Mercado ecoa apelo de Maia
Após nova troca de farpas, presidente da Câmara, Rodrigo Maia, faz apelo e pede para presidente Jair Bolsonaro “parar de criticar”
A relação entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente Jair Bolsonaro voltou a ficar tensa ontem, o que deve manter o nervosismo no mercado financeiro hoje. Os dois trocaram farpas desde o fim da tarde e a discussão foi encerrada com um apelo do deputado ao chefe do Executivo: “Pare, chega, peça ao entorno para parar de criticar”. E os investidores tendem a ecoar essas palavras, para evitar uma espiral negativa nos ativos.
Desde o fim da semana passada, a relação entre os dois poderes vinha se deteriorando, o que já pressionava os negócios locais. Ontem, houve novo bate-boca, após Bolsonaro afirmar que Maia estaria “abalado” por questões pessoais - em referência à prisão de seu sogro, o ex-ministro Moreira Franco. O deputado afirmou que “abalados estão os brasileiros” e cutucou dizendo que o presidente estava “brincando de presidir o Brasil”.
Bolsonaro retrucou e Maia fez o apelo. A questão é que durou pouco mais de um dia a promessa do presidente, de que iria manter o foco apenas na reforma da Previdência. A decisão havia sido tomada em reunião com o núcleo político e a equipe econômica, na terça-feira, quando o presidente foi advertido sobre o impacto dos ruídos na comunicação com o Congresso.
A falta de tato do governo para lidar com os parlamentares e a incapacidade em coordenar a articulação política para aprovar a reforma da Previdência ainda neste semestre fizeram o mercado doméstico perder a paciência - e a confiança, em meio ao “apagão político-gerencial” de Bolsonaro. A menos de 100 dias de mandato, o Palácio do Planalto vive uma nova crise e simplesmente não consegue concentrar no que é relevante ao país.
Não desce pro play
Com isso, os ativos locais não tiveram um péssimo desempenho ontem, após o estrago causado pela derrota do governo na Câmara na quarta-feira à noite. O tom ameaçador na fala do ministro Paulo Guedes (Economia), dizendo que “tem vida fora” e nenhum “apego ao cargo”, em nada ajudou a pacificar o ambiente. Ao contrário, serviu para mostrar a estratégia suicida do governo - que será via ameaça ou pela força.
Ao final da sessão, a Bolsa brasileira viu seu principal índice acionário, o Ibovespa, cair 3,5%, abaixo dos 92 mil pontos, enquanto o dólar superou a faixa de R$ 3,95, em alta de mais de 2%. O movimento refletiu a piora no ambiente político em Brasília, após os deputados aprovarem em uma votação-relâmpago de dois turnos, e com mais cerca de 450 votos a favor em cada rodada, o chamado Orçamento Impositivo.
Leia Também
E hoje cabem novos ajustes. Afinal, o fim do mês está chegando - e, de quebra, do primeiro trimestre deste ano - e os investidores precisam adequar suas carteiras de investimento ao cenário político mais desfavorável à votação da reforma da Previdência. Os ativos de risco, é bom lembrar, embutiram no preço uma aprovação das novas regras para aposentadoria ainda neste semestre e com poucas alterações.
Porém, à medida que abril (e o segundo trimestre) se aproxima, esse cronograma parece mais apertado. Da mesma forma, a queda de braço entre os poderes amplia os riscos de desidratação da proposta ampla e dura por uma Nova Previdência. Ainda mais com Guedes e Bolsonaro afirmando que “a bola está com o Congresso” e tirando o time do Executivo do campo, sem jogar junto na disputa por votos entre os parlamentares.
Por isso, qualquer melhora local deve ser pontual e insuficiente para trazer alívio. A sensação é de que não tem espaço para uma retomada mais firme, em meio ao clima político tenso. Afinal, o recado da Câmara foi duro e a derrota escancara a desarticulação política e a falta de liderança do governo, minando as apostas mais otimistas. Ainda mais quando o Palácio do Planalto prefere jogar com interferência externa ou deixar o play.
Exterior no vermelho
O ambiente externo novamente negativo em pouco deve ajudar a aliviar a tensão doméstica, mantendo a pressão nos negócios locais. As principais bolsas asiáticas encerraram a sessão em queda, prejudicadas pelas perdas em Wall Street na véspera. Os índices futuros das bolsas de Nova York seguem no vermelho nesta manhã, contaminando a abertura do pregão europeu.
Novos relatos de que as negociações comerciais entre Estados Unidos e China têm tido progresso “em todas as frentes” são incapazes de animar os mercados. Afinal, ainda não há um cronograma para a assinatura de um acordo final, apesar dos esforços de Pequim para coibir as transferências forçadas de tecnologia. A expectativa, agora, é de que um encontro entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping seja adiado para junho.
Com isso, o foco dos investidores se volta para o mercado de bônus, que antecipa sinais de recessão econômica à frente. O título norte-americano de 10 anos (T-note) é negociado nos níveis mais baixos desde dezembro de 2017, ao passo que o rendimento (yield) do “bund” alemão de mesmo vencimento afunda ainda mais em terreno negativo, fortalecendo a visão de que a Europa está se “Japãonificando” - sem crescimento econômico nem inflação.
Já o bônus australiano segue nas mínimas recordes, enquanto o papel referencial japonês cai ao menor nível desde agosto de 2016. Esse movimento fortalece o dólar em relação às moedas rivais e de países emergentes, ao mesmo tempo em que pesa nas commodities. Entre os destaques, estão a libra, em meio à falta de consenso sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) um dia antes do prazo final. A lira turca também cai forte.
RTI e PIB dos EUA em destaque
A agenda econômica desta quinta-feira traz como destaques o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central, logo cedo (8h), e o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, às 9h30. Em ambos os casos, porém, não devem haver novidades.
Enquanto o documento do BC, referente ao primeiro trimestre deste ano, devem apenas chancelar o recado trazido na ata da reunião deste mês do Comitê de Política Monetária (Copom), os dados do PIB norte-americano ao final de 2018 devem confirmar a leitura anterior, com uma expansão robusta de 2,5%.
Com isso, as atenções locais se voltam para a entrevista coletiva a ser concedida pelo BC para comentar o documento, a partir das 11h. É esperada a participação do novo comandante da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, que falará à imprensa pela primeira vez e pode mandar novos recados.
Após encontrarem as digitais do ex-executivo do Santander na ata da primeira reunião sob seu comando, os investidores querem entender quanto tempo será necessário para o BC avaliar a economia e, então, sinalizar novos cortes na taxa básica de juros. Ao que tudo indica, ele deve reafirmar a necessidade das reformas, notadamente as de natureza fiscal.
Ainda por aqui e também às 8h sai o resultado deste mês do IGP-M, que deve vir ainda mais salgado, com a taxa mensal acima de 1%, acumulada um resultado em 12 meses de mais de 8%. A alta dos preços deve ser conduzida pelos preços no atacado, em meio à pressão do dólar sobre as commodities agrícolas e industriais.
No mesmo horário, sai o índice de confiança do comércio em março. Ontem, as leituras sobre o sentimento do consumidor e no setor da construção civil mostraram um recuo para os menores níveis desde as eleições presidenciais, em outubro passado, já interrompendo a melhora observada na virada do ano, que foi em um ritmo aquém do esperado.
Na zona do euro, também será conhecido o índice de confiança do consumidor na região em março, também logo cedo (7h). Já a agenda econômica norte-americana traz também os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos nos EUA (9h30) e dados do setor imobiliário em fevereiro (11h).
Por que a JBS (JBSS3) anunciou um plano de investimento de US$ 2,5 bilhões em acordo com a Nigéria — e o que esperar das ações
O objetivo é desenvolver um plano de investimento de pouco mais de R$ 14,5 bilhões em cinco anos para a construção de seis fábricas no país africano
Vitória da Eletronuclear: Angra 1 recebe sinal verde para operar por mais 20 anos e bilhões em investimentos
O investimento total será de R$ 3,2 bilhões, com pagamentos de quatro parcelas de R$ 720 milhões nos primeiros quatro anos e um depósito de R$ 320 milhões em 2027
Angústia da espera: Ibovespa reage a plano estratégico e dividendos da Petrobras (PETR4) enquanto aguarda pacote de Haddad
Pacote fiscal é adiado para o início da semana que vem; ministro da Fazenda antecipa contingenciamento de mais de R$ 5 bilhões
Inter (INBR32) projeta Ibovespa a 143.200 mil pontos em 2025 e revela os setores que devem puxar a bolsa no ano que vem
Mesmo com índice pressionado por riscos econômicos e valuations baixos, o banco estima que o lucro por ação da bolsa deve crescer 18%
Vale (VALE3) é a nova queridinha dos dividendos: mineradora supera Petrobras (PETR4) e se torna a maior vaca leiteira do Brasil no 3T24 — mas está longe do pódio mundial
A mineradora brasileira depositou mais de R$ 10 bilhões para os acionistas entre julho e setembro deste ano, de acordo com o relatório da gestora Janus Henderson
Regulação do mercado de carbono avança no Brasil, mas deixa de lado um dos setores que mais emite gases estufa no país
Projeto de Lei agora só precisa da sanção presidencial para começar a valer; entenda como vai funcionar
‘O rali ainda não acabou’: as ações desta construtora já saltam 35% no ano e podem subir ainda mais antes que 2024 termine, diz Itaú BBA
A performance bate de longe a do Ibovespa, que recua cerca de 4% no acumulado anual, e também supera o desempenho de outras construtoras que atuam no mesmo segmento
“Minha promessa foi de transformar o banco, mas não disse quando”, diz CEO do Bradesco (BBDC4) — e revela o desafio que tem nas mãos daqui para frente
Na agenda de Marcelo Noronha está um objetivo principal: fazer o ROE do bancão voltar a ultrapassar o custo de capital
A arma mais poderosa de Putin (até agora): Rússia cruza linha vermelha contra a Ucrânia e lança míssil com capacidade nuclear
No início da semana, Kiev recebeu autorização dos EUA para o uso de mísseis supersônicos; agora foi a vez de Moscou dar uma resposta
Com dólar acima de R$ 5,80, Banco Central se diz preparado para atuar no câmbio, mas defende políticas para o equilíbrio fiscal
Ainda segundo o Relatório de Estabilidade Financeira do primeiro semestre, entidades do sistema podem ter de elevar provisões para perdas em 2025
Do pouso forçado às piruetas: Ibovespa volta do feriado com bolsas internacionais em modo de aversão ao risco e expectativa com pacote
Investidores locais aguardam mais detalhes do pacote fiscal agora que a contribuição do Ministério da Defesa para o ajuste é dada como certa
Como a Embraer (EMBR3) passou de ameaçada pela Boeing a rival de peso — e o que esperar das ações daqui para frente
Mesmo com a disparada dos papéis em 2024, a perspectiva majoritária do mercado ainda é positiva para a Embraer, diante das avenidas potenciais de crescimento de margens e rentabilidade
É hora de colocar na carteira um novo papel: Irani (RANI3) pode saltar 45% na B3 — e aqui estão os 3 motivos para comprar a ação, segundo o Itaú BBA
O banco iniciou a cobertura das ações RANI3 com recomendação “outperform”, equivalente a compra, e com preço-alvo de R$ 10,00 para o fim de 2025
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
Acaba logo, pô! Ibovespa aguarda o fim da cúpula do G20 para conhecer detalhes do pacote fiscal do governo
Detalhes do pacote já estão definidos, mas divulgação foi postergada para não rivalizar com as atenções à cúpula do G20 no Rio
A B3 vai abrir no dia da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios na estreia do novo feriado nacional
É a primeira vez que o Dia da Consciência Negra consta no calendário dos feriados nacionais. Como de costume, as comemorações devem alterar o funcionamento dos principais serviços públicos
Rali do Trump Trade acabou? Bitcoin (BTC) se estabiliza, mas analistas apontam eventos-chave para maior criptomoeda do mundo chegar aos US$ 200 mil
Mercado de criptomoedas se aproxima de uma encruzilhada: rumo ao topo ou a resultados medianos? Governo Trump pode ter a chave para o desfecho.
Localiza: após balanço mais forte que o esperado no 3T24, BTG Pactual eleva preço-alvo para RENT3 e agora vê potencial de alta de 52% para a ação
Além dos resultados trimestrais, o banco considerou as tendências recentes do mercado automotivo e novas projeções macroeconômicas; veja a nova estimativa
Ações da Oi (OIBR3) saltam mais de 100% e Americanas (AMER3) dispara 41% na bolsa; veja o que impulsiona os papéis das companhias em recuperação judicial
O desempenho robusto da Americanas vem na esteira de um balanço melhor que o esperado, enquanto a Oi recupera fortes perdas registradas na semana passada
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias