‘Crescimento de lucro é melhor do que PIB’: entenda por que o estrategista-chefe do Santander espera alta entre 15% e 20% no Ibovespa em 2020
Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, Gewehr disse que as maiores apostas para a bolsa estão no setor elétrico, de saúde, construção e correlatos
Entre os pousos e decolagens que fez ao longo dos últimos 40 dias em que fez uma espécie de "roadshow" por países da Europa, Estados Unidos e vizinhos brasileiros, uma das perguntas que o estrategista-chefe para América Latina do Santander, Daniel Gewehr, mais ouviu foi: "como você defende o investimento no Brasil se o PIB não está vindo?"
Mesmo com os dados um pouco mais otimistas sobre o indicador divulgados na última terça-feira (3), a resposta de Gewehr para essa pergunta sempre foi uma só: "Crescimento de lucro é melhor do que PIB".
E, segundo ele, há três motivos que ajudam a confirmar a tese de que o lucro das empresas vai expandir e fazer com que a bolsa consiga ter uma alta entre 15% e 20% no ano que vem. Entre eles estão: alavancagem operacional com aumento de margem das companhias, ciclo de redução do endividamento das empresas e queda na taxa de juros.
"Se você colocar esses três fatores no liquidificador, isso fará com que o lucro das companhias cresça muito mais do que o PIB sugere. Enquanto o PIB nominal [que inclui os efeitos da inflação] está rodando ao redor de 5% - que seria o 1% da expectativa deste ano mais a inflação -, o lucro da bolsa deve crescer em torno de 16% no ano que vem."
E alguns setores devem ser mais beneficiados do que outros. Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, Gewehr disse que as maiores apostas para a bolsa estão no setor elétrico, de saúde, construção e correlatos.
"Há também o setor de locação de carros, que achamos bem interessante. Inclusive, eu sempre brinco que se existisse um ETF [uma espécie de fundo de índice] de locadoras, eu com certeza teria um. Eu acredito bastante nas três maiores, que são Localiza, Unidas e Movida", disse o estrategista-chefe do Santander.
Leia Também
Gewehr ainda comentou de que forma o Brasil pode ser impactado com a situação que ocorre hoje na América Latina e falou sobre os demais riscos domésticos e externos para a nossa economia. Veja agora todos os detalhes dessa conversa na entrevista a seguir:
Depois de conversar com tantos investidores estrangeiros, qual foi a percepção que teve deles sobre o primeiro ano do governo Bolsonaro?
Eu estava na Europa há cerca de um mês e as principais perguntas dos investidores eram: como que você gosta de Brasil se o PIB não está vindo? E a nossa tese é que crescimento de lucro é melhor do que PIB. A expectativa para o indicador era de expansão de 0,4% e ele veio em 0,6%, o que foi além do esperado, mas ainda há um longo caminho para atrair o estrangeiro.
E por que uma das suas principais defesas foi de que o crescimento de lucro das empresas é melhor do que um PIB mais alto?
Hoje, o PIB nominal está rodando ao redor de 5% - que seria o crescimento de 1% deste ano mais a inflação, que está ao redor de 4%. Já o lucro da bolsa deve crescer em torno de 16% no ano que vem. O alvo para o Ibovespa neste ano era de 115 mil pontos e estamos quase lá. Ainda não soltamos o alvo para o próximo ano, mas eu acredito que a bolsa tem potencial de subir ainda algo entre 15% e 20%. E a justificativa para a expansão maior dos lucros e para a sua valorização em relação ao principal indicador da economia está em três fatores.
E quais seriam esses fatores?
O primeiro ponto seria a alavancagem operacional. Entre 70% e 75% das empresas listadas na bolsa conseguiram aumentar a sua margem ano contra ano porque houve a reforma trabalhista e isso ajudou na redução da estrutura de custos. Outro ponto é o ciclo de desalavancagem. Se olharmos 18 meses atrás, a relação entre a dívida líquida e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) da bolsa estava acima de três vezes, hoje essa relação está em duas vezes. Ou seja, as empresas estão menos endividadas, sobra mais dinheiro no caixa e mais lucro para os acionistas.
Qual seria o terceiro ponto?
O terceiro ponto é o afrouxamento monetário [corte da taxa de juros para impulsionar a economia]. Se colocarmos esses três fatores no liquidificador, isso fará com que o lucro das empresas cresça muito mais do que o PIB sugere.
E essa valorização viria dos investidores profissionais ou de outros fatores? Qual seria o combustível dessa pernada?
Se você me perguntar se eu acho que haverá um grande aporte de recursos no Brasil por parte do estrangeiro, eu acho que não. Eu acho que tem potencial, mas que a realocação de ativos domésticos será mais forte. No jogo de forças, estou mais otimista com a migração da renda fixa para a renda variável. A gente estima uma entrada de R$ 120 bilhões com a migração dos fundos de renda fixa para renda variável nos próximos dois anos, por exemplo.
Além da valorização que deve vir com a entrada de dinheiro da renda fixa para a renda variável, o que te faz acreditar que a bolsa pode subir ainda mais em 2020?
O primeiro ponto é que, de um mês para cá, os analistas começaram a revisar as projeções para as companhias, e a avaliação passou de negativa para neutra ou levemente positiva. Se pegarmos o consenso da bolsa, é possível ver isso com clareza. Isso ocorreu porque o mercado esperava que o PIB seria de 2,5% no começo do ano e foi revisando-o gradativamente até chegar à previsão de 0,99% que está hoje.
Outro ponto é que a bolsa está negociando a um preço/lucro de 12,6 vezes. Mas, se olharmos a curva de juros como está hoje e calcularmos o fluxo de caixa, as companhias deveriam estar negociando a um preço/lucro de 14 vezes. Ou seja, ainda há potencial de alta.
E seria possível dizer que ainda há pechinchas na bolsa? Quais são os setores que vêm chamando a sua atenção?
Eu acredito que ainda há oportunidade de entrada na bolsa, e um dos setores que vêm chamando a minha atenção é o elétrico. Hoje, ele é o principal gargalo do Brasil e deve receber bastante investimento nos próximos anos.
Além disso, ele é interessante porque podemos comparar a rentabilidade das empresas do setor com o retorno real [acima da inflação] dos títulos públicos de 10 anos, que é de 3%. Por exemplo, se pegarmos a CPFL (CPFE3), hoje nós calculamos que ela possa oferecer um retorno entre 8,5% e 9%, o que significa um prêmio de cerca de 6% em relação à taxa de juros reais de longo prazo.
E há outros fatores atrativos na CPFL?
Seu dividend yield [indicador que mostra quanto do valor de uma ação retorna para o acionista na forma de proventos] é de 4,5%. Outro ponto é que a liquidez das ações está melhorando desde que a companhia fez uma nova oferta de papéis no chamado "re-IPO". E isso faz com que haja uma chance de o papel entrar em índices da B3.
Além do setor elétrico, quais outros oferecem boas oportunidades?
Outro setor que achamos interessante é o de saúde. É a "China brasileira". Hoje, a população acima de 60 anos cresce além de 4% ao ano, enquanto a população média cresce 1% ao ano. Isso sem contar que cada emprego formal que você adiciona na economia aumenta as chances de que a pessoa adicione também marido, esposa e filhos no plano de saúde.
E qual é a ação preferida nesse setor?
O papel que mais gostamos é o da SulAmérica (SULA11). A ação está barata, negociando a um preço/lucro de 15 vezes, sendo que a média do setor é de 20 vezes. E se o retorno continuar crescendo por volta de 20%, com a receita expandindo a duplos dígitos, a relação entre preço/lucro pode chegar 20 vezes.
Da última vez em que nos encontramos, você havia mencionado também que o setor de locação de carros te chamava a atenção. O que há de especial nele?
A gente gosta das três companhias que estão listadas hoje na bolsa: Localiza (RENT3), Movida (MOVI3) e Unidas (LCAM3). Eu, inclusive, brinco que se tivesse um ETF de locadoras, eu com certeza teria um.
O que mais me atrai no setor é a acessibilidade. O preço do aluguel de carros ficou parado durante muito tempo, e isso barateou o serviço para uma grande parcela da população. Além disso, o setor soube transformar uma ameaça em oportunidade, com a entrada de apps como Uber e 99. Sem contar que ele é um dos que possuem maior poder de barganha com as montadoras.
Agora falando um pouco sobre o setor de construção. Como está vendo a sua recuperação?
Eu gosto bastante do setor de construção porque ele está há um certo tempo sem ter aumento real de preços e sem fazer lançamentos. Nele, a preferida é a Even (EVEN3). Mas também acho interessante os casos de empresas correlatas, como a Gerdau (GGBR4). A empresa fabrica aço longo, muito utilizado em obras de infraestrutura e na construção civil, dois setores que devem se beneficiar com a retomada da economia.
Falando em Gerdau, o recente anúncio de Trump sobre a tarifação do aço brasileiro pode impactar as fabricantes? Como a equipe de análise do Santander recebeu a notícia?
Eu não vejo muito impacto. A Gerdau, por exemplo, tem operação nos Estados Unidos, então ela está protegida e não precisa exportar para lá. Outro ponto é que a gente prefere o aço longo, já que o primeiro tipo será impactado positivamente com a recuperação econômica. O aço plano, por sua vez, é mais ligado ao setor automotivo e está ligado à exportação para países da América Latina, que não está indo tão bem. A meu ver, a notícia é apenas levemente negativa para o setor, já que as grandes produtoras de aço não focam tanto em exportação.
Falando agora um pouco sobre América Latina, de que forma as manifestações que estão ocorrendo nos países vizinhos ao Brasil poderiam impactar a nossa economia?
Na minha cabeça, isso é uma questão de economia. Se o crescimento econômico vier e o desemprego começar a reduzir, o contágio é menor até porque estamos com um governo mais amigável ao mercado. Para mim, o pior contágio seria na moeda, mas a gente tem uma grande munição de reservas cambiais, e o ciclo do Brasil está melhor em termos de reformas.
Além da questão da América Latina, quais seriam os maiores riscos globais que poderiam afetar a economia brasileira?
Hoje, eu vejo que o risco global é maior do que o doméstico. O mundo passou por uma década de crescimento, e o Brasil perdeu isso. A gente perdeu um pedaço dessa festa. O risco agora é quão forte será essa desaceleração dos países mais desenvolvidos e da China.
E do ponto de vista doméstico?
Bom, o risco está no quanto as reformas focadas em aumento da produtividade vão evoluir. Se colocarmos isso como prioridade, o PIB potencial deve subir, e nós conseguiremos fazer com que esse indicador seja mais sustentável no médio prazo.
Quais seriam essas reformas?
A fiscal já foi. Agora seriam as reformas tributária, administrativa e a continuidade da venda de ativos. Outra reforma importante é a aprovação do Marco Legal do Saneamento, que teria impacto na expectativa de vida e poderia tornar a regulação do setor mais próxima do que ocorreu com o setor elétrico e que foi extremamente positiva. Temos, inclusive uma posição em Sabesp (SBSP3), que seria uma das grandes beneficiadas com a aprovação do projeto.
Mistério detalhado: Petrobras (PETR4) vai investir 11,9% a menos em 2025 e abre janela de até US$ 55 bilhões para dividendos; confira os números do Plano Estratégico 2025-2029
Já era sabido que a petroleira investiria US$ 111 bilhões nos próximos cinco anos, um aumento de 8,8% sobre a proposta anterior; mercado queria saber se o foco seria em E&P — confira a resposta da companhia
Em recuperação judicial, AgroGalaxy (AGXY3) planeja grupamento de ações para deixar de ser ‘penny stock’; saiba como será a operação
Empresa divulgou um cronograma preliminar após questionamentos da B3 no início deste mês sobre o preço das ações ordinárias de emissão da varejista
Vale (VALE3) é a nova queridinha dos dividendos: mineradora supera Petrobras (PETR4) e se torna a maior vaca leiteira do Brasil no 3T24 — mas está longe do pódio mundial
A mineradora brasileira depositou mais de R$ 10 bilhões para os acionistas entre julho e setembro deste ano, de acordo com o relatório da gestora Janus Henderson
‘O rali ainda não acabou’: as ações desta construtora já saltam 35% no ano e podem subir ainda mais antes que 2024 termine, diz Itaú BBA
A performance bate de longe a do Ibovespa, que recua cerca de 4% no acumulado anual, e também supera o desempenho de outras construtoras que atuam no mesmo segmento
“Minha promessa foi de transformar o banco, mas não disse quando”, diz CEO do Bradesco (BBDC4) — e revela o desafio que tem nas mãos daqui para frente
Na agenda de Marcelo Noronha está um objetivo principal: fazer o ROE do bancão voltar a ultrapassar o custo de capital
O Google vai ser obrigado a vender o Chrome? Itaú BBA explica por que medida seria difícil — mas ações caem 5% na bolsa mesmo assim
Essa seria a segunda investida contra monopólios ilegais nos EUA, desde a tentativa fracassada de desmembrar a Microsoft, há 20 anos
Nvidia (NVDC34) vê lucro mais que dobrar no ano — então, por que as ações caem 5% hoje? Entenda o que investidores viram de ruim no balanço
Ainda que as receitas tenham chegado perto dos 100% de crescimento, este foi o primeiro trimestre com ganhos percentuais abaixo de três dígitos na comparação anual
Que crise? Weg (WEGE3) quer investir US$ 62 milhões na China para aumentar capacidade de fábrica
O investimento será realizado nos próximos anos e envolve um plano que inclui a construção de um prédio de 30 mil m², com capacidade para fabricação de motores de alta tensão
Como a Embraer (EMBR3) passou de ameaçada pela Boeing a rival de peso — e o que esperar das ações daqui para frente
Mesmo com a disparada dos papéis em 2024, a perspectiva majoritária do mercado ainda é positiva para a Embraer, diante das avenidas potenciais de crescimento de margens e rentabilidade
É hora de colocar na carteira um novo papel: Irani (RANI3) pode saltar 45% na B3 — e aqui estão os 3 motivos para comprar a ação, segundo o Itaú BBA
O banco iniciou a cobertura das ações RANI3 com recomendação “outperform”, equivalente a compra, e com preço-alvo de R$ 10,00 para o fim de 2025
Em busca de dividendos? Curadoria seleciona os melhores FIIs e ações da bolsa para os ‘amantes’ de proventos (PETR4, BBAS3 e MXRF11 estão fora)
Money Times, portal parceiro do Seu Dinheiro, liberou acesso gratuito à carteira Double Income, que reúne os melhores FIIs, ações e títulos de renda fixa para quem busca “viver de renda”
R$ 4,1 bilhões em concessões renovadas: Copel (CPLE6) garante energia para o Paraná até 2054 — e esse banco explica por que você deve comprar as ações
Companhia paranaense fechou o contrato de 30 anos referente a concessão de geração das usinas hidrelétricas Foz do Areia, Segredo e Salto Caxias
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
Equatorial (EQTL3) tem retorno de inflação +20% ao ano desde 2010 – a gigante de energia pode gerar mais frutos após o 3T24?
Ações da Equatorial saltaram na bolsa após resultados fortes do 3º tri; analistas do BTG calculam se papel pode subir mais após disparada nos últimos anos
‘Mãe de todos os ralis’ vem aí para a bolsa brasileira? Veja 3 razões para acreditar na disparada das ações, segundo analista
Analista vê três fatores que podem “mudar o jogo” para o Ibovespa e a bolsa como um todo após um ano negativo até aqui; saiba mais
Acaba logo, pô! Ibovespa aguarda o fim da cúpula do G20 para conhecer detalhes do pacote fiscal do governo
Detalhes do pacote já estão definidos, mas divulgação foi postergada para não rivalizar com as atenções à cúpula do G20 no Rio
Grupo Mateus: Santander estabelece novo preço-alvo para GMAT3 e prevê valorização de 33% para as ações em 2025; saiba se é hora de comprar
O banco reduziu o preço-alvo para os papéis da varejista de alimentos em relação à 2024, mas mantém otimismo com crescimento e parceria estratégica
Localiza: após balanço mais forte que o esperado no 3T24, BTG Pactual eleva preço-alvo para RENT3 e agora vê potencial de alta de 52% para a ação
Além dos resultados trimestrais, o banco considerou as tendências recentes do mercado automotivo e novas projeções macroeconômicas; veja a nova estimativa
Ações da Oi (OIBR3) saltam mais de 100% e Americanas (AMER3) dispara 41% na bolsa; veja o que impulsiona os papéis das companhias em recuperação judicial
O desempenho robusto da Americanas vem na esteira de um balanço melhor que o esperado, enquanto a Oi recupera fortes perdas registradas na semana passada
Cemig (CMIG4) e Copasa (CSMG3) voltam a ficar no radar das privatizações e analistas dizem qual das duas tem mais chance de brilhar
Ambas as empresas já possuem capital aberto na bolsa, mas o governo mineiro é quem detém o controle das empresas como acionista majoritário