Membros do futuro governo evitam falar sobre caso envolvendo ex-assessor de Flávio Bolsonaro
Silêncio da equipe Bolsonaro ocorre após Fabrício Queiroz vir a público pela primeira vez após as denúncias sobre movimentações bancárias atípicas
Membros da equipe Jair Bolsonaro evitaram comentar nesta quinta-feira, 27, sobre as declarações dadas ao canal SBT por Fabrício Queiroz - ex-assessor do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) -, que teve movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em conta bancária.
Nesta quarta-feira, 26, Fabrício Queiroz veio a público pela primeira vez após o jornal O Estado de S. Paulo revelar, no início do mês, que um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) o implicava, com transações em um período de um ano, quando trabalhava no gabinete do primogênito do presidente eleito Jair Bolsonaro. Queiroz disse que a movimentação se devia a compra e revenda de carros, mas não explicou depósitos de outros assessores de Flávio Bolsonaro em sua conta.
Vale lembrar que Queiroz faltou a duas audiências marcadas com o Ministério Público para prestar esclarecimentos, uma em 19 de dezembro e a outra em 21 de dezembro.
Bico calado
O futuro chefe da Casa Civil, ministro Onyx Lorenzoni (DEM), afirmou que não irá comentar sobre o tema, alegando que não cabe a ele qualquer tipo de declaração.
"Estou tentando mostrar ao Brasil o fruto dos trabalhos nestes dois meses", disse Lorenzoni nesta quinta-feira, 27, em coletiva de imprensa na qual apresentou o plano dos primeiros 100 dias de governo. Ele negou que o tema tenha sido discutido entre ministros durante um curso de capacitação em gestão e governança realizado nesta quinta-feira. "Não conversamos sobre esse assunto".
Também nesta quinta-feira, o futuro ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, disse que o caso do ex-assessor de Flávio Bolsonaro "não é assunto de governo", mas "de parlamentar". Ele disse ainda que não vai se "preocupar com aquilo que não é essencial no momento".
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Santos Cruz afirmou que não viu a entrevista de Queiroz e que não conversou com os outros ministros sobre isso. Ele reconheceu, contudo, que "pela relação de parentesco, pode ter uma consequência qualquer", mas insistiu que é preciso "separar as coisas". "Qualquer pessoa pública, ela tem que esclarecer aquilo que é duvidoso, sem dúvida nenhuma. Isso é normal", afirmou.
Cirurgia urgente no radar
O Ministério Público do Rio informou que Queiroz deve passar por "cirurgia urgente" nos próximos dias. Ele teria apresentado "atestados que comprovam grave enfermidade" para não comparecer aos depoimentos.
Segundo informações do MP, os advogados informaram que Queiroz estará à disposição para prestar esclarecimentos tão logo tenha autorização médica. Outras oitivas já anunciadas estão previstas na agenda do Ministério Público do Rio para o começo do ano, entre elas a do deputado estadual Flávio Bolsonaro, sugerida para o dia 10 de janeiro.
Entenda o caso Coaf
Queiroz passou a ser o pivô do principal problema político do presidente eleito Jair Bolsonaro quando o Estado revelou, no dia 6 de dezembro, que um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) apontou movimentações atípicas em suas contas.
Segundo o documento, o ex-assessor do senador eleito, Flávio Bolsonaro, movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Uma das movimentações foi o depósito de um cheque de R$ 24 mil na conta da futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro - no início de dezembro, Bolsonaro disse que o cheque era o pagamento de um empréstimo. O Estado revelou ainda que funcionários do gabinete de Flávio chegaram a depositar 99% do que receberam no período na conta de Queiroz, e que a maioria das transferências foram feitas no dia ou em datas próximas ao pagamento na Alerj.
*Com Estadão Conteúdo.
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