🔴 GANHOS DE ATÉ R$ 1.000 POR HORA? ESTE MÉTODO PODE GERAR RENDA DE 7 DÍGITOS POR MÊS – CONHEÇA

Eduardo Campos
Eduardo Campos
Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e Master In Business Economics (Ceabe) pela FGV. Cobre mercado financeiro desde 2003, com passagens pelo InvestNews/Gazeta Mercantil e Valor Econômico cobrindo mercados de juros, câmbio e bolsa de valores. Há 6 anos em Brasília, cobre Banco Central e Ministério da Fazenda.
Contas Públicas

O que você quer ser quando crescer? Aposentado!

Seu Dinheiro apresenta série de reportagens sobre a incompreendida e essencial questão fiscal. Reforma da Previdência é tema urgente, mas pouco compreendido

Eduardo Campos
Eduardo Campos
26 de outubro de 2018
6:03 - atualizado às 18:36
Imagem: Pomp

Praticamente todas as discussões envolvendo o desafio fiscal e o ajuste nas contas públicas passam por uma reforma da Previdência. O tema é controverso, complexo e se tratado de forma descuidada vira alvo fácil de propaganda negativa.

Esse é o tema da reportagem de hoje, depois de falarmos do explosivo comportamento da dívida bruta e do incompreendido teto de gastos.

Bilhões e bilhões

Sempre que dos deparamos com o tema, a Previdência nunca vem dissociada do termo “déficit” e números alarmantes na casa das centenas de bilhões. No entanto, a forma como o assunto vem sendo tratado parece dificultar o seu entendimento. E essa uma questão cara ao brasileiro, que está quase sempre contanto os anos para se aposentar.

A questão previdenciária não está restrita a uma diferença de receitas e despesas em um único ano ou período de tempo. Não é um problema de estoque, que seria resolvido como mágica cobrando dívidas, taxando os ricos ou vinculando receitas, como sugerem alguns vídeos no “YouTube”.

A Previdência é um problema de fluxo. O volume de pagamentos cresce de forma constante e em velocidade superior às receitas a perder de vista. Assim, uma reforma do sistema não visa acabar com o déficit de R$ 218 bilhões estimado para 2019, mas sim tornar o fluxo entre receitas e despesas sustentável para que todos tenham a possibilidade de receber no futuro.

Alguns números

Para dar dimensão do que o desembolso com Previdência representa, o Orçamento de 2019 estima um gasto de R$ 767,8 bilhões com o setor privado (INSS), servidores públicos civis e militares. Isso representa mais de seis vezes o gasto com saúde, de R$ 118 bilhões, e mais de sete vezes o que se gasta com educação (R$ 98 bilhões).

Leia Também

Esse valor representa mais de 50% das despesas totais do governo. Quanto mais esse gasto cresce, menos recursos sobram para outras demandas, como saúde, educação e segurança. Dando outro parâmetro, apenas o aumento anual do déficit, da ordem de R$ 50 bilhões, é superior a todo investimento público.

Problema semelhante também é enfrentado pelos Estados. Um bom exemplo é o Rio de Janeiro onde vimos aposentados sem receber por falta de dinheiro. No caso dos chamados Regimes Próprios de Previdência Social (RPPSs), também há crescente descompasso entre receitas e despesas, da ordem de R$ 40 bilhões.

Se falta recurso ou governo corta despesa onde dá, pega emprestado ou aumenta impostos. A primeira alternativa está se esgotando, pois além do gasto com aposentadorias e pensões, o governo tem uma série de outros gastos “obrigatórios”, ficando com uma margem de manobra cada vez mais restrita. De volta ao Orçamento, cerca de 7% do dinheiro pode ser usado livremente pelo governo, os outros 93% já estão “carimbados”. A alternativa de tomar dívida também se mostra inconsistente. A dívida bruta já se aproxima dos 80% do PIB, tendo subido de cerca de 60% em 2013. E elevar a carga tributária também parece fora de cogitação.

Falando com um especialista

Para nos ajudar a entender o problema, fiz algumas perguntas para o consultor Legislativo do Senado Pedro Fernando Nery, que tem abordado e esse e outros temas fiscais em diferentes artigos.

Estou tentando tratar a questão previdência como um problema de fluxo e não de estoque. Então, qual seria a origem desse constante e crescente descompasso entre receitas e despesas? Demografia ou temos outros vetores?

A demografia é essencial: as pessoas estão vivendo mais e tendo menos filhos. Nos anos 50 eram seis filhos por mulher, desde a década passada são menos de dois. Como o regime é por repartição, em que trabalhadores em atividade financiam os inativos, há uma pressão.

A demografia, no entanto, não explica tudo. Ela afeta um sistema que tem regras mal desenhadas, em que os mais ricos se aposentam mais cedo do que os mais pobres e, muitas vezes, recebem o benefício por mais tempo do que contribuíram para ele.

Além disso, uma pressão importante sobre o financiamento é o aumento real do salário mínimo, porque ele é o piso da Previdência. Quando o salário mínimo aumenta, dois terços dos benefícios são reajustados acima da inflação.

Quais alternativas temos para sanar esse descompasso? Idade mínima? Aumento na contribuição dos inativos? Achar novas fontes de receita? Uma combinação de alternativas?

A despesa previdenciária cresce somente na União em R$ 50 bilhões por ano. Então o ajuste precisa de uma combinação de medidas, que inclui tanto a despesa (mudança de regras de acesso a benefícios) quanto a receita (tributação). No INSS, a medida mais importante é mesmo a idade mínima para aposentadoria por tempo de contribuição - como existe no mundo todo e em outros benefícios da Previdência. A contribuição dos inativos existe no serviço público e deve ser majorada porque ajudaria os Estados, que vivem grave crise fiscal.

Sem reforma da Previdência há alternativa para o governo respeitar o teto de gastos e conter o aumento do endividamento? Essas possibilidades seriam mais ou menos custosas?

O teto de gastos não vai ser respeitado sem reforma da Previdência. O aumento do endividamento também prescinde da reforma, mas, rigorosamente, não há impeditivo para que um grande aumento de impostos, em escala inédita, possa cobrir o déficit primário. Seria necessário criar uma nova CPMF todo ano.

Proposta de Jair Bolsonaro fala em mudar de regime de repartição para capitalização. É algo realmente viável, mesmo que só para novos entrantes? Já Fernando Haddad fala em fazer uma reforma gradual, começando pelos RPPSs, como esse ajuste poderia ser feito? Aumentando contribuições dos servidores?

Só é viável para novos entrantes, ou então sobre uma parcela muito pequena do salário, o que não faz muito sentido. A capitalização é na verdade uma reforma complementar à uma reforma no regime de repartição, como a proposta por Michel Temer. Não dá pra fugir disso: idade mínima, mudanças nas pensões, no reajuste do salário mínimo, etc. Como a capitalização provoca inicialmente uma perda de arrecadação, e só melhora o sistema décadas a frente, ela não é prioridade.

Muito pode ser feito nos RPPSs, que são o principal responsável pela crise financeira dos Estados (não a corrupção). Aumentar contribuição dos servidores é só uma das medidas. O maior problema nesses entes são as aposentadorias especiais, porque boa parte dos servidores estaduais são professores, policiais, profissionais de saúde, que podem se aposentar ainda mais cedo. É um ajuste impopular, mas infelizmente imprescindível que o novo presidente terá que encarar.

Batalha da comunicação

Quando escrevi sobre o tema para o especial sobre os planos de governo chamei atenção para a importância da comunicação com relação ao tema e isso merece ser novamente destacado.

Pesquisa XP/Ipespe feita no começo de agosto mostrou que apenas 28% do eleitorado coloca a reforma da Previdência como a mais importante (54% citam a reforma política). Além disso, 51% se disseram contra a reforma previdenciária. Mais recentemente, levantamento do BTG Pactual/FSB, de outubro, mostrou que 79% dos entrevistados são contra um aumento da idade de aposentadoria para 65 anos.

É natural que ocorra uma confusão entre expectativa de vida ao nascer e a expectativa de sobrevida, que mede quantos anos a mais, em média, alguém vive depois de chegar aos 60 anos. Em 1980, a expectativa de sobrevida era de 15,2 anos e está, agora, na casa dos 22,1 anos e sobe a 25,2 anos em 2060. O gráfico abaixo, que peguei de uma apresentação do Ministério da Fazenda, ajuda ilustrar a questão.

Outro levantamento, feito pela Fenaprevi-Ipsos, mostrou que 75% dos entrevistados atribuem o déficit da previdência à corrupção no sistema, evidenciando o amplo desconhecimento do problema. Algo que também transparece na avaliação de 51% que acreditam que o modelo atual é sustentável, podendo continuar da mesma forma por muitos anos.

O governo vai precisar conquistar aliados dentro e fora do governo para conseguir levar adiante essa reforma. E isso passa por comunicar de forma clara que as mudanças nas regras visam, como bem disse Nery, os mais ricos, que se aposentam mais cedo, e as classes especiais do funcionalismo.

Lembro que falei a um colega, que trabalhava no governo quando Temer começou a tratar de sua proposta, que eles estavam errando na comunicação ao não deixar claro são os mais pobres que acabam sustentando as aposentadorias integrais de parte do funcionalismo público. Meu amigo disse que eles sabiam disso, mas que o governo optou por não cobrar comprar a briga com os servidores.

Para encerar esse tema árido, lembro de um diálogo que certa vez presenciei entre uma mulher de uns 40 anos, com uma menina de uns nove, e que ilustra como aposentadoria é paixão nacional:

- Mulher: Paulinha, o que você quer ser quando crescer?

- Paulinha: Aposentada, que nem a vovó!

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EMPIRICUS ASSET DAY

Mercado de previdência cresce a dois dígitos por ano, mas investimento ainda gera polêmica entre especialistas e beneficiários

6 de setembro de 2024 - 19:58

No Brasil, o tema costuma ser um dos mais polêmicos e desafiadores, tanto para especialistas quanto para beneficiários

PLOA

Previsão de déficit zero, corte no Bolsa Família e salário mínimo de R$ 1.509: o plano do governo para o Orçamento de 2025

31 de agosto de 2024 - 13:01

Projeto de lei com os detalhes do Orçamento de 2025 foi enviado por Lula ao Congresso Nacional na noite de sexta-feira

RENDA FIXA

Marcação a mercado: o ponto de discórdia entre o Ministério da Fazenda e os fundos de previdência complementar

18 de agosto de 2024 - 11:11

Ministério da Fazenda defende a marcação a mercado também nos saldos dos fundos de previdência complementar; entidades temem que percepção de volatilidade leve a saques

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Voltas e reviravoltas: Ibovespa tenta manter alta em semana de dados de inflação enquanto bolsas repercutem eleições na França

8 de julho de 2024 - 8:02

Ibovespa ainda não sabe o que é cair em julho; testemunhos de Powell, futuro de Biden e regulamentação da reforma tributária estão no radar

FAZENDO AS CONTAS

Previdência em risco: desvincular benefício do salário mínimo para cumprir meta fiscal pode criar efeito rebote nas contas

7 de julho de 2024 - 16:48

Em entrevista à Agência Brasil, especialista em Previdência Social afirma que os benefícios previdenciários e assistenciais não vão para a poupança, mas para custo de vida

Reforma tributária

PGBLs e VGBLs escaparam, mas fundos de pensão ainda podem ser taxados; veja o impacto no benefício na aposentadoria

4 de julho de 2024 - 17:57

Taxação dos fundos de pensão de estatais e daqueles que as empresas privadas oferecem aos funcionários ainda será debatida no Congresso no âmbito da reforma tributária

Decisões contra a união

INSS vai pagar R$ 2,4 bilhões por decisões judiciais; veja se você pode receber uma parte desse dinheiro

24 de junho de 2024 - 18:29

Valores serão pagos a quem aguarda pelo benefício do INSS, pensões e auxílio-doença, entre outros

IR 2024

Como declarar aposentadorias e pensões da Previdência Social no imposto de renda

19 de março de 2024 - 6:59

Aposentados e pensionistas da Previdência Social têm direito à isenção de imposto de renda sobre uma parte de seus rendimentos. Veja os detalhes de como declará-los no IR 2024

Simulamos!

Quanto você precisa juntar para se aposentar aos 40, 50 e 60 anos com uma renda de R$ 5 mil por mês

13 de março de 2024 - 6:27

Simulamos quanto um jovem de 30 anos precisa investir por mês em prazos de 10, 20 ou 30 anos para garantir uma “mesada” de R$ 5 mil por duas décadas

LINHA D'ÁGUA

Por que FoFs de previdência privada serão os grandes vencedores das mudanças recentes na tributação

26 de fevereiro de 2024 - 18:46

Esse tipo de fundo mantem a mesma característica tributária de um exclusivo de previdência, mas, por ser um fundo coletivo, de varejo, não tem o limite de R$ 5 milhões de patrimônio

Muito além dos super-ricos

Novidades na previdência privada: como o governo quer incentivar você a contratar renda ao se aposentar com um PGBL ou VGBL

22 de fevereiro de 2024 - 6:39

Resoluções que restringiram a criação de fundos exclusivos de previdência privada trouxeram também outras mudanças aos planos, potencialmente benéficas ao público geral

IR 2024

Informe de rendimentos do INSS para o IR 2024 já está disponível; veja como baixar

20 de fevereiro de 2024 - 8:32

Documento serve como comprovação do recebimento de benefícios da Previdência Social em 2023

PGBL e VGBL

Previdência privada não entra em inventário, mas existe um caso em que esta regra não se aplica; entenda

15 de fevereiro de 2024 - 6:05

Entendimento do STJ no ano passado abriu a porta para que previdência privada pudesse eventualmente integrar inventário

SEGURIDADE SOCIAL

Teto do INSS supera os R$ 7.700 com reajuste para aposentadorias acima do salário mínimo

12 de janeiro de 2024 - 9:06

O decreto com o valor do salário mínimo, que responde pela maior parte dos benefícios da Previdência Social, foi assinado no fim de dezembro pelo presidente

Mudança de regra

Previdência privada: Agora você pode trocar a tabela de imposto de renda a qualquer momento; saiba quando vale a pena

12 de janeiro de 2024 - 6:49

Governo acaba de sancionar lei que facilita planejamento da aposentadoria; veja cinco perguntas e respostas sobre a nova regra de tributação dos planos de previdência

Planejando o futuro

Segunda parcela do 13º salário cai até quarta-feira (20) – e você tem até o fim do ano para usá-la para ‘fugir’ do Leão

18 de dezembro de 2023 - 5:59

Um bom destino para esse dinheiro nesta época do ano é o investimento em previdência privada; entenda os benefícios do produto e saiba para quem é indicado

Planejando o futuro

Previdência privada vs. Tesouro RendA+: qual dos dois escolher para poupar para a aposentadoria?

13 de novembro de 2023 - 6:57

No fim do ano, bancos começam a oferecer planos previdenciários, mas agora eles têm um concorrente no Tesouro Direto! Veja as semelhanças, diferenças e qual opção é mais indicada para você

LINHA D'ÁGUA

O que você precisa saber antes de investir em um fundo de previdência

28 de agosto de 2023 - 15:18

Fundos de previdência possuem benefícios interessantes, mas você precisa prestar atenção a seus limites e diferenças em relação a fundos tradicionais antes de investir

DE OLHO NAS REDES

“Alguém vai ter que pagar essa conta”: crise previdenciária pode deixar milhões vulneráveis no mundo todo — mas Brasil pode ter uma solução, destaca PhD pelo MIT

17 de agosto de 2023 - 16:38

“Cinquenta por cento das pessoas nos Estados Unidos não têm reservas para a aposentadoria. O governo vai ter que resgatá-las. Este será um problema existencial para o país, porque todas essas pessoas vão se aposentar sem dinheiro. E alguém vai ter que pagar essa conta”. Quem disse isso foi Arun Muralidhar, economista e PhD pelo […]

Entrevista exclusiva

Se eu fosse brasileiro, estaria comprando Tesouro RendA+ ao máximo, diz idealizador do novo título público em parceria com Nobel de Economia

16 de agosto de 2023 - 6:29

Em entrevista ao Seu Dinheiro, Arun Muralidhar, autor das ideias que embasam o Renda+ e o Educa+ ao lado do Nobel Robert Merton, explica os conceitos por trás dos novos títulos do Tesouro e diz que Brasil servirá de exemplo para outros países, que já mostraram interesse em desenvolver produtos semelhantes

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar