Tempo fecha no mercado
Ausência de novos desdobramento da guerra comercial deixa exterior sem rumo, enquanto BC brasileiro atua firme para conter escalada do dólar

A volatilidade no mercado financeiro tende a permanecer relativamente alta, com os investidores com a sensação de que se formou uma tempestade perfeita. A guerra comercial entre Estados Unidos e China seria apenas mais um fator desse fenômeno, que conta ainda com ruídos políticos no Brasil e risco de recessão global.
Por isso, o exterior amanhece sem um rumo definido para o dia, com os investidores cientes de que momentos de calmaria no noticiário foram rapidamente preenchidos por abruptas reviravoltas, deixando os negócios num vaivém de gangorra. A recorrente mudança de tom do presidente norte-americano, Donald Trump, tem sido um dos principais motivos.
Mas a China também está preparada para o pior na guerra comercial e ficou surpresa com a informação dada por Trump, na segunda-feira, de que teria telefonado para Washington para reiniciar as negociações. A notícia fez Pequim colocar a credibilidade de Trump em xeque e ninguém sabe qual rumo a questão comercial vai tomar.
Com isso, uma nuvem carregada de dúvida em relação ao comércio paira no ar e pesa nos mercados. As bolsas da Ásia encerraram a sessão com poucas variações e sem uma direção definida, ao passo que as principais praças europeias amanheceram no vermelho. Em Nova York, o sinal positivo tenta prevalecer timidamente.
Já o petróleo avança, em meio a relatos de queda nos estoques norte-americanos da commodity, enquanto o dólar mede forças em relação às moedas rivais. O euro está estável, assim como o iene, enquanto a libra esterlina cai, diante das dificuldades do Reino Unido em retomar as negociações com a União Europeia (UE) sobre o Brexit.
Mas é a disputa tarifária entre as duas maiores economias do mundo que deve continuar ditando o ritmo dos mercados internacionais, sendo que a ausência de novos desdobramentos deixam os negócios sem rumo. Os investidores ainda estão tentando ter uma ideia do cenário, à medida que se aproxima o prazo para novas tarifas contra produtos chineses e norte-americanos no fim desta semana.
Leia Também
Enquanto, se espera uma retomada das negociações comerciais é preciso estar preparado para um novo estresse, já que a chance de um acordo segue remota. E essa perspectiva vem afetando o desempenho da economia global, com a “louca” curva de rendimento invertida sinalizando que a recessão bate à porta dos EUA, diante da retórica protecionista de Trump.
Talvez seja preciso mais do que a estratégia “morde-assopra” para mudar essa situação, com a China também falando em concessões de Washington e não apenas concordando com demandas unilaterais e tarifas mais altas. Além disso, os investidores têm de lidar com os ataques de Trump ao Federal Reserve, obscurecendo o cenário de juros nos EUA.
Pior aqui
Ou seja, nada novo e muito receio no front externo, o que mantém a confiança nos mercados fragilizada, sinalizando que a volatilidade veio para ficar. Esse sentimento eleva a percepção de risco entre os investidores, que penalizam, principalmente, os ativos emergentes.
E o Brasil tem sido alvo fácil, com o cenário de juros baixos - e inflação e atividade fracas - sendo um convite para a saída do capital externo do país. A escalada do dólar para perto da máxima histórica, em termos de fechamento, colada à faixa de R$ 4,20, durante a sessão de ontem fez o Banco Central ousar ainda mais.
Pela primeira vez desde 2009, a autoridade monetária realizou uma oferta de dólares das reservas internacionais, vendendo US$ 1 bilhão no mercado à vista. O leilão genuíno, sem uma operação conjugada no mercado futuro, acendeu o sinal de alerta, com os investidores receosos de que o nível elevado do câmbio possa colocar em risco novos cortes na Selic.
Tanto que rapidamente a curva local de juros futuros recompôs boa parte dos prêmios, sendo que o vencimento de longo prazo mais líquido, de 2025, voltou a projetar taxa acima de 7%. Aos olhos do mercado, por mais que o cenário local exija novas quedas nos juros básicos, o BC parece incomodado com o nível do dólar, o que pode adiar, interromper ou encurtar o ciclo de corte. Talvez, então, cabe mais um ajuste de 0,50 ponto - e só.
Afinal, o ambiente para os países emergentes agora é diferente. Diante disso, o Banco Central já anunciou nova intervenção no mercado de câmbio hoje, realizando leilões nas quatro frentes: à vista, swap reverso, swap tradicional e de linha. Tudo isso para evitar uma disparada do dólar, às vésperas da formação da taxa Ptax do mês.
Mais um dia de agenda fraca
A quarta-feira segue com poucos destaques na agenda econômica. Lá fora, serão conhecidos apenas os estoques semanais de petróleo bruto e derivados nos EUA (11h30). Por aqui, o ponto alto do calendário fica com as publicações do Banco Central sobre as operações de crédito em julho (10h30) e a entrada e saída de dólares do país (14h30).
Logo cedo, sai o índice de confiança no setor de serviços em agosto (8h). No front político, merece atenção a leitura do relatório da reforma da Previdência na CCJ do Senado, a partir das 11 horas. Ontem, o relator Tasso Jereissati sugeriu uma PEC “paralela” para incluir estados e municípios na proposta, além de outras alterações.
O objetivo dessa proposta paralela é agilizar a implementação das novas regras para aposentadoria, evitando que o texto retorne à Câmara. Com as mudanças previstas, haveria uma economia fiscal adicional de R$ 505 bilhões em dez anos, elevando o impacto total no período para R$ 1,350 trilhão.
A previsão é de que o texto seja votado, em segundo turno no plenário do Senado, em outubro, até o dia 10, deixando a conclusão final da reforma da Previdência apenas para o início do último trimestre deste ano.
Batalha naval: navios da China entram na mira das tarifas americanas — mas, dessa vez, não foi Trump que idealizou o novo imposto
As autoridades americanas chegaram à conclusão que a China foi agressiva para estabelecer dominância no setor de construção naval
Guerra comercial de Trump está prejudicando a economia do Brasil? Metade dos brasileiros acredita que sim, diz pesquisa
A pesquisa também identificou a percepção dos brasileiros sobre a atuação do governo dos Estados Unidos no geral, não apenas em relação às políticas comerciais
Com ou sem feriado, Trump continua sendo o ‘maestro’ dos mercados: veja como ficaram o Ibovespa, o dólar e as bolsas de NY durante a semana
Possível negociação com a China pode trazer alívio para o mercado; recuperação das commodities, especialmente do petróleo, ajudaram a bolsa brasileira, mas VALE3 decepcionou
‘Indústria de entretenimento sempre foi resiliente’: Netflix não está preocupada com o impacto das tarifas de Trump; empresa reporta 1T25 forte
Plataforma de streaming quer apostar cada vez mais na publicidade para mitigar os efeitos do crescimento mais lento de assinantes
Lições da Páscoa: a ação que se valorizou mais de 100% e tem bons motivos para seguir subindo
O caso que diferencia a compra de uma ação baseada apenas em uma euforia de curto prazo das teses realmente fundamentadas em valuation e qualidade das empresas
Como declarar opções de ações no imposto de renda 2025
O jeito de declarar opções é bem parecido com o de declarar ações em diversos pontos; as diferenças maiores recaem na forma de calcular o custo de aquisição e os ganhos e prejuízos
Show de ofensas: a pressão total de Donald Trump sobre o Fed e Jerome Powell
“Terrível”, “devagar” e “muito político” foram algumas das críticas que o presidente norte-americano fez ao chefe do banco central, que ele mesmo escolheu, em defesa do corte de juros imediato
Mirou no que viu e acertou no que não viu: como as tarifas de Trump aceleram o plano do Putin de uma nova ordem mundial
A Rússia não está na lista de países que foram alvo das tarifas recíprocas de governo norte-americano e, embora não passe ilesa pela efeitos da guerra comercial, pode se dar bem com ela
Sobrevivendo a Trump: gestores estão mais otimistas com a Brasil e enxergam Ibovespa em 140 mil pontos no fim do ano
Em pesquisa realizada pelo BTG, gestores aparecem mais animados com o país, mesmo em cenário “perde-perde” com guerra comercial
Mudou de lado? CEO da Nvidia (NVDC34), queridinha da IA, faz visita rara à China após restrições dos EUA a chips
A mensagem do executivo é simples: a China, maior potência asiática, é um mercado “muito importante” para a empresa, mesmo sob crescente pressão norte-americana
Dólar volta a recuar com guerra comercial entre Estados Unidos e China, mas ainda é possível buscar lucros com a moeda americana; veja como
Uma oportunidade ‘garimpada’ pela EQI Investimentos pode ser caminho para diversificar o patrimônio em meio ao cenário desafiador e buscar lucros de até dólar +10% ao ano
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.
Como declarar ETF no imposto de renda 2025, seja de ações, criptomoedas ou renda fixa
Os fundos de índice, conhecidos como ETFs, têm cotas negociadas em bolsa, e podem ser de renda fixa ou renda variável. Veja como informá-los na declaração em cada caso
É hora de aproveitar a sangria dos mercados para investir na China? Guerra tarifária contra os EUA é um risco, mas torneira de estímulos de Xi pode ir longe
Parceria entre a B3 e bolsas da China pode estreitar o laço entre os investidores do dois países e permitir uma exposição direta às empresas chinesas que nem os EUA conseguem oferecer; veja quais são as opções para os investidores brasileiros investirem hoje no Gigante Asiático
Status: em um relacionamento tóxico com Donald Trump
Governador da Califórnia entra com ação contra as tarifas do republicano, mas essa disputa vai muito além do comércio
Taxa das blusinhas versão Trump: Shein e Temu vão subir preços ainda este mês para compensar tarifaço
Por enquanto, apenas os consumidores norte-americanos devem sentir no bolso os efeitos da guerra comercial com a China já na próxima semana — Shein e Temu batem recordes de vendas, impulsionadas mais pelo medo do aumento do que por otimismo
Por essa nem o Fed esperava: Powell diz pela primeira vez o que pode acontecer com os EUA após tarifas de Trump
O presidente do banco central norte-americano reconheceu que foi pego de surpresa com o tarifaço do republicano e admitiu que ninguém sabe lidar com uma guerra comercial desse calibre
O frio voltou? Coinbase acende alerta de ‘bear market’ no setor de criptomoedas
Com queda nos investimentos de risco, enfraquecimento dos indicadores e ativos abaixo da média de 200 dias, a Coinbase aponta sinais de queda no mercado
Guerra comercial EUA e China: BTG aponta agro brasileiro como potencial vencedor da disputa e tem uma ação preferida; saiba qual é
A troca de socos entre China e EUA força o país asiático, um dos principais importadores agrícolas, a correr atrás de um fornecedor alternativo, e o Brasil é o substituto mais capacitado
Nas entrelinhas: por que a tarifa de 245% dos EUA sobre a China não assustou o mercado dessa vez
Ainda assim, as bolsas tanto em Nova York como por aqui operaram em baixa — com destaque para o Nasdaq, que recuou mais de 3% pressionado pela Nvidia