unido no radar

7 de outubro de 2024 - 7:02

Além de dados de inflação, as atenções dos mercados financeiros se voltam para o fluxo cambial do Brasil e a balança comercial dos EUA e Reino Unido

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Sob pressão: Bolsas internacionais amanhecem no vermelho, mas alta do petróleo continua e pode ajudar o Ibovespa

3 de outubro de 2024 - 8:09

Vitória do governo no STF em relação a resíduos tributários do Programa Reintegra também pode repercutir no Ibovespa hoje

AFUERA

Javier Milei vai extinguir a Casa da Moeda e outras cinco instituições — será o fim do peso argentino?

2 de outubro de 2024 - 13:01

Além da Casa da Moeda, o governo argentino pretende fechar outros “quatro ou cinco” órgãos públicos, mas não deu maiores detalhes sobre quais seriam

HERMANOS EN DÓLAR

Em Nova York, Javier Milei promete eliminar controle cambial na Argentina — e abre brecha para um ataque especulativo contra o peso

23 de setembro de 2024 - 16:22

Conforme o jornal Ámbito Financeiro, Milei argumentou que o cepo cambial poderá ser reduzido “sem nenhum problema” assim que a inflação induzida por capitais cair

A DIFERENÇA É A DOSE

Milei bebeu do próprio veneno: Argentina corta tarifa que o próprio governo aumentou na tentativa de brecar os preços

28 de agosto de 2024 - 19:32

O ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, anunciou nesta quarta-feira (28) que a alíquota foi reduzida de 17,5% para 7,5%

OS SONS DO SILÊNCIO

Governo Lula cobra transparência nas eleições da Venezuela e passa o ônus da prova para Maduro

29 de julho de 2024 - 15:08

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Nicolás Maduro teria vencido as eleições da Venezuela; governos e entidades multilaterais cobram transparência na apuração dos votos

AY, HERMANOS

Dólar livre na Argentina: Banco Central do país anuncia regras para aliviar controle sobre moeda norte-americana 

24 de julho de 2024 - 18:07

Um dos objetivos da gestão Milei é unificar essas cotações em uma só e adotar o modelo de câmbio flutuante, como o do Brasil

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Ibovespa tenta manter invencibilidade em julho em dia de IBC-Br e reação a atentado contra Trump e PIB da China

15 de julho de 2024 - 8:00

Ibovespa protagoniza sua melhor sequência positiva desde a passagem de 2017 para 2018 e acumula alta de 4% em julho

HERESIA?

Libertário Milei anuncia intervenção no câmbio em tentativa desesperada de frear alta do dólar na Argentina

13 de julho de 2024 - 18:59

Governo de Javier Milei pretende vender dólares no mercado paralelo a partir de segunda-feira para “esterilizar” emissão equivalente de pesos nas transações cambiais

PREÇOS VOLTARAM A SUBIR

A magia de Milei acabou? Inflação na Argentina interrompe sequência de quedas e já supera os 270% em um ano

12 de julho de 2024 - 17:11

O avanço foi puxado pelo aumento nas tarifas de electricidade, gás e aluguéis residenciais

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Voltas e reviravoltas: Ibovespa tenta manter alta em semana de dados de inflação enquanto bolsas repercutem eleições na França

8 de julho de 2024 - 8:02

Ibovespa ainda não sabe o que é cair em julho; testemunhos de Powell, futuro de Biden e regulamentação da reforma tributária estão no radar

ADIÓS!

Além do HSBC: veja outras empresas que deixaram a Argentina nos últimos três anos; P&G, Latam e Walmart estão na lista

7 de julho de 2024 - 15:26

O setor financeiro foi um dos que mais foi afetado pela crise argentina. Por exemplo, em meados de 2023, o banco Itaú também anunciou sua saída do país após mais de 40 anos

CONFERÊNCIA CONSERVADORA

Bolsonaro ignora indiciamento pela PF e critica imprensa e o PT em evento de conservadores com Javier Milei

6 de julho de 2024 - 15:39

A fala de Bolsonaro abriu a Conferência de Política Ação e Conservadora (CPAC Brasil) na manhã deste sábado (6) em Balneário Camboriú

HERMANOS EM FOCO

Javier Milei conseguiu avanços na Argentina, mas catalisadores de curto prazo acabaram — esta analista revela o que ainda pode ser feito

4 de julho de 2024 - 15:37

Em um relatório publicado na última quarta-feira (3), a analista Sofia Ordonez, do BTG Pactual, destaca que o ritmo de ajustes econômicos na Argentina perdeu vapor

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Onde o câmbio vai parar? Depois de ver o dólar chegar a R$ 5,70, Lula chama reunião com ministros da área econômica

3 de julho de 2024 - 7:57

Lula vê o real sob ataque especulativo, mas há outros motivos para a alta do dólar, inclusive falas do próprio presidente

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar