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Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
Esquenta dos mercados

Mercados devem superar decepção com Bolsonaro e se reanimar com Datafolha

Investidores devem continuar escolhendo acreditar em Bolsonaro que, mesmo menos liberal, ainda é considerado melhor que a volta do PT; candidato do PSL tem 58% das intenções de voto no segundo turno

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
11 de outubro de 2018
7:49 - atualizado às 7:57
Vantagem de 16 pontos nas intenções de voto em Bolsonaro devem agradar ao mercado - Imagem: Seu Dinheiro

A pesquisa Datafolha de ontem deve dar novo ânimo aos mercados locais nesta quinta-feira, apesar da decepção dos investidores ontem com declarações pouco liberais do seu candidato preferido, Jair Bolsonaro.

O levantamento mostrou Bolsonaro com 16 pontos de vantagem nas intenções de voto para o segundo turno, com 58%, contra 42% de Haddad.

Como resultado, o EWZ, principal índice de fundos do Brasil em Nova York, e os ADR (recibos de ações) brasileiros se recuperaram no exterior, sinalizando que hoje a bolsa deve abrir em alta.

O recibo de Petrobras, que encerrou o pregão regular da bolsa de Nova York em queda de 6%, subiu 3% no after hours, e o de Eletrobrás, que despencou ontem, recuperou parte da perda, com alta de 1,61%.

O que rolou ontem

A quarta-feira foi de desapontamento nos mercados locais, depois que Bolsonaro deu entrevista falando em reforma da Previdência mais branda e descartando a privatização de ativos de geração de energia e do "miolo" da Petrobras.

Essa fala pouco liberal derrubou a bolsa e fez o dólar e os juros futuros dispararem. As ações de estatais apanharam, notadamente as da Eletrobrás. O Ibovespa fechou em queda de 2,80%, aos 83.679 pontos, e o dólar subiu 1,28%, para R$ 3,7631.

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Pesou também o fato de que o candidato foi proibido de comparecer a debates. Bolsonaro, no entanto, acredita que conseguirá participar dos dois últimos debates do segundo turno, o da "Record", no dia 21, e o da "Globo", no dia 26.

As perdas de ontem foram agravadas pelas fortes quedas nas bolsas do exterior por conta de uma maior expectativa de que o Fed, o banco central americano, precise fazer um aperto monetário maior que o previsto em razão da forte recuperação da economia americana. Dois bancos elevaram suas perspectivas para crescimento do PIB dos EUA.

Os mercados internacionais também foram afetados pelo temor com a guerra comercial com a China, e as perspectivas do FMI de um crescimento mundial menor.

Por aqui, alguns traders quiseram minimizar o peso das declarações de Bolsonaro para o desempenho dos mercados locais, atribuindo-o mais ao cenário exterior.

Mas as maiores quedas lá fora só ocorreram na parte da tarde, enquanto aqui a bolsa já abriu em baixa. Tanto que, no after hours, após o Datafolha, os ativos brasileiros lá fora passaram a se recuperar, enquanto os mercados em Nova York continuavam negativos. Sinal de que a corrida eleitoral ainda está ditando as regras por aqui.

De qualquer forma, o mercado deve continuar escolhendo acreditar em Bolsonaro, por entender que um novo governo do PT seria muito pior para a economia e as empresas brasileiras. Algo como "antes um Bolsonaro menos liberal do que o PT".

Entrevista na Record

Ontem à noite, Bolsonaro voltou a descartar uma onda privatista no seu governo em nova entrevista, desta vez à "Record". Disse que não vai privatizar o setor elétrico, o Banco do Brasil e a Caixa, e repetiu que o "miolo" da Petrobras será preservado, admitindo a possibilidade de privatizar apenas a parte de refino.

Também disse que seu guru econômico Paulo Guedes, cotado para ser ministro da Fazenda em um eventual governo seu, "terá carta branca, mas só bate o martelo depois de falar comigo".

Falou, ainda, que Guedes reconhece que "muita coisa tem dificuldade de passar pelo Parlamento", mas que as reformas estão quase todas com "sinal verde" e serão apresentadas em janeiro.

O candidato voltou a dizer que pediu a Guedes um "dólar compatível e uma taxa de juros o menor possível", junto com a desregulamentação e desburocratização da economia, para "tirar o Estado do cangote de quem produz". Outro compromisso fechado com a equipe econômica é não aumentar impostos e reduzi-los para empresas.

Hoje tem CPI nos Estados Unidos

No Brasil, teremos a divulgação das vendas no varejo ampliado (incluem veículos e material de construção), às 9h, que podem subir 2,1% em agosto frente a uma queda de 0,4% em julho, de acordo com a mediana da pesquisa do Broadcast, do "Estadão".

Também serão divulgadas as vendas no varejo restrito, mas o mercado está dividido entre queda de 0,7% e alta de 1,6% (mediana de alta de 0,1%).

Às 9h ainda teremos divulgação da safra agrícola de setembro e, às 10h, o relatório Prisma fiscal.

Nos Estados Unidos, será divulgado o CPI (inflação ao consumidor), às 9h30. Não é o dado mais olhado pelo Fed, mas ganha máxima importância neste momento em que o risco de uma aceleração das altas de juros pesa nos mercados de Nova York.

A previsão é de que o núcleo do índice suba de 0,1% em agosto para 0,2% em setembro, pressionado pelo petróleo nas máximas em quase quatro anos.

Às 9h30 saem também os números de auxílio-desemprego, com estimativa de alta de mil pedidos.

Na zona do euro, o Banco Central Europeu (BCE) divulga a ata da reunião de política monetária de setembro às 8h30.

*Com informações do Bom Dia Mercado, de Rosa Riscala. Para ler o Bom Dia Mercado na íntegra, acesse www.bomdiamercado.com.br

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