O problema não é o Fed subir o juro, mas o fim de um ciclo econômico nos EUA
Decisão do Banco Central americano nesta quarta-feira é bastante importante, mas não teria condição de mudar o atual momento da economia americana, que parece chegar num fim de ciclo de recuperação da crise de 2008.

O Federal Reserve (Fed), banco central americano, tem reunião na quarta-feira (19) e isso pode ser determinante para o rumo dos mercados neste encerramento de 2018 e também no começo de 2019. A grande questão é se haverá nova mudança de comunicação sugerindo que o ciclo de alta por lá está próximo do fim.
Não bastasse a natural ansiedade do mercado, o encontro ganhou seu pitaco político, com o presidente Donald Trump usando sua conta no “Twitter” para fazer novas críticas nesta segunda-feira ao Fed, dizendo que “é incrível que com um dólar forte e virtualmente nenhuma inflação, o mundo explodindo ao nosso redor, Paris em chamas e China desacelerando, o Fed ainda está considerando uma nova alta de juros. Que vitória!”.
https://twitter.com/realDonaldTrump/status/1074657278974939138
O Fed é independente é não se acredita que ele deixará de fazer o que acha correto em termos de condução da política monetária por causa das declarações de Trump, que faz tempo quer colocar a culpa no BC americano pelo recente ajuste para baixo nos mercados e pelas expectativas de menor crescimento econômico adiante.
A taxa de juro americana é um dos preços mais importante do planeta, mas outros vetores estão em marcha para explicar a acentuada queda das ações, a preocupação com uma inversão na curva de juros americana e uma redução no forte ritmo de crescimento.
Faz tempo estamos vendo alertas de grandes especialistas, como Howard Marks, da Oaktree, do gestor da Bridgewater Associates, Ray Dalio, e também do gestor da SPX, Rogério Xavier.
Leia Também
Depois de uma década de política monetária de juro zero e compra de ativos na casa dos trilhões de dólares, a economia americana parece completar seu ciclo de recuperação depois da crise de 2008. E o movimento do Fed pode ser encarado como parte do ciclo.
O preço dos ativos já “subiu demais”, o mercado de dívida também foi “esticado” para além dos parâmetros razoáveis e, além disso, a política fiscal americana foi usada (corte de impostos e aumento de gastos) dando impulso duplo à atividade.
Estar no que pode ser considerado o fim de ciclo não necessariamente significa que a oportunidades acabaram e que o mundo todo vai entrar em um “inverno” junto com a economia americana. O que parece certo é que o ritmo de crescimento por lá será menor e o custo do dinheiro vai seguir aumentado. Isso vai exigir mais horas de estudo e análises dos participantes do mercado em identificar boas oportunidades (além claro de contar com um pouco sorte, fator fundamental).
Por aqui, não conseguimos escapar desses ventos externos que já estão menos favoráveis, mas nossa posição no ciclo econômico parece bastante distinta em comparação com os EUA e outros pares emergentes. Aliás, essas análises por “blocos de países” ou mesmo regiões parece que será mais difícil agora em 2019, já que cada país emergente na América Latina, Ásia ou outro lugar parece estar vivendo suas particularidades em termos de ciclos políticos e econômicos.
Quantas altas em 2019?
De volta à decisão do Fed, a expectativa majoritária é de um novo aperto de 0,25 ponto, o quarto do ano, trazendo o juro básico para a banda entre 2,25% e 2,5% ao ano.
O foco está no comunicado e na entrevista que o presidente Jerome Powell dará depois da reunião. O que se tenta saber é em que em ponto estamos dentro de outro ciclo, o da política monetária. Nos gráficos de projeções, destaque para alguma mudança no prognóstico atual de até três elevações em 2019.
O Fed chegou a falar que seria necessário deixar o juro restritivo para evitar pressões inflacionárias e conter excessos nos mercados, mas já mudou o tom e, recentemente, Powell falou que o juro americano estaria mais próximo do considerado neutro.
Essa sinalização vinda do Fed, de quantas altas mais serão necessárias em 2019, pode acabar se refletindo no ritmo de ajuste das variáveis de mercado e da economia real a esse fim de ciclo mais estrutural da economia. Os termos que ouvimos são “pouso suave” ou “pouso forçado”.
Um Fed mais brando em sua comunicação favoreceria o cenário de “pouso suave”, mas não é só esse vetor a ser considerado. Há também uma guerra comercial com a China e outros pontos de incerteza, principalmente nos mercados de dívida dos EUA, que também somam preocupação (como o próprio impacto da alta de juro sobre o estoque de pagamentos a ser feito no futuro e a já detectada maior dificuldade em rolar compromisso de segmento vistos como de maior risco).
Não por acaso, a maioria dos relatórios de bancos e consultorias falam em um cenário global mais incerto e desafiador para 2019.
