Vale – caixa a dar com pau
Em linha com as expectativas do mercado, os números da Vale foram bem fortes; expectativa de distribuição de dividendos é de US$ 4,2 bi em 2018
US$ 3,1 bilhões. O valor, que ao câmbio de hoje dá a bagatela de R$ 11,5 bilhões, é o que a Vale (VALE3) gerou de caixa livre (FCF) no terceiro trimestre do ano.
Se o montante chama a atenção, pense que foram US$ 13,9 bilhões gerados nos últimos 12 meses – 18% do valor de mercado da companhia. Como esse dinheiro todo já é líquido de juros e do investimento em capital fixo (Capex), isso é o que sobra para a companhia remunerar seus acionistas.
Não à toa, a distribuição de dividendos tem aumentado: a expectativa é que sejam distribuídos US$ 4,2 bilhões em dividendos em 2018 – um yield de cerca de 5,5% dados os preços atuais.
Mais interessante ainda é saber que a distribuição de proventos acontece mesmo durante um longo processo de redução do endividamento – o fechamento do trimestre apontou uma dívida líquida de US$ 10,7 bilhões (já praticamente na meta do management de US$ 10 bilhões) e uma alavancagem pra lá de confortável – 0,65x dívida líquida/Ebitda.
O que possibilitou essa geração toda de caixa foi uma produção recorde – pela primeira vez a produção em um trimestre ficou acima da marca de 100 milhões de toneladas – foram 105 milhões de toneladas de minério de ferro. Melhor ainda, 79% da produção foi de produtos premium, com maior teor de ferro e, portanto, com maior valor agregado.
Esse mix é particularmente positivo porque, dadas as políticas de redução de emissão de poluentes na China, as siderúrgicas do país têm dado preferência pelo insumo mais eficiente: o prêmio por qualidade atingiu a marca recorde de US$ 11 por tonelada, o que compensou o menor preço do minério no período.
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Os números mostram que a estratégia da Vale de priorizar extração e venda de minério de maior qualidade tem rendido frutos. Porém, mesmo com o aumento de volume e a receita recorde, as margens ficaram ligeiramente abaixo do que vimos no 3T17 – o menor custo caixa, fruto da eficiência do S11D e da diluição de custos fixos, foi mais do que compensado pelo aumento dos custos com frete – a alta do petróleo não afeta só o preço do gás de cozinha.
Quem também derrubou as margens foi o fraco desempenho da divisão de metais básicos (níquel, cobre e cobalto, dentre outros), que sofreu com preços mais baixos do níquel e menor volume de produção, fruto de paradas programadas para manutenção em Sudbury (Canadá). Mesmo assim, no acumulado do ano, o Ebitda de metais básicos veio 35% acima do que vimos nos primeiros nove meses de 2017.
O lucro do trimestre foi bastante impactado por despesas financeiras – a alta do dólar, que ajuda nas receitas, acaba impactando o estoque da dívida e os derivativos cambiais – e pela despesa de impostos diferidos no trimestre. Nenhum dos efeitos é recorrente e, portanto, não preocupam.
Em linha com as expectativas do mercado, os números foram bem fortes e mostram que o processo de maturação de S11D, em Carajás, deve gerar muitos frutos para a Vale e seus acionistas. A forte demanda por minério na China tem sustentado o preço da commodity, e a Vale está particularmente bem posicionada para surfar o momento.
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