Alta da Selic pode vir já em outubro
O recado do Banco Central foi claro e deve trazer ajustes nos juros futuros e na taxa de câmbio
O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 6,5% ao ano e afirmou que o cenário atual pede a manutenção nesse patamar. Mas o comunicado da decisão tem uma clara mudança de tom: as avaliações sobre a inflação corrente e futura se alteraram e o aceno é de que uma alta da Selic pode estar mais perto do que o esperado. Os motivos são a valorização do dólar, que capta o ambiente de incerteza interna com relação às eleições, e um quadro externo também conturbado para emergentes.
A próxima reunião acontece em 31 de outubro, com novo presidente eleito, o que já torna o encontro um dos mais esperados do ano. Essa mudança de comunicação será melhor explicada pela ata, que sai na terça-feira. Mas é o próprio Ilan Goldfajn que todos querem ouvir. E ele vai quebrar um silêncio de meses, na quinta-feira, dia 27, na apresentação do Relatório de Inflação.
Assim como você e eu, a diretoria colegiada do BC está esperando o resultado das urnas. Mas com os dados que o BC tem disponíveis neste momento, o quadro desenhado é de piora na dinâmica da inflação, e isso exige resposta da autoridade monetária. A deterioração se concentra na inflação de 2019, que está escapando para cima do centro da meta de 4,25% ao ano. E isso acontece apesar de uma atividade que se recupera em ritmo mais gradual que o antecipado.
O BC é claro ao dizer que o momento “ainda” prescreve taxas de juros que estimulem a atividade. E vinha falando isso desde setembro do ano passado. Mas agora somou a seguinte avaliação: “Esse estímulo começará a ser removido gradualmente caso o cenário prospectivo para a inflação no horizonte relevante para a política monetária e/ou seu balanço de riscos apresentem piora”. Traduzindo: Se as projeções seguirem descolando da meta, o juro vai subir. Com foi usado o termo “gradualmente” a alta seria de 0,25 ponto percentual.
Uma série de pontos do comunicado nos conta melhor essa história. Primeiro, o exercício de projeção mostra inflação em 4,4% neste ano e de 4,5% em 2019, considerando Selic estável em 6,5% ao ano e câmbio a R$ 4,15 ao longo de todo o horizonte. Em agosto, considerando Selic de 6,5% e câmbio a R$ 3,75, as projeções eram de 4,2% e 4,1%.
No cenário que considera as projeções do mercado para a Selic e o dólar, o IPCA fecha o ano em 4,1% (4,2% em agosto) e 4% em 2019 contra 3,8% na projeção anterior. Para 2019, o mercado trabalha com juro a 8% ao ano. Aqui, o dólar considerado é de R$ 3,83 neste ano e de R$ 3,75 no ano que vem.
Leia Também
Tesouro IPCA+ é imbatível no longo prazo e supera a taxa Selic, diz Inter; título emitido há 20 anos rendeu 1.337%
Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer
Além da piora na projeção para 2019, o BC fez uma mudança na sua avaliação sobre o comportamento dos núcleos de preços, medidas que captam a tendência da inflação. Agora, o BC fala que essas medidas estão “apropriadas” em comparação com uma avaliação que perdurou por meses de que elas estavam em “níveis baixos”. No dicionário do BC, níveis baixos indicam núcleos próximos ao piso da meta de 3% para este ano. Agora, essas medidas de tendência da inflação estariam mais condizentes com a meta de 4,5%.
No balanço de riscos, onde o BC avalia os vetores que podem impactar suas projeções para cima ou para baixo, saiu de cena a avaliação sobre a propagação inercial da inflação. Agora, o BC só fala em ociosidade da economia. O balanço piorou e não foi só neste ponto. Na avaliação sobre o futuro das reformas e cenário externo, o BC diz que esses riscos se elevaram.
Mesmo com o dólar tendo papel relevante na piora das projeções, o BC reafirma que “não há relação mecânica entre choques recentes e a política monetária”. O manual do bom banqueiro central só mandar agir quando uma alta de preço, seja dólar ou alimentos, passa a se espraiar pelo restante da economia, é o chamado “efeito secundário”.
