Feriado lá fora desloca atenção para política interna
Londres e Nova York permanecem fechados hoje, por causa de feriado, o que abre espaço para repercutir as manifestações pró-governo Bolsonaro ontem

A última semana de maio começa com um feriado nas duas principais praças financeiras do Ocidente, em Londres e em Nova York, o que enxuga a liquidez dos mercados pelo mundo. Com isso, os negócios locais devem ter uma sessão arrastada nesta segunda-feira. Mesmo assim, os investidores tendem a repercutir as manifestações pró-governo ontem.
Todos os estados brasileiros e o Distrito Federal registraram atos de apoio ao governo, mostrando a capacidade de mobilização dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Os protestos ocorreram em defesa dele e tiveram como alvos a Corte Suprema (STF), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o chamado “Centrão”. As manifestações também foram a favor do pacote anticrime e da reforma da Previdência.
Para Bolsonaro, os atos deram um recado a quem “teima com velhas práticas”. Daí, então, que as manifestações podem azedar de vez a relação entre Congresso e Executivo, em meio à expectativa do governo de que os protestos funcionam como pressão para aprovar as medidas apresentadas pelo Palácio do Planalto.
As duas principais terão uma semana decisiva. O Senado analisa amanhã a proposta da reforma administrativa, que tirou das mãos do ministro Sergio Moro (Justiça) o controle do Coaf - órgão que combate a lavagem de dinheiro. Já a comissão especial encerra no dia 30 o prazo para apresentação de emendas à proposta de novas regras para aposentadoria.
Dois pesos, duas medidas
O problema é que, quando comparado com os protestos contra cortes na educação, ocorridos em 15 de maio, os atos deste domingo não foram tão fortes a ponto de emparedar o Legislativo, fazendo valer os desejos do Executivo. Melhor assim. Para o mercado financeiro, o que importa mesmo não é a dimensão das manifestações ontem e sim as demandas.
Afinal, não importa quem irá assumir o protagonismo na cena política, contanto que as medidas avancem e a reforma da Previdência seja aprovada em breve. No colegiado da Câmara, está mantida a previsão de apresentação do relatório do deputado Samuel Moreira até o dia 15 de junho.
Leia Também
Por ora, os investidores trabalham com a hipótese de que é o Congresso que está conduzindo o país, assumindo a “paternidade” das medidas. Em vez do presidente, Maia seria o responsável por reunir apoio e pautar a agenda de reformas - com o respaldo do ministro da Economia, Paulo Guedes. Essa suposição pode ganhar força, com o Congresso tentado melhorar sua imagem, após os protestos de domingo.
Aliás, o ambiente mais ameno em Brasília na semana passada propiciou uma correção positiva no mercado doméstico, com apreciação da Bolsa brasileira e do real, além de retirada dos prêmios na curva de juros. Caso esse cenário ganhe consistência, esse movimento dos ativos locais pode ter continuidade.
Exterior de lado
Os mercados internacionais amanheceram de lado nesta segunda-feira, dia de feriado nos Estados Unidos (Memorial Day) e no Reino Unido (Bank Holiday), o que esvazia a sessão de negócios no Ocidente. Na Ásia, os investidores elevaram a cautela, em meio à visita do presidente norte-americano, Donald Trump, ao Japão.
Ele foi o primeiro líder a conhecer o novo imperador japonês, Naruhito, que assumiu o trono no início deste mês, de modo a manter as relações com um importante aliado estratégico. Trump também tratou de questões comerciais com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e destacou “grande progresso”, antes das eleições para a Câmara Alta do país, em julho.
Nas bolsas, Tóquio teve leve alta de 0,31%, enquanto Hong Kong caiu 0,24% e Xangai subiu 1,38%. Os mercados na China continuam monitorando a escalada das tensões comerciais entre Pequim e Washington, ao passo que o governo chinês tenta combater as apostas de desvalorização do yuan (renminbi).
Na Europa, as principais bolsas iniciaram a semana em alta, após os principais partidos da União Europeia (UE) conquistarem espaço frente aos populistas nas eleições do Parlamento. Já o euro devolve os ganhos em relação ao dólar. Nas commodities, o petróleo cai e segue abaixo de US$ 60 por barril, enquanto o minério de ferro teve um novo salto.
PIB em destaque na semana
Os números do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e dos Estados Unidos referentes ao primeiro trimestre deste ano serão conhecidos na quinta-feira e são o grande destaque da agenda econômica nesta semana. No mesmo dia, por aqui, sai o IGP-M de maio. Um dia antes é a vez da inflação ao produtor (IPP) e, na sexta-feira, do desemprego no país (Pnad).
Entre hoje e quarta-feira saem índices sobre a confiança na construção civil, na indústria e no setor de serviços. Já nesta segunda-feira, merece atenção o relatório de mercado Focus, do Banco Central (8h25), que pode trazer nova revisão para baixo na estimativa para o crescimento econômico neste ano - a décima terceira seguida.
A pesquisa também pode reduzir a previsão para a taxa básica de juros neste ano, em meio ao cenário de preços ainda comportado - apesar da valorização do dólar e dos reajustes nas tarifas da conta de luz - e à tendência de baixa na recuperação da atividade econômica. É crescente a pressão sobre o BC para cortar a Selic, rumo a novos pisos históricos.
Já no exterior, o calendário norte-americano reserva vários indicadores sobre o setor imobiliário e sobre a confiança do consumidor, a partir de amanhã. Além do PIB, também merece atenção os dados sobre a renda pessoal e os gastos com consumo, na sexta-feira, juntamente com o índice de preços PCE.
No eixo Europa-Ásia, saem dados sobre a confiança de diferentes agentes econômicos na zona do euro, amanhã, e números sobre a atividade nos setores industrial e de serviços na China, na quinta-feira. Entre os eventos de relevo, acontece a eleição no Parlamento Europeu e o presidente do BC japonês (BoJ), Haruhiko Kuroda, discursa.
Powell na mira de Trump: ameaça de demissão preocupa analistas, mas saída do presidente do Fed pode ser mais difícil do que o republicano imagina
As ameaças de Donald Trump contra Jerome Powell adicionam pressão ao mercado, mas a demissão do presidente do Fed pode levar a uma longa batalha judicial
Batalha naval: navios da China entram na mira das tarifas americanas — mas, dessa vez, não foi Trump que idealizou o novo imposto
As autoridades americanas chegaram à conclusão que a China foi agressiva para estabelecer dominância no setor de construção naval
Guerra comercial de Trump está prejudicando a economia do Brasil? Metade dos brasileiros acredita que sim, diz pesquisa
A pesquisa também identificou a percepção dos brasileiros sobre a atuação do governo dos Estados Unidos no geral, não apenas em relação às políticas comerciais
Com ou sem feriado, Trump continua sendo o ‘maestro’ dos mercados: veja como ficaram o Ibovespa, o dólar e as bolsas de NY durante a semana
Possível negociação com a China pode trazer alívio para o mercado; recuperação das commodities, especialmente do petróleo, ajudaram a bolsa brasileira, mas VALE3 decepcionou
‘Indústria de entretenimento sempre foi resiliente’: Netflix não está preocupada com o impacto das tarifas de Trump; empresa reporta 1T25 forte
Plataforma de streaming quer apostar cada vez mais na publicidade para mitigar os efeitos do crescimento mais lento de assinantes
Lições da Páscoa: a ação que se valorizou mais de 100% e tem bons motivos para seguir subindo
O caso que diferencia a compra de uma ação baseada apenas em uma euforia de curto prazo das teses realmente fundamentadas em valuation e qualidade das empresas
Show de ofensas: a pressão total de Donald Trump sobre o Fed e Jerome Powell
“Terrível”, “devagar” e “muito político” foram algumas das críticas que o presidente norte-americano fez ao chefe do banco central, que ele mesmo escolheu, em defesa do corte de juros imediato
Mirou no que viu e acertou no que não viu: como as tarifas de Trump aceleram o plano do Putin de uma nova ordem mundial
A Rússia não está na lista de países que foram alvo das tarifas recíprocas de governo norte-americano e, embora não passe ilesa pela efeitos da guerra comercial, pode se dar bem com ela
Sobrevivendo a Trump: gestores estão mais otimistas com a Brasil e enxergam Ibovespa em 140 mil pontos no fim do ano
Em pesquisa realizada pelo BTG, gestores aparecem mais animados com o país, mesmo em cenário “perde-perde” com guerra comercial
Mudou de lado? CEO da Nvidia (NVDC34), queridinha da IA, faz visita rara à China após restrições dos EUA a chips
A mensagem do executivo é simples: a China, maior potência asiática, é um mercado “muito importante” para a empresa, mesmo sob crescente pressão norte-americana
Dólar volta a recuar com guerra comercial entre Estados Unidos e China, mas ainda é possível buscar lucros com a moeda americana; veja como
Uma oportunidade ‘garimpada’ pela EQI Investimentos pode ser caminho para diversificar o patrimônio em meio ao cenário desafiador e buscar lucros de até dólar +10% ao ano
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.
É hora de aproveitar a sangria dos mercados para investir na China? Guerra tarifária contra os EUA é um risco, mas torneira de estímulos de Xi pode ir longe
Parceria entre a B3 e bolsas da China pode estreitar o laço entre os investidores do dois países e permitir uma exposição direta às empresas chinesas que nem os EUA conseguem oferecer; veja quais são as opções para os investidores brasileiros investirem hoje no Gigante Asiático
Status: em um relacionamento tóxico com Donald Trump
Governador da Califórnia entra com ação contra as tarifas do republicano, mas essa disputa vai muito além do comércio
Taxa das blusinhas versão Trump: Shein e Temu vão subir preços ainda este mês para compensar tarifaço
Por enquanto, apenas os consumidores norte-americanos devem sentir no bolso os efeitos da guerra comercial com a China já na próxima semana — Shein e Temu batem recordes de vendas, impulsionadas mais pelo medo do aumento do que por otimismo
Por essa nem o Fed esperava: Powell diz pela primeira vez o que pode acontecer com os EUA após tarifas de Trump
O presidente do banco central norte-americano reconheceu que foi pego de surpresa com o tarifaço do republicano e admitiu que ninguém sabe lidar com uma guerra comercial desse calibre
O frio voltou? Coinbase acende alerta de ‘bear market’ no setor de criptomoedas
Com queda nos investimentos de risco, enfraquecimento dos indicadores e ativos abaixo da média de 200 dias, a Coinbase aponta sinais de queda no mercado
Guerra comercial EUA e China: BTG aponta agro brasileiro como potencial vencedor da disputa e tem uma ação preferida; saiba qual é
A troca de socos entre China e EUA força o país asiático, um dos principais importadores agrícolas, a correr atrás de um fornecedor alternativo, e o Brasil é o substituto mais capacitado
Nas entrelinhas: por que a tarifa de 245% dos EUA sobre a China não assustou o mercado dessa vez
Ainda assim, as bolsas tanto em Nova York como por aqui operaram em baixa — com destaque para o Nasdaq, que recuou mais de 3% pressionado pela Nvidia
Ações da Brava Energia (BRAV3) sobem forte e lideram altas do Ibovespa — desta vez, o petróleo não é o único “culpado”
O desempenho forte acontece em uma sessão positiva para o setor de petróleo, mas a valorização da commodity no exterior não é o principal catalisador das ações BRAV3 hoje