Ação da Vale (VALE3) chega a cair mais de 5% e valor de mercado da mineradora vai ao menor nível em cinco anos
Temor de que a China cresça menos com as tarifas de 104% dos EUA e consuma menos minério de ferro afetou em cheio os papéis da companhia nesta terça-feira (8)
Trump dobra a aposta e anuncia tarifa de 104% sobre a China — mercados reagem à guerra comercial com dólar batendo em R$ 6
Mais cedo, as bolsas mundo afora alcançaram fortes ganhos com a sinalização de negociações entre os EUA e seus parceiros comerciais; mais de 70 países procuraram a Casa Branca, mas a China não é um deles
Prazo de validade: Ibovespa tenta acompanhar correção das bolsas internacionais, mas ainda há um Trump no meio do caminho
Bolsas recuperam-se parcialmente das perdas dos últimos dias, mas ameaça de Trump à China coloca em risco a continuidade desse movimento
Minerva prepara aumento de capital de R$ 2 bilhões de olho na redução da alavancagem. O que muda para quem tem ações BEEF3?
Com a empresa valendo R$ 3,9 bilhões, o aumento de capital vai gerar uma diluição de 65% para os acionistas que ficarem de fora da operação
Sem medo do efeito Trump: Warren Buffett é o único entre os 10 maiores bilionários do mundo a ganhar dinheiro em 2025
O bilionário engordou seu patrimônio em US$ 12,7 bilhões neste ano, na contramão do desempenho das fortunas dos homens mais ricos do planeta
Sem aversão ao risco? Luiz Barsi aumenta aposta em ação de companhia em recuperação judicial — e papéis sobem forte na B3
Desde o início do ano, essa empresa praticamente dobrou de valor na bolsa, com uma valorização acumulada de 97% no período. Veja qual é o papel
Ibovespa chega a tombar 2% com pressão de Petrobras (PETR4), enquanto dólar sobe a R$ 5,91, seguindo tendência global
O principal motivo da queda generalizada das bolsas de valores mundiais é a retaliação da China ao tarifaço imposto por Donald Trump na semana passada
Retaliação da China ao tarifaço de Trump derrete bolsas ao redor do mundo; Hong Kong tem maior queda diária desde 1997
Enquanto as bolsas de valores caem ao redor do mundo, investidores especulam sobre possíveis cortes emergenciais de juros pelo Fed
Agenda econômica: IPCA, ata do Fomc e temporada de balanços nos EUA agitam semana pós-tarifaço de Trump
Além de lidar com o novo cenário macroeconômico, investidores devem acompanhar uma série de novos indicadores, incluindo o balanço orçamentário brasileiro, o IBC-Br e o PIB do Reino Unido
“Não vou recuar”, diz Trump depois do caos nos mercados globais
Trump defende que sua guerra tarifária trará empregos de volta para a indústria norte-americana e arrecadará trilhões de dólares para o governo federal
Disputa aquecida na Mobly (MBLY3): Fundadores da Tok&Stok propõem injetar R$ 100 milhões se OPA avançar, mas empresa não está lá animada
Os acionistas Régis, Ghislaine e Paul Dubrule, fundadores da Tok&Stok, se comprometeram a injetar R$ 100 milhões na Mobly, caso a OPA seja bem-sucedida
O agente do caos retruca: Trump diz que China joga errado e que a hora de ficar rico é agora
O presidente norte-americano também comentou sobre dados de emprego, juros, um possível acordo para zerar tarifas do Vietnã e a manutenção do Tik Tok por mais 75 dias nos EUA
A pressão vem de todos os lados: Trump ordena corte de juros, Powell responde e bolsas seguem ladeira abaixo
O presidente do banco central norte-americano enfrenta o republicano e manda recado aos investidores, mas sangria nas bolsas mundo afora continua e dólar dispara
O combo do mal: dólar dispara mais de 3% com guerra comercial e juros nos EUA no radar
Investidores correm para ativos considerados mais seguros e recaculam as apostas de corte de juros nos EUA neste ano
Mark Zuckerberg e Elon Musk no vermelho: Os bilionários que mais perdem com as novas tarifas de Trump
Só no último pregão, os 10 homens mais ricos do mundo perderam, juntos, em torno de US$ 74,1 bilhões em patrimônio, de acordo com a Bloomberg
China não deixa barato: Xi Jinping interrompe feriado para anunciar retaliação a tarifas de Trump — e mercados derretem em resposta
O Ministério das Finanças da China disse nesta sexta-feira (4) que irá impor uma tarifa de 34% sobre todos os produtos importados dos EUA
Um café e um pão na chapa na bolsa: Ibovespa tenta continuar escapando de Trump em dia de payroll e Powell
Mercados internacionais continuam reagindo negativamente a Trump; Ibovespa passou incólume ontem
Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) perdem juntas R$ 26 bilhões em valor de mercado e a culpa é de Trump
Enquanto a petroleira sofreu com a forte desvalorização do petróleo no mercado internacional, a mineradora sentiu os efeitos da queda dos preços do minério de ferro
Bitcoin (BTC) em queda — como as tarifas de Trump sacudiram o mercado cripto e o que fazer agora
Após as tarifas do Dia da Liberdade de Donald Trump, o mercado de criptomoedas registrou forte queda, com o bitcoin (BTC) recuando 5,85%, mas grande parte dos ativos digitais conseguiu sustentar valores em suportes relativamente elevados
O ativo que Luis Stuhlberger gosta em meio às tensões globais e à perda de popularidade de Lula — e que está mais barato que a bolsa
Para o gestor do fundo Verde, Brasil não aguenta mais quatro anos de PT sem haver uma “argentinização”