🔴 SAVE THE DATE – 25/11: MOEDA COM POTENCIAL DE 30.000% DE VALORIZAÇÃO SERÁ REVELADA – VEJA COMO ACESSAR

Ana Paula Ragazzi
GOVERNANÇA

Atenção, minoritários! Precisamos falar sobre conselhos de administração

As notícias vindas de Qualicorp e Gafisa mostram que esses órgãos, por vezes, estão assumindo posições de controle que lembram donos de empresas familiares: se esquecem que têm outros acionistas a quem devem satisfação.

Ana Paula Ragazzi
9 de outubro de 2018
5:57 - atualizado às 17:29
José Seripieri Filho, presidente da Qualicorp
José Seripieri Filho, ex-presidente da Qualicorp - Imagem: Divulgação/Fiesp

Precisamos falar sobre conselhos de administração e sobre a quem eles servem. As notícias vindas de Qualicorp e Gafisa mostram que esses órgãos, por vezes, estão assumindo posições de controle que lembram donos de empresas familiares: se esquecem que têm outros acionistas a quem devem satisfação.

A Qualicorp, em 1º de outubro, comunicou ao mercado que, por decisão unânime do conselho, tirou R$ 150 milhões do seu caixa e pôs no bolso do seu fundador, José Seripieri Filho, conhecido como Júnior. Por essa quantia, ele se comprometia, por um prazo de seis anos, a não vender sua fatia de 15% das ações da empresa, nem montar um novo negócio que concorra com ela.

Os demais acionistas, liderados pela XP, arrancaram os cabelos: acharam a quantia paga absurda e ameaçaram entrar na Justiça contra a empresa. Uma semana depois, fecharam um acordo que mais pareceu um “pito”: o conselho se comprometeu com algumas mudanças. Entraram no pacote: sempre submeter operações com partes relacionadas a assembleia de acionistas, criar um comitê de governança,
revisar a remuneração de seu diretor-presidente (Júnior) e trocar um conselheiro.

Júnior abriu mão do salário este ano e se comprometeu a usar os R$ 150 milhões para comprar novas ações da Qualicorp, tentando sinalizar alinhamento com o negócio.

Sem detalhes

O conselho optou por decidir o acordo com o fundador sozinho e só divulgou ao mercado uma semana depois, após o pagamento ter sido efetuado. Como ninguém sabe detalhes do processo não dá para saber exatamente como tudo aconteceu. Mas aparentemente Júnior revelou ao conselho que deixaria a Qualicorp para fazer outro negócio, com potencial de concorrer com a empresa. Se ele pediu alguma compensação para não fazer isso, ou se a iniciativa de ofertá-la foi do conselho, os acionistas não ficaram sabendo.

O conselho alegou que para chegar ao acordo e ao valor pago contratou estudos da Mercer, McKinsey e Spencer Stuart. Eles não foram divulgados. Uma reportagem do Valor diz que Júnior quer fazer uma empresa de planos de saúde, que não seria permitida pela legislação dentro da Qualicorp. Agora, após o acerto, irá levar a ideia adiante, com alguns ajustes. Ou seja, confirmada a reportagem, de repente ficou possível fazer o negócio dentro da Qualicorp.

Leia Também

Ficam várias questões que a Qualicorp, procurada pela reportagem, não quis responder. Por que a empresa demorou tanto para comunicar o acordo ao mercado e nem pensou em discuti-lo com acionistas? Por que não quis detalhar os estudos e as consultorias? Por que a saída do fundador prejudicaria a Qualicorp? Por que essa empresa não teria condições de enfrentar um concorrente? Que medidas tomou para reduzir essa dependência do fundador?

Definir estratégias que mitigassem esses riscos, essa dependência de um negócio a uma pessoa, seria talvez o papel desse conselho, que parece dizer que não tem como manter a empresa se perder seu criador.

Gente grande

Nenhum desses conselheiros começou a lidar com o mercado de capitais ontem. E, muito provavelmente, nenhum deles aceitaria passivamente o que estão impondo para os acionistas da Qualicorp. O presidente do conselho da empresa é Raul Rosenthal Ladeira de Matos, que trabalhou no Bozano, Simonsen, por 12 anos foi presidente da American Express na América Latina.