Agenda econômica: Prévia do PIB é destaque em semana com feriado no Brasil e inflação nos EUA
A agenda econômica da semana ainda conta com divulgação da ata da última reunião do Copom e do relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)
Renda fixa apimentada: “Têm nomes que nem pagando CDI + 15% a gente quer”; gestora da Ibiuna comenta sobre risco de bolha em debêntures
No episódio da semana do podcast Touros e Ursos, Vivian Lee comenta sobre o mercado de crédito e onde estão os principais riscos e oportunidades
Selic sobe para 11,25% ao ano e analista aponta 8 ações para buscar lucros de até 87,5% ‘sem bancar o herói’
Analista aponta ações de qualidade, com resultados robustos e baixo nível de endividamento que ainda podem surpreender investidores com valorizações de até 87,5% mais dividendos
Carne com tomate no forno elétrico: o que levou o IPCA estourar a meta de inflação às vésperas da saída de Campos Neto
Inflação acelera tanto na leitura mensal quanto no acumulado em 12 meses até outubro e mantém pressão sobre o BC por mais juros
Você quer 0 a 0 ou 1 a 1? Ibovespa repercute balanço da Petrobras enquanto investidores aguardam anúncio sobre cortes
Depois de cair 0,51% ontem, o Ibovespa voltou ao zero a zero em novembro; índice segue patinando em torno dos 130 mil pontos
O que comprar no Tesouro Direto agora? Inter indica títulos públicos para investir e destaca ‘a grande oportunidade’ nesse mercado hoje
Para o banco, taxas como as que estamos vendo atualmente só ocorrem em cenários de estresse, que não ocorrem a todo momento
Jogando nas onze: Depois da vitória de Trump, Ibovespa reage a Copom, Fed e balanços, com destaque para a Petrobras
Investidores estão de olho não apenas no resultado trimestral da Petrobras, mas também em informações sobre os dividendos da empresa
Com Selic em 11,25%, renda fixa conservadora brilha: veja quanto passa a render R$ 100 mil na sua reserva de emergência
Copom aumentou a taxa básica em mais 0,50 ponto percentual nesta quarta (06), elevando ainda mais o retorno das aplicações pós-fixadas
Campos Neto acelerou: Copom aumenta o ritmo de alta da Selic e eleva os juros para 11,25% ao ano
A decisão pelo novo patamar da taxa, que foi unânime, já era amplamente esperada pelo mercado
Mais rápido do que se imaginava: Trump assegura vitória no Colégio Eleitoral e vai voltar à Casa Branca; Copom se prepara para subir os juros
Das bolsas ao bitcoin, ativos de risco sobem com confirmação da vitória de Trump nos EUA, que coloca pressão sobre o dólar e os juros
“O Banco Central tem poucas opções na mesa”: Luciano Sobral, da Neo, diz que Copom deve acelerar alta da Selic, mas mercado teme que BC perca o controle da inflação
Na visão de Sobral, o Copom deve elevar a Selic em 0,5 ponto percentual hoje, para 11,25% ano
Um rigoroso empate: Americanos vão às urnas para escolher entre Kamala Harris e Donald Trump antes de decisões de juros no Brasil e nos EUA
Dixville Notch é uma comunidade de apenas dez habitantes situada no interior de New Hampshire, quase na fronteira dos Estados Unidos com o Canadá. A cada quatro anos, o povoado ganha holofotes por ser o primeiro a votar nas eleições presidenciais norte-americanas. Os moradores se reúnem à meia-noite, a urna é aberta, os eleitores votam […]
“Campos Neto está certo”: André Esteves, do BTG Pactual, diz que mercado está mais pessimista com o fiscal do que fundamentos sugerem
Para o chairman do banco de investimentos, o mercado está “ressabiado” após a perda de credibilidade do governo quanto à questão fiscal
Selic deve subir nas próximas reuniões e ficar acima de 12% por um bom tempo, mostra pesquisa do BTG Pactual
Taxa básica de juros deve atingir os 12,25% ao ano no início de 2025, de acordo com o levantamento realizado com gestores, traders e economistas
Começa a semana mais importante do ano: Investidores se preparam para eleições nos EUA com Fed e Copom no radar
Eleitores norte-americanos irão às urnas na terça-feira para escolher entre Kamala Harris e Donald Trump, mas resultado pode demorar
Agenda econômica: Eleições nos EUA dividem espaço com decisão de juros no país; Copom e IPCA são destaque no Brasil
A agenda econômica desta semana também conta com dados da balança comercial do Brasil, EUA e China, além da divulgação de resultados do terceiro trimestre de empresas gigantes no mercado
Selic: Copom pode subir juros em 0,5% na próxima reunião; como ficam seus investimentos?
Decisão acontecerá no dia 6 de novembro; saiba como ajustar sua carteira para se beneficiar do ciclo de alta de juros
“Fundo do poço tem alçapão”. Mercado perde a paciência com Lula e governo só tem uma saída
Com dólar nas alturas e alta de juros no radar, investidor deveria fazer o “básico bem feito”, disse Rafael Fedalto, da Libra Investimentos, ao podcast Touros e Ursos
O payroll vai dar trabalho? Wall Street amanhece em leve alta e Ibovespa busca recuperação com investidores à espera de anúncio de corte de gastos
Relatório mensal sobre o mercado de trabalho nos EUA indicará rumo dos negócios às vésperas das eleições presidenciais norte-americanas
Brasil é o único país do mundo a apostar na alta dos juros, diz Campos Neto – veja como aproveitar Selic nas alturas com a renda fixa
Juros futuros chegaram a ser precificados a 13% nas últimas semanas, mas cenário de Selic alta pode ser notícia positiva para investidores