Que ação seria o ‘The Rolling Stones’ da bolsa brasileira?
Estatais aparecem entre as principais recomendações de compra das corretoras. Tanto a petroleira como o banco apresentaram melhora nos resultados e devem acelerar venda de ativos
Março definitivamente foi um mês de altas emoções para os investidores da bolsa. Do céu ao inferno em poucos dias, o Ibovespa viu a tensão que tomou conta de Brasília derrubar as ações e a tão sonhada marca dos 100 mil pontos, que chegou a ser rompida no meio do pregão do dia 18 de março.
Mas se engana quem pensa que todo aquele otimismo do começo de 2019 foi embora. As farpas entre Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia trouxeram turbulências, mas nada que atrapalhou, pelo menos por enquanto, a viagem dos investidores rumo ao sonhado "bull market".
Otimismo é bom, mas no meio do caminho tinha uma pedra, ou melhor, uma reforma. A principal pauta da equipe econômica de Bolsonaro caminha a passos de tartaruga no Congresso. O fato é que, até agora, o governo não parece ter descoberto a fórmula secreta para emplacar a tal da "nova política".
E no meio disso tudo está você, caro leitor do Seu Dinheiro. O otimismo é grande, mas a cautela também. Então para que lado correr na bolsa?
Na dúvida, fique com os clássicos. Esse é o recado dos analistas financeiros que todos os meses escolhem 3 ações de suas carteiras recomendadas para sugerir aos leitores do Seu Dinheiro.
E liderando esses Top-3 de ações das gestoras estão duas estatais de peso: a boa e velha Petrobras e o Banco do Brasil.
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Olha ela de novo
Já está virando tradição e você sabe por que: a ação da Petrobras segue firme e forte na liderança das indicações dos analistas consultados pelo Seu Dinheiro e é recomendada por quatro das oito corretoras que ouvimos.
E não é para menos, já que a diretoria da petroleira vem reforçando dia após dia o seu comprometimento na redução de dívida e reestruturação do plano de negócios.
Para ajudar a dar impulso à indicação, a estatal divulgou um balanço anual positivo após quatro anos no vermelho, números que continuaram a ressoar bem entre os investidores. Além dos bons resultados financeiros, as expectativas também continuam altas para a venda da participação da estatal na Braskem e à privatização de algumas partes da companhia.
Um aparente desfecho cada vez mais próximo para a situação da cessão onerosa também está animando o mercado. A pauta vem sendo discutida desde 2013 e era uma das grandes apostas do governo Michel Temer, que tentou aprovar o acordo até o fim de seu governo, sem sucesso.
Vale lembrar que, com esse projeto e mais outras concessões, a empresa espera receber até R$ 18 bilhões do governo e da iniciativa privada. A expectativa dos analistas da Mirae Investimentos, uma das corretores que indica a compra dos papéis, é que uma solução definitiva venha após a votação da reforma da Previdência no Congresso.
A badalada política de preços da estatal também parece ser prioridade da atual gestão, que recentemente trouxe uma novidade neste sentido: a criação do “Cartão Caminhoneiro”, um projeto que permitirá a compra de diesel com preço fixo e a alteração na periodicidade de reajustes nas refinarias, que agora não devem ser feitos em períodos inferiores a 15 dias. A ideia busca auxiliar na gestão do risco na flutuação dos preços e agradou os caminhoneiros, afastando por tabela os temores de uma nova greve como a que parou o país em no ano passado.
Embora o cenário seja favorável ao andamento dos planos da estatal, analistas da Necton alertam para a possibilidade do cenário político influenciar a capacidade da Petrobras realizar os seus objetivos e animar o mercado a ser "sócio" do governo.
Bancos surfam onda positiva
Outro destaque das indicações do mês entre as corretoras foi o setor bancário. Quatro das sete corretoras que enviaram suas apostas para nós colocaram alguma instituição financeira no Top 3.
Mas queremos falar um pouco mais sobre o Banco do Brasil, líder isolado de indicações. Com um lucro de R$ 13,5 bilhões em 2018, o banco vive um momento interessante aos olhos do mercado, sobretudo quando observamos os passos da diretoria.
O presidente do BB, Rubem Novaes, ao defender uma pauta mais ampla de privatizações dentro do governo Bolsonaro no mês passado, sinalizou que pretende apoiar um projeto de venda do Banco do Brasil ao capital privado. Segundo ele, ao lado da Petrobras e da Caixa, o BB entra no grupo de desestatizações consideradas "realmente relevantes".
Novaes também criticou a falta de independência que ele possui enquanto presidente do banco, afirmando que se sente com as mãos atadas e com bolas de chumbo nas pernas para competir com os bancos privados. “Estou cada vez mais convencido que o BB deveria ser privatizado", disse em evento da FGV no mês passado.
Por enquanto, o que há de concreto é a perspectiva de venda, provavelmente via oferta de ações na bolsa, de uma participação em subsidiárias do banco, como as de gestão de fundos, banco de investimento e recuperação de crédito.
Vale ressaltar também alguns dados positivos do balanço anual do Banco do Brasil. Com a alta de 22% no lucro líquido e uma queda de 0,7 pontos percentuais da inadimplência, o banco viu seu retorno ao acionista passar de 12,3% em 2017 para 13,9% no ano passado.
A Mirae Investimentos, uma das que indica a compra das ações ordinárias do BB, diz esperar um crescimento nos resultados e nas margens, apoiados pela diretriz econômica do governo e a melhora da economia.
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