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Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
Esquenta dos mercados

Mercados locais devem começar a olhar para NY e conter seu otimismo

Desempenho nas bolsas americanas deve voltar a ganhar peso nos mercados locais, uma vez que provável vitória de Bolsonaro já está bastante precificada

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
16 de outubro de 2018
8:01 - atualizado às 7:18
Possibilidade de aperto monetário maior do Fed faz crescer aversão a risco no exterior - Imagem: Seu Dinheiro

Bom dia, investidor! A pesquisa Ibope de ontem veio confirmar o amplo favoritismo de Jair Bolsonaro na corrida eleitoral, mas a animação dos mercados nesta terça (16) com a notícia deve ser limitada pelas tensões no cenário exterior.

A provável vitória do candidato do PSL já está um tanto precificada pelo mercado, que agora se volta para as razões que vêm sacrificando as bolsas em Nova York: o forte crescimento econômico americano, que pode fazer o Fed aumentar os juros mais que três vezes em 2019; e as tensões comerciais entre EUA e China.

O Ibope divulgado ontem à noite mostrou Bolsonaro com 59% das intenções de voto no segundo turno, contra 41% de Haddad, confirmando a pesquisa BTG/FSB e a Real Time/TV Record divulgadas anteriormente.

A rejeição a Bolsonaro também caiu, contra um aumento da rejeição de Haddad: 35% não votariam no militar reformado de jeito nenhum, contra 47% que não votariam no petista.

Apesar das reservas do mercado quanto às declarações pouco liberais que o candidato do PSL deu recentemente, o retorno do PT é considerado um retrocesso econômico certo, dado o histórico e as propostas do partido.

Seja como for, o mercado agora deve passar a olhar mais para as propostas de Bolsonaro para a economia do que meramente se animar com seu favoritismo.

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Um pouco tarde, talvez, líderes petistas já cogitam flexibilizar o programa de governo, retirando pontos polêmicos e adotando compromissos caros aos investidores, como o fiscal.

Haddad poderia incorporar, ainda, o endurecimento de penas para criminosos condenados por homicídio, estupro e latrocínio, em contraste com a política de desencarceramento defendida em seu programa de governo.

Preocupações pelo mundo

O Ibovespa fechou o pregão de segunda-feira em alta, ajustando-se ao bom desempenho das bolsas americanas na sexta, quando os mercados locais estiveram fechados por conta do feriado.

Sem grandes fatos no exterior, o otimismo permaneceu na bolsa brasileira, mas a alta das ações foi contida pela queda nas bolsas nova-iorquinas.

O Ibovespa começou o dia com alta de quase 1,70%, superando os 84 mil pontos, sob impulso extra do exercício de opções. No entanto, o índice perdeu tração à tarde com o cenário exterior e fechou em alta de 0,53%, aos 83.359 pontos.

Diversas instituições financeiras mantiveram suas previsões de crescimento forte para a economia americana, apesar dos dados fracos do varejo divulgados ontem.

Essa perspectiva faz com que os investidores temam um aperto monetário ainda maior por parte do Fed, que já prevê uma subida de juros gradual.

Com isso, aumenta a aversão a risco dos investidores, que tendem a migrar para uma renda fixa mais rentável, sacrificando os preços das ações.

Soma-se a isso os temores em relação à guerra comercial entre EUA e China. Apesar das políticas protecionistas de Trump, a potência asiática mostrou dados fortes de balança comercial, além de um aumento do déficit comercial dos EUA com o país.

Esse foi um dos fatores que fez o dólar cair globalmente ontem, junto com os dados fracos do varejo. O dólar à vista fechou em queda de 1,01%, em R$ 3,7383.

Por ora, R$ 3,70 parece ser uma espécie de piso para a moeda americana, que provavelmente só cederia mais caso Bolsonaro assumisse um compromisso claro com o ajuste fiscal.

Comenta-se no mercado, entretanto, que o dólar ainda pode voltar a R$ 3,50 caso confirmada derrota do PT nas urnas.

Ainda sobre ontem, a Itália aprovou seu plano orçamentário para 2019, que agora será enviado para a Comissão Europeia.

Em relação ao Brexit, a possibilidade de um acordo ser alcançado na reunião de cúpula da União Europeia nesta semana foi descartada.

A premiê britânica Theresa May admitiu ontem que o governo se prepara para a possibilidade de um Brexit sem acordo e que poderia convocar novo referendo se as negociações fracassarem.

Atenção internacional também aos preços do petróleo devido à tensão entre EUA e Arábia Saudita após suspeita de assassinato de um jornalista saudita de cidadania americana no consulado da Arábia Saudita em Istambul, Turquia.

O repórter especial Eduardo Campos conta melhor os detalhes dessa história do petróleo, que segundo os sauditas, poderia chegar a US$ 400 o barril devido ao caso.

Agenda do dia

Às 8h sai a prévia do IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor-Semanal). Em Brasília, o plenário da Câmara discute projetos de lei que abrem caminho para a privatização de distribuidoras da Eletrobrás e que permitem a elevação da participação de capital estrangeiro em empresas aéreas.

Às 9h, o IBGE divulga a pesquisa mensal de serviços de agosto. As estimativas são de aumento. Segundo a pesquisa do "Broadcast", serviço de notícias em tempo real do "Estadão", a mediana é de alta de 0,5% contra queda de 2,2% em julho.

No mesmo horário, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) discute reajustes tarifários.

Nos EUA, às 10h15, saem os dados da produção industrial em setembro, que podem subir 0,2%, contra 0,4% em agosto. Às 11h, sai o relatório de empregos Jolts.

Hoje também serão divulgados os balanços de Goldman Sachs, Morgan Stanley, Netflix e IBM.

*Com informações do Bom Dia Mercado, de Rosa Riscala. Para ler o Bom Dia Mercado na íntegra, acesse www.bomdiamercado.com.br

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