Ilan: Vocês vão me aguentar aqui até março
Transição na presidência do Banco Central vai até o primeiro trimestre de 2019 e não haverá mudança na política cambial ou de reservas internacionais

O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, começou sua entrevista coletiva sobre a Agenda BC mais jogando um balde de água fria nos presentes. “Não comento questões ligadas à política monetária”, afirmou. De fato, ele não tocou no tema, mas ao longo da sessão de perguntas e respostas falou da transição na presidência da instituição e sobre a condução da política cambial.
Roberto Campos Neto foi indicado para a presidência do BC no governo de Jair Bolsonaro, mas seu ingresso no cargo depende de um trâmite que envolve a presidência da República e o Senado Federal.
Ilan disse acreditar que a sabatina de Campos Neto pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado deve ocorrer em fevereiro. Assim a transição se estenderia até março.
“Vocês vão me aguentar aqui até março”, disse Ilan, em tom bem-humorado.
Assim, Ilan estará presidindo o Comitê de Política Monetária (Copom) por ao menos mais duas reuniões. Dezembro de 2018 e fevereiro de 2019. Há reunião do Copom em março, nos dias 19 e 20, mas não é possível afirmar que Ilan ainda estará no comando da instituição.
Ainda de acordo com o presidente, a mesma diretoria deve permanecer ao longo do período de transição e até depois disso. Por ora, apenas o diretor de Política Econômica, Carlos Viana, já está confirmado na gestão de Campos Neto.
Leia Também
Câmbio e reservas
Segundo Ilan, a política cambial é da instituição e vai continuar sendo da instituição. “Não prevejo mudança nenhuma”, disse.
Ainda de acordo com o presidente essa transição até março também serve para dar essa segurança ao mercado.
“As intervenções, como qualquer outra política, não são de um presidente ou de outro. É da instituição”, afirmou.
A mesma avaliação foi feita sobre a continuidade da Agenda BC mais, que o presidente tem certeza que continuará nas próximas administrações.
Sobre as insistentes perguntas sobre reservas internacionais e declarações de Paulo Guedes sobre o tema, Ilan disse que “não tem mudança” com relação a isso. Sobre a venda de reservas com dólar a R$ 5, Ilan disse que o futuro ministro já se explicou, mas que é melhor perguntar para ele.
Para Ilan, antes de discutir qualquer mudança nas reservas internacionais, “temos de pensar nas reformas”, fiscais e de produtividade.
“O BC continua o mesmo não vejo mudança nessa área”, concluiu.
Autonomia do BC
Perguntado se gostaria de ver o projeto de autonomia do BC aprovado ainda em 2018, Ilan disse que a discussão está no Congresso e que “não cabe se antecipar ao Congresso e dizer o que ele deve fazer ou não”.
Para o presidente, a Câmara dos Deputados vai debater o projeto e deve discutir o tema também com o novo governo.
O projeto de autonomia fixa mandatos não coincidentes para o presidente do BC e diretores com a eleição do presidente da República.
Saída do BC
Ilan também foi perguntado se poderia dar mais detalhes sobre as razões pessoais que o levaram a deixar o comando do BC.
“Não posso me estender mais. De fato, são questões mais pessoais e continuam sendo pessoais”, disse.
O presidente disse que está satisfeito com o trabalho e com a equipe e que vê “com bons olhos o novo governo e as medidas que estão sendo pensadas”.
Compulsórios
Na semana passada, o BC fez uma simplificação e uma nova redução na alíquota dos depósitos compulsórios, parcela dos nossos depósitos que os bancos são obrigados a depositar no BC.
Segundo Ilan, as medidas já tomadas desde 2016 deixam o modelo brasileiro de compulsórios mais próximos do que se vê no mercado internacional, mas que o trabalho ainda não acabou.
“São distorções criadas ao longo de décadas e estamos mudando ao longo de anos. Vamos continuar nesse processo de simplificação e redução de alíquotas”, disse.
Custo de crédito
Ilan defendeu as medidas da Agenda BC mais como essenciais para a redução do custo do crédito no Brasil de forma sustentável. Segundo o presidente, há diversos custos no Brasil que acabam se refletindo nos spreads bancários (diferença entre o que o banco paga pelo dinheiro e cobra do consumidor final).
A ideia das ações do BC é justamente atacar estruturalmente muitos desses custos, como falta de garantias, melhora de informações (cadastro positivo) e aumento da competição (estímulo às fintechs de crédito).
“Resoluções de curto prazo não são sustentáveis. Oferecemos uma mudança sustentável. O Brasil ainda tem várias distorções e precisa fazer ajustes e reformas”, disse.
Balanço da Agenda BC mais
Antes de apresentar o resultado da agenda, Ilan destacou a queda da inflação nos últimos dois anos e a permanência da taxa básica de juros, a Selic, em patamar historicamente baixo de 6,5% ao ano.
O presidente também ressaltou que a economia está em recuperação, “gradual, mas uma recuperação” depois de dois anos de queda. Para 2018, o BC trabalha com alta de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) e 2,4% em 2019.
Organizada por Ilan na sua chegada à instituição em meados de 2016, a Agenda BC mais tem quatro pilares: cidadania financeira, melhoria da eficiência do sistema financeiro, arcabouço legal do BC e redução do custo de crédito.
Das 68 ações propostas, como projetos lei, resoluções do CMN e ações do próprio BC, 41 delas já foram concluídas entre 2016 e 2018 e outras 27 estão em andamento.
A autonomia do BC faz parte dessa agenda, bem como a revisão no relacionamento entre o BC e o Tesouro Nacional, duplicas eletrônicas e cadastro positivo de crédito.
Para frente, Ilan disse que a agenda vai propor medidas para o funcionamento do “open banking”, padronizando a troca de informações dos clientes entre as instituições financeiras. Pagamentos instantâneos, algo que está sendo incentivado pelo BC. Criação de uma lei que institui um comitê de coordenação entre diversos órgãos do governo para atuar em momentos de crise financeira e a lei de resolução bancária, que define o que pode ser feito no caso de falência de instituições financeiras.
“É uma agenda viva que não acaba em 2018 e não acaba em 2019 ou 2020. Ela vai continuar. A agenda BC mais é algo que me dá bastante satisfação para além da política monetária”, afirmou.
O combo do mal: dólar dispara mais de 3% com guerra comercial e juros nos EUA no radar
Investidores correm para ativos considerados mais seguros e recaculam as apostas de corte de juros nos EUA neste ano
Mark Zuckerberg e Elon Musk no vermelho: Os bilionários que mais perdem com as novas tarifas de Trump
Só no último pregão, os 10 homens mais ricos do mundo perderam, juntos, em torno de US$ 74,1 bilhões em patrimônio, de acordo com a Bloomberg
China não deixa barato: Xi Jinping interrompe feriado para anunciar retaliação a tarifas de Trump — e mercados derretem em resposta
O Ministério das Finanças da China disse nesta sexta-feira (4) que irá impor uma tarifa de 34% sobre todos os produtos importados dos EUA
Um café e um pão na chapa na bolsa: Ibovespa tenta continuar escapando de Trump em dia de payroll e Powell
Mercados internacionais continuam reagindo negativamente a Trump; Ibovespa passou incólume ontem
Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) perdem juntas R$ 26 bilhões em valor de mercado e a culpa é de Trump
Enquanto a petroleira sofreu com a forte desvalorização do petróleo no mercado internacional, a mineradora sentiu os efeitos da queda dos preços do minério de ferro
Bitcoin (BTC) em queda — como as tarifas de Trump sacudiram o mercado cripto e o que fazer agora
Após as tarifas do Dia da Liberdade de Donald Trump, o mercado de criptomoedas registrou forte queda, com o bitcoin (BTC) recuando 5,85%, mas grande parte dos ativos digitais conseguiu sustentar valores em suportes relativamente elevados
Obrigado, Trump! Dólar vai à mínima e cai a R$ 5,59 após tarifaço e com recessão dos EUA no horizonte
A moeda norte-americana perdeu força no mundo inteiro nesta quinta-feira (3) à medida que os investidores recalculam rotas após Dia da Libertação
Embraer (EMBR3) tem começo de ano lento, mas analistas seguem animados com a ação em 2025 — mesmo com as tarifas de Trump
A fabricante de aeronaves entregou 30 aviões no primeiro trimestre de 2025. O resultado foi 20% superior ao registrado no mesmo período do ano passado
O Dia depois da Libertação: bolsas globais reagem em queda generalizada às tarifas de Trump; nos EUA, Apple tomba mais de 9%
O Dia depois da Libertação não parece estar indo como Trump imaginou: Wall Street reage em queda forte e Ibovespa tem leve alta
Trump Day: Mesmo com Brasil ‘poupado’ na guerra comercial, Ibovespa fica a reboque em sangria das bolsas internacionais
Mercados internacionais reagem em forte queda ao tarifaço amplo, geral e irrestrito imposto por Trump aos parceiros comerciais dos EUA
Tarifas de Trump levam caos a Nova York: no mercado futuro, Dow Jones perde mais de 1 mil pontos, S&P 500 cai mais de 3% e Nasdaq recua 4,5%; ouro dispara
Nas negociações regulares, as principais índices de Wall Street terminaram o dia com ganhos na expectativa de que o presidente norte-americano anunciasse um plano mais brando de tarifas
Efeito Trump? Dólar fica em segundo plano e investidores buscam outras moedas para investir; euro e libra são preferência
Pessimismo em relação à moeda norte-americana toma conta do mercado à medida que as tarifas de Trump se tornam realidade
Trump-palooza: Alta tensão com tarifaço dos EUA força cautela nas bolsas internacionais e afeta Ibovespa
Donald Trump vai detalhar no fim da tarde de hoje o que chama de tarifas “recíprocas” contra países que “maltratam” os EUA
Brasil não aguarda tarifas de Trump de braços cruzados: o último passo do Congresso antes do Dia da Libertação dos EUA
Enquanto o Ibovespa andou com as próprias pernas, o Congresso preparava um projeto de lei para se defender de tarifas recíprocas
Vale (VALE3) garante R$ 1 bilhão em acordo de joint venture na Aliança Energia e aumenta expectativa de dividendos polpudos
Com a transação, a mineradora receberá cerca de US$ 1 bilhão e terá 30% da nova empresa, enquanto a GIP ficará com 70%
Dólar dispara com novas ameaças comerciais de Trump: veja como buscar lucros de até dólar +10% ao ano nesse cenário
O tarifaço promovido por Donald Trump, presidente dos EUA, levou o dólar a R$ 5,76 na última semana – mas há como buscar lucros nesse cenário; veja como
Michael Klein de volta ao conselho da Casas Bahia (BHIA3): Empresário quer assumir o comando do colegiado da varejista; ações sobem forte na B3
Além de sua volta ao conselho, Klein também propõe a destituição de dois membros atuais do colegiado da varejista
Ex-CEO da Americanas (AMER3) na mira do MPF: Procuradoria denuncia 13 antigos executivos da varejista após fraude multibilionária
Miguel Gutierrez é descrito como o principal responsável pelo rombo na varejista, denunciado por crimes como insider trading, manipulação e organização criminosa
Tarifaço de Trump aciona modo cautela e faz do ouro um dos melhores investimentos de março; IFIX e Ibovespa fecham o pódio
Mudanças nos Estados Unidos também impulsionam a renda variável brasileira, com estrangeiros voltando a olhar para os mercados emergentes em meio às incertezas na terra do Tio Sam
Mais valor ao acionista: Oncoclínicas (ONCO3) dispara quase 20% na B3 em meio a recompra de ações
O programa de aquisição de papéis ONCO3 foi anunciado dias após um balanço aquém das expectativas no quarto trimestre de 2024