Os demais membros são Arnaldo Curiati , sócio fundador da Abyara Planejamento Imobiliário e hoje presidente da Abyara Brokers. Alexandre Silveira Dias, sócio da Victoria Capital Partners. Wilson Olivieri, que trabalhou na Fidelity BPO, Medial Saúde, EBX, Pagenet, Pepsico e Philip Morris. Nilton Molina, um dos fundadores da Bradesco Vida e Previdência e da Icatu Hartford Seguros e hoje é presidente do conselho da Mongeral Aegon. Claudio Chonchol Bahbout, que foi da JGP e da 3G, duas das mais badaladas gestoras de recursos do mercado. O sétimo integrante é José Seripieri Filho.

Bahbout, conforme comunicado da Qualicorp, disponibilizou seu cargo para permitir que a XP colocasse um representante no órgão. O escolhido foi Rogério Calderon Peres, ex-Unibanco e ex-Alupar.

Os acionistas permitiram?

A pergunta que fica é se trocar um membro adianta ou se os acionistas não deveriam prestar mais atenção aos seus negócios e participar mais ativamente da fiscalização e indicação dos integrantes dos conselhos das empresas em que investem.

A ação de Junior na Qualicorp não é uma surpresa. A vontade dele de sair da empresa ou de ganhar um prêmio para permanecer já era conhecida. Há dois anos, a revista Exame publicou que ele queria vender suas ações, mas estava pedindo muito mais do que elas valiam no mercado.

É não é a primeira vez que o conselho aprova medidas polêmicas em empresas sem controlador. Há casos recentes com a HRT, CVC e, mais ainda, com a Gafisa – que teve seu conselho tomado por um acionista há menos de um mês. Até o ano passado, o quórum das assembleias da construtora estava na casa dos 20%.

Em julho passado, a Comissão de Valores Mobiliários julgou o severance package da petroleira HRT que previa uma espécie de seguro-desemprego para executivos da empresa, que estava prestes a receber uma oferta de compra hostil. Os acionistas não sabiam desse acordo, que envolvia cerca de R$ 30 milhões, até a oferta se efetivar. Mesmo assim a CVM não viu problemas e entendeu que estudos embasaram que a decisão, que foi tomada no melhor interesse da companhia.

Em 2017, o conselho de administração da operadora de turismo CVC aprovou um pacote extra de remuneração para segurar, por dois anos, o presidente da companhia, Luiz Eduardo Falco. Nesse período, além do que já recebia, ele teria cerca de R$ 50 milhões a mais garantidos para que todos ficassem tranquilos de que ele continuaria na empresa. Os acionistas reclamaram e o plano foi modificado.

Quando o acionista toma o conselho

Na construtora Gafisa, o problema não envolve especificamente dinheiro, mas a estratégia de gestão da companhia. A gestora GWI, de Mu Hak You, fez posição relevante na empresa, chamou uma assembleia e conseguiu ocupar 5 das 7 vagas no conselho, com 40% de participação na companhia.

No dia seguinte, esse conselho demitiu o presidente, o diretor financeiro e o diretor operacional. Pôs no lugar duas pessoas da própria GWI que alegam alguma experiência no setor imobiliário, mas não no segmento residencial.

As demissões foram motivadas por uma reestruturação que a GWI preparou para a Gafisa, que ninguém qual é e como ele seria possível deixando a empresa com a diretoria dilapidada. Depois que a GWI assumiu o conselho e a chefia da empresa, três outros executivos renunciaram a cargos de diretores estatutários e passaram a ser celetistas.

Além das demissões, o projeto começa com mudança de sede e um plano de recompra de ações. Até outro dia, discutia-se o problemas da saúde financeira das construtoras que estavam com geração de caixa negativa, mas a GWI entende que é hora de usar caixa para recomprar ações.

Aqui, até agora, nenhum acionista acordou do coma. Mas dois conselheiros da empresa, Tomas Awad e Eric Alencar, que não são da GWI, registraram seu descontentamento durante a reunião que aprovou as novas medidas.

Em manifestação de próprio punho, eles ressaltaram as muitas mudanças em posições relevantes para a empresa ao mesmo tempo. Chamaram atenção para a qualificação do diretor financeiro para o cargo e a possibilidade de perder interlocução com o mercado financeiro, o que pode influenciar negativamente em novas captações e até a divulgação de resultados.

Foram contra a mudança da sede e a recompra de ações. Diz o texto : “O conselho não tem informações para tomar essa decisão. Não temos uma projeção de fluxo de caixa futuro. A empresa consumiu aproximadamente R$ 50 milhões do caixa até agora e possui alavancagem de 82% do patrimônio líquido. Esta decisão pode colocar em risco a liquidez da empresa num momento de muitas mudanças na gestão e na interlocução com financiadores."

Mas eles são minoria. O resto de conselho tem um lado bem definido – e não é o da empresa, nem do minoritário.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
ROYALTIES MUSICAIS

Fundo que detém direitos de músicas de Beyoncé e Shakira anuncia venda de US$ 1,4 bilhão a investidor

18 de abril de 2024 - 17:04

A negociação será feita com apoio da Apollo Capital Management, parceira da Concord, gigante de private equity dos EUA

Ranking

O Galaxy desbanca o iPhone: Apple (AAPL34) perde liderança global de smartphones no 1T24

15 de abril de 2024 - 18:17

Embora o setor esteja em crescimento, a gigante de tecnologia apresentou uma queda de quase 10% nas remessas de iPhone no primeiro trimestre do ano

NAS PRATELEIRAS

Os ‘cigarrinhos’ de chocolate vão voltar: Pan é vendida em leilão por R$ 3,1 milhões 

5 de março de 2024 - 19:49

Companhia entrou em recuperação judicial em 2021, mas o processo não foi bem sucedido e dois anos depois decretou falência

O PESO DA DÍVIDA

O pior já passou? O que diz a Fitch sobre as empresas brasileiras um mês após ter elevado a nota de crédito do Brasil 

29 de agosto de 2023 - 19:24

As empresas sob o guarda-chuva da agência de classificação de risco têm R$ 425 bilhões em dívidas com vencimento até 2024; o número assusta, mas pode não ser tão ruim assim; entenda por quê

PUNIÇÕES BILIONÁRIAS

Big techs na mira: Google (GOGL34) é multado por União Europeia e Coreia do Sul em bilhões de dólares

14 de setembro de 2022 - 14:08

A maior das penalidades foi de US$ 4,126 bilhões, referente a um processo aberto pela União Europeia em 2015 por práticas anticompetitivas

AO INFINITO E ALÉM?

Elon Musk quer te ouvir: Onde a Tesla deve instalar a próxima rede de carregadores para os carros elétricos?

14 de setembro de 2022 - 10:30

Tesla Charging pediu que o público comentasse os locais que desejam que seja inaugurada uma nova unidade de Supercharger. Os nomes mais curtidos devem entrar para uma votação oficial da empresa

VAI UMA NFT AÍ?

Café com selo colecionável: Starbucks (SBUB34) anuncia programa de fidelidade com NFT; entenda como vai funcionar

13 de setembro de 2022 - 16:19

O “selo digital” é uma recompensa para clientes membros do ‘Starbucks Rewards’ e funcionários nos EUA; a iniciativa deve ser lançada ainda neste ano

PUBLICIDADE EM ALTA

De olho no varejo digital, Raia Drogasil (RADL3) compra startup de tecnologia focada em soluções de mídia

13 de setembro de 2022 - 12:39

Segundo a RD, a aquisição da eLoopz deve fortalecer a estratégia de publicidade dos anunciantes nos canais físicos e digitais da companhia

ESTÁGIO E TRAINEE

Twitter, Vale e Americanas têm processos seletivos abertos para estágio e trainee; veja oportunidades com bolsas-auxílio de até R$ 7 mil

12 de setembro de 2022 - 13:35

Os processos seletivos aceitam candidaturas até outubro, com início previsto a partir de janeiro de 2023

VAGAS DA SEMANA

Vagas de emprego: PagBank PagSeguro, C6 Bank e Banco Inter estão com processos seletivos abertos; confira as principais oportunidades da semana

9 de setembro de 2022 - 15:29

Ao todo, são mais de 200 vagas de emprego para diversas áreas no formato híbrido ou remoto, em todo o país

ESTÁGIO E TRAINEE

Vale e Ambev estão processos seletivos abertos para estágio e trainee; veja oportunidades com bolsas-auxílio de até R$ 7 mil

5 de setembro de 2022 - 14:47

Os processos seletivos aceitam candidaturas até setembro, com início previsto a partir de janeiro de 2023

SOBE E DESCE

IRB (IRBR3) lidera pelotão de perdas do Ibovespa e Eztec (EZTC3) vai na direção oposta — veja o que foi destaque na bolsa na semana

3 de setembro de 2022 - 9:10

Lá fora, as negociações da semana continuaram sendo marcadas pela expectativa em torno da condução da política monetária do Federal Reserve; por aqui, o principal índice da B3 acumulou perdas de 1,28%

CAMINHOS ABERTOS

Gerdau (GGBR4) e Randon (RAPT4) se unem para competir com a Vamos (VAMO3) no ramo de locação de caminhões

2 de setembro de 2022 - 17:07

As duas empresas vão investir R$ 250 milhões em uma joint venture para atuar no segmento; ações reagem em alta ao negócio

É OUTRO NÍVEL

JHSF (JHSF3) é ação de luxo com potencial de valorização de mais de 60%; saiba por que vale a pena ter

2 de setembro de 2022 - 17:01

O Bank of America iniciou a cobertura da empresa com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 10,50

VISÃO ALÉM DO ALCANCE

Mais que petróleo! Como a PRIO (PRIO3) pode lucrar com a compra da Dommo (DMMO3), a antiga joia do império de Eike Batista

2 de setembro de 2022 - 14:26

A Prisma Capital, dona da antiga OGX de Eike Batista, estava em busca de um comprador para a Dommo Energia e assinou na quinta-feira (01) um memorando de entendimento com a PetroRio, que deve assumir a empresa

VAGAS DA SEMANA

Vagas de emprego: Ambev está com inscrições abertas; confira as principais oportunidades da semana

2 de setembro de 2022 - 13:47

Ao todo, são mais de 200 vagas de emprego para diversas áreas no formato híbrido ou remoto

ALGUÉM ME SEGURA

IRB (IRBR3) desaba novamente e especulação continua após definição da oferta de ações a R$ 1,00; entenda

2 de setembro de 2022 - 11:24

Taxas do aluguel de ações do IRB chegam a 300%; investidores aproveitam para operar vendidos de olho na diferença entre as cotações de mercado e o valor da oferta

50% OFF

Vai um descontão aí? IRB (IRBR3) lança ações a R$ 1,00 para sair do fundo do poço – e poderia ter sido pior; papéis desabam na B3

2 de setembro de 2022 - 5:49

O valor foi pressionado pelo desenho da oferta: o IRB (IRBR3) pretendia emitir 597.014.925 ações, mas o montante acabou acrescido em 101%

RESQUÍCIOS DO IMPÉRIO DE EIKE BATISTA

PRIO (PRIO3) assina memorando para combinação de negócios com a Dommo Energia (DMMO3); veja detalhes do acordo entre as petroleiras de Nelson Tanure e Prisma Capital

1 de setembro de 2022 - 20:01

As ações da companhia serão transferidas da Prisma, gestora especializada em ativos problemáticos e complexos, para uma sociedade cujo capital será integralmente detido pela PRIO

VALOR ATUALIZADO

Eletrobras (ELET3) vai pagar mais de R$ 1,3 bilhão em dividendos na próxima semana e o valor por ação cresceu; veja quem tem direito à bolada

1 de setembro de 2022 - 19:25

A empresa guardou uma surpresa para os acionistas no valor por ação da distribuição, que foi atualizado com base na variação da taxa Selic

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar