Mercado volta atenção para cena local
Exterior continua pressionado pela tensão comercial entre EUA e China, mas ruídos políticos também pesam no mercado

O mercado financeiro deve continuar sensível ao noticiário em torno da guerra comercial e quaisquer declarações de Estados Unidos ou China sobre o tema têm potencial para agitar os ativos globais, inibindo uma recuperação consistente e mantendo a volatilidade em voga. Aqui no Brasil, a cena política volta ao foco e desanima os investidores, ampliando o ambiente já tenso nos negócios locais.
Por ora, o sinal positivo prevaleceu apenas na Ásia, embalada pelos ganhos da véspera em Wall Street. As principais bolsas da região subiram com a afirmação do presidente dos EUA, Donald Trump, de que está pronto para retomar as negociações com a China. Xangai subiu mais de 1% e Tóquio, quase isso, enquanto Hong Kong caiu.
Já no Ocidente, os índices futuros das bolsas de Nova York apontam para uma sessão negativa, uma vez que Trump mudou o tom, mas não a tática. Essa sinalização prejudica a sessão na Europa, onde apenas a Bolsa de Milão avança, em meio à esperança de formação de um novo governo na Itália sem a necessidade de uma eleição. Ainda na região, a Bolsa de Frankfurt digere a volta da economia alemã à recessão.
Nos demais mercados, o iene sobe, acompanhando o avanço do ouro e dos títulos norte-americanos (Treasuries), em um claro movimento de busca por proteção em ativos seguros. O dólar se enfraquece em relação ao euro e a libra, o que abre espaço para a alta do petróleo. Mas o minério de ferro segue afundando.
Como pano de fundo, a guerra comercial mantém frágil o sentimento dos investidores. A disputa é algo natural entre economias em estágio final de ciclo econômico, duelando pela liderança mundial, e é apenas um dos vetores para a atual desaceleração econômica global - não o único, com potências tentando manter o ritmo de crescimento em bases frágeis.
Com isso, há dúvidas sobre a capacidade de reação dos bancos centrais para evitar uma perda de tração da atividade mundial. O que se sabe é que as manchetes em torno da guerra comercial devem continuar trazendo volatilidade aos mercados globais, em meio a um ambiente de incertezas crescentes, o que tende a manter a percepção de risco elevada.
Leia Também
Política local volta a pesar
A ver, então, se esse comportamento lá fora se replica aqui, já que ontem o Ibovespa não conseguiu acompanhar a alta das bolsas de Nova York e acabou sucumbindo aos 96 mil pontos, em queda de 1%. O dólar, por sua vez, testou novas faixas na casa dos R$ 4,00, aproximando-se da marca de R$ 4,15 e renovando os maiores níveis do ano.
Já a curva a termo de futuros futuros embutiram boa parte dos prêmios retirados até recentemente, em um movimento marcado pelo desmonte de posições generalizado entre investidores locais e estrangeiros e uma forte onda vendedora. Além de acompanhar um cenário não muito benéfico aos ativos emergentes, a questão doméstica também pesou.
O problema é que o presidente Jair Bolsonaro tem reagindo mal a todo o noticiário regional, envolvendo Argentina, Amazônia - com a ajuda de R$ 83 milhões oferecida pelo G7 sendo rejeitada - e, agora, seu governo. Os investidores ficaram apreensivos com o alarde feito pelo próprio Bolsonaro, de que “está para estourar um problema” envolvendo uma “pessoa importante” muito próxima a ele.
A grande dúvida que circulava nas mesas de negociação ontem é quem estaria envolvido na denúncia. E esse receio tende a continuar hoje, já que nenhuma bomba estourou, por ora. Nos bastidores, o temor era de que o ministro Paulo Guedes (Economia) fosse o alvo, em meio à suspeita de um departamento para operações de lavagem de dinheiro no BTG.
É bom lembrar que, na semana passada, a Polícia Federal realizou a primeira operação baseada na delação do ex-ministro Antonio Palocci, cumprindo mandados de busca em endereços ligados ao ex-presidente do BTG Pactual André Esteves. Correndo por fora, fala-se também no nome do ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) como alvo de denúncia.
Mas quem deve ser atingido é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. O juiz da Suprema Corte (STF) Edson Fachin deu 15 dias para a Procuradoria-Geral da República dar parecer sobre a investigação da PF que apontou indícios de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica contra o deputado e seu pai, César Maia.
Da mesma forma, a operação ocorreu após Bolsonaro mudar a superintendência da PF e da aprovação do projeto de abuso de autoridade no Congresso. O presidente ainda precisa decidir se veta ou sanciona a lei. Aliás, o projeto tem sido alvo de críticas de juízes, promotores e policiais, inclusive do ministro Sergio Moro (Justiça).
Dia de agenda fraca
O calendário econômico desta terça-feira está fraco, trazendo apenas dados de agosto sobre a confiança e os custos da construção civil no Brasil (8h), bem como o índice de confiança do consumidor norte-americano (11h).
Powell na mira de Trump: ameaça de demissão preocupa analistas, mas saída do presidente do Fed pode ser mais difícil do que o republicano imagina
As ameaças de Donald Trump contra Jerome Powell adicionam pressão ao mercado, mas a demissão do presidente do Fed pode levar a uma longa batalha judicial
Batalha naval: navios da China entram na mira das tarifas americanas — mas, dessa vez, não foi Trump que idealizou o novo imposto
As autoridades americanas chegaram à conclusão que a China foi agressiva para estabelecer dominância no setor de construção naval
Guerra comercial de Trump está prejudicando a economia do Brasil? Metade dos brasileiros acredita que sim, diz pesquisa
A pesquisa também identificou a percepção dos brasileiros sobre a atuação do governo dos Estados Unidos no geral, não apenas em relação às políticas comerciais
Com ou sem feriado, Trump continua sendo o ‘maestro’ dos mercados: veja como ficaram o Ibovespa, o dólar e as bolsas de NY durante a semana
Possível negociação com a China pode trazer alívio para o mercado; recuperação das commodities, especialmente do petróleo, ajudaram a bolsa brasileira, mas VALE3 decepcionou
‘Indústria de entretenimento sempre foi resiliente’: Netflix não está preocupada com o impacto das tarifas de Trump; empresa reporta 1T25 forte
Plataforma de streaming quer apostar cada vez mais na publicidade para mitigar os efeitos do crescimento mais lento de assinantes
Lições da Páscoa: a ação que se valorizou mais de 100% e tem bons motivos para seguir subindo
O caso que diferencia a compra de uma ação baseada apenas em uma euforia de curto prazo das teses realmente fundamentadas em valuation e qualidade das empresas
Como declarar opções de ações no imposto de renda 2025
O jeito de declarar opções é bem parecido com o de declarar ações em diversos pontos; as diferenças maiores recaem na forma de calcular o custo de aquisição e os ganhos e prejuízos
Show de ofensas: a pressão total de Donald Trump sobre o Fed e Jerome Powell
“Terrível”, “devagar” e “muito político” foram algumas das críticas que o presidente norte-americano fez ao chefe do banco central, que ele mesmo escolheu, em defesa do corte de juros imediato
Mirou no que viu e acertou no que não viu: como as tarifas de Trump aceleram o plano do Putin de uma nova ordem mundial
A Rússia não está na lista de países que foram alvo das tarifas recíprocas de governo norte-americano e, embora não passe ilesa pela efeitos da guerra comercial, pode se dar bem com ela
Sobrevivendo a Trump: gestores estão mais otimistas com a Brasil e enxergam Ibovespa em 140 mil pontos no fim do ano
Em pesquisa realizada pelo BTG, gestores aparecem mais animados com o país, mesmo em cenário “perde-perde” com guerra comercial
Mudou de lado? CEO da Nvidia (NVDC34), queridinha da IA, faz visita rara à China após restrições dos EUA a chips
A mensagem do executivo é simples: a China, maior potência asiática, é um mercado “muito importante” para a empresa, mesmo sob crescente pressão norte-americana
Dólar volta a recuar com guerra comercial entre Estados Unidos e China, mas ainda é possível buscar lucros com a moeda americana; veja como
Uma oportunidade ‘garimpada’ pela EQI Investimentos pode ser caminho para diversificar o patrimônio em meio ao cenário desafiador e buscar lucros de até dólar +10% ao ano
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.
Como declarar ETF no imposto de renda 2025, seja de ações, criptomoedas ou renda fixa
Os fundos de índice, conhecidos como ETFs, têm cotas negociadas em bolsa, e podem ser de renda fixa ou renda variável. Veja como informá-los na declaração em cada caso
É hora de aproveitar a sangria dos mercados para investir na China? Guerra tarifária contra os EUA é um risco, mas torneira de estímulos de Xi pode ir longe
Parceria entre a B3 e bolsas da China pode estreitar o laço entre os investidores do dois países e permitir uma exposição direta às empresas chinesas que nem os EUA conseguem oferecer; veja quais são as opções para os investidores brasileiros investirem hoje no Gigante Asiático
Status: em um relacionamento tóxico com Donald Trump
Governador da Califórnia entra com ação contra as tarifas do republicano, mas essa disputa vai muito além do comércio
Taxa das blusinhas versão Trump: Shein e Temu vão subir preços ainda este mês para compensar tarifaço
Por enquanto, apenas os consumidores norte-americanos devem sentir no bolso os efeitos da guerra comercial com a China já na próxima semana — Shein e Temu batem recordes de vendas, impulsionadas mais pelo medo do aumento do que por otimismo
Por essa nem o Fed esperava: Powell diz pela primeira vez o que pode acontecer com os EUA após tarifas de Trump
O presidente do banco central norte-americano reconheceu que foi pego de surpresa com o tarifaço do republicano e admitiu que ninguém sabe lidar com uma guerra comercial desse calibre
O frio voltou? Coinbase acende alerta de ‘bear market’ no setor de criptomoedas
Com queda nos investimentos de risco, enfraquecimento dos indicadores e ativos abaixo da média de 200 dias, a Coinbase aponta sinais de queda no mercado
Guerra comercial EUA e China: BTG aponta agro brasileiro como potencial vencedor da disputa e tem uma ação preferida; saiba qual é
A troca de socos entre China e EUA força o país asiático, um dos principais importadores agrícolas, a correr atrás de um fornecedor alternativo, e o Brasil é o substituto mais capacitado